outubro 03, 2011

A MUDANÇA QUE OS NÚMEROS MOSTRAM

O mês de setembro é o mês do final de férias para a generalidade das pessoas, do regresso às aulas e da entrada num ritmo de vida diferente. As mudanças na rotina diária tiveram inevitáveis reflexos nos dados recolhidos diariamente pela Biblioteca Municipal, relativos ao número de livros requisitados pelos leitores.

Dos 1029 livros requisitados no passado mês de agosto, regressámos no mês de setembro aos nossos parâmetros habituais, fazendo com que os meses de setembro de 2010 e de 2011 se viessem a revelar como meses bastante semelhantes relativamente ao número de livros emprestados. 

Assim, e através do gráfico apresentado ao lado, podemos ver que, no ano  de 2010, foram requisitados 850 livros.
Em 2011 atingimos os 862, ou seja, apenas mais 12 livros que em igual período de tempo. 



Mas, se a Biblioteca Municipal empresta livros para leitura domiciliária, findo o prazo de empréstimo, por períodos de 15 dias seguidos, os livros terão de ser devolvidos. É este o espírito do sistema de empréstimo existente na maioria das bibliotecas públicas.


Emprestar e devolver para tornar a emprestar.


Este ciclo, de requisições e devoluções, constitui o  número de transações realizadas diariamente na biblioteca.
Através do gráfico ao lado, podemos verificar que a Biblioteca Municipal realizou ao longo do mês de setembro 1802 transações de livros, constituídas por 940 devoluções e 862 requisições.

Conclui-se que, no mês de setembro, o número de devoluções superou o número de empréstimos. Os números estão de acordo com a época do ano e refletem a mudança que se opera na rotina dos nossos leitores durante o mês de setembro. A leitura de férias irá rapidamente dar lugar à leitura académica e profissional.




"O livro é um mestre, que fala, mas não responde."
Platão



setembro 30, 2011

LEITURA DE FIM DE SEMANA

Espera-nos um fim de semana, ainda com temperaturas altas, a convidar para uma leitura numa esplanada. E a nossa sugestão de hoje vai para  o romance de Inês Pedrosa, "Os íntimos", vencedor do Prémio Máxima de Literatura, no passado dia 23 de setembro.
É a segunda vez que Inês Pedrosa  vence este prémio, depois de, em 1998, ter sido distinguida com o romance "Nas tuas mãos".
Segundo o jurí, constituído por Maria Helena Mira Mateus, Valter Hugo Mãe, Leonor Xavier e Laura Torres, diretora da Máxima, Inês Pedrosa foi escolhida por unanimidade.
O Prémio Máxima de Literatura, no valor de quatro mil euros, é o único prémio literário atribuído exclusivamente a mulheres em Portugal.

"Sou homem, não gosto de ler romances. Fiz de conta que gostava, durante uns anos, para caçar miúdas. Pensava que aprenderia a caçá-las  melhor se lesse o mesmo que elas, como se pudesse penetrar-lhes nos sonhos. Mas os sonhos das mulheres são em geral diferentes dos desejos que rugem dentro delas". pág. 18

"As mulheres gostam que tudo se relacione. Como se não pudessem existir sem relações". pág. 23

"Os homens não se ofendem com o alheamento dos amigos. Não fazem perguntas íntimas. Sabem esperar. (...) Não se propõem resolver-nos os problemas, para depois nos atirarem à cara os problemas que nos resolveram. Não nos culpam". pág. 191

O livro é uma visita ao universo masculino. "Não se pode viver com eles, não se pode viver sem eles", diz o ditado.

 

Inês Pedrosa nasceu em Coimbra a 15 de agosto de 1962. A licenciatura em Comunicação Social, pela Universidade Nova de Lisboa, deu-lhe acesso ao jornalismo, tendo colaborado no O Jornal, O Independente e o Expresso e em revistas, nomeadamente a Marie Claire, que dirigiu durante três anos, e a LER.
Em 1992 publicou o seu primeiro romance intitulado "A instrução dos amantes" e em 1997 seguiu-se o romance "Nas tuas mãos" (Prémio Máxima de Literatura em 1998).
Posteriormente, e com a aceitação do próprio autor, organizou e assinou a fotobiografia de José Cardoso Pires, recolhendo depoimentos de figuras conceituadas do mundo literário.

