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março 29, 2023

VIOLETA


"- Não és nenhuma fedelha. Defende a tua independência, não deixes que ninguém decida por ti. Para isso, tens de ser capaz de te desenrascar sozinha. Entendido? - disse-me ela.
Nunca esqueci essa advertência."



Violeta del Valle é a primeira rapariga numa família de cinco irmãos truculentos. Nasce num dia de tempestade, em 1920, quando ainda se sentem os efeitos devastadores da Grande Guerra e a gripe espanhola chega ao seu país natal, na América do Sul.
Graças à ação determinada do seu pai, a família sairá incólume desta crise, apenas para ter de enfrentar uma outra: a Grande Depressão. A elegante vida urbana que Violeta conhecia até então muda drasticamente. Os Del Valle são forçados a viver numa região selvagem e remota, onde Violeta atinge a maioridade e viverá o primeiro amor.
Décadas depois, numa longa carta dirigida ao seu companheiro espiritual, o mais profundo amor da sua longa existência, Violeta relembra desgostos amorosos e apaixonadas relações, momentos de pobreza e de prosperidade, perdas terríveis e alegrias imensas. A sua vida será moldada por alguns dos momentos mais importantes da História: a luta pelos direitos da mulher, a ascensão e queda de tiranos, os ecos longínquos da Segunda Guerra Mundial.


Violeta é um romance de celebração.
Dos 80 anos de vida da autora e 40 de percurso literário


Isabel Allende nasceu a 2 de agosto de 1942, em Lima, no Peru. Viveu no Chile entre 1945 e 1975, com largos períodos de residência noutros locais, na Venezuela até 1988 e, desde então, na Califórnia.
Em 1982, o seu primeiro romance, A Casa dos Espíritos, transformou-se num dos títulos míticos da literatura latino-americana. A obra resultou num filme com o mesmo nome, realizado em 1993 por Bille August, com os atores Jeremy Irons, Meryl Streep, Glen Close, Winona Ryder e Antonio Banderas, tendo grande parte das rodagens decorrido em Lisboa e no Alentejo. 
Seguiram-se muitos outros livros, todos êxitos internacionais e que podem ser requisitados na Biblioteca Municipal. A sua obra está traduzida em trinta e cinco línguas e vendeu mais de sessenta e sete milhões de exemplares. Recebeu mais de cinquenta prémios internacionais e treze doutoramentos honorários. Em 2010, foi galardoada no Chile com o Prémio Nacional de Literatura.
Em 2014, recebeu  de Barack Obama a Medalha Presidencial da Liberdade.
Em 2020, recebeu o Prémio Liber, outorgado pela Federación de Gremios de Editores de España, que a classifica como a autora latino-americana mais destacada da atualidade.
Escrito durante o período da pandemia, o livro que hoje destacamos, Violeta, nasce da sua vontade de contar a história da sua mãe, Doña  Panchita, falecida em 2018.
A sua vida inspirou uma minissérie de 3 episódios, num original da HBO Max, transmitido em 2022 na TVI.



" Há um tempo para viver e um tempo para morrer. 
Entre ambos, há tempo para recordar. 
Foi isso que fiz no silêncio destes dias em que pude escrever 
os pormenores que me faltam ..."




março 24, 2023

AS PESSOAS INVISÍVEIS



José Carlos Barros nasceu a 19 de julho de 1963, em Boticas.
É licenciado em Arquitetura Paisagista pela Universidade de Évora. Vive e trabalha no Algarve, em Vila Nova de Cacela. Tem exercido atividade profissional no âmbito do ordenamento do território e da conservação da natureza e foi diretor do Parque Nacional da Ria Formosa. Foi também técnico superior do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina e da Direção Regional do Ambiente do Algarve. Foi ainda vereador municipal na Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e deputado na Assembleia da República de 2015 a 2019.

Recebeu vários Prémios Literários:
  • Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama
  • Prémio Guerra Junqueiro
  • Prémio Literário Vila de Fânzeres
  • Prémio de Poesia Fernão de Magalhães
  • Prémio Leya 2021 por unanimidade e numa prova cega.

"Este livro foi escrito em dez anos. Se não tivesse ganho este prémio, como diria aos meus netos que o avô tinha estado dez anos da sua vida a escrever um livro que ninguém ia ler. Fico contente que por causa do prémio o livro seja falado, mas principalmente lido."


