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outubro 21, 2022

A VERDADE É UMA QUESTÃO DE IMAGINAÇÃO

"A ficção científica não prediz, descreve.
As predições são feitas por profetas (gratuitamente), por clarividentes (geralmente mediante um pagamento, o que os torna mais apreciados, em vida, do que os profetas) e por futurologistas (assalariados). A predição é um atividade de profetas, clarividentes e futurologistas, não de romancistas. A atividade dos romancistas é a mentira. (...)
Ao ler um romance, qualquer que ele seja, temos de ter consciência de que tudo aquilo é um perfeito disparate e, ao mesmo tempo, acreditar em cada palavra enquanto o lemos. No fim, quando acabamos de ler, talvez descubramos - se o romance for bom - que ficámos um pouco diferentes do que éramos antes de o ler, que nos modificámos ligeiramente, como se tivéssemos conhecido uma pessoa diferente, percorrido uma rua até aí desconhecida para nós."
                                                                                      Ursula K. Le Guin, 
in, A mão esquerda das trevas



Ursula K. Le Guin nasceu a 21 de outubro de 1929 na Califórnia, Estados Unidos da América, filha do antropólogo Alfred Kroeber e da escritora Theodora Kroeber.
Frequentou a Radclife College e a Universidade de Columbia. Casou, em Paris, com o jovem historiador Charles Le Guin.
Ursula K. Le Guin produziu uma vasta e influente obra no campo da ficção especulativa. Foi um dos nomes maiores da literatura norte-americana, tendo publicado 23 romances, inúmeras coletâneas de contos, livros infanto-juvenis, poesia, ensaios e traduções, ao longo de quase 60 anos.
As suas obras abrangiam ficção especulativa, ficção realista, não-ficção, argumentos para cinema, libretos, traduções, críticas literárias, discurso, poesia, ficção infantil. Muitas delas foram adaptadas para rádio, cinema, televisão e teatro.
O seu nome ganhou relevo em 1969 com o romance A mão esquerda das trevas, galardoado com o Prémio Hugo e com o Prémio Nebula, para melhor romance de ficção cientifica e que faz parte do fundo documental da Biblioteca Municipal.  





Fortemente influenciada pela antropologia cultural, o taoismo e o feminismo, recebeu inúmeros prémios literários. Em abril de 2000, a Biblioteca do Congresso dos EUA nomeou Le Guin como uma "Lenda Viva" na categoria de escritores e artistas pelas suas contribuições na herança cultural dos Estados Unidos.



Em 2021, o Serviço Postal dos Estados Unidos lançou um selo de correio com a imagem da autora, tendo como pano de fundo uma cena do seu romance A mão esquerda das trevas.



Em 2014 foi distinguida com a medalha da National Book Foundation pelo seu excecional contributo para as letras norte-americanas. 
Faleceu a 22 de janeiro de 2018 em sua casa.


"O romancista põe em palavras o que não pode ser dito em palavras."
                                                                                                                               Ursula K. Le Guin












março 24, 2020

APRENDE A VIVER O TEMPO QUE TE FOI DADO



Dario Fo, escritor, dramaturgo e comediante italiano,  nasceu a 24 de Março de 1926 em Sangiano, Lombardi, Itália.
Em 1940 mudou-se para Milão para estudar arquitectura na Academia de Arte de Brera. Quase com a Guerra a terminar, foi mobilizado para o exército da República de Saló, mas conseguiu fugir e viveu os últimos meses da Segunda Guerra Mundial escondido. 
Os seus pais eram ativistas da resistência. O pai organizava o transporte de cientistas judeus e prisioneiros de guerra britânicos para a Suíça e a sua mãe cuidava dos partisans feridos. Retomou os seus estudos no final da Guerra e ente 1945 e 1951 a sua atenção virou-se para os palcos. Utilizou a farsa e a sátira para improvisar as suas histórias nos palcos de cabarés e de pequenos teatros.
Em 1969 estreou uma das suas obras mais aplaudidas e influentes, "Mistério Bufo", em que aborda algumas passagens bíblicas ao estilo dos trovadores medievais.



