novembro 30, 2022

COMO APRENDI EU A BAILAR O FADO?

 
"- Não são uma ligas que vão afligir a senhora condessa, criatura! Quero a Maria Severa aqui ao Campo Grande antes das aves-marias, ouviste? Virem Lisboa do avesso, façam o que for preciso, que das 250 mil almas que por aqui apodrecem nesta Corte, alguma há-de ser ela. Ponham-ma aqui sem demoras. Há contas que tenho a ajustar com a pequena. (...)
Raça de mulher! Dou-lhe cómodo, roupa lavada e trago-a bem nutrida para que me aconchegue as noites, me encha os salões e me envaideça com aquela voz rouca e baça, safa que é ser ingrata!"


O Fado, 1910, de José Malhoa, retrata o fadista Amâncio e Adelaide da Facada


Maria Severa Onofriana nasceu a 26 de julho de 1820 na rua da Madragoa, atual rua Vicente Borga, nº 33, na freguesia da Estrela, onde a sua mãe tinha uma taberna. Com apenas 26 anos morreu de tuberculose, a 30 de novembro de 1846, num miserável bordel na rua do Capelão, na Mouraria, tendo sido sepultada no Cemitério do Alto de São João, numa vala comum. Consta que as suas últimas palavras foram "Morro, sem nunca ter vivido". 




Na Mouraria, na rua do Capelão, encontra-se atualmente o "Largo da Severa".
A sua casa está assinalada com uma placa onde se pode ler "Nesta casa viveu Maria Severa Onofriana / Considerada na época a expressão sublime do fado / Faleceu em 30-11-1846 com 26 anos de idade / Lisboa 3-6-1898". A placa foi descerrada por Amália Rodrigues.


No dia em que passam 176 anos da sua morte,
 divulgamos o  livro que conta a história do romance proibido
 entre D. Francisco de Paula, o conde de Vimioso e Maria Severa.



Lisboa, meados do século XIX.
Nas ruelas de uma cidade suja e vibrante, cruzam-se dois mundos quando a noite cai. Na Mouraria dos marujos, dos rufiões, das mulheres de má vida, as tabernas enchem-se para acolher os filhos enjeitados da cidade. Vão à procura de consolo, um regaço pago, tinto e fadistagem, rixas e navalhadas. Vão eles e vão outros, nobres, embuçados, em busca do fruto proibido. Longe do São Carlos, onde a música é outra, e as damas e as joias legítimas, longe dos seus palácios nas Laranjeiras ou no Campo Grande, mergulham no mundo sórdido e apaixonante onde se canta e bate o fado.
E ninguém o canta e bate melhor do que Severa, filha de cigano, filha de meretriz. Do pai herda o tom de pele, o sangue quente; da mãe, a triste profissão e as artes de prender os homens. E são muitos os que a visitam, mas só um lhe deixa marca. D. Francisco de Paula, o conde de Vimioso.




Maria João Lopo de Carvalho nasceu em Lisboa a 15 de maio de 1962.
Licenciou-se em Línguas e Literaturas Modernas pela Universidade Nova de Lisboa. Foi professora de Português e de Inglês, criou a primeira escola de Inglês em regime extracurricular para os mais novos e trabalhou como copywriter em publicidade.
A partir de 2000 dedicou-se à escrita de romances e de livros infantis, depois de ter colaborado como cronista na revista Pais & Filhos em 1994 e na Xis, editada com o jornal Público em 2000.
O Fado da Severa é o seu quarto romance histórico.  

O Fado de Paula Rego, 1995

" O fado soava como coisa estranha aos ouvidos de quem, pela primeira vez, o escutava, lembrando uma modinha, a fofa e o fandango, num alvoroço vadio que ia direito ao coração, que agitava e surpreendia. Eram muitos os que o estranhavam, outros sabiam-no de cor - ao fado e à Severa".


A 27 de novembro de 2011, o Fado foi declarado pela UNESCO Património Cultural Imaterial da Humanidade. Foi a primeira expressão artística a ser declarada Património Imaterial da Humanidade em Portugal. 




novembro 23, 2022

HÁ MUITO QUE TODOS ME CHAMAM NEGRO


"Nasci rafeiro, cruzamento de mastim espanhol e cão-de-fila brasileiro. Quando era cachorro, tive um daqueles nomes ternos e ridículos que põem aos cãezinhos recém-nascidos, mas já passou muito tempo desde então. Já me esqueci. Há muito que todos me chamam Negro.
O Agilulfo - um podengo magro, filósofo e culto que sabe destas coisas - garante que nasci para o combate; que sou um guerreiro antigo com uma estirpe gladiadora tão velha como a história dos humanos".




Neste romance negro assombroso, divertido e ao mesmo tempo esmagador, Arturo Pérez-Reverte narra, com a mestria de sempre, as aventuras de um cão num mundo bem diferente do dos humanos. Um mundo que se rege pelas mais elevadas regras - lealdade, inteligência e companheirismo - onde não há lugar para o politicamente correto ou para as convenções sociais. Um mundo em que por vezes há clemência para os inocentes e justiça para os culpados.
Pleno de tensão dramática, Cãos Maus Não Dançam brinda-nos com uma metáfora sobre a vida e os seus valores (ou a falta deles).


"Escrevi este romance para que o ser humano pudesse ver os cães por dentro. 
Não com o olhar compassivo de um ser superior, que olha para o cão de cima, 
mas com a vontade de que o humano se sentisse cão. 
Que sentisse o que um cão poderia sentir." 



