"Os meus vizinhos são determinados. Não têm preocupações, não se apaixonam, não roem as unhas, não acreditam no acaso, não fazem promessas nem barulho, não têm segurança social, não choram, não procuram as chaves nem os óculos, o telecomando, os filhos ou a felicidade.
Não leem, não pagam impostos, não fazem dieta, não têm preferências, não mudam de opinião, não fazem a cama, não fumam, não fazem listas, não pensam duas vezes antes de falar. Não têm substitutos.
Não são graxistas, ambiciosos, rancorosos, sedutores, mesquinhos, generosos, invejosos, desleixados, sublimes, curiosos, viciados, avarentos, sorridentes, maliciosos, violentos, apaixonados, mal-humorados, hipócritas, dóceis, duros, mudos, maus, mentirosos, ladrões, jogadores, corajosos, falsos, crentes, pervertidos, otimistas.
Estão mortos.
A única diferença entre eles é a madeira do caixão: carvalho, pinho ou mogno."
O romance que hoje sugerimos para
leitura do seu fim de semana
venceu os prémios Maison de la Press e o Prix des Lecteurs.
Está traduzido em mais de trinta línguas.
Em Itália, no ano da sua publicação, foi o livro mais vendido.
Em 2018 foi adaptado ao teatro por Mikaël Chirinian e Caroline Rochefort,
Irá ser adaptado em televisão numa minissérie.
Violette Toussaint é guarda de cemitério numa pequena vila da Borgonha. A sua vida é preenchida pelas confidências - comoventes, trágicas, cómicas - dos visitantes do cemitério e pelos seus colegas: três coveiros, três agentes funerários e um padre. E os seus dias pareciam ser assim para sempre. Até à chegada do chefe de polícia Julien Seul, que quer deixar as cinzas da mãe na campa de um desconhecido.
A história de amor clandestino da mãe daquele homem afeta de tal forma Violette, que toda a dor que tentou calar vem ao de cima. É tempo de descobrir o responsável pela tragédia que afetou a sua vida.
Atmosférico, tocante e - tantas vezes - hilariante, este é um romance de vida: dos que partiram e vivem em nós, da luz que se pode revelar mesmo na mais plena escuridão. Porque às vezes basta a simplicidade de um gesto, basta a frescura da água viva para nos devolver ao mundo, a nós mesmos e aos outros.
" O poder desta história é extraordinário.
Há muito tempo que não lia um romance tão bem escrito"
Wall Street Journal
Valérie Perrin nasceu a 19 de janeiro de 1967 em Remiremont, Vosges e é atualmente uma das autoras mais importantes do panorama literário francês.
Foi fotógrafa de cena e cenógrafa e a nossa sugestão de leitura para o seu fim de semana, é o seu segundo romance, o primeiro publicado em Portugal.
"Os gatos vêm roçar-se nas minhas pernas. De momento, há onze a viver no cemitério. Cinco deles pertenciam a defuntos, pelo menos é o que me parece, pois surgiram no dia dos funerais de Charlotte Boivin (1954-2010), Olivier Feige (1965-2012) ...
Em geral, os visitantes gostam de encontrar os gatos no cemitério. Muitos dizem que os defuntos se servem dos felinos para enviarem sinais. Na campa de Micheline Clément (1957-2013) está escrito: " Se o paraíso existir, paraíso não será se eu não for aí recebida pelos meus cães e gatos"
Sem comentários:
Enviar um comentário