Ao longo da sua carreira publicou mais de 100 obras teatrais, 
muitas delas interpretadas por ele, que o Leitor pode ver no youtube.

Em 1997 recebeu o Prémio Nobel da Literatura.


A Academia Sueca resumiu assim a sua obra: “Ele emula os bobos da Idade Média, flagelando a autoridade e protegendo a dignidade dos espezinhados.”
"Um provocador profissional", foi assim que os jornais o definiram, quando foi anunciado que tinha recebido o Nobel da Literatura. Dario Fo declarou-se “chocado” com a escolha da Academia Sueca. Para ele a literatura era só uma das suas disciplinas, cultivada enquanto dramaturgo e sempre numa perspectiva de sátira. “Quando falo de algo trágico tento sempre vê-lo com sarcasmo, evito o melodrama. Para mim o sarcasmo é a forma mais eficaz”

O seu primeiro romance, escrito aos 87 anos, vinte anos depois de receber o Nobel da Literatura A Filha do Paparecorre mais uma vez à sátira social, à alegoria e ao sarcasmo para reescrever a biografia de uma das mulheres mais odiadas da História: Lucrécia Borgia.
O seu último livro, incide na figura de Charles Darwin: "Somos macacos por parte do pai ou da mãe?", contém  questões sobre a origem da vida e é ilustrado com desenhos da sua própria autoria.


Dario Fo e a sua mulher Franca Rame vieram a Portugal em 2002 para uma aula-espetáculo de teatro no Europarque, no âmbito do Imaginarius - Festival Internacional de Teatro de Rua da Feira.

A 13 de outubro de 2016, a poucas horas de ser conhecido o vencedor do Prémio Nobel da Literatura, Dario Fo faleceu. Em 2016 o vencedor do Nobel foi Bob Dylan.

Na próxima sexta-feira, 27 de março, comemora-se o
Dia Mundial do Teatro.

E em tempo de Ficar em Casa, o Teatro vem até si.

O Teatro Aberto anunciou o lançamento da iniciativa “Teatro Aberto em Casa”, dando resposta ao encerramento das salas de espetáculo neste período de pandemia pela covid-19.
O conjunto de peças – que fazem parte das temporadas da companhia – vai ser transmitido online, através do site do Teatro Aberto, sempre às 21h.


O cartaz do que pode ver em sua casa:  
  • A Mentira”, de Florian Zeller - até 25 de março, 
  • A Verdade”, também de Florian Zeller  - de 26 de março a 1 de abril, 
  • Vermelho”, de John Logan, - de 2 a 8 de abril, 
  • Noite Viva”, de Conor McPherson - de 9 a 15 de abril, 
  • O Preço”, de Arthur Miller - de 16 a 22 de abril e 
  • Amor e informação”, de Caryl Churchill - de 23 a 29 de abril.

O teatro não pode parar 
                                                                             João Lourenço




O Ilustrador francês Albert Uderzo faleceu hoje aos 92 anos, durante o sono, após uma crise cardíaca sem ligação ao covid-19. Hoje é dia de recordarmos a aldeia gaulesa de Asterix, Obelix, Panoramix, Caralinda e companhia. Não esquecendo César e as suas tropas.


Boa companhia para ficar em casa



maio 26, 2017

ACCEPTASNE ELECTIONEM?


"Este voltou-se para a assembleia e anunciou que sua eminência, cardeal Luca Rossini, fora eleito bispo de Roma e sucessor de Pedro, Príncipe dos Apóstolos, por uma maioria de dois votos". 
In, Eminência
                                                                                                                                  
                                         

Em 1998, um ano antes de morrer, Morris West dá-nos a conhecer Luca Rossini. Um argentino que foi eleito Papa.
Será que chega a ser entronizado?
Já em 1988, a ficção de Morris West assumiu o estatuto de profecia realizada com o seu romance As Sandálias do Pescador. Este romance girava em torno da eleição de um papa eslavo. Anos mais tarde o arcebispo polaco Karol Wojtyla foi eleito papa e adotou o nome de João Paulo II.


