março 01, 2013


FIQUE A SABER O QUE PROGRAMÁMOS NO MÊS DE MARÇO PARA SI






FREQUENTE A SUA BIBLIOTECA



fevereiro 27, 2013

FELIZ ANIVERSÁRIO BAPTISTA-BASTOS



"Morre-se de amor. Também se morre dessa doença cruel e implacável, 
que a sociedade moderna criou e parece não estar muito preocupada 
em exterminar - o desprezo pelos outros"
                                                                                                                        Baptista-Bastos


Baptista-Bastos, considerado um dos maiores prosadores portugueses contemporâneos, nasceu em Lisboa a 27 de fevereiro de 1934.
Frequentou a Escola de Artes Decorativas António Arroyo e o Liceu Francês. Começou a trabalhar no jornal "O Século", de onde foi despedido em abril de 1960 por motivos políticos (esteve envolvido na Revolta da Sé, em 1959, na campanha da candidatura de Humberto Delgado). Devido às circunstâncias trabalhou na RTP numa semi-clandestinidade com o nome de Manuel Trindade. Foi o redator em Lisboa da Agence France Press. Mas foi no vespertino Diário Popular, onde trabalhou de 1965 a 1988, que marcou o jornalismo da época. Como cronista, colaborou e ainda colabora no Jornal de Notícias, A Bola, Tempo Livre, JL - Jornal de Letras, Artes e Ideias, Expresso, Jornal do Fundão e no Correio da Manhã. Foi fundador do semanário O Ponto. Escreveu e leu crónicas para a Antena Um e Rádio Comercial. Foi o primeiro dos comentadores de Crónicas de Escárnio e Maldizer na TSF.


"Um grande escritor e um grande jornalista. O que é raro."
                                                                                                                 António Ramos Rosa


Baptista-Bastos foi colunista dos jornais Publico e Semanário Económico. Realizou uma série de entrevistas para as revistas TV Mais e TV Filmes. Apresentou no canal de televisão SIC o programa "Conversas Secretas" e, para a SIC-Notícias um programa de entrevistas "Cara-a-Cara". Em 1999, o jornal Público convidou-o a realizar uma série de dezasseis entrevistas com o tema: Onde é que você estava no 25 de abril? 
Foi docente na Universidade Independente, onde lecionou a disciplina de Língua e Culturas Portuguesas.
Atualmente Baptista-Bastos é cronista do Diário de Notícias.

"Fala-se na imparcialidade e na neutralidade...Não há jornalismo neutro - o jornalismo é o lado humano das coisas. (...) Expliquem-me como é possível afastarmo-nos. Então um tipo vê uma desgraça, escreve um artigo e depois vai beber um uísque? Não me venham com essa conversa. Eu sei que há pessoas assim, mas essas não deixam marca no jornalismo."
                                                                                     Baptista-Bastos, in Jornalismo & Jornalista




"Ter saudade é ter lastro, história percurso. 
Anda por aí muita amnésia e muita ignorância"
                                                                                  Baptista-Bastos, in Diário de Notícias, 2008


Todos os seus livros estão presentes em antologias do ensino do português e selecionados por temas em obras das modernas correntes literárias.  Está traduzido em checo, búlgaro, russo, alemão, francês e castelhano. Os seus livros têm servido de estudo e para teses de licenciatura em universidades estrangeiras e portuguesas.
Os seus romances "Cão Velho entre Flores" e "Viagem de um Pai e de um Filho pelas Ruas da Amargura" são considerados obras primas e o leitor encontra-os na nossa sala de leitura. O primeiro foi indicado como leitura obrigatória no Curso de Literatura Portuguesa Contemporânea da Sorbonne. 
Ainda sobre este romance, Urbano Tavares Rodrigues escreveu: "Um livro excecional. Obra  das mais fortes e belas da literatura portuguesa deste século."


