"- Um livro de culinária!
Franzo a testa, confusa. O homem é ao mesmo tempo indelicado e obscuro. Quem é que ele pensa que sou? Posso ter trinta e seis anos e ser solteira, o meu vestido pode estar manchado de suor, mas não sou uma serviçal doméstica de avental. (...)
- Mas eu não ... não sei cozinhar - digo sem convicção, e dirijo-me à porta como uma sonâmbula. (...)
- Se sabe escrever poemas, também sabe escrever receitas. (...)
- Bonito e elegante, Miss Acton. Traga-me um livro de culinária tão bonito e elegante como os seus poemas."
O romance inspirado na história real de Eliza Acton,
que inventou o conceito do livro de culinária moderno,
é a nossa sugestão de leitura para o seu fim de semana.
Especiarias exóticas, vegetais aromáticos e frutos exuberantes...
Em 1835, Londres está a transbordar de novos ingredientes que ninguém sabe usar. Tudo isso passa ao lado de Eliza, uma jovem de boas famílias que tenciona dedicar a vida a escrever poesia e a partilhá-la com o mundo. Um sonho grandioso que termina abruptamente quando o seu editor lhe sugere uma mudança de rumo. Se Eliza quer ser publicada, que escreva então algo aceitável para uma menina da sua posição. Como um livro de cozinha.
Para a aspirante a poetisa, que nunca sequer cozeu um ovo, qualquer ligação a um fogão é uma afronta... até ao dia em que a situação familiar a obriga a repensar tudo e a pôr, literalmente, as mãos na massa. Depressa vai descobrir não apenas um talento, mas uma verdadeira paixão. Com a ajuda da sua jovem assistente Ann Kirby, entre papel e tachos, lágrimas e gargalhadas, segredos e confissões, Eliza vai descobrir as maravilhas da gastronomia e o poder da amizade.
Mas quando Ann descobre um segredo do passado dela, tudo o que conquistaram se transforma numa ameaça.
Annabel Abbs nasceu no Reino Unido a 20 de outubro de 1964, é licenciada em Literatura Inglesa. Os seus contos e textos jornalísticos estão publicados no The Guardian, no The Telegraph, na Tatler e na Elle Magazine.
O seu livro, que hoje sugerimos para leitura de fim de semana, foi considerado pelo New York Times Books uma das melhores obras de ficção histórica de 2021, e está a ser traduzido para dezasseis idiomas.
"E começa a falar-me sobre combinações de pós de caril, os benefícios das especiarias frescas, os tamarindos que começou agora a importar ainda na casca. Estou tão absorta que me esqueço completamente da cozinha - e das minhas gafes tão pouco femininas. Ele descreve o sabor fumado dos cominhos, o amargor negro das sementes de fenacho, a opulência doce da polpa de coco fresco, a explosão feroz de raiz de gengibre."
"Tal como um poema, uma receita deve ser clara, precisa e ordenada"
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