Em 2000 e como forma de marcar o século XX, escreveu "20 Mulheres para o Século XX", consagrando, entre outros, Sophia de Mello Breyner Andresen, Simone de Beauvoir, Marie Curie, Isadora Ducan, Paula Rego.
Selecionou, organizou e prefaciou uma antologia de poesia portuguesa intitulada "Poemas de Amor" (2001), contendo textos de oitenta e oito poetas, desde a Idade Média até à contemporaneidade, apresentados de forma cronológica.



É, desde fevereiro de 2008, diretora da Casa Fernando Pessoa e assina uma coluna no semanário Sol. Os seus livros estão publicados em Espanha, Itália, Brasil e Alemanha.

BOM FIM DE SEMANA COM BOAS LEITURAS

setembro 29, 2011

FUI SEMPRE UM PINTOR AO LADO DA ESCRITA, OPONDO-ME E UNINDO-ME A ELA

Mário Botas nasceu a 23 de dezembro de 1952 na Nazaré, terra dos seus pais e onde fez os estudos primários e secundários.
Aluno brilhante, terminou o secundário com altas classificações e foi dispensado do exame de admissão à Faculdade de Medicina de Lisboa, onde ingressou em 1970. Licenciou-se com distinção em julho de 1975, mas raramente exerceu medicina.
Em 1977 foi-lhe diagnosticada uma leucemia que pôs em causa o seu plano de vida, decidindo então dedicar-se exclusivamente à pintura, que há muito o seduzia e o levava nas férias a conviver com pintores estrangeiros.
Já em 1970, em Lisboa, terá conhecido por acaso, na Galeria de S. Mamede, o surrealista Cruzeiro Seixas e, por intermédio dele, o poeta Mário Cesariny e outros pintores, como Paula Rego e Raúl Perez.

 
Mário Botas, 1981 - Histórias do Condado Portucalense
Tinta-da-china e aguarela s/ papel

No início de 1978, Mário Botas parte para Nova Iorque à procura de tratamento. Com o seu trabalho, consegue expor individualmente na Galeria Martin Sumers. Conhece John Cage, cuja música o inspirará a fazer um desenho, em aguarela, de uma planta de uma cidade, intitulado "A Dip in the Lake". Nova Iorque passará a torna-se uma influência importante no seu trabalho. Rapidamente surge nos seus trabalhos um retrato da vitalidade das multidões nas grandes cidades, da variedade de rostos que  diariamente se cruzam nas ruas.

Egon Schiele (1890-1918)
Auto-retrato


Em julho desse mesmo ano, Mário Botas vê em Nova Iorque vinte auto-retratos de Egon Schiele na Galeria Serge Sabarsky. Botas, rapidamente, compreendeu que estava diante de um dos seus mestres.
Schiele, que se auto-retratava das mais diversas formas sem olhar a preconceitos, deu-lhe a "luz" do que viria a ser o principal tema do seu trabalho até falecer: o auto-retrato.


Mário Botas, 1982
Retrato de Fernando Pessoa
tinta-da-china s/ papel 15X15 cm



Regressado a Lisboa, dedica-se febrilmente à criação, fazendo quadros, ilustração, desenho e outras atividades, como a direção da peça "O marinheiro" de Fernando Pessoa. Mário Botas também participou na ilustração de romances, nomeadamente os do escritor Almeida Faria e Raúl Brandão, e nos livros de poesia da Vasco Graça Moura, Fernando Pessoa, entre outros.
A 29 de setembro de 1983 faleceu no Hospital da Cruz Vermelha.




A Fundação Casa Museu Mário Botas foi criada pelo pintor a 6 de junho de 1983, por testamento público, tendo para o efeito doado a totalidade dos seus bens e da sua obra. Os objetivos  da Fundação, cuja sede se situa na Nazaré, são dar a conhecer a sua obra, contribuir para o conhecimento da arte em geral e encorajar o seu estudo.

