setembro 28, 2022

HILARY MANTEL, 1952-2022

 

Hilary Mantel nasceu a 6 de julho de 1952 em Glossop, Inglaterra. 
Licenciada em Direito pela Universidade de Sheffield, trabalhou como assistente social. Casada com o geólogo Gerald McEwen, viveu 5 anos no Botswana, 4 na Arábia Saudita e em meados dos anos 80 regressou definitivamente ao Reino Unido.
Autora de 12 romances e de 2 coletâneas de contos, Hilary Mantel é mais conhecida pela trilogia sobre a ascensão e queda de Thomas Cromwell, ministro de Henrique VIII.


Venceu por 2 vezes o Booker Prize com os dois primeiros volumes da trilogia sobre Thomas Cromwell, em 2009 com Wolf Hall e em 2012 com O Livro Negro, sendo o primeiro autor britânico e a primeira mulher a receber por duas vezes este importante prémio literário.
Wolf Hall foi ainda finalista do Golden Booker, e foi considerado pelo The Guardian o melhor livro do século XXI. O romance está publicado em 41 países e já vendeu mais de 5 milhões de exemplares em todo o mundo.

"Quando comecei a escrever, via-me como uma escritora de romances históricos. Como nunca fui boa a construir enredos, deixava que a História se encarregasse dessa parte. Gosto muito de procurar os factos reais, de consultar os documentos, procurando os buracos, os hiatos, os intervalos em que não se sabe o que aconteceu, abrindo espaços para a invenção, para a criatividade do ficcionista."



A escritora foi condecorada várias vezes pela rainha Isabel II, a última das quais em 2014 com o título de Dama do Império Britânico e, nesse mesmo ano, foi a primeira autora a ter, em vida, o seu retrato na British Public Library com uma pintura de Nick Lord.



Sofria há muitos anos de endometriose, que foi mal diagnosticada no início, o que a impedia de escrever durante largos períodos de tempo, revelou em várias entrevistas.
Faleceu no passado dia 23 de setembro rodeada da família e amigos.


Na sua conta de Twitter, J.K.Rowling  escreveu:

 "Morreu um génio".



Conheça melhor a autora, 
passe pela Biblioteca Municipal e requisite um dos seus livros.






setembro 23, 2022

AFINAL, O QUE ACONTECERA NESSE DIA 13 DE NOVEMBRO?

Maria Adelaide Coelho da Cunha aos 18 anos

"(...) era uma vez uma senhora muito rica que fugiu de casa, trocando o marido, escritor e poeta, por um amante. Tinha 48 anos, pertencia à melhor sociedade portuguesa. O homem por quem esta senhora se mudou de um palácio lisboeta para um modestíssimo andar em Santa Comba Dão tinha praticamente metade da sua idade e fora seu motorista particular. O marido, entretanto dirigia o jornal de que era herdeira, o Diário de Notícias
Em consequência desta fuga e desta opção, a senhora foi internada num manicómio, e arcou com o diagnóstico de loucura que lhe foi aposto com assinaturas das maiores sumidades da psiquiatria da época, como Júlio de Matos, Egas Moniz e Sobral Cid. Depois, perdeu todos os seus bens. A seguir, foi interdita."


Manuela Gonzaga, escritora e historiadora, nasceu no Porto a 18 de março de 1951.  
Aos 12 anos foi para Moçambique e depois para Angola, tendo passado em África parte da adolescência e juventude. Foi ali que iniciou a sua atividade de jornalista, que abandonou em 2000 para se dedicar à escrita de investigação a tempo inteiro.
É historiadora com o grau de mestre em História pela Universidade Nova de Lisboa.
Tem cerca de 14 títulos publicados entre biografias, romances e contos.

"O meu processo de escrita da biografia de Maria Adelaide Coelho da Cunha: ‘Doida não e não!’  foi longo, moroso e exultante. Entre 2007 e 2009, quando o livro foi lançado no mesmo palácio de onde Maria Adelaide fugira quase cem anos antes, tive acesso a relatórios médicos detalhados, processos policiais, registos de tribunal, actas, bilhetinhos, cartas, diários, fotografias, livros publicados na época, assinados por psiquiatras, advogados, jornalistas, gente directa ou indirectamente envolvida na trama."



