maio 31, 2023

UM ESCRITOR ESCREVE UMA HISTÓRIA ...



"- Você é escritor?
- Sou sim.
- Escreva a frase: Bebi um café.
- Levei os meus lábios macios e delicados à chávena, que tinha um tom azulado com bordas brancas, sentindo no ar o convite do café para o beber. A manhã estava chuvosa e convidativa para aquela habitual rotina."


Gostava de escrever assim, não gostava?




"Um escritor escreve uma história utilizando a inspiração, a memória, a sorte e a astúcia - e, quando a termina, é difícil saber com toda a certeza como é que essa história foi escrita. Pode ter começado com uma primeira frase enigmática ou com o conhecimento exato do seu final. Podem ter-se feito vinte rascunhos ou apenas um. (...)
"Sei a história, mas não consigo encontrar a vocação para a escrever", era uma queixa comum. Outra era: "Tenho grandes ideias, frases magníficas para começar, mas não consigo juntar estas peças e construir uma história" (...)
Na nossa busca para encontrarmos algo de útil para lhes dizer, descobrimos que, no essencial, todos eles precisavam de saber a mesma coisa: a vocação natural, que é exclusiva de cada pessoa, o melhor guia para a criação formal da história. Quando relacionada com a compreensão da arte, a vocação construirá a história e apontará o caminho."
In Vocação Escritor




Sugerimos três obras que vão ajudar o escritor que há em si
 a desenvolver a criatividade na escrita.


"Somos todos escritores, só que alguns escrevem e outros não."
                                                                                                            José Saramago






maio 24, 2023

EDUARDA DIONÍSIO (1946 - 2023)



Eduarda Dionísio, escritora e dramaturga faleceu na segunda-feira passada, dia 22 de maio, aos 77 anos de idade.
Era licenciada em Filologia Românica pela Universidade Clássica de Lisboa.
Foi professora do ensino secundário em várias escolas de Lisboa e coautora com a sua mãe, de livros escolares para o ensino de Português, publicados entre os anos de 1972 e 1975 e adotados pelas escolas durante alguns anos.
Como professora foi dirigente sindical do SPGL (Sindicato dos Professores da Grande Lisboa) em 1977.
Participou em exposições coletivas de artes plásticas, participou ativamente em teatro, quer como dramaturga quer como atriz, na companhia de teatro a Cornucópia e no Bando.
Foi tradutora de Shakespeare, Scnitzler, Brecht, Müller e Fosse. 
A sua estreia literária foi em 1972 com o romance Comente o Seguinte Texto.


Fazem parte do fundo bibliográfico da Biblioteca Municipal e disponíveis para empréstimo domiciliário os seguintes livros da autora:
  • Pouco Tempo Depois
  • Retrato de um Amigo Enquanto Falo
  • Antes que a Noite Venha
  • Comente o Seguinte Texto     
Em 1982 recebeu o Prémio P.E.N Clube Português de Novelística.

Casa da Achada - Centro Mário Dionísio

Atualmente, Eduarda Dionísio dirigia a Casa da Achada, na Mouraria, em Lisboa, onde se encontra o espólio do seu pai, o escritor e pintor Mário Dionísio. Eduarda Dionísio nasceu em Lisboa em 1946.







maio 10, 2023

OLÁ! O MEU NOME É JÓ E SOU UM GATO PRETO

 


"Querido Diário:
Estamos no início de junho. É meia-noite. O céu guarda uma enorme lua cheia e... com o que acabei de ouvir, hoje não vou pregar olho. (...)
Ultimamente tenho tido alguns contratempos daqueles que complicam a vida a um profissional: na última viagem ao presídio, aquela gata branca, a Rosita, agarrou-se a mim! Vi-me e desejei-me para a afastar. Jovem depravada! Tive de fugir, esconder-me, abortar a missão e regressar à quinta. Já viram a minha vida? Uma gata admiradora ... ainda por cima, branca? Sonhará ela com uma ninhada cinzenta? ou, às riscas?! que Deus me perdoe, mas não me posso enamorar de alva-companhia, especialmente quando a minha segurança depende de completa discrição! Rosita, miúda, tem calma ... espera por janeiro ... e amanhã, é outro dia!"


Do autor marinhense Fernando L. Silva divulgamos hoje 
O Diário de Jó



Imagine um gato inteligente. Tão inteligente como qualquer um de nós. Esse gato viveu na Idade Moderna. Ao tempo, Sebastião José de Carvalho e Melo era Secretário de Estado do Reino, no reinado de D. José I. Compadrios, corrupção e atropelos à justiça não são exclusivos de agora. Diz-se que naquele tempo, era pior. Eles foram os mestres, os inventores e propulsores de tão apurada técnica social.
Nesta pequena história, tudo seria igual. Porém, um ser de quatro patas não esteve pelos ajustes.




Fernando Luís Oliveira da Silva nasceu no sítio onde havia de ficar mais três dias. Depois mudou-se para outro onde esteve trinta anos. Entretanto experimentou uma casa nova, e outra, e outra, etc. etc.... e mais uma tenda aqui, uma roulotte ali ... quando não foi ao relento. Pelo meio, umas viagens de carro, mota, avião-sem-rede, barco-sem-colete e umas voltinhas esforçadas de bicicleta-sem-subidas.  As caminhadas longas fazem-lhe sempre bolhas nos pés. Bolhas nos pés, foi coisa que nunca teve.
"Em 2006 comecei a escrever sobre um gato-investigador. Pouco depois, perdi pressão e parei (acontece!). (...)
Recentemente, aproveitando um confinamento, fiz força, muita força ... reli o velho texto, voltei a fazer força, ensaiei a primeira palavra, a primeira linha ... uma página, duas, três e ... (...)
"O Diário de Jó" não é uma enciclopédia nem um romance. Também não é um conto e tal, nem sequer um conto e picos. É só um conto."



"Como ontem e hoje, espero que amanhã seja (ainda) mais um dia. 
Felizmente os miúdos estão aí. Agora, o tempo é deles...!
Foi um gosto. Até sempre! 
Do vosso, Jó"



LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...