"Não, a pintura não é feita para decorar os apartamentos.
 É um instrumento de guerra ofensiva e defensiva contra o inimigo"
                                                                                       Pablo Picasso


Na sua Biblioteca encontra AQUI os livros que Mário Botas ilustrou e
AQUI um livro sobre a sua obra, todos disponíveis para Empréstimo Domiciliário.

setembro 28, 2011

"BARROCO TROPICAL" NOMEADO PARA O PRÉMIO COURRIER INTERNATIONAL

"Quem eu sou não ocupa muitas palavras: angolano em viagem, quase sem raça. Gosto do mar, de um céu em fogo ao fim da tarde. Nasci nas terras altas. Quero morrer em Benguela, como alternativa pode ser Olinda, no Nordeste do Brasil"
                                                                                                                   José Eduardo Agualusa

O romance "Barroco Tropical", de José Eduardo Agualusa, foi nomeado, no passado dia 22 de setembro, para o Prémio Courrier International do melhor livro estrangeiro.
O Prémio, criado em 2008, distingue um romance estrangeiro editado em França nos últimos 12 meses, que testemunhe "a condição humana numa qualquer região do Mundo".
O vencedor será anunciado no próximo dia 20 de outubro.
"Barroco Tropical" foi editado pela Dom Quixote em junho de 2009, e foi publicado, no ano seguinte, em França, pela editora Métailié, com tradução de Geneviève Leibrich.

"- É o Bartolomeu Falcato?
- A maior parte do tempo sou sim. - Concordei, esforçando-me por acrescentar um dito espirituoso, um comentário alegre, alguma coisa que me permitisse recuperar o ar e o aprumo. - Mas estou disposto a ser aquilo que você quiser, quando e onde você quiser". pág. 15

Uma mulher cai do céu durante uma tempestade tropical. As únicas testemunhas do acontecimento são Bartolomeu Falcato, escritor e cineasta, e a sua amante, Kianda, cantora com uma carreira internacional de grande sucesso. Depressa compreende que ele será a próxima vítima. Um traficante de armas em busca do poder local, um curandeiro ambicioso, um antigo terrorista das Brigadas Vermelhas, um ex-sapador cego, que esconde a ausência de rosto atrás de uma máscara do Rato Mickey, um jovem pintor autista, um anjo negro e dezenas de outros personagens cruzam-se com Bartolomeu, entre um crepúsculo e o seguinte, nas ruas de uma cidade em convulsão: Luanda, 2020.

José Eduardo Agualusa nasceu no Huambo, Angola, a 13 de dezembro de 1960. Estudou Agronomia e Silvicultura em Lisboa. Vive entre Lisboa e Luanda. Iniciou a sua carreira literária em 1988, com a publicação de um romance histórico, "A Conjura".
É autor de oito romances, uma novela, sete recolhas de contos e crónicas, três livros para crianças, três peças para teatro, um livro de reportagens e um de relato de viagens. As suas obras estão publicadas em mais de 20 países.
Ao seu romance "O Vendedor de Passados" foi atribuído o Prémio Independent - Ficção Estrangeira.
Escreve crónicas para a revista LER.
Realiza para a RDP África "A Hora das Cigarras", um programa de música e textos africanos. É membro da União dos Escritores Angolanos.


José Eduardo Agualusa beneficiou de três bolsas de criação literária:
  • Em 1997, concedida pelo Centro Nacional de Cultura para escrever "Nação Crioula"
  • Em 2000, concedida pela Fundação Oriente, que lhe permitiu visitar Goa durante 3 meses e na sequência da qual escreveu "Um estranho em Goa"
  • Em 2001, concedida pela instituição alemã Deutscher Akademischer Austauschdienst, viveu um ano em Berlim,  e foi lá que escreveu "O Ano em que Zumbi tomou o Rio"
  • No início de 2009 a convite da Fundação Holandesa para a Literatura, passou dois meses em Amesterdão na Residência para Escritores, onde acabou de escrever o romance "Barroco Tropical"
"Sabe o que mais me impressionou em Bartolomeu quando o conheci?" pág 47

Quer saber o que foi?