E é o romance vencedor do Prémio Leya 2021, 
As pessoas Invisíveis 
a nossa sugestão de leitura para o seu fim de semana


Em 1980, é encontrado em Berlim um caderno que relata a descoberta, em terras portuguesas, de uma jazida de ouro, segredo que levará o leitor aos anos da Segunda Guerra Mundial, à exploração de volfrâmio e à improvável amizade de um engenheiro alemão com o jovem Xavier Sarmiento, que descobre ter o dom de curar e se fascina com a ideia de Poder. É a sua história, de curandeiro e mágico a temido chefe das milícias, que acompanharemos ao longo do romance, assistindo às suas curas e milagres, bem como aos amores clandestinos e à fuga para África.
Percorrendo episódios da vida portuguesa ao longo de cinco décadas - das movimentações na raia transmontana, durante a Guerra Civil de Espanha, à morte de Francisco Sá Carneiro, As Pessoas Invisíveis é também a revisitação de um dos eventos mais trágicos e menos conhecidos da nossa história colonial: o massacre de um grande número de nativos forros, mostrando como o fim legal da escravatura precedeu, em muitas dezenas de anos, a sua efetiva abolição.



"E este pensamento unia-o à jovem magricela numa cumplicidade que não estava ainda preparado para compreender, embora lhe parecesse cada vez mais certo que há muitas pessoas no mundo que são invisíveis e que quase nenhuma sabe da invisibilidade das outras."








março 01, 2023

A POESIA ESTÁ VIVA E DE BOA SAÚDE


O gato lembra-se de ti nos intervalos. Espera
de olhos acesos as histórias que nos contas.
Passeia-se inquieto sobre o meu parapeito e eriça
o pêlo, cúmplice, quando pressente que regressas.

Chegas sempre de noite. Sei quem és e ao que vens
e ofereço-te o silêncio de um pequeno quarto recuado,
as sombras das traseiras na minha pele, o tempo
de repetir um gesto inevitável. Ouço-te contar
a mesma lenda com lábios sempre novos. Aprendo-a
e esqueço-a. Nunca a saberemos de cor, o gato ou eu.

Depois partes. Levas contigo a tua voz, mas a música
fica. Eu fecho as portadas devagar. O gato mia baixo
à janela. Ninguém acena: guardamos com os outros
o segredo das tuas visitas. Ambos. O gato e eu.

                                                                                                                     Maria do Rosário Pedreira, 
                                                                                                                     In, Poesia Reunida




Maria do Rosário Pedreira foi a vencedora do Prémio Correntes d'Escritas de 2023.
O Prémio Literário Casino da Póvoa de 2023 foi atribuído ao livro de poesia O Meu Corpo Humano, editado em 2022 pela Quetzal.
O Meu Corpo Humano, foi a escolha do júri composto por Fernando Pinto do Amaral, Helena Vasconcelos, José António Gomes, José Mário Silva e Patrícia Portela, "pela sua coerência temática e estilística, bem como pela sua ousadia na forma como aborda a experiência do corpo humano nas suas múltiplas dimensões (como o desejo, a memória, a morte), incluindo a relação do eu com o outro".


Maria do Rosário Pedreira, escritora, poetisa e editora nasceu em Lisboa a 21 de setembro de 1959.
É licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Franceses e Ingleses. 
Como editora tem-se dedicado à descoberta e divulgação de novos autores portugueses.
Estreou-se na poesia em 1996 e a sua poesia está representada em numerosas antologias e revistas portuguesas e estrangeiras. Além de poesia, escreveu o romance Alguns Homens, Duas Mulheres e Eu
 e duas séries de livros juvenis que foram adaptados à televisão.
Recebeu vários prémios literários e participa regularmente em encontros de escritores nacionais e estrangeiros.
Poesia Reunida, publicado em 2012, e que hoje divulgamos aos nossos leitores, foi distinguida com o Prémio da Fundação Inês de Castro.
Mantém o blogue Horas Extraordinárias (horasextraordinarias.blogs.sapo.pt), no qual partilha a sua paixão pelos livros.