Mas voltemos ao cardeal Luca Rossini, a personagem principal do romance de
MORRIS WEST,
A EMINÊNCIA,
editado pelas Publicações Europa América,
 e que sugerimos para leitura do seu fim de semana.




É-nos narrada a história da próxima eleição papal e de algumas personagens que talvez nela venham a participar. Entre elas, a de maior importância é a Eminência, Luca, o cardeal Rossini, um homem que conheceu a tortura e a degradação pessoal enquanto, na juventude, exercia o sacerdócio na Argentina e que, depois de se exilar em Roma, foi nomeado pelo pontífice para ocupar um cargo importante. No entanto, esta obra vai além dos meandros políticos do Vaticano. Nela vamos encontrar paixão, ternura e intriga, suspense e drama e é provável que também venha a revelar-se profética.



Morris West nasceu a 26 de abril de 1916 em Melbourne, na Austrália. Aos 14 anos entrou para a Ordem dos Irmão Cristãos, onde tomou votos, aí tendo exercido as funções de monge docente durante oito anos. Em 1941, pouco antes de professar, abandonou a Ordem. Alistou-se então no exército australiano, trabalhando para os Serviços Secretos durante a segunda guerra mundial.
Em 1985, foi correspondente do Daily Mail na cidade do Vaticano. Essa experiência permitiu-lhe recolher muitos conhecimentos sobre os meandros eclesiásticos, que utilizou na concepção de vários dos seus romances.
Após ter vivido muitos anos na Grã-Bretanha e noutros países europeus, Morris West regressou à Austrália, a Sydney, onde foi nomeado presidente do Conselho da Biblioteca Nacional do seu país.
Apesar de ter sido um católico praticante até à sua morte a 9 de outubro de 1999, Morris West não deixou de criticar as posições da Igreja das quais discordava. Muitos dos seus romances, que estão à disposição do Leitor na Sala de Leitura, tratam de Papas, intrigas internas do Vaticano e como o poder do catolicismo se alastra pela política.



Fotografia de George Marks

Bom Fim de Semana com Boas Leituras

janeiro 04, 2017

O BOM DE UM LIVRO É QUE SE LEIA



Umberto Eco, filósofo, semiólogo, linguista, historiador e escritor, considerado um dos maiores estudiosos da ciência da comunicação,  nasceu em Alexandria, na região do Piemonte, Itália, a 5 de janeiro de 1932. 
Cresceu durante a II Guerra Mundial, estudou filosofia e estética e formou-se com uma tese sobre a estética de São Tomás de Aquino. Em 1954, foi trabalhar na RAI, a televisão pública italiana, onde esteve durante cinco anos como editor cultural. A partir da década de 1960 foi professor convidado em inúmeras prestigiadas universidades, tais como a New York University, columbia, Yale, Cambridge, Oxford, Harvard, entre outras, tendo recebido o título de Doutor Honoris Causa em mais de 30 universidades. Foi também colunista em diversos jornais italianos, tais como Il Giorno, Corriere della Sera e L'Expresso.
Publica diversos livros e coletâneas e de ensaios na década de 70, antes de começar a escrever romances.


O seu primeiro livro de ficção, O Nome da Rosa (1980) cuja ação decorre na primeira metade do século XIV, é um romance histórico que se funde com a narrativa policial e desenvolve uma série de apontamentos teológicos e filosóficos, tornou-se um best-seller e foi adaptado para cinema pelo cineasta francês Jean-Jacques Arnaud, tendo como protagonista o ator Sean Connery.


Umberto Eco esteve várias vezes em Portugal e gostava particularmente da cidade de Tomar, chegando a apelidá-la de "l'ombelico del mondo" (umbigo do mundo), expressão italiana para lugares cuja beleza e importância se equipara à da outrora capital do Império Romano. Em 1984 visitou o Convento de Cristo, monumento que exercia sobre o autor um fascínio, de sobretudo e chapéu à Sherlok Holmes e há quem diga que o viu escrever sentado no Café Paraíso.