O livro espera por si na sua Biblioteca

setembro 27, 2011

SÓ TEMOS DE OLHAR, EU NÃO INVENTEI NADA

"Os meus quadros são o resultado de uma série de cálculos e  de um número ilimitado de estudos"

Na manhã do dia 27 de setembro de 1917 morreu Edgar Degas.
Foi sepultado no jazigo da família no Cemitério de Montmarte, tendo como única exigência que uma só frase fosse proferida sobre o seu túmulo: " Ele amou muito o desenho".
Edgar Degas nasceu a 19 de julho de 1834 em Paris. Licenciou-se em Direito e iniciou a sua aprendizagem artística no estúdio de Barrias e no Louvre, onde se inscreveu, em 1853, como copista. Aí prosseguiu a sua formação artística segundo a divisa: "É preciso copiar e recopiar os mestres...".
Entre 1856 e 1859, viajou frequentemente para Itália, visitando Roma, Florença e Nápoles.
Em 1859, regressou a Paris, conheceu Manet, tornou-se um membro regular das tertúlias do Café Guerbois e expôs no Salon.

Durante a guerra franco-prussiana alistou-se na Guarda Nacional. Quando regressou a Paris em 1873, depois de uma viagem por Nova Orleães, renovou os seus contactos com os impressionistas e participou na maioria das exposições efetuadas pelo grupo.  Foi um dos artistas mais inspirados pelas técnicas da fotografia e pela arte japonesa e inventou novas técnicas de pintura. Durante os anos oitenta admirou o trabalho de Gauguin e viajou por Espanha e Marrocos. Em 1893, a sua primeira e única exposição individual teve lugar na galeria de Durand-Ruel. Nos últimos anos do século, quase cego, dedicou-se à escultura.
O nome de Degas está associado, sobretudo, a certos temas: identificamo-lo imediatamente com um jóquei ou com uma bailarina, tal como identificamos Monet com os nenúfares ou Cézanne com o monte Sainte-Victoire.


Absinto
O Absinto, 1876
Óleo sobre tela, 92X68 cm
Paris, Musée d'Orsay

É certamente a mais célebre representação de café de Degas e um dos seus quadros mais famosos.
Em O Absinto, Degas pintou duas formas de degradação humana: um boémio e uma prostituta destruídos pelo álcool.
O enquadramento da imagem  coloca, em primeiro plano, as mesas vazias. Degas escolheu uma paleta de cores muito limitada, usando o preto, o ocre e o branco para descrever a desolação da cena.




Prima Ballerina
 
Prima Ballerina, 1876-78
Pastel sobre monótipo, 58X42 cm
Paris, Musée d'Orsay

Prima Ballerina, mostra a bailarina principal a dançar o seu solo num palco vazio. O quadro mostra a bailarina a executar um movimento rápido depois de ter terminado um arabesco, que Degas apresentou de forma muito precisa através da perna visível, da posição dos braços graciosamente estendidos, do movimento do tronco e da ligeira inclinação da cabeça. A impressão da rapidez do passo de dança é sublinhado pelo tutu cintilante guarnecido de flores e pelas extremidades flutuantes da fita do pescoço em veludo negro.
A cena é vista de cima para baixo e em oblíquo, como se estivessemos sentados num dos camarotes de boca do teatro.


"Nenhuma arte poderia ser tão pouco espontânea como a minha; a inspiração, a espontaneidade, o temperamento são-me desconhecidos. É necessário refazer o mesmo tema dez, ou mesmo cem vezes. Em arte, nada deve parecer acidental, nem mesmo o movimento"
                                                                                                                              Edgar Degas

Ficou com curiosidade de saber mais sobre Edgar Degas e a sua obra?
Veja AQUI  a bibliografia que encontrará na sua Biblioteca.

setembro 26, 2011

E DEPOIS DO ADEUS

A Biblioteca Municipal relembra hoje José Niza, falecido no passado dia 23 de setembro.

