dezembro 29, 2022

FELIZ 2023

 






Temos de Ser Mais Humanos


Abram os olhos. Somos umas bestas. 
No mau sentido. Somos primitivos. Somos primários.
Por nossa causa corre um oceano de sangue todos os dias. 
Não é auscultando todos os nossos instintos ou encorajando a nossa natureza biológica a manifestar-se que conseguiremos afastar-nos da crueza da nossa condição. É lendo Platão. E construindo pontes suspensas. É tendo insónias. É desenvolvendo paranoias, conceitos filosóficos, poemas, desequilíbrios neuroquímicos insanáveis, frisos de portas, birras de amor, grafismos, sistemas políticos, receitas de bacalhau, pormenores.

É engraçado como cada época se foi considerando "de charneira" ao longo da história.
A pretensão de se ser definitivo, a arrogância de ser "o último", a vaidade de se ser futuro é, há milénios, a mesmíssima cantiga.

Temos de ser mais humanos. Reconhecer que somos as bestas que somos e arrependermo-nos disso. Temos de nos reduzir à nossa miserável insensibilidade, à pobreza dos nossos meios de entendimento e explicação, à brutalidade imperdoável dos nossos atos. O nosso pé foge-nos para o chinelo porque ainda não se acostumou a prender-se aos troncos das árvores, quanto mais habituar-se a usar sapato.

A única atitude verdadeiramente civilizada é a fraqueza, a curiosidade, o desespero, a experiência, o amor desinteressado, a ansiedade artística, a sensação de vazio, a fé em Deus, o sentimento de impotência, o sentirmo-nos pequeninos, a confissão da ignorância, o susto da solidão, a esperança nos outros, o respeito pelo tempo e a bênção que é uma pessoa sentir-se perdida e poder andar às aranhas, à procura daquela ideia, daquela casa, daquela pessoa que já sabe de antemão que nunca há-de encontrar.

O progresso é uma parvoíce.
Pelo menos enquanto continuarmos a ser os animais que somos.
                                                                                                                   
                                                                                                                   Miguel Esteves Cardoso, 
                                                                                                                   In Explicações de Português









FELIZ 2023

dezembro 22, 2022

FELIZ NATAL

 


"Sei que o Natal não tem o mesmo significado para toda a gente. Mas é para quase todos nós uma festa de família. E isso é quanto basta para que, de algum modo, possamos sentir-nos unidos uns aos outros nesta data.
Por mim, recordo a ansiedade pelos presentes quando criança, o amor imenso dos meus avós pelos netos, a ternura dos meus pais e dos meus irmãos e a alegria dos meus filhos. Tudo isto vivido, às vezes, com alguma dificuldade para satisfazer os horários dos almoços e jantares da família de origem com os daqueles que, por escolhas pessoais, se haviam tornado também nossas. Lembro ainda os amigos e as amigas que por estarem sozinhos sempre agregámos aos nossos festejos. (...)




No último Natal estive rodeada dos meus, envolvida de carinhos do filho, da cunhada, do neto mais velho, do mano mais novo, dos sobrinhos e dos filhos destes.
A nossa família é assim. Gosta de afeto, de se anichar no colo mais próximo, de dar beijos e abraços, de rir e da bagunça das crianças.
Matei saudades de cada um, estive agarrada ao meu neto, que, apesar dos seus vinte anos, gosta das ternuras da avó, e senti, uma vez mais, que sem os meus jamais seria quem sou."

                                                                                               Helena Sacadura Cabral
                                                                                               In, Erros Meus, Má Fortuna, Amor Sempre?






FELIZ NATAL






dezembro 20, 2022

TOLERÂNCIAS DE PONTO

 Na sequência das tolerâncias de ponto concedidas pelo Sr. Presidente da Câmara Municipal, 
informamos que iremos estar encerrados nos 
dias 23, 26 e 30 de dezembro.





dezembro 14, 2022

ÁRABE SIGNIFICA TER A MERCEARIA ABERTA À NOITE E AO DOMINGO

 Duas gerações diferentes
Duas religiões distintas
Uma amizade única
Omar Sharif e Pierre Boulanger

"O senhor Ibrahim sempre fora velho. Os habitantes da Rua Bleue e da Rua do Faubourg-Poissonnière sempre tinham visto o senhor Ibrahim na sua mercearia, desde as oito da manhã até noite cerrada, curvado entre a caixa e os produtos de limpeza, uma perna cá fora e outra debaixo das caixas de fósforos, um casaco cinzento por cima de uma camisa branca, dentes cor de marfim escondidos sob um bigode farto, olhos cor de pistácio, verdes e castanhos, mais claros do que a sua pele morena, marcada pela sabedoria que a vida lhe trouxera.