"Estive lá duas vezes: uma primeira a convite de Mário Soares, 
durante a qual conheci Saramago, e depois aquando da pesquisa
 para o romance O Pêndulo de Foucault, tendo visitado Tomar por causa dos Templários. 
E ouvi fado numa casa  típica" 
                                                                           Umberto Eco


Foi um defensor da importância do pensamento crítico: "Os livros não são feitos para acreditarmos neles mas para os questionarmos. Quando pensamos num livro não devemos perguntar-nos o que é que diz mas sim o que é que significa".
Autor de inúmeros ensaios sobre semiótica, estética medieval, linguística e filosofia, considerava-se sobretudo um filósofo: "Só escrevo romances aos fins de semana".


Aos 84 anos de idade, o filósofo morreu em sua casa, em Milão, na noite de 19 de fevereiro de 2016.


A par de outras sugestões de leitura, durante este mês, 
Toda a Bibliografia de Umberto Eco 
que a Biblioteca Municipal 
dispõe para empréstimo domiciliário, 
estará patente no nosso habitual cantinho das sugestões.


Só falta o Leitor aparecer

Boa Semana Com Boas Leituras




abril 07, 2014

EL FUTURO DE LOS NIÑOS ES SIEMPRE HOY. MAÑANA SERÁ TARDE.

Foi, em 1945,  a primeira escritora latino-americana a ganhar o Prémio Nobel da Literatura.
Na cerimónia da entrega do prémio, foi apelidada de "rainha da literatura latino-americana"
 
 
 
Gabriela Mistral, pseudónimo de Lucila de María del Perpetuo Socorro Godoy Alcayaga, nasceu a 7 de abril de 1889, em Vicuña, Chile, foi poetisa, educadora, diplomata e feminista chilena. Escolheu Gabriela, por prazer, e Mistral, porque sentia ser o vento que soprava com força e tudo varria.
 
Teve uma vida marcada por terríveis perdas. Foi abandonada, ainda bebé pelo pai, a mãe morreu em 1929, o seu noivo suicidou-se em 1907 e, anos mais tarde, em 1943, o seu filho adotivo, Yin Yin, suicidou-se com arsénico.
 
"Alma tremendamente apaixonada, grande em tudo, depois de verter em vários poemas a dor da sua íntima desolação, encheu esse vazio com a preocupação pela educação das crianças, a redenção dos humildes e o destino dos povos hispânicos. Tudo isto, porém, são outros tantos modos de expressão do sentimento principal da sua poesia: a ânsia insatisfeita da maternidade, que é ao mesmo tempo instinto feminino e anelo religioso da eternidade"
                                                                                                             Federico de Onís




Em 1932 inicia a carreira diplomática. Foi nomeada cônsul em Nápoles, mas Mussolini recusa-a. Foi designada consulesa em Lisboa em 1935 e 1936. Esperava encontrar em Portugal um lugar calmo para se dedicar à sua escrita, mas o presidente chileno, Arturo Alessandri Palma, solicitou-lhe que ajudasse a resgatar médicos, intelectuais  e escritores fugidos da ditadura espanhola.
Com a colaboração de antissalazaristas, conseguiu vistos via Portugal para o Chile, de algumas dezenas de intelectuais republicanos. Miguel de Unamuno agradeceu-lhe ter conseguido fugir para França.
"Lisboa tem-me curado da dor da Espanha, mas não durmo a pensar na dor do povo que sofre a matança da Legião Condor".
 
 
Gabriela Mistral gostou de Portugal: "Neste Portugal encontrei paz, tendo um ano de felicidade, nada menos que felicidade". Aprendeu português, língua em que escreveu Repertório Americano e namorou-se da palavra saudade, que definiu como viver em estranheza do mundo.
 
 
Gabriela Mistral é exonerada das suas funções por Salazar, tendo que fugir do país.
 
