agosto 25, 2021

AS RAPARIGAS NÃO JOGAM XADREZ

"- O Gambito de Dama.
Ela sentiu-se melhor. Tinha aprendido mais uma coisa com ele.
Decidiu não capturar o peão oferecido, deixando a tensão permanecer no tabuleiro. Gostava disso. Gostava do poder das peças, exercido ao longo das colunas e das diagonais. A meio de uma partida, quando as peças estavam espalhadas pelo tabuleiro, as forças que o cruzavam deixavam-na entusiasmada. Fez avançar o cavalo do rei, sentido a emanação do seu poder".


Este romance, escrito em 1983, deu origem à serie mais vista da história
 da Netflix e pode ser agora requisitado pelo Leitor


Venceu os Globos de Ouro de Melhor Mini-série 
e de Melhor Atriz (Anya Taylor-Joy)

Na altura em que a série estreou houve um aumento significativo 
de novos jogadores no Chess.com

As pesquisas "como jogar xadrez" atingiram o pico no motor de busca GOOGLE

E o romance homónimo, na altura da transmissão da série,
esteve no Top de vendas do The New York Times


"Apaixonante. Uma leitura viciante."
                                                                         Financial Times


Quando a mãe de Beth Harmon, de oito anos, morre num acidente de viação, a menina é enviada para um orfanato em Mount Sterling, Kentuchy. Simples, taciturna e tímida, ao que tudo indica, Beth não se destaca... até jogar a primeira partida de xadrez. Os seus sentidos ficam mais aguçados, o pensamento mais claro e, pela primeira vez na vida, ela sente-se totalmente no controlo.


Sem dinheiro nenhum, Beth está desesperada para aprender mais sobre esse jogo que se tornou a sua vida - rouba uma revista de xadrez, dinheiro suficiente para entrar num torneio e também alguns tranquilizantes da mãe adotiva, nos quais está viciada.


Aos treze anos, vence um torneio de xadrez; aos dezasseis, compete no US Open Championship; aos dezoito, é campeã dos Estados Unidos - e a Rússia espera por ela... mas, à medida que Beth aprimora as suas habilidades no circuito profissional, as apostas sobem, o seu isolamento fica mais assustador, as suas incontroláveis adições e a ideia de escapar tornam-se ainda mais tentadoras.



Walter Tevis nasceu a 28 de fevereiro de 1928, em São Francisco.  
Foi professor de Literatura Inglesa na Universidade de Ohio. É autor de sete romances, incluíndo três que deram origem a filmes de grande sucesso:
O romance que hoje apresentamos, Gambito de Dama,  surgiu do seu gosto pelo xadrez e da admiração pelos grandes mestres como Robert Fischer, Boris Spassky ou Anatoly Karpov, que no livro surgem em segundo plano relativamente a Beth Harmon, que desde as primeiras páginas vai contrariar o seu "professor" de xadrez quando este lhe disse " - As raparigas não jogam xadrez".    

Os seus romances foram traduzidos para 18 idiomas. A 9 de agosto de 1984, faleceu em Nova Iorque.








agosto 20, 2021

PARA QUE NINGUÉM ESQUEÇA



O Afeganistão acordou com uma nova realidade depois dos talibãs terem conquistado a capital, Cabul. No aeroporto multidões de afegãos concentram-se em desespero a tentar fugir do país.
A comunidade internacional (União Europeia e Estados Unidos da América) está "profundamente preocupada" com a situação das mulheres, com a possível perda de direitos: Direito à Educação, ao Trabalho, à Liberdade de Circulação.

Fotografia de Boushra Almutzwakel, 2010



O valor e testemunho de uma jovem podem mudar o mundo.
Para que ninguém esqueça porque quer ser a última a vivê-la,
Nádia conta a sua história





A 15 de agosto de 2014, a vida de Nadia Murad mudou para sempre. As tropas do Estado Islâmico invadiram a sua pequena aldeia, no norte do Iraque, onde a minoria yazidi levava uma vida tranquila, e perpetraram um massacre. Executaram homens e mulheres, entre eles a mãe e seis irmãos de Nadia, e amontoaram os corpos em valas comuns. Nadia, então com 21 anos, foi sequestrada, tal como milhares de jovens e meninas, e vendida como escrava sexual. Os soldados torturaram-na e violaram-na repetidamente, meses a fio, até que, certa noite, como por milagre, conseguiu fugir pelas ruas de Mossul. Assim começou a sua longa e perigosa viagem pela liberdade.