"Um pequeno livro de poesia que é um pequeno mundo,
que é uma pequena vida.
A boa poesia é assim: preciosa"
                                                                            José Luís Peixoto




fevereiro 03, 2023

SE A VIDA É APENAS UMA PASSAGEM, SOBRE ESSA PASSAGEM, AO MENOS, SEMEEMOS FLORES




"Os meus vizinhos são determinados. Não têm preocupações, não se apaixonam, não roem as unhas, não acreditam no acaso, não fazem promessas nem barulho, não têm segurança social, não choram, não procuram as chaves nem os óculos, o telecomando, os filhos ou a felicidade.
Não leem, não pagam impostos, não fazem dieta, não têm preferências, não mudam de opinião, não fazem a cama, não fumam, não fazem listas, não pensam duas vezes antes de falar. Não têm substitutos. 
Não são graxistas, ambiciosos, rancorosos, sedutores, mesquinhos, generosos, invejosos, desleixados, sublimes, curiosos, viciados, avarentos, sorridentes, maliciosos, violentos, apaixonados, mal-humorados, hipócritas, dóceis, duros, mudos, maus, mentirososladrões, jogadores, corajosos, falsos, crentes, pervertidos, otimistas.
Estão mortos.
A única diferença entre eles é a madeira do caixão: carvalho, pinho ou mogno."


O romance que hoje sugerimos para 
leitura do seu fim de semana
venceu os prémios Maison de la Press e o Prix des Lecteurs.
Está traduzido em mais de trinta línguas. 
Em Itália, no ano da sua publicação, foi o livro mais vendido.
Em 2018 foi adaptado ao teatro por Mikaël Chirinian e Caroline Rochefort,
Irá ser adaptado em televisão numa minissérie. 




Violette Toussaint é guarda de cemitério numa pequena vila da Borgonha. A sua vida é preenchida pelas confidências - comoventes, trágicas, cómicas - dos visitantes do cemitério e pelos seus colegas: três coveiros, três agentes funerários e um padre. E os seus dias pareciam ser assim para sempre. Até à chegada do chefe de polícia Julien Seul, que quer deixar as cinzas da mãe na campa de um desconhecido.
A história de amor clandestino da mãe daquele homem afeta de tal forma Violette, que toda a dor que tentou calar vem ao de cima. É tempo de descobrir o responsável pela tragédia que afetou a sua vida.
Atmosférico, tocante e - tantas vezes - hilariante, este é um romance de vida: dos que partiram e vivem em nós, da luz que se pode revelar mesmo na mais plena escuridão. Porque às vezes basta a simplicidade de um gesto, basta a frescura da água viva para nos devolver ao mundo, a nós mesmos e aos outros.

" O poder desta história é extraordinário.
Há muito tempo que não lia um romance tão bem escrito"
                                                                                                     Wall Street Journal


Valérie Perrin nasceu a 19 de janeiro de 1967 em Remiremont, Vosges e é atualmente uma das autoras mais importantes do panorama literário francês.
Foi fotógrafa de cena e cenógrafa e a nossa sugestão de leitura para o seu fim de semana, é o seu segundo romance, o primeiro publicado em Portugal.


"Os gatos vêm roçar-se nas minhas pernas. De momento, há onze a viver no cemitério. Cinco deles pertenciam a defuntos, pelo menos é o que me parece, pois surgiram no dia dos funerais de Charlotte Boivin (1954-2010), Olivier Feige (1965-2012) ...
Em geral, os visitantes gostam de encontrar os gatos no cemitério. Muitos dizem que os defuntos se servem dos felinos para enviarem sinais. Na campa de Micheline Clément (1957-2013) está escrito: " Se o paraíso existir, paraíso não será se eu não for aí recebida pelos meus cães e gatos"










dezembro 14, 2022

ÁRABE SIGNIFICA TER A MERCEARIA ABERTA À NOITE E AO DOMINGO

 Duas gerações diferentes
Duas religiões distintas
Uma amizade única
Omar Sharif e Pierre Boulanger

"O senhor Ibrahim sempre fora velho. Os habitantes da Rua Bleue e da Rua do Faubourg-Poissonnière sempre tinham visto o senhor Ibrahim na sua mercearia, desde as oito da manhã até noite cerrada, curvado entre a caixa e os produtos de limpeza, uma perna cá fora e outra debaixo das caixas de fósforos, um casaco cinzento por cima de uma camisa branca, dentes cor de marfim escondidos sob um bigode farto, olhos cor de pistácio, verdes e castanhos, mais claros do que a sua pele morena, marcada pela sabedoria que a vida lhe trouxera.