 
 "Estamos em vésperas da Segunda Guerra Mundial e Gabriela sente-se deprimida pelo que se passa na Europa, ao mesmo tempo que dezassete países da América Latina a propõem para o Prémio Nobel. (...) Em dezembro desse ano, 1945, recebe das mãos do Rei Gustavo V, em Estocolmo, o Prémio Nobel da Literatura. No discurso de agradecimento Gabriela não esquece o povo português no meio de quem gostou de viver: " Por uma sorte que me ultrapassa, sou neste mundo a voz direta dos poetas da minha raça e a indireta das mui nobres línguas espanhola e portuguesa"
                                                                              In Mulheres Escritoras, de Maria Ondina Braga
 
 
 
Seu nome é hoje
 
Somos culpados
de muitos erros e faltas
porém nosso pior crime
é o abandono das crianças
negando-lhes a fonte da vida
Muitas das coisas
de que necessitamos
podem esperar. A criança não pode
Agora é o momento em que
seus ossos se estão formando
seu sangue também está
e seus sentidos
estão se desenvolvendo
A ela não podemos responder "amanhã"
seu nome é hoje.

                                                                                                       Gabriela Mistral
 
 

"Esta mulher canta a criança como ninguém o fez antes dela"
                                                                                                       Paul Valéry
  
 
Depois de uma doença prolongada, morreu em Nova Iorque a 10 de janeiro de 1957. No Chile, são declarados 3 dias de luto nacional e são prestadas homenagens em todo o continente americano.
 
Atualmente, no Chile,  é reconhecida como a maior poetisa nacional, onde existem ruas e museus com o seu nome.
Nas comemorações dos 60 anos da atribuição do Nobel, a 15 de novembro de 2005, o metro de Santiago, dedicou-lhe uma carruagem com o seu nome e com as suas fotografias.
Em setembro de 2009, entrou em circulação uma nova nota de 5 mil pesos com a sua imagem.
 
 
Não existe em Portugal muita informação sobre Gabriela Mistral, mas,
caro leitor,  na Biblioteca da sua Cidade pode requisitar o livro
 Mulheres Escritoras, de Maria Ondina Braga
 para ficar a conhecer melhor a vida e a obra da nossa homenageada de hoje.
 
 
 
Esperamos  pela sua visita
 
 
 
  

agosto 27, 2013

SODADE SODADE/ SODADE/ DESS NHA TERRA SÃO NICOLAU


"O artista e o poeta praticamente não morrem.
Desaparecem mas não morrem e nós vamos ouvir Cesária
até ao fim da nossa vida,
ela vai existir com as suas mornas e coladeras até ao último dia das nossas vidas"
                                                                                                         Tito Paris
 
 
 

"Cize", como era carinhosamente tratada pelos amigos, nasceu a 27 de agosto de 1941, no Mindelo, Cabo Verde e faleceu, também no Mindelo, a 17 de dezembro de 2011.
Desde cedo que se lembrava de cantar, "cantava ao ar livre nas praças da cidade para afastar coisas tristes". Aos 16 anos cantava nos bares da cidade e nos hoteis, onde uma legião de fãs já a aclamava como a "rainha da morna".
A independência de Cabo Verde, em 1975, coincide com a altura em que os problemas com o álcool a levam a deixar de cantar. Mas em 1985, a convite do músico Bana, Cesária Évora vem a Lisboa e grava um disco, que passou despercebido à crítica nacional. Seguiu para Paris onde foi "descoberta" e de lá partiu para todos os palcos do mundo.
 



Em 1988 grava "La diva aux pieds nus", álbum aclamado pela crítica. Foi nesta fase da sua carreia, que o empresário francês José da Silva teve um papel fundamental e que se manteve até ao final.
Em 1992 gravou "Miss Perfumado" e aos 47 anos torna-se uma estrela internacional no mundo da world music, cantando com importantes músicos e pisando os mais prestigiados palcos, incluindo palcos portugueses, que esgotavam para a ouvir cantar "Sodade".

 
"Eu preciso de quando em vez da minha terra,
do povo que sou e desse marulhar das ondas"
                                                                                                                Cesária Évora

 

Em 1999, Portugal agraciou Cesária Évora com a medalha da Grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
 
O galardão Les Victoires de la Musique para melhor álbum de world music foi-lhe atribuído por duas vezes: em 2000 pelo álbum "Café Atlântico" e em 2004 pelo álbum "Voz d'Amor". Este último  conquistou um grammy para o Melhor Álbum de World Music Contemporânea.
 
