novembro 24, 2021

ÚLTIMO OLHAR

O novo romance de Miguel Sousa Tavares, escrito em tempo de confinamento.



“O detonador do romance é um acontecimento passado em Espanha: 
O apedrejamento de um autocarro que levava idosos infetados pela covid. 
A partir daí senti necessidade de o situar de forma correta.”

Pablo tem 93 anos, viveu a Guerra Civil Espanhola, viveu os campos de refugiados da guerra em França, viveu quatro anos no campo de extermínio nazi de Mauthausen e depois viveu 75 anos tão feliz quanto possível, entre os campos de Landes, em França, e os da Andaluzia espanhola.
Inez tem 37 anos, é médica e vive um casamento e uma carreira de sucesso com Martín, em Madrid, até ao dia em que conhece Paolo, um médico italiano que está mergulhado no olho do furacão do combate a uma doença provocada por um vírus novo e devastador, chegado da China: o SARS-CoV-2.
Essa nova doença, transformada numa pandemia sem fim, vai mudar a vida de todos eles, aproximando-os ou afastando-os, e a cada um convocando para enfrentar dilemas éticos a que se julgavam imunes.

Fotografia de Tiago Miranda/Expresso

Miguel Sousa Tavares, nasceu no Porto, a 25 de junho de 1952.
Licenciado em Direito, viria a abandonar a advocacia pelo jornalismo e, mais tarde, o jornalismo pela escrita literária e pelo romance. Trabalhou em jornais, revistas e televisão, tendo conquistado diversos prémios como repórter, entre os quais o Grande Prémio de Jornalismo do Clube Português de Imprensa e o Tucano de Ouro, 1º Prémio de reportagem televisiva no FestRio - Festival de Televisão e Cinema do Rio de Janeiro.
Foi um dos fundadores da revista Grande Reportagem, que dirigiu durante dez anos, e que foi uma referência no panorama jornalístico português.
Publicou o seu primeiro romance, Equador, em 2010, que vendeu mais de 400 mil exemplares em Portugal, foi traduzido em 12 línguas, editado em cerca de 30 países e foi adaptado à televisão em Portugal e no Brasil.
Destacam-se ainda Rio das Flores, No Teu Deserto, Madrugada Suja e Cebola Crua Com Sal e Broa, todos disponíveis para empréstimo domiciliário, aqui na Biblioteca Municipal.



"Eu sou como o Arturo Pérez-Reverte. 
Escrevo porque gosto de contar histórias aos outros.
Se não tenho uma história para contar, e se o que me ocupa são apenas dramas psicológicos meus,
 acho preferível ir ao psicanalista a chatear os leitores".









novembro 19, 2021

JOSÉ SARAMAGO, 1922-2010



Começaram na passada terça-feira, dia do 99.º aniversário de José Saramago, as comemorações dos 100 anos do seu nascimento, celebrações que se vão prolongar até 16 de novembro de 2022. Para assinalar o dia do seu aniversário, alunos de mais de uma centena de escolas portuguesas, de Espanha, Brasil e de alguns países da América Latina, fizeram a leitura, em simultâneo, do conto infantil A maior flor do mundo, escrito por José Saramago. 
A 16 de novembro de 2022, uma centena de escolas do ensino secundário irão promover a leitura, em simultâneo, de páginas dos seu romances Memorial do convento e de O ano da morte de Ricardo Reis e será plantada a centésima oliveira na sua terra natal.
Consolidar a presença do escritor na história cultural e literária, em Portugal e no estrangeiro, e prestar homenagem à sua figura como cidadão são os objetivos das comemorações.