Omar Sharif, Cesar 2004 melhor ator

Era opinião generalizada que o senhor Ibrahim era sábio. Provavelmente por ser, há cerca de quarenta anos, o único árabe numa rua de judeus. Sem dúvida também porque sorria muito e falava pouco. (...)
- Eu não sou árabe, Momo, eu sou do Crescente Dourado. (...)
- Eu não sou árabe, Momo, sou muçulmano.
- Então porque dizem que o senhor é o árabe da rua se nem sequer é árabe?
- Árabe, Momo, quer dizer mercearia "aberta das oito da manhã à meia-noite, mesmo ao domingo." 




Momo é um rapazinho que se aborrece na escola e em casa, junto do seu pai, um advogado infeliz. Porém, na Rua Bleue onde mora, há mulheres pouco recomendáveis que o tratam muito bem e, acima de tudo, há o senhor Ibrahim, o merceeiro árabe do bairro, que parece conhecer os segredos da felicidade e dos verdadeiros sorrisos, dos quais Momo depressa aprende a tirar partido.
Depois de o seu pai se atirar para debaixo de um comboio, Momo é acolhido pelo senhor Ibrahim. Juntos, vão encerrar a loja, comprar um automóvel e partir para o país natal do velho homem, o país dos dervixes rodopiantes, sábios da contemplação, do Alcorão, das suas flores e da poesia do mundo.


Um livro para ler e reler, uma lição de sabedoria, 
de tolerância, de fatalismo e de bondade.



Éric-Emmanuel Schmitt nasceu a 28 de março de 1960 em Sainte-Foy-lès-Lyon, França.
É um dos mais populares escritores e dramaturgos franceses. As suas obras foram traduzidas e encenadas em mais de 40 países. É considerado um dos 10 autores de língua francesa mais lidos.
Entre os seus prémios contam-se o prestigiado Prémio Goncourt de Romance e ainda o Grande Prémio de Teatro da Academia Francesa.
Em 1999, quando escreveu a peça "O Senhor Ibraim e as Flores do Alcorão", que mais tarde adaptou em formato de novela e que hoje divulgamos, vivia na rue Bleue, onde a parte principal da ação se desenrola. Era um bairro judeu, onde um árabe mantinha a sua loja aberta das 8 da manhã à meia-noite.

O Senhor Ibrahim e as flores do Alcorão foi adaptado ao cinema em 2003, realizado por François Dupeyron, com argumento do próprio autor e do realizador, tendo nos papeis principais Omar Sharif, que venceu em 2004 o Cesar de melhor ator no papel do Senhor Ibrahim, Pierre Boulager e Isabelle Adjani.
Em Portugal, a encenação desta peça por Miguel Seabra em 2012 valeu ao Teatro Meridional o Prémio do Público no Festival Internacional de Teatro de Almada.
Em 2022, para celebrar os 25 anos de existência daquela companhia de teatro, esteve novamente em cena de 6 a 23 de junho.

"Um hino à vida"
                                                 Le Pariscope



novembro 23, 2022

HÁ MUITO QUE TODOS ME CHAMAM NEGRO


"Nasci rafeiro, cruzamento de mastim espanhol e cão-de-fila brasileiro. Quando era cachorro, tive um daqueles nomes ternos e ridículos que põem aos cãezinhos recém-nascidos, mas já passou muito tempo desde então. Já me esqueci. Há muito que todos me chamam Negro.
O Agilulfo - um podengo magro, filósofo e culto que sabe destas coisas - garante que nasci para o combate; que sou um guerreiro antigo com uma estirpe gladiadora tão velha como a história dos humanos".




Neste romance negro assombroso, divertido e ao mesmo tempo esmagador, Arturo Pérez-Reverte narra, com a mestria de sempre, as aventuras de um cão num mundo bem diferente do dos humanos. Um mundo que se rege pelas mais elevadas regras - lealdade, inteligência e companheirismo - onde não há lugar para o politicamente correto ou para as convenções sociais. Um mundo em que por vezes há clemência para os inocentes e justiça para os culpados.
Pleno de tensão dramática, Cãos Maus Não Dançam brinda-nos com uma metáfora sobre a vida e os seus valores (ou a falta deles).


