novembro 25, 2020

NÃO LHES FALTARAM TÉCNICOS, NO SEU DIVÓRCIO

25 de novembro

Dia Internacional pela Eliminação 
da Violência Contra as Mulheres
 

Tânia Ganho nasceu em Coimbra, em 1973. Licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, trabalhou durante vários anos em legendagem para televisão e cinema. Foi assistente convidada na Universidade de Coimbra, onde lecionou tradução literária, área a que se dedica há mais de 20 anos. Traduziu autores como Angela Davis, Siri Hystvedt, Maya Angelou, Leila Slimani, Chimamanda Adichie, Davis Lodge, entre outros.

Em 2012, ganhou o primeiro prémio na categoria internacional do Concurso de Contos Cidade de Araçatuba, no Brasil.

Da autora, a Biblioteca Municipal tem para empréstimo domiciliário os seguintes títulos:
  • Cuba Libre
  • A Vida sem Ti
  • A Lucidez do Amor
  • Apneia

 

"Todo o processo de luta pela guarda do filho era uma maratona e, enquanto Alessandro tinha resistência de um corredor de fundo, Adriana foi, durante anos, incapaz de fazer outra coisa que não sprints. E, no fim de cada sprint, estava esgotada. Demorou muito a transformar-se em maratonista, a dominar a arte da respiração bradicárdica."


Quando Adriana ganha finalmente coragem para sair de casa com o filho de cinco anos, pondo fim ao casamento com Alessandro, mal pode imaginar que o marido, incapaz de aceitar o divórcio, tudo fará para a destruir - nem que para isso tenha de destruir o próprio filho.
Apneia é uma viagem ao mundo sórdido da violência conjugal e parental, através de um labirinto negro em que os limites da resistência psicológica são postos à prova, ameaçando desabar a qualquer instante, e dos meandros tortuosos de uma Justiça por vezes incompreensível, desumana e desfasada da realidade.
Apneia é um romance intenso, absorvente e perturbador, que ilustra com uma autenticidade desarmante o estado de guerra em que vivem milhares de famílias estilhaçadas, e com o qual, inevitavelmente, muitos leitores se vão identificar, encontrando nestas páginas ecos da sua própria experiência.


Pintura de Cristina Troufa






novembro 20, 2020

QUEM FOI REALMENTE AMÁLIA RODRIGUES?



"Sempre aguentei as consequências de ser livre" 
                                                                                                       Amália Rodrigues

Chamaram-lhe "cantora do regime". Acusada de servir a ditadura e colaborar com a polícia política (PIDE), foi perseguida e ostracizada pós o 25 de abril de 1974, reconquistando depois a unanimidade enquanto voz de Portugal no Mundo. Esta é a história secreta da vida de Amália Rodrigues. 
Como se relacionou com o Estado Novo e sobreviveu à admiração por Salazar?
Como enfrentou a pobreza, seduziu a aristocracia e os intelectuais?
Como ajudou presos políticos, cantou poetas proibidos, colaborou com antifascistas e financiou clandestinamente a oposição e o PCP?
Como sobreviveu aos boatos, ataques e tentativas de silenciamento no pós-revolução?
Como é que os políticos, os músicos, os poetas, a ditadura e a democracia lidaram e conviveram com a maior cantora portuguesa de sempre?




O livro, que estamos a sugerir para leitura do seu fim de semana, é uma investigação jornalística que atravessa dois regimes, vários continentes e reúne perto de uma centena de entrevistas e depoimentos exclusivos. Inclui ainda gravações inéditas da fadista e de personalidades que com ela conviveram. Com recurso a milhares de páginas de documentos nunca revelados, além de cartas e fotografias desconhecidas da cantora, este é também um retrato político do século XX português, através do percurso de Amália Rodrigues.




"Amália e o seu canto não são de nenhum regime. 
São parte da cultura viva deste País. 
Tentar destruí-la é destruir uma parte dessa cultura. 
E isso também é obscurantismo. Precisamos de Amália. 
E precisamos de Amália a cantar a Liberdade."
                                                                                       Manuel Alegre, 1974


Miguel Carvalho nasceu a 25 de novembro de 1970, no Porto, e é grande repórter da revista Visão desde dezembro de 1999. Em 1989 concluiu o Curso de Radiojornalismo do centro de Formação de Jornalistas do Porto. Trabalhou no Diário de Notícias de 1989 a 1997 e no semanário O Independente de 1997 a 1999. 
Venceu o Prémio Orlando Gonçalves (jornalismo), em 2008, e o Grande Prémio Gazeta, do Clube de Jornalistas, em 2009.
Algumas reportagens suas mereceram destaque em publicações internacionais, entre elas The New York Times, El País, The Daily Telegraph, Veja, O Globo e a revista Piaui.



"É preciso que se saiba que o nosso 
Estado Democrático está grato a Amália Rodrigues."
                                                                                                    Mário Soares



novembro 10, 2020

CRUZEIRO SEIXAS, 1920-2020

"Viver é uma loucura espantosa. 
É a maior loucura".