Omar Sharif, Cesar 2004 melhor ator

Era opinião generalizada que o senhor Ibrahim era sábio. Provavelmente por ser, há cerca de quarenta anos, o único árabe numa rua de judeus. Sem dúvida também porque sorria muito e falava pouco. (...)
- Eu não sou árabe, Momo, eu sou do Crescente Dourado. (...)
- Eu não sou árabe, Momo, sou muçulmano.
- Então porque dizem que o senhor é o árabe da rua se nem sequer é árabe?
- Árabe, Momo, quer dizer mercearia "aberta das oito da manhã à meia-noite, mesmo ao domingo." 




Momo é um rapazinho que se aborrece na escola e em casa, junto do seu pai, um advogado infeliz. Porém, na Rua Bleue onde mora, há mulheres pouco recomendáveis que o tratam muito bem e, acima de tudo, há o senhor Ibrahim, o merceeiro árabe do bairro, que parece conhecer os segredos da felicidade e dos verdadeiros sorrisos, dos quais Momo depressa aprende a tirar partido.
Depois de o seu pai se atirar para debaixo de um comboio, Momo é acolhido pelo senhor Ibrahim. Juntos, vão encerrar a loja, comprar um automóvel e partir para o país natal do velho homem, o país dos dervixes rodopiantes, sábios da contemplação, do Alcorão, das suas flores e da poesia do mundo.


Um livro para ler e reler, uma lição de sabedoria, 
de tolerância, de fatalismo e de bondade.



Éric-Emmanuel Schmitt nasceu a 28 de março de 1960 em Sainte-Foy-lès-Lyon, França.
É um dos mais populares escritores e dramaturgos franceses. As suas obras foram traduzidas e encenadas em mais de 40 países. É considerado um dos 10 autores de língua francesa mais lidos.
Entre os seus prémios contam-se o prestigiado Prémio Goncourt de Romance e ainda o Grande Prémio de Teatro da Academia Francesa.
Em 1999, quando escreveu a peça "O Senhor Ibraim e as Flores do Alcorão", que mais tarde adaptou em formato de novela e que hoje divulgamos, vivia na rue Bleue, onde a parte principal da ação se desenrola. Era um bairro judeu, onde um árabe mantinha a sua loja aberta das 8 da manhã à meia-noite.

O Senhor Ibrahim e as flores do Alcorão foi adaptado ao cinema em 2003, realizado por François Dupeyron, com argumento do próprio autor e do realizador, tendo nos papeis principais Omar Sharif, que venceu em 2004 o Cesar de melhor ator no papel do Senhor Ibrahim, Pierre Boulager e Isabelle Adjani.
Em Portugal, a encenação desta peça por Miguel Seabra em 2012 valeu ao Teatro Meridional o Prémio do Público no Festival Internacional de Teatro de Almada.
Em 2022, para celebrar os 25 anos de existência daquela companhia de teatro, esteve novamente em cena de 6 a 23 de junho.

"Um hino à vida"
                                                 Le Pariscope



dezembro 09, 2022

SE SABE ESCREVER POEMAS, TAMBÉM SABE ESCREVER RECEITAS




"- Um livro de culinária!
Franzo a testa, confusa. O homem é ao mesmo tempo indelicado e obscuro. Quem é que ele pensa que sou? Posso ter trinta e seis anos e ser solteira, o meu vestido pode estar manchado de suor, mas não sou uma serviçal doméstica de avental. (...)
- Mas eu não ... não sei cozinhar - digo sem convicção, e dirijo-me à porta como uma sonâmbula. (...)
- Se sabe escrever poemas, também sabe escrever receitas. (...)
- Bonito e elegante, Miss Acton. Traga-me um livro de culinária tão bonito e elegante como os seus poemas."