"Escrevi este romance para que o ser humano pudesse ver os cães por dentro. 
Não com o olhar compassivo de um ser superior, que olha para o cão de cima, 
mas com a vontade de que o humano se sentisse cão. 
Que sentisse o que um cão poderia sentir." 



Arturo Pérez-Reverte nasceu a 24 de novembro de 1951, em Cartagena, Espanha.
Licenciado em jornalismo pela Universidade Complutense de Madrid, foi repórter de guerra durante vinte e um anos, durante os quais cobriu conflitos armados no Chipre, Eritreia, Malvinas, El Salvador, Moçambique, Golfo, Bósnia, Croácia, Líbano, Líbia, Sudão, entre outros.
Os seus romances estão traduzidos em trinta idiomas e tem mais de vinte milhões de leitores em todo o mundo. Muitos deles já foram adaptados ao cinema e à televisão. 
Em 2017, foi premiado com o Prix Littéraire Jacques Audiberti.
Atualmente divide a sua vida entre a literatura, o mar e a navegação. É membro da Real Academia Espanhola.


Para além do livro que hoje divulgamos, o Leitor 
encontra na Biblioteca Municipal os seguintes títulos do autor:
  • Território Comache
  • Uma história de Espanha
  • A pele do tambor
  • A rainha do Sul
  • A tábua de Flandres
  • Um dia de cólera


Iuri, apareceu no Parque de Merendas da Portela


"O cão tem virtudes que gostaria de ver nos seres humanos"
                                                                                                       Arturo Pérez-Reverte







novembro 17, 2022

PRÉMIO LITERÁRIO JOSÉ SARAMAGO 2022

 

"Quero dizer que este prémio vai ser, para sempre, 
uma pedra sobre a qual irei fundar uma parte de mim.
Há falta de palavras, vou deixar apenas uma, 
para que a ampliem: obrigado."


O Prémio Literário José Saramago foi instituído em 1998 para celebrar a atribuição do Prémio Nobel de Literatura a José Saramago e foi pensado como instrumento para a defesa da língua através do estímulo ao surgimento de jovens escritores da lusofonia.
Em 2019, na sua última edição, foi o mesmo atribuído a Afonso Reis Cabral, pelo romance Pão de Açúcar, que pode ser requisitado para empréstimos domiciliário na Biblioteca Municipal. A edição de 2021 foi adiada para este ano devido à pandemia de Covid-19.

Nesta edição os jurados foram:
  • Gonçalo M. Tavares - Prémio Literário José Saramago 2005
  • Valter Hugo Mãe - Prémio Literário José Saramago 2007
  • João Tordo - Prémio Literário José Saramago 2009
  • Bruno Vieira Amaral - Prémio José saramago 2015
  • Pilar del Rio - Presidente da Fundação José Saramago
  • Guilhermina Gomes - Representante da Fundação Círculo de Leitores
  • Nélida Piñon - Membro Honorário



Ao início da tarde do dia 14 de novembro, no Grande Auditório do Centro Cultural de Belém em Lisboa, foi anunciado o nome do vencedor de 2022: o escritor brasileiro Rafael Gallo, com o romance inédito Dor Fantasma.

"Este romance tem uma história difícil. Demorei seis anos a escrevê-lo. Passou por editores que não o quiseram e por outros que não gostaram. Eu lutei e fiz várias alterações. Foi um processo pessoal, fiz muitas alterações na minha vida e isso reflete-se. É muito especial e estou ansioso por tê-lo publicado."

O romance vai ser publicado em Portugal pelo Grupo Porto Editora, no Brasil pela Globo Livros e será distribuído por todos os países da lusofonia.