Em 2009, o presidente francês Nicolas Sarkozy entregou-lhe a medalha da Legião de Honra.
 
Em 2010, foi a vez do presidente Lula da Silva, a condecorar no Rio de Janeiro com a medalha da Ordem de Mérito Cultural.
 
Em 2011, foi distinguida com o Prémio Carreira na gala do Cabo Verde Music Awards.
 
Em setembro de 2011, depois de cancelar uma série de concertos por se encontrar muito debilitada, a editora Lusafrica, anunciou que Cesária Évora iria pôr fim à sua carreira.



"Da primeira vez não fui. Ela queria que eu fosse apenas com o meu pianista.
Da segunda fui porque pude levar comigo todos os meus músicos".
                                                          (sobre a atuação no aniversário de Madonna)


O nome da cantora cabo-verdiana, passou a constar da toponímia de duas cidades francesas: " A rua Cesária Évora exprime a vontade do município e dos habitantes de Saint-Denis em valorizar as mulheres que lutaram pelos direitos humanos. A rua situa-se no bairro Gare Confluences, e vem juntar-se a nomes ilustres como os de Miriam Makeba, Rosa Parks, Bledhar Fátima Bledhar e Simone Bernier, aos quais foi igualmente reservado um espaço público naquela cidade" disse à Lusa Ana José Charrua.
O seu nome figura também na cidade de Colombe, nos arredores de Paris, disse a mesma fonte.

A título póstumo, a cantora foi homenageda com uma estátua no Aeroporto de São Vicente, em Cabo Verde,  que a partir de março de 2012, passou a designar-se Aeroporto Internacional Cesária Évora.
 
Foi feito um apelo para os seus admiradores caminharem de pés descalços, a 27 de agosto, dia em que a cantora faria 72 anos. O desafio foi lançado em Cabo Verde e já encontrou adesão em França como o "Dia dos pés descalços".
A 3 de março deste ano, foi lançado em todo o mundo "Mãe carinhosa", o ábum póstumo de Cesária Évora, composto por 13 canções gravadas entre 1977 e 2006.



BOA SEMANA COM BOA MÚSICA


 



abril 16, 2013

UM DIA SEM RIR, É UM DIA DESPERDIÇADO


"A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios.
 Por isso cante, chore, dance, ria e viva intensamente,
antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos"
                                                                                                              Charles Chaplin
 



Charles Chaplin, realizador, ator e compositor inglês nasceu a 16 de abril de 1889, em Londres.
Filho de artistas do vaudeville, viveu uma infância humilde, marcada pelo abandono do lar por parte do pai alcoólico. Aos 5 anos já participava em espetáculos, cantando e dançando nas ruas de Londres com o seu irmão Sydney.

Depois de uma breve passagem por um orfanato, junta-se a uma companhia infantil de teatro. Mais tarde, por influência de seu irmão Sidney, é contratado pela Companhia Teatral de Fred Karno, onde permaneceu até 1912, alcançando algum prestígio a nível interno. Em 1912, durante uma digressão aos Estados Unidos, atuou ao lado de Stan Laurel e chamou a atenção do produtor cinematográfico Mack Sennett, patrão do Keystone Studios.
 

  
Em Mabel's Strange Predicament (A Estranha Aventura de Mabel, 1914), desempenhou pela primeira vez a personagem que o imortalizou:  Charlot, o vagabundo com o chapéu de coco, calças largas e bengala em constante movimento, que numa sucessão de gags cómicos procura libertar-s,e de forma pouco ortodoxa, de inúmeras situações desfavoráveis, ora pontapeando agentes da lei, ora cortejando belas mulheres. O facto de os espectadores se identificarem com as peripécias de Charlot ajudou ao enorme êxito da personagem.