O romance inspirado na história real de Eliza Acton,
 que inventou o conceito do livro de culinária moderno, 
é a nossa sugestão de leitura para o seu fim de semana.





Especiarias exóticas, vegetais aromáticos e frutos exuberantes... 
Em 1835, Londres está a transbordar de novos ingredientes que ninguém sabe usar. Tudo isso passa ao lado de Eliza, uma jovem de boas famílias que tenciona dedicar a vida a escrever poesia e a partilhá-la com o mundo. Um sonho grandioso que termina abruptamente quando o seu editor lhe sugere uma mudança de rumo. Se Eliza quer ser publicada, que escreva então algo aceitável para uma menina da sua posição. Como um livro de cozinha.


Para a aspirante a poetisa, que nunca sequer cozeu um ovo, qualquer ligação a um fogão é uma afronta... até ao dia em que a situação familiar a obriga a repensar tudo e a pôr, literalmente, as mãos na massa. Depressa vai descobrir não apenas um talento, mas uma verdadeira paixão. Com a ajuda da sua jovem assistente Ann Kirby, entre papel e tachos, lágrimas e gargalhadas, segredos e confissões, Eliza vai descobrir as maravilhas da gastronomia e o poder da amizade.
Mas quando Ann descobre um segredo do passado dela, tudo o que conquistaram se transforma numa ameaça.

Annabel Abbs nasceu no Reino Unido a 20 de outubro de 1964, é licenciada em Literatura Inglesa. Os seus contos e textos jornalísticos estão publicados no The Guardian, no The Telegraph, na Tatler e na Elle Magazine.
O seu livro, que hoje sugerimos para leitura de fim de semana, foi considerado pelo New York Times Books uma das melhores obras de ficção histórica de 2021, e está a ser traduzido para dezasseis idiomas.

"E começa a falar-me sobre combinações de pós de caril, os benefícios das especiarias frescas, os tamarindos que começou agora a importar ainda na casca. Estou tão absorta que me esqueço completamente da cozinha - e das minhas gafes tão pouco femininas. Ele descreve o sabor fumado dos cominhos, o amargor negro das sementes de fenacho, a opulência doce da polpa de coco fresco, a explosão feroz de raiz de gengibre."




"Tal como um poema, uma receita deve ser clara, precisa e ordenada"
                                                                                                                    Eliza Acton





novembro 30, 2022

COMO APRENDI EU A BAILAR O FADO?

 
"- Não são uma ligas que vão afligir a senhora condessa, criatura! Quero a Maria Severa aqui ao Campo Grande antes das aves-marias, ouviste? Virem Lisboa do avesso, façam o que for preciso, que das 250 mil almas que por aqui apodrecem nesta Corte, alguma há-de ser ela. Ponham-ma aqui sem demoras. Há contas que tenho a ajustar com a pequena. (...)
Raça de mulher! Dou-lhe cómodo, roupa lavada e trago-a bem nutrida para que me aconchegue as noites, me encha os salões e me envaideça com aquela voz rouca e baça, safa que é ser ingrata!"


O Fado, 1910, de José Malhoa, retrata o fadista Amâncio e Adelaide da Facada


Maria Severa Onofriana nasceu a 26 de julho de 1820 na rua da Madragoa, atual rua Vicente Borga, nº 33, na freguesia da Estrela, onde a sua mãe tinha uma taberna. Com apenas 26 anos morreu de tuberculose, a 30 de novembro de 1846, num miserável bordel na rua do Capelão, na Mouraria, tendo sido sepultada no Cemitério do Alto de São João, numa vala comum. Consta que as suas últimas palavras foram "Morro, sem nunca ter vivido". 




Na Mouraria, na rua do Capelão, encontra-se atualmente o "Largo da Severa".
A sua casa está assinalada com uma placa onde se pode ler "Nesta casa viveu Maria Severa Onofriana / Considerada na época a expressão sublime do fado / Faleceu em 30-11-1846 com 26 anos de idade / Lisboa 3-6-1898". A placa foi descerrada por Amália Rodrigues.


No dia em que passam 176 anos da sua morte,
 divulgamos o  livro que conta a história do romance proibido
 entre D. Francisco de Paula, o conde de Vimioso e Maria Severa.