Rafael Gallo nasceu em 1981 em São Paulo. Estreou-se na escrita em 2012 com o livro de contos Réveillon e outros dias, que venceu o Prémio SESC de Literatura e foi finalista do Prémio Jabuti. Em 2016 conquistou o Prémio São Paulo de Literatura com o romance de estreia Rebentar.
É o quarto escritor brasileiro a ganhar o Prémio José Saramago:
  • Adriana Lisboa em 2003
  • Andréa del Fuego em 2011
  • Julián Fuks em 2017


Passe por cá e aproveite para visitar a exposição alusiva à vida e obra de José Saramago, patente ao público na sala de leitura no 1.º piso.



outubro 26, 2022

OS DOIS CADERNOS DO MEU AVÔ ESTÃO POUSADOS NA MESA DIANTE DE MIM


"Por mais de trinta anos conservei, sem nunca os abrir, os cadernos em que o meu avô inscrevera meticulosamente as suas memórias de antes e depois da guerra, na distinta caligrafia que o caracterizava; deu-mos alguns meses antes da sua morte, em 1981, tinha na altura noventa anos. Ele nascera em 1891 e era como se a sua vida não tivesse sido mais do que a troca de dois algarismos num número. Entre estas duas datas estavam duas guerras mundiais, genocídios catastróficos, o século mais implacável de todo a história da humanidade, o apogeu e declínio da arte moderna, a expansão mundial da indústria automóvel, a Guerra Fria, a ascensão e queda das grandes ideologias, a popularização do telefone e do saxofone, a síntese laboratorial da baquelite, a industrialização, o desenvolvimento da indústria cinematográfica, o plástico, o jazz, a indústria aeronáutica, a primeira alunagem, a extinção de inúmeras espécies animais, as primeiras grandes catástrofes ambientais, a penicilina e o desenvolvimento dos antibióticos, o Maio de 68, o primeiro relatório do Clube de Roma, o rock'n'roll, a invenção da pílula, a emancipação da mulher, a popularização da televisão, os primeiros computadores - e a sua longa vida como herói de guerra esquecido. Foi essa vida que ele me pediu para relatar ao confiar-me aqueles cadernos."



"Um dos livros mais tocantes do ano"
                                                                                       De Standaard




Nomeado para o Man Booker International Prize 2017
Livro do Ano da revista Economist
Finalista do Premio Strega Europeo
Vencedor do Prémio da Cultura Flamenga para a Literatura
Vencedor do Prémio Literário AKO
Vencedor do Prémio do Júri dos Leitores do Golden Book Owl
Vencedor do Inktaad 2016  (Prémio Jovens Leitores)
Finalista do Prémio Literário Libris
Finalista do Prémio Fintro
Finalista do Prémio de História (Davisfond)





Stefan Hertmans nasceu a 31 de março de 1951, em Ghent, na Bélgica.
Publicou romances, contos, ensaio, teatro e poesia. É um dos principais autores flamengos contemporâneos, tendo a sua obra recebido os prémios mais importantes da literatura flamenga e sido traduzida em várias línguas.
Participou em prestigiados festivais literários por todo o mundo. Fez duas residências literárias, uma delas na Casa Marguerite Yourcenar. Foi professor convidado na Sorbonne, em Paris, e também nas Universidades de Berlim, Viena e Cidade do México.
O romance que hoje divulgamos está traduzido em 29 países, tendo a tradução portuguesa por Arie Pos. sido contemplada com o Grande Prémio de Tradução Literária Francisco Magalhães
Em 2019, com adaptação e encenação de Jan Lauwers, uma peça de teatro baseada neste romance, Guerra e Terebintina, fez parte do programa do Festival de Teatro de Almada. 


Margate Beach, Blue Girl, de John Cimon Warburg


" Guerra e Terebintina 
tem tudo para se tornar um clássico"
                                                                                                      The Guardian





outubro 21, 2022

A VERDADE É UMA QUESTÃO DE IMAGINAÇÃO

"A ficção científica não prediz, descreve.
As predições são feitas por profetas (gratuitamente), por clarividentes (geralmente mediante um pagamento, o que os torna mais apreciados, em vida, do que os profetas) e por futurologistas (assalariados). A predição é um atividade de profetas, clarividentes e futurologistas, não de romancistas. A atividade dos romancistas é a mentira. (...)
Ao ler um romance, qualquer que ele seja, temos de ter consciência de que tudo aquilo é um perfeito disparate e, ao mesmo tempo, acreditar em cada palavra enquanto o lemos. No fim, quando acabamos de ler, talvez descubramos - se o romance for bom - que ficámos um pouco diferentes do que éramos antes de o ler, que nos modificámos ligeiramente, como se tivéssemos conhecido uma pessoa diferente, percorrido uma rua até aí desconhecida para nós."
                                                                                      Ursula K. Le Guin, 
in, A mão esquerda das trevas