A programação do centenário pode ser consultada em: www.josesaramago.org




A Biblioteca Municipal sugere aos seus leitores a leitura da Biografia do único escritor de língua portuguesa laureado com o Nobel da Literatura (1998), apreciado em vida pelo próprio.
O livro, escrito por João Marques Lopes, convida-nos a acompanhar o percurso de José Saramago, desde o seu nascimento, na aldeia da Azinhaga, na Golegã, até à mudança para Lanzarote, nas Canárias. Tem prefácio de João Tordo, vencedor do Prémio Literário José Saramago em 2009, e ilustrações da autora luso-britânica Lucy Pepper.
Através deste livro, descobrimos toda a obra de Saramago, em paralelo com o seu percurso, ficando a conhecer em detalhe a vida daquele que é um dos mais importantes escritores da história da literatura portuguesa.


"É um trabalho notável e seriamente interessante porque, 
para além dos inúmeros episódios desconhecidos 
(e, alguns, de teor eminentemente cómico), quando chegamos ao final 
sentimo-nos, mesmo que com ele nunca tenhamos privado, 
muito mais próximos do escritor".
João Tordo, 
Prémio Literário José Saramago 2009



João Marques Lopes é doutorado em Literatura Brasileira pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. 
É autor de várias biografias de escritores portugueses, como, Almeida Garrett, Eça de Queirós e Fernando Pessoa, bem como de diversos artigos e comunicações em revistas e colóquios.
Trabalhou como docente de literaturas lusófonas na Universidade de Oslo.
Licenciado em Filosofia e em Ensino da Filosofia pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, foi também docente no ensino secundário ao longo de uma década.



"Trata-se de um trabalho honesto, sério, sem especulações gratuitas. 
Ao cabo de trinta e cinco anos, pela primeira vez, o caso dos despedimentos
 de jornalistas do Diário de Notícias, de que fui diretor-adjunto, 
é corretamente descrito no livro de João Marques Lopes.
Fiquei muito satisfeito com a Leitura."
                                                                                                                    José Saramago



novembro 10, 2021

UMA DECLARAÇÃO DE AMOR À MINHA ILHA

 

Joel Neto nasceu a 3 de março de 1974 na Ilha Terceira, Açores. Aos 18 anos mudou-se para Lisboa para estudar Relações Internacionais no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas.
Em 2012 voltou aos Açores determinado a dedicar-se inteiramente à literatura. Vive desde então no lugar dos Dois Caminhos, freguesia da Terra Chã, concelho de Angra de Heroísmo.
Tem dois cães, um pomar, um jardim de azáleas.
Colunista de alguns dos principais jornais nacionais, publica regularmente em revistas e antologias literárias portuguesas e estrangeiras. Tem livros e contos traduzidos e/ou publicados no Reino Unido, Espanha, Itália, Polónia, Brasil e Japão.
Em 2019 foi o vencedor do Grande Prémio de Literatura Biográfica da Associação Portuguesa de Escritores, com o romance O Terceiro Servo.

O leitor poderá encontrar na nossa Biblioteca, para empréstimo domiciliário, os seguintes títulos:


Do romance que hoje divulgamos e que foi finalista do
  Prémio Literário Fernando Namora 2015
a escritora Alice Vieira referiu que 
"Quando começamos a ler não conseguimos largar.
 Uma verdadeira epopeia".




Açores, 1980. Quando um grande terramoto faz estremecer a ilha Terceira, o pequeno José Artur Drumonde dá-se conta de que não consegue sentir a terra tremer debaixo dos pés. Inexplicavelmente, esse mistério há-de acompanhá-lo durante toda a vida. Mas, entretanto, é hora de participar na reconstrução da ilha, tarefa a que os passos e os ensinamentos do avô trazem sentido de missão.
Já professor universitário, carregando a bagagem de um casamento desfeito e uma carreira em risco, José Artur volta aos Açores. Passaram-se 35 anos. O amor à terra e os mistérios do passado depressa o arrancam à melancolia, e ele viaja pela ilha com a paixão que há muito lhe faltava, redescobrindo a magia da paisagem e idealizando a beleza silenciosa da mulher que o hospeda.
Durante as obras de remodelação da casa do avô, é descoberto um cadáver que o levará em busca dos segredos da família, da história oculta do arquipélago e de uma seita ritualista com ecos do mito da Atlântida. Mas é nos ódios que separam dois clãs rivais que o professor tentará descobrir tudo o que os anos, a insularidade e os destroços do grande terramoto haviam soterrado...