José Niza nasceu em 1939, em Lisboa, mas foi em Santarém que passou a sua infância e juventude, e de onde saiu aos 17 anos para ir estudar medicina e psiquiatria em Coimbra, cidade onde se iniciaria na música, através do fado. Foi em Coimbra que conheceu José Afonso e Adriano Correia de Oliveira e, em 1961, com Proença de Carvalho, Rui Ressurreição e Joaquim Caixeiro, fundou um quarteto de jazz e o Clube de Jazz do Orfeu. Interrompeu nesse ano os estudos devido à morte do pai, tendo regressado a Coimbra 5 anos mais tarde, em 1966, para os retomar.
Até 1969, criou música para peças de teatro como "A Exceção e a Regra", apresentada no Centro Paroquial de Águeda, que a polícia política da ditadura do Estado Novo (PIDE) viria a encerrar.
José Niza foi chamado várias vezes à PIDE para interrogatório, sobretudo durante a greve académica de 1969, que teve como um dos hinos a canção "Cantar do Emigrante", por ele composta.
Destacado para Angola em 1970, José Niza foi ali alferes-médico de exército português e criou músicas do disco de Adriano Correia de Oliveira "Gente de Aqui e de Agora", que viria a ser lançado em outubro de 1971.


Compôs igualmente "Fala do Homem Renascido", com base em poemas de António Gedeão, disco que viria a sair em 1972, com arranjos orquestrais de José Calvário e vozes de Tonicha, Carlos Mendes, Duarte Mendes e Samuel.
Quando assumiu a liderança da Editora Orfeu, passou a produzir diversos trabalhos de cantores portugueses como Fausto, Carlos Mendes, Paulo de Carvalho, Vitorino, José Afonso e Adriano Correia de Oliveira.

"E depois do Adeus", música de José Calvário , letra de José Niza e interpretação de Paulo de Carvalho, a sua canção mais famosa, representou Portugal no Festival da Eurovisão em março de 1974.
Um mês depois servia de senha para os "Capitães de Abril" e marcaria o inicio da Revolução dos Cravos. Já antes, em 1972, tinha ganho o Festival da Canção da RTP, com o tema "A Festa da Vida", com José Calvário e Carlos Mendes.


Após o 25 de Abril de 1974, filiado no Partido Socialista, José Niza deixou a Editora Orfeu e passou a dedicar-se à política, tendo sido deputado à Assembleia da República pelo círculo de Santarém e, em 1977 e 1978, tendo o cargo de diretor de programas da RTP.
Em 1983 e 1984 voltou à RTP como administrador ligado à produção e, em 1985, regressou ao Parlamento, onde procurou defender as questões ligadas à música, participando, por exemplo, na elaboração da legislação  relativa à obrigatoriedade de passagem de 50% de música portuguesa nas estações de rádio nacionais.
Foi, ainda, Presidente da Assembleia Municipal de Santarém, concelho onde residia  e veio a falecer, a 23 de setembro último.


BOA SEMANA COM BOA MÚSICA

setembro 23, 2011

SUGESTÃO DE FIM DE SEMANA

Como já vem sendo habitual vamos deixar a nossa sugestão de leitura para o fim de semana. E a nossa escolha recai sobre um dos mais prestigiados autores portugueses da atualidade.



"Só sou António Lobo Antunes quando escrevo."

ANTÓNIO LOBO ANTUNES define-se como um escritor compulsivo, que se distancia do mundo quando está a escrever.
Largamente premiado, em Portugal e no estrangeiro, recebeu o Prémio Camões em 2007. A sua obra é vasta e está traduzida em várias línguas por todo o mundo. Em cada um dos seus livros traça um retrato da condição humana. O livro, que sugerimos para leitura de fim de semana, insere-se nesse perfil.
  