Cruzeiro Seixas, que completaria cem anos no próximo dia 3 de dezembro, é uma figura de topo do movimento surrealista nacional, autor de uma vasta obra no campo da pintura, do desenho, da escultura e também na poesia.
Em 2010, a Bienal Internacional de Artes Plásticas e Design Industrial, que decorreu de 22 a 31 de outubro, na nossa cidade, prestou-lhe homenagem.




Artur do Cruzeiro Seixas, nasceu a 3 de dezembro de 1920 na Amadora.
Em 1949 abraçou o projeto surrealista e não mais o abandonou.
Em 1951 alista-se na marinha mercante e viaja por África, Índia e Extremo Oriente. Vive em Angola até ao início da guerra colonial, onde desenvolve o gosto pela dita "arte primitiva".
Em 1989 é-lhe atribuído o prémio SOCPIT "Artista do Ano", sendo publicado um álbum ilustrado  sobre a sua vida e obra, denominado "Cruzeiro Seixas".
Em 1993 doa ao Instituto da Biblioteca Nacional e do Livro uma considerável parte do seu acervo.
Em 2020 foi homenageado na Feira Internacional do Livro de Santiago do Chile (FILSA), que lhe dedicou um número exclusivo da revista Derrame, do grupo surrealista chileno. Nesse mesmo ano recebeu a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Autores
Em 2009, a 10 de junho, foi feito Grande-Oficial da Ordem Miliar de Sant'Iago da Espada.
Em 2017, para comemorar os seus 40 anos de existência, a Bienal de Arte de Vila Nova de Cerveira, fez uma homenagem ao mestre.
A 14 de outubro de 2020, foi distinguido com a Medalha de Mérito Cultual, pelo "contributo incontestável para a cultura portuguesa".
A 3 de novembro de 2020, faleceu em Lisboa no Hospital de Santa Maria.

Temos muito que fazer
e tanto
que nem sabemos
por onde começar:
Devemos primeiro
rir ou chorar?
                                                     Cruzeiro Seixas


A Biblioteca Municipal tem para empréstimo domiciliário o livro, edição limitada, com serigrafias e poesia, de Cruzeiro Seixas, intitulado Viagem sem Regresso.



A sua obra está representada em coleções do Museu Nacional de Arte Contemporânea, Museu do Chiado, Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação Cupertino de Miranda, em Vila Nova de Famalicão, onde está situado o Centro Português de Surrealismo,  a quem em 1999, doou a sua coleção, e onde está patente uma exposição permanente com as suas obras.

"Não estou preocupado para onde vou.
Já andei por céus e infernos cá por este lado."


Fotografia de Alfredo Cunha, 2014, Póvoa do Varzim


"O rei Artur deixou-nos, 
mas a sua obra seguirá sendo uma inspiração"
                                                                                                  António Costa






novembro 04, 2020

OS EFEITOS DA PANDEMIA

A História tem atravessado sempre momentos muito conturbados e difíceis, em que a esperança e a coragem acabam por fazer emergir novos horizontes, novos rumos, experiências, conhecimentos, competências, que têm contribuído para o progresso da humanidade. É o que esperamos desta pandemia, que também ela nos traga algo de positivo, que se criem novos cenários de esperança, ainda que, neste momento, os efeitos negativos nos pareçam avassaladores. E a área da leitura e dos serviços prestados pela Biblioteca Municipal à comunidade, não é exceção a este cenário negativo. Os dados que possuímos, em comparação com o período homólogo de 2019, não deixam de refletir esses mesmos efeitos negativos da pandemia. Ora vejamos os gráficos comparativos do número de livros emprestados e de inscrição de novos leitores, tendo como referência o período de janeiro a outubro.
  




De janeiro a outubro de 2019 foram emprestados para leitura domiciliária 7.424 livros. No mesmo período de 2020 registamos apenas 4.894 livros. Vemos que nos meses de janeiro e fevereiro estávamos a superar o número de empréstimos de 2019 e que a partir de março os números caem abruptamente, verificando-se apenas uma recuperação nos meses de verão. 
Também ao nível da inscrição de novos leitores, os efeitos da pandemia são muito assinaláveis. De janeiro a outubro deste ano registamos menos 50% de novas inscrições.
  




Resta-nos a esperança que, a pouco e pouco, sejam restaurados os níveis de confiança das pessoas e que vejam na Biblioteca um local de frequência seguro e na leitura um refúgio para a fase excecional que estamos a atravessar. Apesar de estarem suspensas as atividades de promoção da leitura presenciais e de grupo, disponibilizamos sessões de leitura infantil com recurso às redes sociais: blogues, youtube, facebook e instagram. Estamos a cumprir todas as recomendações das autoridades de saúde para as bibliotecas: uso obrigatório de máscara e álcool-gel, higienização do espaço, mobiliário e equipamentos, distanciamento físico, os livros devolvidos ficam em quarentena e são desinfetados. Queremos muito que volte e nos traga um amigo. 


Não há motivo para não vir à Biblioteca. 
Não deixe de ler. 








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