Baptista-Bastos recebeu os seguintes Prémios:
  • Prémio Feira do Livro de 1966
  • Prémio Artur Portela (Casa da Imprensa) de 1978
  • Prémio Nacional de Reportagem/Prémio Gazeta de 1985, atribuído pelo Clube de Jornalistas
  • Prémio Urbano Carrasco de 1986
  • Prémio Casa da Imprensa: Prémio Prestígio, de 1986
  • Prémio O melhor Jornalista do ano (1980 e 1983)
  • Prémio Porto de Lisboa de 1988
  • Prémio Pen Clube de 1987 com o seu livro "A Colina de Cristal"
  • Prémio Cidade de Lisboa de 1987 - "A Colina de Cristal"
  • Prémio da Crítica 2002 (Atribuído em 2003 ao romance "No Interior da Tua Ausência" e como consagração de uma obra literária
  • Grande Prémio da Crónica da APE, atribuído em 2003 ao livro "Lisboa Contada pelos Dedos"
  • Prémio Gazeta de Mérito, atribuído por unanimidade pelo Clube Jornalistas em 2004
  • Prémio de Crónica João Carreira Bom/Sociedade de Língua Portuguesa, atribuído por unanimidade em 2006
  • Prémio Alberto Pimentel do Clube Literário do Porto, pelo conjunto da sua obra, em 2006

São tudo boas razões para o leitor nos visitar e levar consigo Baptista-Bastos.


Esperamos por si




fevereiro 22, 2013

PARABÉNS HÉLIA CORREIA


Semana em grande para a escritora Hélia Correia, que a 19 deste mês foi distinguida com o Prémio Virgílio Ferreira/2013, pela Universidade de Évora, e ontem foi a vencedora do Prémio Literário Correntes d'Escritas/Casino da Póvoa.


Hélia Correia nasceu em Lisboa, em 1949. Licenciada em Filologia Românica, foi professora  de português do ensino secundário, dedicando-se atualmente à tradução e à escrita.
Apesar do seu gosto pela poesia e pelo teatro, tendo feito um curso de Pós-graduação em teatro Clássico, é como ficcionista que é reconhecida como uma das grandes revelações da novelística portuguesa da geração de 1980.
"O separar das águas", que o leitor encontrará na Biblioteca Municipal da sua cidade, foi o seu romance de estreia, em 1981. Ao longo dos anos foi publicando contos, poesia, teatro e livros para os mais novos.
A sua escrita para o teatro tem sido levada à cena por várias companhias de Lisboa, entre elas o grupo de teatro "O Bando", "A Comuna" e pelo grupo "Maizum". 
Em 2001, saiu "Lillias Fraser"um dos seus mais aclamados romances, que a Biblioteca Municipal também tem para empréstimo domiciliário, e que foi distinguido com o Prémio PEN Club 2001. Em 2006, foi a vez da sua obra "Bastardia" vencer o Prémio Máxima de Literatura.
Hélia Correia tem obras publicadas no estrangeiro, tendo sido traduzidas para inglês, checo e alemão.




Ontem, 21 de fevereiro, a sua obra " A Terceira Miséria" venceu o Prémio Literário Correntes d'Escritas/Casino da Póvoa, no valor de 20 mil euros. Destinado este ano à poesia, o prémio atribuído ao livro de Hélia Correia resultou de uma seleção de 75 obras.
O júri do prémio considerou que o livro de Hélia Correia, "mais do que um conjunto de poemas, é um longo poema construído a partir da matriz clássica europeia para refletir sobre questões fundamentais do Ocidente".
A escritora, ao receber o prémio, assumiu que a "Terceira Miséria" é "uma homenagem à sua Grécia, e admitiu que esse facto pode ter pesado na escolha do júri".
Nesta mesma semana, no dia 19, Hélia Correia foi distinguida com o Prémio Virgílio Ferreira/2013 pela Universidade de Évora, prémio que irá ser entregue numa cerimónia pública na sala de actos da Universidade, a 1 de março, data da morte de Virgílio Ferreira.


Por tudo o que já foi dito, o leitor certamente já adivinhou que será um livro da escritora Hélia Correia, a nossa sugestão de leitura de fim de semana.

Mas qual?

Sugerimos-lhe "A Fenda Erótica"  um livro publicado em 1988, pela editora O Jornal.


"Olhava para mim, sonhador, como um cego.
- Tenho uma teoria - explicou - Defendo que o amor é uma coisa rara, a mais subtil e preciosa essência, difícil de encontrar,  e que só aparece a poucos, por acaso, e uma vez por século, se tanto, como outros fenómenos igualmente inexplicáveis, aqueles de elevar-se alguém nos ares ou de um analfabeto a citar Cícero em correto latim. O amor, o verdadeiro, o extraordinário, não tem a ver com o pequeno impulso que leva a acasalar para acomodação e manutenção da espécie, a imitar os pais no enxoval e nos futuros aborrecimentos."