Ursula K. Le Guin nasceu a 21 de outubro de 1929 na Califórnia, Estados Unidos da América, filha do antropólogo Alfred Kroeber e da escritora Theodora Kroeber.
Frequentou a Radclife College e a Universidade de Columbia. Casou, em Paris, com o jovem historiador Charles Le Guin.
Ursula K. Le Guin produziu uma vasta e influente obra no campo da ficção especulativa. Foi um dos nomes maiores da literatura norte-americana, tendo publicado 23 romances, inúmeras coletâneas de contos, livros infanto-juvenis, poesia, ensaios e traduções, ao longo de quase 60 anos.
As suas obras abrangiam ficção especulativa, ficção realista, não-ficção, argumentos para cinema, libretos, traduções, críticas literárias, discurso, poesia, ficção infantil. Muitas delas foram adaptadas para rádio, cinema, televisão e teatro.
O seu nome ganhou relevo em 1969 com o romance A mão esquerda das trevas, galardoado com o Prémio Hugo e com o Prémio Nebula, para melhor romance de ficção cientifica e que faz parte do fundo documental da Biblioteca Municipal.  





Fortemente influenciada pela antropologia cultural, o taoismo e o feminismo, recebeu inúmeros prémios literários. Em abril de 2000, a Biblioteca do Congresso dos EUA nomeou Le Guin como uma "Lenda Viva" na categoria de escritores e artistas pelas suas contribuições na herança cultural dos Estados Unidos.



Em 2021, o Serviço Postal dos Estados Unidos lançou um selo de correio com a imagem da autora, tendo como pano de fundo uma cena do seu romance A mão esquerda das trevas.



Em 2014 foi distinguida com a medalha da National Book Foundation pelo seu excecional contributo para as letras norte-americanas. 
Faleceu a 22 de janeiro de 2018 em sua casa.


"O romancista põe em palavras o que não pode ser dito em palavras."
                                                                                                                               Ursula K. Le Guin












outubro 12, 2022

LÁ, ONDE O VENTO CHORA



Delia Owens nasceu a 4 de abril de 1949, na Geórgia, Estados Unidos da América.
É coautora de três livros de não-ficção, sucessos de vendas internacionalmente reconhecidos, sobre a sua experiencia como cientista da vida selvagem, em África. Zoóloga, formada pela Universidade da Geórgia, tem ainda um doutoramento em comportamento animal pela Universidade da Califórnia.
Venceu o John Burroughs Award para artigos sobre natureza. 
Foi publicada em várias revistas de referência na área da ecologia e da vida selvagem.
A sua estreia na ficção já vendeu mais de 2,5 milhões de exemplares nos EUA, esteve mais de 40 semanas nos top de vendas, e os direitos de tradução já foram vendidos para 35 países. 
Foi ainda adaptado ao cinema, cuja estreia em Portugal foi no passado dia 1 de setembro, com o título A rapariga selvagem, realizado por Olivia Newman, tendo nos principais papeis os atores Daisy Edgar-Jones, Harris Dickinson e David Strathairn, produzido pela Reese Witherspoon.


"Não consigo expressar o quanto adorei este livro.
Não queria que esta história terminasse"
                                                                                           Reese Witherspoon


Mas de que livro é que Reese Witherspoon fala?




Kya tem apenas seis anos de idade quando vê a mãe sair de casa, com uma maleta azul e sapatos de pele de crocodilo, e percorrer o caminho de areia para nunca mais voltar. À medida que todas as outras pessoas importantes na sua vida a vão igualmente abandonado, Kya aprende a ser autossuficiente: sensível e inteligente, sobrevive sozinha no pantanal a que chama a sua casa, faz amizade com as gaivotas e observa a Natureza que a rodeia com a atenção que lhe permite aprender muitas lições de vida.
O isolamento em que vive influencia o seu comportamento: solitária e fugidia, Kya é alvo dos mais cruéis comentários por parte dos moradores da pacata cidade de Barkley Cove. E quando o popular e charmoso Chase Andrews aparece morto, todos os dedos apontam na direção de Kya, a miúda do pantanal. É então que o impensável acontece.



