outubro 25, 2019

QUEM É QUE NO SEU PERFEITO JUÍZO QUER IR PARA ÁFRICA?


"A África é um espaço que exerce um enorme fascínio sobre os leitores. Além disso, e para nós, portugueses, é um espaço carregado de história e de aventura, de nostalgias, também, e acho que consegui pôr tudo isso no Uma Fazenda em África."



"Os meus romances não são livros de História, são obras de ficção, mas mantêm uma ligação estreita com a época em que decorrem. Quero que os meus leitores sintam e saibam que muito do que estão a ler aconteceu efetivamente. Quero que estejam lá, que sintam a época, as maneiras de pensar, o gosto da culinária, o toque das roupas, o cheiro dos navios a vapor, etc."


Ao acordar em sobressalto naquela noite de junho de 1848, a jovem Benedita não podia imaginar a transformação radical que a sua vida iria sofrer. Um ano volvido, tendo perdido tudo o que a prendia a Pernambuco, embarcava com escassos haveres e o coração apertado em direção a Moçâmedes. Consigo seguia mais de uma centena de portugueses que, desiludidos com o Brasil, procuravam uma nova oportunidade, fundando uma colónia agrícola do outro lado do Atlântico.
Uma Fazenda em África acompanha a vida e as histórias dos primeiros colonos numa terra brutal, trazendo à superfície os sucessos e desaires, os perigos e as surpresas da sua fixação num território inóspito e selvagem.

"- De verdade? - perguntou o cônsul, que ia de espanto em espanto.
-  Mas aquilo é uma ruína! O que vais tu fazer para lá? (...)
- E não achas melhor ter uma fazenda em Angola do que andar por aqui sempre de credo na boca e calças na mão? (...)
- E têm razão, Bernardino. Quem é que no seu perfeito juízo quer ir para África? Tu sabes muito bem que aquilo é a morada das febres - definiu o cônsul, seguro do seu diagnóstico. - Lembra-te que já foi gente daqui para se estabelecer em Angola e quase todos morreram das moléstias de lá. Aquilo é uma terra de água benta e caldeirinha..."



João Pedro Marques, historiador e romancista, especialista em História da escravatura e da sua abolição, nasceu em Lisboa a 15 de junho de 1949.
Concluiu a licenciatura de História na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa em 1980, e começou nessa altura a lecionar no ensino secundário. Paralelamente concluiu o curso de Formação de Professores na Escola Superior de Educação de Lisboa e manteve a sua atividade de investigação histórica.
No final de 1987 abandonou o ensino secundário para ingressar na carreira de investigação, no centro de Estudos Africanos e Asiáticos do Instituto de Investigação Científica Tropical, onde permaneceu até 2010.
Em 1999 doutorou-se em História pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Foi Presidente do Conselho Científico do Instituto de Investigação Científica Tropical, em 2007 e 2008.
Em 2010 deixou o Instituto de Investigação Científica Tropical e a carreira de investigação, para se dedicar, em exclusivo, à literatura.
Até ao momento escreveu 5 romances históricos.
Uma Fazenda em África, nossa sugestão de leitura para o seu fim de semana, é o seu segundo romance, publicado em 2012, pela Porto Editora.






outubro 16, 2019

PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 2019


"A literatura tem sido toda a minha vida"

  • A Mulher Canhota
  • A Tarde e um Escritor
  • O Chinês da Dor
  • Uma Breve Carta Para um Longo Adeus
  • Numa Noite Escura Saí da Minha Casa Silenciosa
São estes os livros do vencedor do Prémio Nobel da Literatura de 2019 que a Biblioteca Municipal tem para empréstimo domiciliário.


"Por causa dos problemas que tive há vinte anos [sobre a posição em relação à guerra nos Balcãs], nunca pensei que me escolhessem."


Peter Handke nasceu a 6 de dezembro de 1942, em Griffen, Áustria, durante a Segunda Guerra Mundial, mas cresceu em Berlim na zona ocupada pelas forças soviéticas.
Com uma vasta obra publicada, de diferentes géneros, como a ficção, o ensaio, teatro, poesia, reportagem e argumentos para cinema, já tinha sido várias vezes proposto para o Nobel da Literatura.
De acordo com o Comité do Nobel, Peter Handke é, "há algumas décadas, um dos escritores mais influentes da ficção contemporânea", que "com mestria artística, explora tematicamente a periferia e os lugares que não são vistos".


"Qualquer autor que escreva um livro, mesmo um livro pequeno, 
mesmo uma só página que nos abra o mundo, é um bom escritor."
Peter Handke








outubro 09, 2019

TRATA-SE DE UM VELÁZQUEZ




É já amanhã que ficaremos a conhecer os laureados com o
 Prémio Nobel da Literatura de 2018 e 2019.


Por agora vamos ficar a conhecer o autor que em 
2016 foi o vencedor do Prémio Cervantes.



Eduardo Mendonza nasceu em Barcelona, a 11 de janeiro de 1943.
Escritor, tradutor, dramaturgo, foi tradutor da ONU em Nova Iorque nos anos de 1970.
Com uma vasta obra, que vai desde o romance ao teatro, publicou quinze romances, dois livros de viagens, duas peças de teatro e quatro ensaios. Reconhecido internacionalmente como um dos grandes vultos da literatura europeia, os seus livros foram várias vezes galardoados em Espanha, bem como noutros países europeus.
O romance que hoje divulgamos, Rixa de Gatos, foi o vencedor do Prémio do Livro Europeu na categoria ficção e foi, também, distinguido com o Prémio Planeta em 2010.


"Resolvi escrever Rixa de Gatos porque me apercebi de que o interesse
 pela Guerra Civil se mantinha, mas renovado em matizes diferentes.
 Há hoje uma maior distanciação 
e uma abordagem menos emocional do tema"



Um perito de arte inglês, Anthony Whitlands, chega de comboio a Madrid fervilhante de 1936. A sua tarefa é autenticar um quadro desconhecido, que pertence a um amigo de José Antonio Primo de Rivera, fundador da Falange, quadro cujo valor pode ser fundamental para apoiar uma mudança política em Espanha.
Turbulentos amores, retratos fiéis dos meios sociais da época e a atmosfera tensa de aventura e de conspiração, que antecede a guerra civil que se aproxima, marcam este notável novo romance de Eduardo Mendoza, onde o humor e a ironia se cruzam com a gravidade da tragédia.


"Todas as desgraças que os reveses da História, o desgoverno da nação e as discórdias dos homens tinham acumulado sobre a Espanha de 1936 ficavam momentaneamente suspensas à hora do aperitivo por unânime acordo das partes implicadas. (...)
- Além de ser irresponsável e tonto, Primo de Rivera é um doidivanas, e isso salta à vista. Visitou Mussolini e Hitler para lhes pedir a bênção e a ajuda; os dois receberam-no de braços abertos, mas tiraram-lhe imediatamente as medidas e afastaram-no com boas palavras. Mussolini paga-lhe uma mensalidade com que mal cobrem os gastos de organização. Hitler, nem um cêntimo. (...) Os socialistas receberam-no a tiro; os anarquistas escutaram-no como quem escuta um louco e quando se aborreceram com ele bateram-lhe com a porta na cara. (...)
- (...) Volte para Londres, para os seus quadros e os seus livros. (...) As mulheres são uma maçada, mas são o melhor que temos. A política, pelo contrário, é horrível. Os comunistas e os nazis são uns monstros, e nós, que somos os bons, não passamos de canalhas."












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