Tenha um Bom Fim de Semana 


fevereiro 20, 2013

QUEIMAR UM LIVRO NÃO SIGNIFICA DESTRUÍ-LO. UM MINUTO DE ESCURIDÃO NÃO NOS TORNARÁ CEGOS


No dia de São Valentim, 14 de fevereiro de 1989, um escritor chamado Salman Rushdie foi acusado de blasfémia, e outros crimes contra a religião e o profeta, e condenado à morte pelo ayatollah Khomeini: "Faço saber às orgulhosas nações muçulmanas que foram condenados à morte o autor de Os Versículos Satânicos - um livro que atenta contra o Islão, os profetas e o Corão. (...) Todo aquele que perder a vida ao tentar matar Rushdie será considerado mártir e irá diretamente para o Paraíso":

Irão, 1989, manifestação contra o livro de Salman Rushdie.
 Fotografia de Kaveh Kasemi

"É muito, muito fácil, não nos ofendermos com um livro. Só temos de o fechar."
                                                                                                                                 Salman Rushdie



Salman Rushdie por André Carrilho

Escritor inglês de origem indiana, Salman Rushdie, nasceu a 19 de junho de 1947, em Bombaim, Índia, numa família muçulmana. Aos 14 anos foi estudar para Inglaterra e em 1968 formou-se em História no King's College, em Cambridge. Foi ator de teatro e copywriter em agências de publicidade, trabalho que desempenhou até 1981.
Em 1975 fez a sua estreia como romancista com "Grimus", uma obra de fição científica inspirada num poema do século XII.
Em 1981 voltou a editar um livro "Os filhos da Meia-Noite" com o qual ganhou o reconhecimento internacional por ter ganho o Booker Prize desse ano. O romance "Os filhos da Meia-Noite", foi escolhido pela segunda vez em 15 anos, como o melhor dos livros vencedores do Booker Award, um dos prestigiados prémios literário do Reino Unido.
Em 1988 lançou o mais famoso dos seus livros "Os Versículos Satânicos", com o qual ganhou o prémio Whitbread.



"Rushdie estava no caminho certo para um Nobel, num futuro qualquer. Naquele dia, o futuro acabou".
                                                                        Clara Ferreira Alves, in Expresso, 22/09/2012


A fatwa não prescreveu, nem sequer depois da morte de Komeini, a 3 de junho de 1989. Em 1991 o caso Rushdie chegou a um novo momento de tensão. A 3 de julho o tradutor italiano de  "Os Versículos Satânicos" foi apunhalado; uma semana mais tarde o tradutor japonês foi assassinado em Tóquio. 
O livro foi banido na Índia, África do Sul, Paquistão, Arábia Saudita, Egito, Indonésia, entre outros e Salman Rushdie foi obrigado a viver na clandestinidade. 
Só em 2002 a ameaça da fatwa desapareceu e mesmo assim não completamente.
Foram  13 anos de esconderijo em esconderijo, em perigo de vida, sob a proteção da Scotland Yard.



"A história é tão absurda. Ser condenado à morte por uma fantasia literária, e por gente que nunca tinha lido o livro, e não chegou a lê-lo. (...) Nada em "Os Versículos Satânicos", que foi bem recebido, fazia prever o incêndio. Que começou  com um artigo de jornal na Índia e se propagou como fogo. "Tive de fazer a mim mesmo essa pergunta, será que valeu a pena? Não passa de um raio de um livro. E havia tanta gente a dizer-me, não passa de um romance, deita-o fora, nega-o, esquece-o e segue com a tua vida. Que pedisse desculpa. Porque havia de pedir desculpa?"
                     Entrevista de Salman Rushdie a Clara Ferreira Alves, in Expresso 22/09/2012


"Um livro é uma versão do mundo. 
Se não te agrada, ignora-a e oferece a tua própria versão"
                                                                                                               Salman Rushdie



Nenhum livro de Salman Rushdie foi banido da Biblioteca Municipal da Marinha Grande.
Visite-nos!


fevereiro 15, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA




Mas é o Mr. Darcy!! 