A MORTE DE CARLOS GARDEL
Publicações Dom Quixote, 1994

Resumo: O livro fala-nos de Nuno, um jovem toxicodependente em coma, devido a uma overdose. Durante dois dias, ele é visitado por várias pessoas da família, que sofrem o pesadelo da sua morte eminente e, supostamente, evitável. Assim, através das memórias de cada um, vamos conhecendo o passado de Nuno e o presente de cada um, com as suas tristezas, culpas e desolações. É então que Álvaro, pai de Nuno, recusando-se a aceitar a morte do filho e, numa fuga  ao sofrimento, transforma a sua paixão pelo tango, e pelo cantor argentino já falecido Carlos Gardel, numa obsessão sem limites.


Já é a segunda vez que António Lobo Antunes é o autor escolhido para sugestão de leitura de fim de semana.

Sabe porquê?
Sabe por que razão escolhemos este livro,
que nem sequer está entre as suas últimas obras publicadas?

A razão da nossa escolha prende-se com o facto deste livro, escrito por António Lobo Antunes em 1994, ter sido adaptado ao cinema.

Trata-se de uma longa metragem, com o mesmo nome do livro e cuja estreia aconteceu ontem, dia 22 de setembro, em algumas salas de cinema do país.
A realização  esteve a cargo de Solveig Nordlund, cineasta sueca naturalizada portuguesa, assistente em vários filmes de produção nacional, realizadora de curtas metragens e documentários sobre escritores, tendo já realizado um sobre Lobo Antunes.
O filme foi produzido pela Fado Filmes, recebeu o apoio à produção do Instituto do Cinema e Audiovisual do Ministério da Cultura e conta no seu elenco com nomes como Ruy de Carvalho, Rui Morisson, Teresa Gafeira, Elmano Sancho, Diogo Dória, entre outros.
Segundo a realizadora, trata-se de um filme sobre "... um conjunto de más consciências."


Aceite as nossas sugestões. 
Passe pela Biblioteca Municipal e requisite o livro.
Se tiver oportunidade não deixe de ver o filme.
Ora veja:

                                      

setembro 22, 2011

PINTAR É COMO RESPIRAR

O pintor Júlio Resende faleceu esta quarta feira, em Valbom, Gondomar, aos 93 anos.

Júlio Resende nasceu no Porto a 23 de outubro de 1917. Frequentou as Escolas de Belas-Artes do Porto e de Paris, tendo iniciado a sua atividade artística como ilustrador em semanários infantis e na imprensa diária, ainda, quando era jovem.
Em 1946, ano em que apresentou a sua primeira exposição em Lisboa, Júlio Resende obteve uma bolsa de estudo no estrangeiro do "Instituto Para a Alta Cultura", tendo sido nesta sua passagem pela Europa, em especial por Paris e Madrid, onde teve contacto com as obras de Picasso e Goya, que Júlio Resende despertou para a pintura abstracionista.


Fez inúmeras exposições individuais em Portugal, Espanha, Bélgica, Noruega, Brasil. Representou o país em exposições coletivas nas Bienais de S. Paulo, Veneza, Ohio, Londres, Paris.
Nos anos 60, Júlio Resende interessou-se ainda por projetos de decoração e arquitetura, colaborando na decoração do Palácio da Justiça de Lisboa ou realizando o painel para a sede do Banco de Portugal. O painel "Ribeira Negra", executado em 1968 por encomenda da Câmara Municipal do Porto, é considerado como o melhor painel cerâmico contemporâneo. Em 1994/1995, na intervenção no Metropolitano de Lisboa, na estação de Sete-Rios, desenvolve a memória das paisagens luxuriantes trazidas das viagens pelo Brasil.


Enquanto ilustrador, colaborou com vários autores, nomeadamente com Fernando Namora na ilustração de "Retalhos da vida de um médico", com Eugénio de Andrade no livro "Aquela nuvem e outras", com Sophia de Mello Breyner Andresen em "Noite de Natal", "O rapaz de Bronze" e "O primeiro livro de poesia", com Ilse Losa em "O Rei Rique e Outras Histórias" , com Virgílio Ferreira em "A estrela", com Arsénio Mota em "Histórias com historinhas dentro", entre outras.