"Gosto dos meus erros,
não quero prescindir da deliciosa liberdade de me enganar."
                                                                                                           Charles Chaplin

 

Após mais um sucesso com The Tramp ( Vagabundo, 1915), Chaplin recebeu um contrato milionário da First National Studios com uma cláusula irrecusável: a de manter o controlo absoluto da criação artística dos filmes que interpretava e dirigia. Dando asas a toda a sua imaginação e talento, somou êxitos em cadeia, dos quais se destacou o célebre The Kid (O Garoto de Charlot, 1921). No início dos loucos anos 20, era o comediante mais bem pago de Hollywood, facto que o levou a enveredar por uma nova aventura: juntamente com o realizador D.W.Griffith e os atores Douglas Fairbanks e Mary Pickford, fundou a United Artists, que em breve se tornou numa das produtoras de maior sucesso do Mundo. Nesta tripla faceta de ator-realizador-produtor, continuou a maravilhar os espectadores, imortalizando cenas clássicas como a de comer atacadores dos sapatos cozidos, em Gold Rush (A Quimera do Ouro, 1925).
 
Em 1928, ainda a Academia dava os seus primeiros passos, já Chaplin recebia nomeações para 2 Oscares como ator e realizador em The Circus (O Circo, 1928). O seu último filme mudo foi o inesquecível Modern Times (Tempos Modernos, 1936) onde caricaturizou, de forma genial, o sistema industrial. No seu filme seguinte, fez uma brilhante sátira a Adolf Hitler e ao regime nazi em The Great Dictator (O Grande Ditador, 1940),
 
 
 
 
 
A sua interpretação de Adenoid Hinkel, Ditador da Tomânia, permitiu a Chaplin ser nomeado para o Oscar de Melhor Ator. A partir daí, a carreira de Chaplin começou a ressentir-se duma constante publicidade negativa, devido a divórcios litigiosos, acusações de adultério e vários processos de paternidade.
 
Em 1952, o senador McCarthy acusou-o de simpatias comunistas e recusou-lhe o visto de entrada nos EUA, obrigando Chaplin a refugiar-se na Suíça. Foi na Europa que Chaplin promoveu o seu seguinte filme, o brilhante drama Limelight (Luzes da Ribalta, 1952) sobre um palhaço decadente que se apaixona por uma jovem bailarina. Neste filme, salientou-se a magistral banda sonora da autoria do próprio Chaplin, que lhe valeu um Oscar em 1972, ano em que o filme foi lançado comercialmente em Hollywood.

Recebeu finalmente autorização para entrar nos Estados Unidos em 1972, aos 83 anos,  e foi aplaudido entusiasticamente de pé, durante dez minutos, por uma plateia em êxtase ,quando recebeu um Oscar Honorário pelo seu contributo à arte cinematográfica
No dia de natal de 1977, em Vevey, na Suíça, faleceu aos 88 anos de idade.
 
Pela sua inigualável contribuição ao desenvolvimento da sétima arte, Chaplin é o mais homenageado cineasta de todos os tempos, sendo ainda em vida condecorado pelos governos britânico (Cavaleiro do Império Britânico) e francês (Légion d 'Honneur), pela Universidade de Oxford (Doutor Honoris Causa) e pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos (Oscar especial pelo conjunto da sua obra, em 1972).
 
"Não devemos ter medo dos confrontos.
Até os planetas chocam e do caos nascem estrelas."
                                                                                                      Charles Chaplin
 
 
 
Para saber mais sobre cinema e sobre a vida e obra de Charles Chaplin, 
o leitor só tem que nos visitar.

 
Esperamos por si

 
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Abandono ou Fado de Peniche


"Por teu livre pensamento
foram-te longe encerrar.
Tão longe que o meu lamento
não te consegue alcançar.
E apenas ouves o vento.
E apenas ouves o mar.
 
"Levaram-te, era já noite:
a treva tudo cobria.
Foi de noite, numa noite
de todas a mais sombria.
Foi de noite, foi de noite,
e nunca mais se fez dia.
 
"Ai dessa noite o veneno
persiste em me envenenar.
Ouço apenas o silêncio
que ficou em teu lugar.
Ao menos ouves o vento!
Ao menos ouves o mar!"


                                                                     David Mourão-Ferreira, in Obra Poética vol I






 

novembro 15, 2012

EU PINTO. É UMA AVENTURA QUE NÃO TROCO POR NENHUMA OUTRA.