Esta história apaixonante que abalou a sociedade lisboeta na passagem dos anos 10/20 do século passado, inspirou também o cineasta Mário Barroso a realizar o filme "Ordem Moral" com a participação, entre outros, dos atores  Maria de Medeiros, Marcello Urgeghe e Albano Jerónimo.
O filme foi distinguido com 3 prémios pela Sociedade Portuguesa de Autores (Melhor Filme, Melhor Argumento e Melhor Ator - Marcello Urgeghe)



"(...) Pois eu teimo com o sr. dr. Alfredo da Cunha que não estou doida 
e hei-de provar que o não estou."



A história fascinante de Maria Adelaide Coelho da Cunha é a nossa 

Sugestão de Leitura 
para o seu Fim de Semana






setembro 14, 2022

JAVIER MARÍAS, 1951-2022


«Marías é inteligência pura e brilho. Escreve calhamaços e não se esgota, 
lê-lo implica mergulhar sem vir à tona. Com uma prosa explicativa,
 maximalista, que vai ao detalhe, parece ter o intuito de dar tudo ao leitor, 
mesmo que manipule o tempo de forma a não lhe dar as cartas todas a priori.»
                                                                                                                                   Observador 
                                        
                                                                            

Javier Marías, considerado um dos romancistas mais relevantes da literatura espanhola contemporânea,  nasceu em Madrid a 20 de setembro de 1951 e faleceu no passado dia 11 de setembro.
Desde 1971 escreveu mais de trinta obras, entre romances, ensaios, contos e artigos na imprensa espanhola e da América Latina. A sua obra está publicada em 46 idiomas e 59 países, com cerca de 9 milhões de exemplares vendidos em todo o mundo.
Para além de escritor, foi tradutor premiado, professor na Universidade de Oxford e na Universidade Complutense de Madrid e membro da Real Academia Espanhola.
Em 2021 foi eleito membro internacional da Royal Society of Literature, instituição de solidariedade do Reino Unido que se dedica à promoção da literatura .
Há mais de uma década que o seu nome surge nas listas de favoritos a serem distinguidos com o Prémio Nobel.

"É uma desonra para o próprio Nobel que Javier Marías
 tenha morrido sem receber o prémio."
                                                                                       Arturo Pérez-Reverte


Pelo conjunto da sua obra, recebeu vários prémios e distinções:
  • Prémio Nelly Sachs - Dortmund, 1997
  • Prémio comunidad de Madris - 1998
  • Prémio Grinzane Cavour - Turim, 2000
  • Prémio Alessio - Turim, 2008
  • Prémio José Donoso - Chile, 2008
  • Prémio Alberto Moravia - Roma, 2010
  • The America Award - 2010
  • Prémio Nonino - Udine, 2011
  • Prémio Literário Europeu - 2011
  • Prémio Formentor - 2013
  • Prémio Boattari Lattes Grinzane - 2015
  • Prémio Liber - 2017



Do fundo documental da Biblioteca Municipal fazem parte estas duas obras para empréstimo domiciliário. 
Tomás Nevinson, o seu último romance, publicado em Portugal em março de 2021, foi considerado um dos melhores livros desse mesmo ano.



"Sempre escrevi sobre coisas que me interessam, na minha vida, as coisas em que penso, 
as coisas com as quais me preocupo, que são bastante universais, eu diria.
 Sigilo, confiança, traição e desconfiança e amor e amizade e morte e casamento 
– coisas que me preocupam, não como assuntos literários mas apenas na vida. 
Eu nunca planeio nada"
                                                             Javier Marías




setembro 07, 2022

7 de Setembro de 1822

  Hoje assinalam-se 200 anos da independência do Brasil

Muito recentemente foi noticiada a trasladação do coração de D. Pedro para o Brasil, num ato simbólico inserido nas comemorações do bicentenário da independência daquele país, que se assinala hoje, 7 de setembro. 

