A Biblioteca Municipal relembra hoje José Niza, falecido no passado dia 23 de setembro.
José Niza nasceu em 1939, em Lisboa, mas foi em Santarém que passou a sua infância e juventude, e de onde saiu aos 17 anos para ir estudar medicina e psiquiatria em Coimbra, cidade onde se iniciaria na música, através do fado. Foi em Coimbra que conheceu José Afonso e Adriano Correia de Oliveira e, em 1961, com Proença de Carvalho, Rui Ressurreição e Joaquim Caixeiro, fundou um quarteto de jazz e o Clube de Jazz do Orfeu. Interrompeu nesse ano os estudos devido à morte do pai, tendo regressado a Coimbra 5 anos mais tarde, em 1966, para os retomar.
Até 1969, criou música para peças de teatro como "A Exceção e a Regra", apresentada no Centro Paroquial de Águeda, que a polícia política da ditadura do Estado Novo (PIDE) viria a encerrar.
José Niza foi chamado várias vezes à PIDE para interrogatório, sobretudo durante a greve académica de 1969, que teve como um dos hinos a canção "Cantar do Emigrante", por ele composta.
Destacado para Angola em 1970, José Niza foi ali alferes-médico de exército português e criou músicas do disco de Adriano Correia de Oliveira "Gente de Aqui e de Agora", que viria a ser lançado em outubro de 1971.
Compôs igualmente "Fala do Homem Renascido", com base em poemas de António Gedeão, disco que viria a sair em 1972, com arranjos orquestrais de José Calvário e vozes de Tonicha, Carlos Mendes, Duarte Mendes e Samuel.
Quando assumiu a liderança da Editora Orfeu, passou a produzir diversos trabalhos de cantores portugueses como Fausto, Carlos Mendes, Paulo de Carvalho, Vitorino, José Afonso e Adriano Correia de Oliveira.
"E depois do Adeus", música de José Calvário , letra de José Niza e interpretação de Paulo de Carvalho, a sua canção mais famosa, representou Portugal no Festival da Eurovisão em março de 1974.
Um mês depois servia de senha para os "Capitães de Abril" e marcaria o inicio da Revolução dos Cravos. Já antes, em 1972, tinha ganho o Festival da Canção da RTP, com o tema "A Festa da Vida", com José Calvário e Carlos Mendes.
Após o 25 de Abril de 1974, filiado no Partido Socialista, José Niza deixou a Editora Orfeu e passou a dedicar-se à política, tendo sido deputado à Assembleia da República pelo círculo de Santarém e, em 1977 e 1978, tendo o cargo de diretor de programas da RTP.
Em 1983 e 1984 voltou à RTP como administrador ligado à produção e, em 1985, regressou ao Parlamento, onde procurou defender as questões ligadas à música, participando, por exemplo, na elaboração da legislação relativa à obrigatoriedade de passagem de 50% de música portuguesa nas estações de rádio nacionais.
Foi, ainda, Presidente da Assembleia Municipal de Santarém, concelho onde residia e veio a falecer, a 23 de setembro último.
BOA SEMANA COM BOA MÚSICA
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