Nadia Murad nasceu em 1993, em Kocho uma aldeia na região do Monte Sinjar no norte do Iraque.
Nunca estivera em Bagdad nem tão-pouco tinha visto um avião. Hoje a sua história instiga o mundo a prestar atenção ao genocídio do seu povo. Hoje é uma ativista dos direitos humanos yazidi.
A 5 de janeiro de 2016 o governo iraquiano, pelo seu ativismo, propõe o seu nome para o Prémio Nobel da Paz.
A 16 de setembro de 2016 é nomeada a Primeira Embaixadora da Boa Vontade para a Dignidade dos Sobreviventes do Tráfico Humano das Nações Unidas

Nadia Murad embaixadora da Boa Vontade na ONU
foto ONU/Mark Garten

A 10 de outubro de 2016 vence o Prémio de Direitos Humanos Vaclav Havel do Conselho da Europa
A 27 de outubro de 2016 vence o Prémio Sakharov para a Liberdade de Pensamento (com Lamiya Aji Bashar)
A 5 de outubro de 2018, em conjunto com o cirurgião congolês Denis Mukwege, é laureada com o Prémio Nobel da Paz.
Está atualmente a trabalhar para levar o Estado Islâmico ao Tribunal Penal Internacional por genocídio e crimes contra a Humanidade.
É também a fundadora de Nadia's Initiative, um programa dedicado a ajudar os sobreviventes do genocídio e do tráfico humano a curar e a reconstruir as suas comunidades.


"(...) Mas, ao contrário de Sinjar, Mossul estava cheia de militantes do estado Islâmico. Estavam nos postos de controlo, a patrulhar as ruas, enfiados nas traseiras de camiões ou apenas a viver as suas vidas na cidade modificada, a comprar legumes e a conversar com vizinhos. Todas as mulheres estavam completamente cobertas com abayas e niqabs pretos; o ISIS proibira qualquer mulher de sair de casa descoberta ou sozinha, elas flutuavam pelas ruas, quase invisíveis."




"No quadro da lei islâmica e no respeito pelos valores nacionais afegãos, estamos prontos a preparar as condições para o regresso das mulheres aos estudos, ao trabalho e a todas as atividades humanas."
Enamullah Samangani
Membro da Comissão Cultural dos Talibãs


agosto 11, 2021

OLIVE KITTERIDGE


"O prazer de ler Olive Kitteridge nasce de uma intensa identificação 
com as personagens, complicadas e nem sempre exemplares.
Neste livro somos levados a admitir que precisamos de tentar compreender
 as pessoas, mesmo que não as suportemos"
                                                                                                               The New York Times 




Em Crosby, uma pacata povoação costeira no Maine, todos conhecem Olive Kitteridge, a temível professora de Matemática do liceu, agora reformada, e Henry, o seu marido, farmacêutico gentil.
E talvez não haja ninguém que conheça tão bem quanto Olive os segredos e os dramas dos habitantes da vila: o desespero de um ex-aluno que perdeu a vontade de viver; uma pianista alcoólica vítima de uma mãe castradora; uma mãe destroçada pelo crime hediondo do filho; um homem que descobre a ferocidade e as consequências do amor; e a solidão da própria família de Olive, à mercê dos seus caprichos.
Lamentando os ventos de mudança que varrem a sua vila e o mundo, sempre pronta a apontar um dedo crítico, Olive nem sempre dedica aos que a rodeiam a sensibilidade ou tolerância que mereciam. Mas, à medida que todas estas vidas se vão entrelaçando, Olive começa a conhecer-se melhor, e a compaixão - pelos outros e por si própria - ganha terreno ao preconceito.


"Era assim: não suportava ninguém. Ia aos correios de tantos em tantos dias e também não suportava fazê-lo. "Como tem passado?", perguntava-lhe Emily Buck, de todas as vezes, o que irritava Olive. "Vou passando", respondia Olive, mas detestava receber os envelopes, quase todos em nome de Henry. E as contas! Não sabia o que fazer com elas, nem sequer compreendia algumas delas ... e tanta publicidade!" 