Arturo Pérez-Reverte nasceu a 24 de novembro de 1951, em Cartagena, Espanha.
Licenciado em jornalismo pela Universidade Complutense de Madrid, foi repórter de guerra durante vinte e um anos, durante os quais cobriu conflitos armados no Chipre, Eritreia, Malvinas, El Salvador, Moçambique, Golfo, Bósnia, Croácia, Líbano, Líbia, Sudão, entre outros.
Os seus romances estão traduzidos em trinta idiomas e tem mais de vinte milhões de leitores em todo o mundo. Muitos deles já foram adaptados ao cinema e à televisão. 
Em 2017, foi premiado com o Prix Littéraire Jacques Audiberti.
Atualmente divide a sua vida entre a literatura, o mar e a navegação. É membro da Real Academia Espanhola.


Para além do livro que hoje divulgamos, o Leitor 
encontra na Biblioteca Municipal os seguintes títulos do autor:
  • Território Comache
  • Uma história de Espanha
  • A pele do tambor
  • A rainha do Sul
  • A tábua de Flandres
  • Um dia de cólera


Iuri, apareceu no Parque de Merendas da Portela


"O cão tem virtudes que gostaria de ver nos seres humanos"
                                                                                                       Arturo Pérez-Reverte







novembro 17, 2022

PRÉMIO LITERÁRIO JOSÉ SARAMAGO 2022

 

"Quero dizer que este prémio vai ser, para sempre, 
uma pedra sobre a qual irei fundar uma parte de mim.
Há falta de palavras, vou deixar apenas uma, 
para que a ampliem: obrigado."


O Prémio Literário José Saramago foi instituído em 1998 para celebrar a atribuição do Prémio Nobel de Literatura a José Saramago e foi pensado como instrumento para a defesa da língua através do estímulo ao surgimento de jovens escritores da lusofonia.
Em 2019, na sua última edição, foi o mesmo atribuído a Afonso Reis Cabral, pelo romance Pão de Açúcar, que pode ser requisitado para empréstimos domiciliário na Biblioteca Municipal. A edição de 2021 foi adiada para este ano devido à pandemia de Covid-19.

Nesta edição os jurados foram:
  • Gonçalo M. Tavares - Prémio Literário José Saramago 2005
  • Valter Hugo Mãe - Prémio Literário José Saramago 2007
  • João Tordo - Prémio Literário José Saramago 2009
  • Bruno Vieira Amaral - Prémio José saramago 2015
  • Pilar del Rio - Presidente da Fundação José Saramago
  • Guilhermina Gomes - Representante da Fundação Círculo de Leitores
  • Nélida Piñon - Membro Honorário



Ao início da tarde do dia 14 de novembro, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém em Lisboa, foi anunciado o nome do vencedor de 2022: o escritor brasileiro Rafael Gallo, com o romance inédito Dor Fantasma.

"Este romance tem uma história difícil. Demorei seis anos a escrevê-lo. Passou por editores que não o quiseram e por outros que não gostaram. Eu lutei e fiz várias alterações. Foi um processo pessoal, fiz muitas alterações na minha vida e isso reflete-se. É muito especial e estou ansioso por tê-lo publicado."

O romance vai ser publicado em Portugal pelo Grupo Porto Editora, no Brasil pela Globo Livros e será distribuído por todos os países da lusofonia.


Rafael Gallo nasceu em 1981 em São Paulo. Estreou-se na escrita em 2012 com o livro de contos Réveillon e outros dias, que venceu o Prémio SESC de Literatura e foi finalista do Prémio Jabuti. Em 2016 conquistou o Prémio São Paulo de Literatura com o romance de estreia Rebentar.
É o quarto escritor brasileiro a ganhar o Prémio José Saramago:
  • Adriana Lisboa em 2003
  • Andréa del Fuego em 2011
  • Julián Fuks em 2017


Passe por cá e aproveite para visitar a exposição alusiva à vida e obra de José Saramago, patente ao público na sala de leitura no 1.º piso.



novembro 09, 2022

PORQUE É QUE O FILME DEVERIA SER IGUAL AO LIVRO?


O Dia Mundial do Cinema comemorou-se no passado dia 5 de novembro.
A sétima arte é considerada por muitos a arte mais mágica, pelo seu poder sobre as emoções humanas.

Irmãos Lumière

Em 1895, Paris teve a sua primeira sessão pública de cinema, organizada pelos irmãos Lumière.
Utilizando um aparelho chamado cinematógrafo, imagens em movimento foram projetadas numa tela gigante para cerca de 30 espetadores. 

O cinema e a literatura mantêm uma relação muito antiga. O cinema e a literatura relacionam-se a partir do momento em que o cinema percebeu o seu potencial para contar histórias.
Livro e filme são obras de arte diferentes, que não se manifestam pelo mesmo meio ou para o mesmo fim.
Para algumas pessoas os livros são sempre melhores que o filme. Para outras, não é possível fazer a comparação, pois são linguagens diferentes.
O realizador é também um leitor. Ao realizar o seu filme, recria o livro do autor, apropria-se do texto e constrói uma outra obra.


Muitos livros foram fonte de inspiração a realizadores famosos.
São esses livros que vão estar em destaque este mês na Biblioteca Municipal. Deixamos aqui alguns exemplos.






Não se esqueça, na Biblioteca Municipal pode requisitar 
bons livros e bons filmes.


Cinema Paraíso, 1989



BOA SEMANA




novembro 04, 2022

LER, LER, LER

 LER SOZINHO


LER ACOMPANHADO


LER AO FIM DE SEMANA



LER NA BANHEIRA



LER NA CAMA


LER NO CAFÉ



LER E NAMORAR



LER AO AR LIVRE



LER COM A FAMÍLIA



LER EM QUALQUER IDADE


TODOS OS MOMENTOS SÃO BONS. 
O IMPORTANTE É LER.

LEIA SEMPRE. NÃO DEIXE DE LER.

LEIA SEM GASTAR DINHEIRO. 

VENHA À BIBLIOTECA.





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