"Através da história de Kya, Owens fala-nos da forma como o isolamento
 afeta o comportamento humano e o profundo efeito 
que a rejeição pode ter nas nossas vidas."
                                                                                       Vanity Fair







 

outubro 06, 2022

ANNIE ERNAUX, PRÉMIO NOBEL DA LITERATURA 2022



"Je prends la mémoire comme un moyen de connaissance"
                                                                                   Annie Ernaux

Annie Ernaux nasceu a 1 de setembro de 1940, em Lillebonne, na Normandia.
Estudou nas Universidades de Rouen e de Bordéus, tendo-se licenciado em Literatura Moderna. É atualmente uma das vozes mais importantes da literatura francesa, tendo publicado mais de quinze romances, destacando-se por uma escrita onde se fundem a autobiografia, a sociologia, a memória e a história recente.
Estreou-se na literatura em 1974 com um romance autobiográfico Les Armoires Vides.
Em 1984 venceu o Prémio Renaudot, com outra obra autobiográfica , La Place.
Em 2008 foi galardoada com o Prémio de Língua Francesa, o Prémio Marguerite Duras e foi finalista do Prémio Man Booker Internacional.
Em 2017 foi laureada com o Prémio Marguerite Yourcenar.
Em 2019 venceu o Prémio Formentor de las Letras e em 2021 o Prémio Prince Pierre do Mónaco.

Autora do romance O Acontecimento, publicado este ano em Portugal, adaptado ao cinema pela cineasta Audrey Diwan, tendo vencido o Leão de Ouro de 2021, o principal prémio do Festival de Veneza.


Hoje mesmo, viu a sua carreira de escritora ser coroada com o prémio máximo da literatura, ao ser-lhe atribuído o 
Prémio Nobel da Literatura 2022 
"pela coragem e acuidade clínica com que descortina as raízes, os estranhamentos e os constrangimentos coletivos da memória pessoal".









setembro 28, 2022

HILARY MANTEL, 1952-2022

 

Hilary Mantel nasceu a 6 de julho de 1952 em Glossop, Inglaterra. 
Licenciada em Direito pela Universidade de Sheffield, trabalhou como assistente social. Casada com o geólogo Gerald McEwen, viveu 5 anos no Botswana, 4 na Arábia Saudita e em meados dos anos 80 regressou definitivamente ao Reino Unido.
Autora de 12 romances e de 2 coletâneas de contos, Hilary Mantel é mais conhecida pela trilogia sobre a ascensão e queda de Thomas Cromwell, ministro de Henrique VIII.


Venceu por 2 vezes o Booker Prize com os dois primeiros volumes da trilogia sobre Thomas Cromwell, em 2009 com Wolf Hall e em 2012 com O Livro Negro, sendo o primeiro autor britânico e a primeira mulher a receber por duas vezes este importante prémio literário.
Wolf Hall foi ainda finalista do Golden Booker, e foi considerado pelo The Guardian o melhor livro do século XXI. O romance está publicado em 41 países e já vendeu mais de 5 milhões de exemplares em todo o mundo.

"Quando comecei a escrever, via-me como uma escritora de romances históricos. Como nunca fui boa a construir enredos, deixava que a História se encarregasse dessa parte. Gosto muito de procurar os factos reais, de consultar os documentos, procurando os buracos, os hiatos, os intervalos em que não se sabe o que aconteceu, abrindo espaços para a invenção, para a criatividade do ficcionista."



A escritora foi condecorada várias vezes pela rainha Isabel II, a última das quais em 2014 com o título de Dama do Império Britânico e, nesse mesmo ano, foi a primeira autora a ter, em vida, o seu retrato na British Public Library com uma pintura de Nick Lord.



Sofria há muitos anos de endometriose, que foi mal diagnosticada no início, o que a impedia de escrever durante largos períodos de tempo, revelou em várias entrevistas.
Faleceu no passado dia 23 de setembro rodeada da família e amigos.


Na sua conta de Twitter, J.K.Rowling  escreveu:

 "Morreu um génio".



Conheça melhor a autora, 
passe pela Biblioteca Municipal e requisite um dos seus livros.






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