Ilha Terceira, Açores

"É uma declaração de amor à minha ilha e às nossas ilhas. Arquipélago, que cobre 70 anos de narrativa e se centra enfim nos Açores do século XX, é sobre isso. Tem, principalmente para um leitor de fora, personagens pitorescas, cenários exóticos, tradições ancestrais, sotaques divertidos, seitas ocultas, movimentos políticos, descobertas arqueológicas e uma suspeita razoável de que, afinal, podem ter vivido nos Açores outros povos antes da chegada dos portugueses no exíguo mundo de Quatrocentos. Mas é, acima de tudo, sobre a redentora paisagem destas ilhas assoladas por vulcões, terramotos e tempestades, mas sempre capazes de se renovar, de resistir, de vencer o desespero".








novembro 05, 2021

FOI NO CHIADO QUE TUDO COMEÇOU

 
Lisboa, Chiado, anos 1950

"Pode-se dizer que a coisa tinha começado mais ou menos vinte anos antes.
Foi no Chiado. Em Pleno Chiado. O esticão tinha sido tão forte que se estatelou no chão, desamparada. O fio de ouro com a cruz de brilhantes tinha sido arrancado pelo ladrão que se pisgou com tal velocidade que o pessoal circundante tinha parado a olhar, olha o gajo, parece o Zatopek. (...)
Foi assim que Amélia conheceu Amadeu Silveira, um jovem e promissor agente da PIDE, sob a capa de um funcionário da Companhia Colonial de Navegação. Com cartão-de-visita e tudo. Tinha 31 anos, era alto e, se quisermos percorrer a descrição da personagem com um paleio meio vulgar, tinha ombro largo. O que destoava daquilo tudo era o coxear. Ligeiramente, mas coxeava. Um joelho filho-da-puta".




Pós-guerra. Num Portugal cinzentão, de costumes apertados como coletes-de-forças, uma jovem tem um encontro acidental com um agente da PIDE por quem se apaixona. Foi no Chiado que tudo começou.
A paixão, e subsequente abandono, terá consequências.
A vida recomeçará com outos contornos num outro lugar.
À medida que o tempo vai passando, acompanhamos, através das vidas que o livro acolhe, o bater de coração deste país, que só em Abril de 1974 se irá reencontrar consigo mesmo.
Passam perante os nossos olhos as décadas de 50, 60 e 70, com todo o seu arraial de vivências, acontecimentos, tropeções, guerras, músicas, cantores, ruturas e renascimentos.
As personagens, com todos os seus dramas, alegrias e tristezas, vão-nos contando o que era viver neste Portugal asfixiado pela mais velha ditadura da Europa. 



Alice Brito nasceu em 1954 em Setúbal. É advogada, defensora da causa feminista e cronista em periódicos on-line.
Em 2012 publicou As Mulheres da Fonte Novao seu primeiro livro. Seguiu-se, em 2015, O dia em que Estaline encontrou Picasso na Biblioteca, que pode ser requisitado para leitura domiciliária.

A Noite Passada, o seu terceiro romance, e que hoje sugerimos como leitura para o seu fim de semana,  aborda pela primeira vez o 25 de Abril e os meses intensos que se lhe seguiram. Mas não só. O Portugal do pós-guerra até à revolução também é narrado, sobretudo ao nível do quotidiano das suas personagens.

Um romance marcante sobre um país e uma família ameaçados pela ditadura.
Porque a história também se escreve nos recantos mais improváveis.

Ilustração de Deborah Dewit



Bom fim de semana com boa leitura



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