Lisboa, meados do século XIX.
Nas ruelas de uma cidade suja e vibrante, cruzam-se dois mundos quando a noite cai. Na Mouraria dos marujos, dos rufiões, das mulheres de má vida, as tabernas enchem-se para acolher os filhos enjeitados da cidade. Vão à procura de consolo, um regaço pago, tinto e fadistagem, rixas e navalhadas. Vão eles e vão outros, nobres, embuçados, em busca do fruto proibido. Longe do São Carlos, onde a música é outra, e as damas e as joias legítimas, longe dos seus palácios nas Laranjeiras ou no Campo Grande, mergulham no mundo sórdido e apaixonante onde se canta e bate o fado.
E ninguém o canta e bate melhor do que Severa, filha de cigano, filha de meretriz. Do pai herda o tom de pele, o sangue quente; da mãe, a triste profissão e as artes de prender os homens. E são muitos os que a visitam, mas só um lhe deixa marca. D. Francisco de Paula, o conde de Vimioso.




Maria João Lopo de Carvalho nasceu em Lisboa a 15 de maio de 1962.
Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade Nova de Lisboa. Foi professora de Português e de Inglês, criou a primeira escola de Inglês em regime extracurricular para os mais novos e trabalhou como copywriter em publicidade.
A partir de 2000 dedicou-se à escrita de romances e de livros infantis, depois de ter colaborado como cronista na revista Pais & Filhos em 1994 e na Xis, editada com o jornal Público em 2000.
O Fado da Severa é o seu quarto romance histórico.  

O Fado de Paula Rego, 1995

" O fado soava como coisa estranha aos ouvidos de quem, pela primeira vez, o escutava, lembrando uma modinha, a fofa e o fandango, num alvoroço vadio que ia direito ao coração, que agitava e surpreendia. Eram muitos os que o estranhavam, outros sabiam-no de cor - ao fado e à Severa".


A 27 de novembro de 2011, o Fado foi declarado pela UNESCO Património Cultural Imaterial da Humanidade. Foi a primeira expressão artística a ser declarada Património Imaterial da Humanidade em Portugal. 




novembro 23, 2022

HÁ MUITO QUE TODOS ME CHAMAM NEGRO


"Nasci rafeiro, cruzamento de mastim espanhol e cão-de-fila brasileiro. Quando era cachorro, tive um daqueles nomes ternos e ridículos que põem aos cãezinhos recém-nascidos, mas já passou muito tempo desde então. Já me esqueci. Há muito que todos me chamam Negro.
O Agilulfo - um podengo magro, filósofo e culto que sabe destas coisas - garante que nasci para o combate; que sou um guerreiro antigo com uma estirpe gladiadora tão velha como a história dos humanos".




Neste romance negro assombroso, divertido e ao mesmo tempo esmagador, Arturo Pérez-Reverte narra, com a mestria de sempre, as aventuras de um cão num mundo bem diferente do dos humanos. Um mundo que se rege pelas mais elevadas regras - lealdade, inteligência e companheirismo - onde não há lugar para o politicamente correto ou para as convenções sociais. Um mundo em que por vezes há clemência para os inocentes e justiça para os culpados.
Pleno de tensão dramática, Cãos Maus Não Dançam brinda-nos com uma metáfora sobre a vida e os seus valores (ou a falta deles).


"Escrevi este romance para que o ser humano pudesse ver os cães por dentro. 
Não com o olhar compassivo de um ser superior, que olha para o cão de cima, 
mas com a vontade de que o humano se sentisse cão. 
Que sentisse o que um cão poderia sentir." 



Arturo Pérez-Reverte nasceu a 24 de novembro de 1951, em Cartagena, Espanha.
Licenciado em jornalismo pela Universidade Complutense de Madrid, foi repórter de guerra durante vinte e um anos, durante os quais cobriu conflitos armados no Chipre, Eritreia, Malvinas, El Salvador, Moçambique, Golfo, Bósnia, Croácia, Líbano, Líbia, Sudão, entre outros.
Os seus romances estão traduzidos em trinta idiomas e tem mais de vinte milhões de leitores em todo o mundo. Muitos deles já foram adaptados ao cinema e à televisão. 
Em 2017, foi premiado com o Prix Littéraire Jacques Audiberti.
Atualmente divide a sua vida entre a literatura, o mar e a navegação. É membro da Real Academia Espanhola.