"Vim do oriente, onde nasce a luz; passei por África, onde aprendi a amar a vida; cheguei à Europa, onde estudei pintura na cidade das luzes; 
depois fixei-me em Lisboa"
                                                                                                                  Maluda, agosto de 1996




Maria de Lurdes Ribeiro, mais conhecida por Maluda, nasceu a 15 de novembro de 1934 em Pangim, Goa. Viveu desde 1948 em Lourenço Marques (atual Maputo), onde começou a pintar e onde formou, com mais quatro pintores, o grupo "Os Independentes".
Em 1963 obteve uma bolsa de estudos da Fundação Calouste Gulbenkian e viajou para Portugal, onde, em Lisboa,  trabalhou com o mestre Roberto de Araújo.
Como bolseira da Gulbenkian, entre 1964 e 1967 viveu em Paris. Aí trabalhou na "Académie de la Grande Chaumière" com os mestres Jean Aujame e Michel Rodde. Foi nessa altura que se interessou pelo retrato e por composições que fazem a síntese da paisagem urbana, com uma palete de cores muito característica e uma utilização brilhante da luz, que conferem às suas obras uma identidade muito própria e inconfundível.



Em 1969 realizou a sua primeira exposição individual na galeria do Diário de Notícias, em Lisboa. Em 1973 fez uma grande exposição individual na Fundação Calouste Gulbenkian, que  obteve um grande sucesso, registando cerca de 15.000 visitantes e lhe deu uma grande notoriedade.
Foi novamente bolseira da Fundação Gulbenkian entre 1976 e 1976, estudando em Londres  e na Suíça.


A partir de 1978 dedicou-se à temática das janelas, procurando utilizá-las como metáfora da composição público-privado.

Em 1979 recebeu o Prémio de Pintura da Academia Nacional de Belas Artes de Lisboa. 
Ainda nesse ano, realizou uma exposição na Fundação Gulbenkian em Paris.

Fez exposições individuais em Nova Iorque, Washington e Dallas.
Participou na Bienal Ibérica em Campo Maior e no Museu de Arte Contemporânea em Cáceres.





"Os quadros de Maluda são um hino, um louvor à vida, 
ou seja,  a construção do abrigo humano"
                                                                                                   Maria Helena Vieira da Silva 




A partir de 1985, Maluda foi convidada para fazer várias séries de selos para os CTT.
Dois selos da sua autoria ganharam, na Wordl Government Stamp Printers Conference, em Washingoton, em 1987 e em Périgueux (França), em 1989, o Prémio Mundial para o melhor selo.
Em 1988 pinta um novo selo, "Évora Património Mundial", que, no ano seguinte, recebe novamente em Périgaud o Prémio Mundial para o melhor selo.



Em 1994 recebeu o prestigiado "Prémio Bordalo Pinheiro", atribuído pela Casa da Imprensa.
No âmbito da "Lisboa Capital da Cultura", realizou uma exposição individual no Centro Cultural de Belém.
Foi agraciada, em 1998,  pelo Presidente da República, Dr. Jorge Sampaio com a Ordem do Infante D. Henrique, ao mesmo tempo que realizou a sua última exposição  individual, "Os selos de Maluda", patrocinada pelos CTT.

"Não acredito na pintura de ocasião, de inspiração. A pintura é trabalho, a arte dá trabalho". Por isso pintava todos os dias, como um emprego. De preferência à tarde, quando as cores eram mais puras, mais filtradas.

A 10 de fevereiro de 1999, aos 64 anos, Maluda morreu, vítima de cancro no pâncreas. Em testamento, instituiu o "Prémio Maluda" que, durante alguns anos, foi atribuído pela Sociedade de Belas Artes.
Em 2009 foi publicado um livro que assinalou a passagem do décimo aniversário da sua morte, reunindo a quase totalidade da sua vasta obra e que contou com o alto Patrocínio do Presidente da República. Nesse mesmo ano, a Assembleia da República homenageou-a com uma grande exposição retrospetiva.


O leitor encontrará a obra de Maluda nos livros de arte na Biblioteca da sua cidade

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