Elizabeth Strout, nasceu a 6 de janeiro de 1956 em Portland, nos Estados Unidos da América, é uma das romancistas americanas mais aclamadas da atualidade.
O seu livro que hoje apresentamos venceu o Prémio Pulitzer de Ficção de 2009 , foi considerado o melhor livro do ano por diversas publicações, entre elas The Wall Street Journal, Chicago Tribune e The Washington Post Book World, e foi ainda finalista do National Book Critics Award.
Pelas mãos de Elizabeth Strout - autora elogiada pelo olhar clínico sobre a condição humana - , a sonolenta vila esquecida na margem do Atlântico torna-se o mundo inteiro, e os seus habitantes somos todos nós, enredados no drama e no milagre diários da vida, com os seus conflitos, tragédias, alegrias - e a coragem que viver sempre exige.




Não deixe de ver Olive Kitteridgeuma minissérie, distribuída pela HBO, vencedora de um Emmy. Realizada por Lisa Cholodenko, com argumento de Jane Anderson, baseada no romance homónimo de Elizabeth Strout. 
Do seu elenco fazem parte Frances McDormand, Richard Jenkins, Zoe Kazan e Bill Murray. 











 


agosto 03, 2021

GOSTARIA AINDA DE SABER PORQUE GABRIEL GARCÍA MARQUEZ LHE ESCREVERA ESTRANHA DEDICATÓRIA


"- Iremos para Buenos Aires, Marcela! É o melhor. Já me inteirei do custo das passagens e onde poderemos embarcar.
- Vamos para qualquer lado, desde que nos livremos desta gente que nos quer mal. Mas não te esqueças de que passaremos a lua de mel em Portugal. Gostava de conhecer o Porto. Há muitos galegos que vivem lá e dizem que é uma cidade agradável e acolhedora. Quem sabe, ainda ficamos por lá."

Marcela e Elisa em 1901, depois do seu casamento

Elisa cortou o cabelo, trocou as saias por calças e criou uma infância em Londres, o suficiente para se fazer passar por Mário e se casar com Marcela. 
Mas os dias felizes estavam contados com a descoberta e a repercussão social do "casamento sem homem", e o casal depressa se viu obrigado a exilar-se. Tudo se adensou quando, já casadas, Marcela deu à luz uma filha, um mistério que carrega de drama e emotividade esta história de amor, cujos ecos ultrapassam as contingências do tempo.



Amantes de Buenos Aires recria a história verdadeira de duas professoras que se casaram em 1901. 
Partindo deste caso verídico, o autor cria uma fascinante saga familiar na qual cruzam várias gerações de mulheres de forte personalidade, que lutam pela verdade do passado que as une.
Numa viagem de cem anos, o leitor assiste ao nascimento do tango nos prostíbulos de Buenos Aires e emociona-se com as gentes do Porto, a cidade que se uniu para acolher a coragem e a grandeza de um amor clandestino. 

"Como acontece muitas vezes, a história surgiu por acaso numa conversa com amigos. Um deles falou de duas professoras que se tinham casado na Galiza, vieram para o Porto e acabaram por ir para Buenos Aires devido à grande confusão que o seu casamento provocou na época".
                                                                                                                              Alberto S. Santos


Alberto S. Santos nasceu a 6 de março de 1967 em Paço de Sousa, Penafiel. 
Licenciado em Direito, pela Universidade Católica Portuguesa, é escritor, advogado, conferencista e político. 
Exerce advocacia desde 1991, tendo interrompido a sua profissão entre 2002 e 2013, por ter sido eleito, durante três mandatos consecutivos, para Presidente da Câmara Municipal de Penafiel.  
Como escritor, afirmou-se no romance histórico.
Para além do romance que hoje apresentamos, publicou em 2008 A Escrava de Córdova, em 2010 A Profecia de Istambul, que o leitor pode requisitar na Biblioteca Municipal, seguiu-se em 2013 O Segredo de Compostela e em 2016 Para lá de Bagdad.
O autor está também ligado à criação e curadoria do Festival Literário "Escritaria" e à comissão científica da "Rota do Românico".

Ilustração de Virginie Morgand







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