Para além do livro que hoje divulgamos, o Leitor 
encontra na Biblioteca Municipal os seguintes títulos do autor:
  • Território Comache
  • Uma história de Espanha
  • A pele do tambor
  • A rainha do Sul
  • A tábua de Flandres
  • Um dia de cólera


Iuri, apareceu no Parque de Merendas da Portela


"O cão tem virtudes que gostaria de ver nos seres humanos"
                                                                                                       Arturo Pérez-Reverte







novembro 17, 2022

PRÉMIO LITERÁRIO JOSÉ SARAMAGO 2022

 

"Quero dizer que este prémio vai ser, para sempre, 
uma pedra sobre a qual irei fundar uma parte de mim.
Há falta de palavras, vou deixar apenas uma, 
para que a ampliem: obrigado."


O Prémio Literário José Saramago foi instituído em 1998 para celebrar a atribuição do Prémio Nobel de Literatura a José Saramago e foi pensado como instrumento para a defesa da língua através do estímulo ao surgimento de jovens escritores da lusofonia.
Em 2019, na sua última edição, foi o mesmo atribuído a Afonso Reis Cabral, pelo romance Pão de Açúcar, que pode ser requisitado para empréstimos domiciliário na Biblioteca Municipal. A edição de 2021 foi adiada para este ano devido à pandemia de Covid-19.

Nesta edição os jurados foram:
  • Gonçalo M. Tavares - Prémio Literário José Saramago 2005
  • Valter Hugo Mãe - Prémio Literário José Saramago 2007
  • João Tordo - Prémio Literário José Saramago 2009
  • Bruno Vieira Amaral - Prémio José saramago 2015
  • Pilar del Rio - Presidente da Fundação José Saramago
  • Guilhermina Gomes - Representante da Fundação Círculo de Leitores
  • Nélida Piñon - Membro Honorário



Ao início da tarde do dia 14 de novembro, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém em Lisboa, foi anunciado o nome do vencedor de 2022: o escritor brasileiro Rafael Gallo, com o romance inédito Dor Fantasma.

"Este romance tem uma história difícil. Demorei seis anos a escrevê-lo. Passou por editores que não o quiseram e por outros que não gostaram. Eu lutei e fiz várias alterações. Foi um processo pessoal, fiz muitas alterações na minha vida e isso reflete-se. É muito especial e estou ansioso por tê-lo publicado."

O romance vai ser publicado em Portugal pelo Grupo Porto Editora, no Brasil pela Globo Livros e será distribuído por todos os países da lusofonia.


Rafael Gallo nasceu em 1981 em São Paulo. Estreou-se na escrita em 2012 com o livro de contos Réveillon e outros dias, que venceu o Prémio SESC de Literatura e foi finalista do Prémio Jabuti. Em 2016 conquistou o Prémio São Paulo de Literatura com o romance de estreia Rebentar.
É o quarto escritor brasileiro a ganhar o Prémio José Saramago:
  • Adriana Lisboa em 2003
  • Andréa del Fuego em 2011
  • Julián Fuks em 2017


Passe por cá e aproveite para visitar a exposição alusiva à vida e obra de José Saramago, patente ao público na sala de leitura no 1.º piso.



novembro 09, 2022

PORQUE É QUE O FILME DEVERIA SER IGUAL AO LIVRO?


O Dia Mundial do Cinema comemorou-se no passado dia 5 de novembro.
A sétima arte é considerada por muitos a arte mais mágica, pelo seu poder sobre as emoções humanas.

Irmãos Lumière

Em 1895, Paris teve a sua primeira sessão pública de cinema, organizada pelos irmãos Lumière.
Utilizando um aparelho chamado cinematógrafo, imagens em movimento foram projetadas numa tela gigante para cerca de 30 espetadores. 

O cinema e a literatura mantêm uma relação muito antiga. O cinema e a literatura relacionam-se a partir do momento em que o cinema percebeu o seu potencial para contar histórias.
Livro e filme são obras de arte diferentes, que não se manifestam pelo mesmo meio ou para o mesmo fim.
Para algumas pessoas os livros são sempre melhores que o filme. Para outras, não é possível fazer a comparação, pois são linguagens diferentes.
O realizador é também um leitor. Ao realizar o seu filme, recria o livro do autor, apropria-se do texto e constrói uma outra obra.