D. Pedro I foi o 1.º Imperador do Brasil, entre 1822 e 1831 

O coração de D. Pedro IV, Rei de Portugal entre 1826 e 1834, foi doado pelo próprio monarca à cidade do Porto, onde comandou as tropas liberais contra as absolutistas liderados pelo seu irmão D. Miguel. Mas vamos saber um pouco da nossa História:

D. Pedro IV, Rei de Portugal
D. Pedro I, Imperador do Brasil (1822-1831) 

D. Pedro, filho de D. João VI, ainda criança, viajou para o Brasil com toda a família real, em 1807, na sequência da primeira invasão francesa. 
Instalada a corte no Brasil, revolucionaram o país, promoveram-no ao estatuto de Reino e abriram os portos ao comércio com outros países, deixando de ser exclusivo dos portugueses. Este facto, conjuntamente com o tratado de comércio celebrado com a Grã-Bretanha, em 1810, trouxe prejuízos económicos aos comerciantes portugueses e grande concorrência por parte de outros países. Ideias que caíram muito mal na elite portuguesa. O descontentamento em Lisboa tornou-se evidente, por razões económicas, sociais e pela proliferação de ideias liberais, que entretanto começam a espalhar-se por Portugal e que conduziram à Revolução Liberal.  

Com a Revolução Liberal de 1820, no Porto, as Cortes lisboetas determinam o regresso do monarca a Lisboa, tendo o filho D. Pedro ficado no Brasil, como regente do Reino do Brasil. Mas as Cortes insistiam, também, no regresso do príncipe. A 9 de janeiro de 1822, D. Pedro recusou regressar, não cumpriu as determinações das Cortes, sendo esse dia conhecido como o Dia do Fico. O braço de ferro entre D. Pedro e as Cortes lisboetas intensificou-se.

"Como é para o bem de todos e felicidade geral da Nação, 
estou pronto. Digam ao povo que fico."

Liderando o movimento independentista, D. Pedro proclama a independência do Brasil, em 07 de setembro de 1822, junto às margens do rio Ipiranga (São Paulo) e torna-se o primeiro imperador do Brasil.

"Independência ou morte"


Independência ou Morte, por Pedro Américo, óleo sobre tela, 1888

D. Pedro viveu toda a sua juventude no Rio de Janeiro, longe das regras rígidas das cortes europeias, o que contribuiu para o seu comportamento irreverente, boémio, mas também inovador, tendo compreendido, desde cedo, que a monarquia se tinha de modernizar, que o Antigo Regime e o absolutismo tinham de acabar. 

De pensamento liberal, tomou medidas consideradas revolucionárias e modernas para a época. Porém, com uma personalidade autoritária e envolvido em sucessivos escândalos amorosos, D. Pedro rapidamente começou a ser criticado e viu a sua autoridade progressivamente diminuída pelo surgimento de grupos contestatários. 

Acresce a esta situação, a morte do pai, D. João VI em 1926, e o facto de D. Pedro ser o herdeiro do trono, tornando-se D. Pedro IV, Rei de Portugal. Dividido entre Portugal e o Brasil, vê-se entretanto envolvido em lutas pela sucessão ao trono, que opôs liberais e absolutistas, estes últimos liderados pelo irmão D. Miguel. 

Entretanto a situação no Brasil torna-se insustentável e D. Pedro acaba por se ver obrigado a renunciar ao trono em 1831.  
 
"Prefiro descer do trono com honra, 
a governar desonrado"


Acabou por morrer muito jovem, com 36 anos, de tuberculose. Dividido entre o seu amor ao Brasil e a sua gratidão às gentes do Porto pela vitória sobre os absolutistas, foi de sua vontade que, após a sua morte, o coração ficasse em Portugal e o seu corpo no Brasil. E assim foi, o seu coração encontra-se na cidade do Porto, na Igreja da Lapa, e os seus restos mortais na cidade de São Paulo.


Para conhecer mais profundamente esta parte da nossa História,
passe pela Biblioteca Municipal e requisite um destes livros, 
ou se preferir, leia o artigo da última edição da revista Sábado, disponível para leitura na Sala de Periódicos. 







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