"(...) Quando a cor manda, já ela é desenho. Sendo uma intuição do pintor, é frequente em mim a resposta imediata em gesto que tem a razão em si, é já um exercício de visão".



Na Galeria Baganha, no Porto, que representou o pintor nos últimos três anos, podem ainda ver-se algumas das suas últimas pinturas.


Júlio Resende recebeu os seguintes prémios:

  • Prémio Nacional de Pintura da Academia de Belas-Artes
  • Prémio Armando de Basto
  • Prémio Sousa Cardoso
  • Prémio Especial da Bienal de Arte de S. Paulo
  • 1º lugar no Concurso para o Monumento ao Infante D. Henrique (com o projeto Mar Novo)
  • Medalha de Prata na Exposição Internacional de Bruxelas
  • 1º Prémio de Artes Gráficas na X Bienal de S. Paulo
  • Foi nomeado Membro da Academia Real das Ciências, Letras e Belas-Artes da Bélgica
  • Recebeu as Insígnias de Comendador de Mérito Civil de Espanha atribuídas pelo Rei de Espanha
  • Recebeu a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
  • Prémio AICA - Associação Internacional de Críticos de Arte

Júlio Resende está representado nos Museus de Soares dos Reis, do Chiado, de Évora, Calouste Gulbenkian, de Arte Moderna de S. Paulo, de Helsínquia, de Aalesund ( Noruega) e em muitas coleções particulares na Europa, África e América do Norte de do Sul.

Também pode  apreciar AQUI a sua obra nos inúmeros livros que ilustrou,
e que estão à sua disposição na sua Biblioteca.


BOAS LEITURAS

setembro 21, 2011

HOJE É DIA MUNDIAL DA PESSOA COM DOENÇA DE ALZHEIMER

Dia 21 de setembro é Dia Mundial da Pessoa com Doença de AlzheimerNeste dia pretende-se alertar e sensibilizar as pessoas para a Doença de Alzheimer e suas  consequências.

A Alzheimer Europe calcula o número de cidadãos europeus com demência em 7,3 milhões.

Estima-se que em Portugal 90 mil pessoas sejam diretamente afetadas pela doença.

A Alzheimer Portugal marca a data com diversas iniciativas por todo o país, apelando para a urgência da criação e desenvolvimento de um plano nacional para as demências.

No mundo, a doença afeta milhões de pessoas. Estima-se que 4 em cada 100 indivíduos, com mais de 65 anos, sofram da doença. Este número cresce para 47, em cada 100, com mais de 85 anos.



A Doença de Alzheimer é um tipo de demência que provoca uma deterioração global, progressiva e irreversível de diversas funções cognitivas ( perda de memória, desorientação espacial e temporal, confusão e problemas de raciocínio e pensamento).
Estes sintomas agravam-se à medida que as células cerebrais vão morrendo e a comunicação entre elas fica alterada.

A Doença de Alzheimer tem este nome por ter sido descrita pelo médico alemão, Alois Alzheimer, em 1906.



Segundo os neurologistas, não existe nenhuma forma de prevenir esta doença, mas há estudos que indicam, que o cuidado com os fatores cardiovasculares de risco são importantes para evitar doenças neurodegenerativas.

A prática regular de exercício físico, o controle de doenças como a tensão alta, diabetes, colesterol e o não fumar, fazem do indivíduo alguém com menos probabilidade de desenvolver Alzheimer.

A realização de exercícios diários de estimulação da cognição e da memória ajuda os doentes de Alzheimer a retardarem a perda das suas capacidades cognitivas e, consequentemente, a sua autonomia.
Quanto mais exercícios o cérebro fizer, menores são as hipóteses de se desenvolver esta doença. É recomendável a leitura, palavras cruzadas, jogos de tabuleiro.
Se a pessoa tem o hábito de ler todos os dias, está  a exercitar o cérebro e já está a fazer uma atividade a mais para se proteger contra esta doença.

Mexa-se,
venha dar um passeio até à Biblioteca da sua cidade,
leia o jornal ou requisite um livro.

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