Muitos livros foram fonte de inspiração a realizadores famosos.
São esses livros que vão estar em destaque este mês na Biblioteca Municipal. Deixamos aqui alguns exemplos.






Não se esqueça, na Biblioteca Municipal pode requisitar 
bons livros e bons filmes.


Cinema Paraíso, 1989



BOA SEMANA




novembro 04, 2022

LER, LER, LER

 LER SOZINHO


LER ACOMPANHADO


LER AO FIM DE SEMANA



LER NA BANHEIRA



LER NA CAMA


LER NO CAFÉ



LER E NAMORAR



LER AO AR LIVRE



LER COM A FAMÍLIA



LER EM QUALQUER IDADE


TODOS OS MOMENTOS SÃO BONS. 
O IMPORTANTE É LER.

LEIA SEMPRE. NÃO DEIXE DE LER.

LEIA SEM GASTAR DINHEIRO. 

VENHA À BIBLIOTECA.





outubro 26, 2022

OS DOIS CADERNOS DO MEU AVÔ ESTÃO POUSADOS NA MESA DIANTE DE MIM


"Por mais de trinta anos conservei, sem nunca os abrir, os cadernos em que o meu avô inscrevera meticulosamente as suas memórias de antes e depois da guerra, na distinta caligrafia que o caracterizava; deu-mos alguns meses antes da sua morte, em 1981, tinha na altura noventa anos. Ele nascera em 1891 e era como se a sua vida não tivesse sido mais do que a troca de dois algarismos num número. Entre estas duas datas estavam duas guerras mundiais, genocídios catastróficos, o século mais implacável de todo a história da humanidade, o apogeu e declínio da arte moderna, a expansão mundial da indústria automóvel, a Guerra Fria, a ascensão e queda das grandes ideologias, a popularização do telefone e do saxofone, a síntese laboratorial da baquelite, a industrialização, o desenvolvimento da indústria cinematográfica, o plástico, o jazz, a indústria aeronáutica, a primeira alunagem, a extinção de inúmeras espécies animais, as primeiras grandes catástrofes ambientais, a penicilina e o desenvolvimento dos antibióticos, o Maio de 68, o primeiro relatório do Clube de Roma, o rock'n'roll, a invenção da pílula, a emancipação da mulher, a popularização da televisão, os primeiros computadores - e a sua longa vida como herói de guerra esquecido. Foi essa vida que ele me pediu para relatar ao confiar-me aqueles cadernos."



"Um dos livros mais tocantes do ano"
                                                                                       De Standaard




Nomeado para o Man Booker International Prize 2017
Livro do Ano da revista Economist
Finalista do Premio Strega Europeo
Vencedor do Prémio da Cultura Flamenga para a Literatura
Vencedor do Prémio Literário AKO
Vencedor do Prémio do Júri dos Leitores do Golden Book Owl
Vencedor do Inktaad 2016  (Prémio Jovens Leitores)
Finalista do Prémio Literário Libris
Finalista do Prémio Fintro
Finalista do Prémio de História (Davisfond)





Stefan Hertmans nasceu a 31 de março de 1951, em Ghent, na Bélgica.
Publicou romances, contos, ensaio, teatro e poesia. É um dos principais autores flamengos contemporâneos, tendo a sua obra recebido os prémios mais importantes da literatura flamenga e sido traduzida em várias línguas.
Participou em prestigiados festivais literários por todo o mundo. Fez duas residências literárias, uma delas na Casa Marguerite Yourcenar. Foi professor convidado na Sorbonne, em Paris, e também nas Universidades de Berlim, Viena e Cidade do México.
O romance que hoje divulgamos está traduzido em 29 países, tendo a tradução portuguesa por Arie Pos. sido contemplada com o Grande Prémio de Tradução Literária Francisco Magalhães
Em 2019, com adaptação e encenação de Jan Lauwers, uma peça de teatro baseada neste romance, Guerra e Terebintina, fez parte do programa do Festival de Teatro de Almada. 


