"A mímica, assim como a música, não conhece fronteiras nem nacionalidades"
Marcel Marceau
Faz 5 anos no próximo dia 22 de setembro que faleceu Marcel Marceau.
Em seis décadas de carreira fascinou o público dos cinco continentes graças a uma arte sem palavras, terna e comovedora, que ultrapassava fronteiras.
O francês Marcel Mangel nasceu em Estrasburgo a 22 de março de 1923.
No início da Segunda Guerra Mundial mudou-se para Limoges, para escapar à perseguição nazi, onde se dedicou ao estudo das artes. O seu pai, de origem judaica, não escapou à perseguição e foi deportado, em 1944, para o campo de extermínio de Auschwitz, onde morreu.
Marcel mudou então o seu nome para Marceau para ocultar as suas origens.
Envolveu-se na resistência contra a ocupação nazi. Mais tarde, juntou-se às forças do general Charles de Gaulle e como o seu inglês era excelente, foi nomeado oficial de ligação do general Patton.
O seu interesse pela arte da mímica começou quando ainda era muito jovem - imitava com gestos tudo o que lhe vinha à cabeça. Para cimentar esse gosto contribuíram Charles Chaplin, Buster Keaton, Stan Laurel e Oliver Hardy ("Bucha e Estica"). Foi a admiração por estes artistas que levou Marcel Marceau a enveredar pela arte do silêncio como profissão: "J' imitais Chaplin, que était mon dieu"
Aluno de Etienne Decroux, pioneiro da mímica moderna, foi professor de arte dramática em Paris e ao terminar a Segunda Guerra Mundial fez parte da companhia de Madeleine Reanud e Jean Louis Barrault onde se destacou no papel de arlequim.
No dia do seu 24º aniversário, a 22 de março de 1947, Marcel criou Bip, a sua famosa personagem de cara pintada de branco, olhos pintados a carvão, boca rasgada com um traço vermelho. A roupa era uma camisa de marinheiro, calças largas de palhaço e chapéu de seda com uma flor espetada. A somar a tudo isto, uma aparente frágil expressividade corporal.
Esta personagem de linguagem universal, podia comunicar com toda a gente de qualquer lugar, quer por gesto, quer através do olhar.
Em 1955 já era mundialmente famoso.
Atuou nos melhores teatros de todo o mundo e em 1978 criou, com os seus próprios discípulos, a Escola Internacional de Mimodrama, na qual ensinava não apenas mímica (para garantir a importância desta arte cénica), mas também dança e acrobacia.
Em 1996, nos Estados Unidos, foi criada a Fundação Marcel Marceau, para promover a arte da mímica e do "mimo-drama" bem como para preservar e perpetuar o trabalho do mimo francês.
Foram os seus passos "andando contra o vento" o inspirador do passo de dança Moonwalk de Michael Jackson, de quem veio a tornar-se amigo e admirador, ao ponto de o eleger como seu coreógrafo favorito.
O seu contributo para a Arte foi-lhe reconhecido em novembro de 1998, quando o presidente da república de França, Jacques Chirac, o nomeou Grande Oficial da Ordem de Mérito.
Em 1999 a cidade de Nova Iorque estabeleceu o dia 18 de março como o "Dia Marcel Marceau".
A ONU, em 2002, nomeou-o "Embaixador da Boa Vontade para a Terceira Idade", cargo que Marceau aceitou com agrado, pois segundo ele "la vieillesse arrive quand on s'arrête".
E em Portugal, já com uma idade avançada, atuou em 2003 no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém. Dois anos depois, fez uma digressão de despedida dos palcos pela América Latina, onde atuou em Cuba, Colômbia, Chile e Brasil.
"A arte é a expressão da sociedade no seu conjunto:
crenças, ideias que faz de si e do mundo.
Diz tanto quanto os textos do seu tempo, às vezes até mais".
Georges Duby
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