Margate Beach, Blue Girl, de John Cimon Warburg


" Guerra e Terebintina 
tem tudo para se tornar um clássico"
                                                                                                      The Guardian





outubro 24, 2022

SEMANA DA FORMAÇÃO FINANCEIRA 2022


Entre os dias 24 e 31 de outubro, o CNSF – Conselho Nacional de Supervisores Financeiros (Banco de Portugal, Autoridade de Supervisão de Seguros e Fundos de Pensões e Comissão do Mercado de Valores Mobiliários) dinamiza a Semana da Formação Financeira 2022.

A Semana da Formação Financeira é uma iniciativa que se realiza anualmente, em torno do Dia Mundial da Poupança (31 de outubro), e que tem como objetivo sensibilizar a população para a importância da formação financeira.

Ao longo da Semana da Formação Financeira, os parceiros do Plano Nacional de Formação Financeira promovem iniciativas dirigidas a diferentes públicos-alvo, nomeadamente alunos de todas idades, professores e outros formadores, gestores de micro e pequenas empresas, seniores, grupos vulneráveis, jogadores de futebol, psicólogos e população em geral.

A participação nesta iniciativa é aberta a todas as escolas, instituições públicas, associações do setor financeiro e organizações não-governamentais que pretendam dinamizar atividades sobre temas financeiros.


Consulte aqui o Programa das iniciativas 
que vão decorrer ao longo desta semana.





outubro 21, 2022

A VERDADE É UMA QUESTÃO DE IMAGINAÇÃO

"A ficção científica não prediz, descreve.
As predições são feitas por profetas (gratuitamente), por clarividentes (geralmente mediante um pagamento, o que os torna mais apreciados, em vida, do que os profetas) e por futurologistas (assalariados). A predição é um atividade de profetas, clarividentes e futurologistas, não de romancistas. A atividade dos romancistas é a mentira. (...)
Ao ler um romance, qualquer que ele seja, temos de ter consciência de que tudo aquilo é um perfeito disparate e, ao mesmo tempo, acreditar em cada palavra enquanto o lemos. No fim, quando acabamos de ler, talvez descubramos - se o romance for bom - que ficámos um pouco diferentes do que éramos antes de o ler, que nos modificámos ligeiramente, como se tivéssemos conhecido uma pessoa diferente, percorrido uma rua até aí desconhecida para nós."
                                                                                      Ursula K. Le Guin, 
in, A mão esquerda das trevas



Ursula K. Le Guin nasceu a 21 de outubro de 1929 na Califórnia, Estados Unidos da América, filha do antropólogo Alfred Kroeber e da escritora Theodora Kroeber.
Frequentou a Radclife College e a Universidade de Columbia. Casou, em Paris, com o jovem historiador Charles Le Guin.
Ursula K. Le Guin produziu uma vasta e influente obra no campo da ficção especulativa. Foi um dos nomes maiores da literatura norte-americana, tendo publicado 23 romances, inúmeras coletâneas de contos, livros infanto-juvenis, poesia, ensaios e traduções, ao longo de quase 60 anos.
As suas obras abrangiam ficção especulativa, ficção realista, não-ficção, argumentos para cinema, libretos, traduções, críticas literárias, discurso, poesia, ficção infantil. Muitas delas foram adaptadas para rádio, cinema, televisão e teatro.
O seu nome ganhou relevo em 1969 com o romance A mão esquerda das trevas, galardoado com o Prémio Hugo e com o Prémio Nebula, para melhor romance de ficção cientifica e que faz parte do fundo documental da Biblioteca Municipal.  





Fortemente influenciada pela antropologia cultural, o taoismo e o feminismo, recebeu inúmeros prémios literários. Em abril de 2000, a Biblioteca do Congresso dos EUA nomeou Le Guin como uma "Lenda Viva" na categoria de escritores e artistas pelas suas contribuições na herança cultural dos Estados Unidos.



Em 2021, o Serviço Postal dos Estados Unidos lançou um selo de correio com a imagem da autora, tendo como pano de fundo uma cena do seu romance A mão esquerda das trevas.



Em 2014 foi distinguida com a medalha da National Book Foundation pelo seu excecional contributo para as letras norte-americanas. 
Faleceu a 22 de janeiro de 2018 em sua casa.


"O romancista põe em palavras o que não pode ser dito em palavras."
                                                                                                                               Ursula K. Le Guin












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