Orgulho e Preconceito, um dos grandes clássicos da literatura, foi publicado pela primeira vez há 200 anos. A 1ª edição da obra foi lançada a 28 de janeiro de 1813 e vários eventos serão realizados no mundo para lembrar esta data.
A Biblioteca Municipal, não querendo deixar passar esta data em claro, sugere-lhe este livro  para a sua leitura de fim de semana. 

Orgulho e Preconceito
de Jane Austen
da Editora Europa-América


Considerada a obra prima de Jane Austen, "Orgulho e Preconceito" foi por diversas vezes adaptada ao cinema e televisão, sendo a mais recente em 2005, com interpretações de Keira Knightley e Mattew Macfadyen nos papeis principais.


"É uma verdade universalmente reconhecida que um homem solteiro na posse de uma bela fortuna necessita de uma esposa"

A obra mostra a maneira como a personagem Elizabeth Bennet lida com os problemas relacionados com a educação, cultura, moral e casamento na sociedade aristocrática do início do século XIX, na Inglaterra.
Lizzy (Elizabeth Bennet) tem quatro irmãs, nenhuma delas casada, o que a sua mãe considera um absurdo. 
Quando o Mr. Bingley, jovem bem sucedido, aluga uma mansão próxima da casa dos Bennet, a Srª Bennet vê nele um possível marido para uma das suas filhas.
O relacionamento entre Lizzy e Mr. Darcy começa a partir do desagrado mútuo, mas este acaba por se deixar intrigar pela sua mente e pelo espírito, acabando por se apaixonar por Lizzy.


"A imaginação de uma senhora é de uma rapidez fantástica; é um instante enquanto salta da admiração para o amor, e do amor para o casamento"
                                                                                  Jane Austen, in "Orgulho e Preconceito"


Em "Orgulho e Preconceito", Jane Austen não critica a situação feminina na sociedade vitoriana, apenas o comportamento, quando este se revela pouco inteligente e irracional. Como todos os romances da autora, o bom comportamento acaba sempre, mesmo após atribuladas peripécias, por vencer.




Jane Austen nasceu a 16 de dezembro de 1775, em Steventon, Hampshire, Inglaterra, sendo a sétima filha, e segunda rapariga, do reverendo George Austen, o pároco anglicano local.
Jane pertenceu a uma família da burguesia rural e a sua situação e ambiente serviram de contexto para todas as suas obras, cujo tema gira em torno do casamento da protagonista. 
A inocência das obras de Austen é apenas aparente e pode ser interpretada de várias  maneiras. A ironia que utiliza para descrever as personagens dos seus romances coloca-a entre os clássicos e no top das preferências dos leitores.
Jane Austen faleceu a 18 de julho de 1817, quatro anos depois da publicação de "Orgulho e Preconceito".


Os outros êxitos da autora, o leitor encontra-os na sua biblioteca. 
Visite-nos


Tenha um Bom Fim de Semana


fevereiro 14, 2013

FELIZ DIA DE DIA DE SÃO VALENTIM


O AMOR EM PORTUGAL


"Mesmo que Dom Pedro não tenha arrancado e comido o coração do carrasco de Dona Inês, Júlio Dantas continua a ter razão: 
é realmente diferente o amor em Portugal.


Ilustração de Pascal Campion
Basta pensar no incómodo fonético de dizer "Eu amo-o" ou "Eu amo-a". Em Portugal aqueles que amam preferem dizer que estão apaixonados, o que não é a mesma coisa, ou então embaraçam seriamente os eleitos com as versões estrangeiras: "I love you" ou "Je t'aime".
As perguntas "Amas-me?" ou "Será que me amas?" estão vedadas pelo bom gosto, senão pelo bom senso. Por isso diz-se antes "gostas mesmo de mim?", o que também não é a mesma coisa.
O mesmo pudor aflige a palavra amante, a qual, ao contrário do que acontece nas demais línguas indo-europeias, não tem em Portugal o sentido simples e bonito de "aquele que ama, ou é amado". Diz-se que não sei-quem é amante de outro, e entende-se logo, maliciosamente, o biscate por fora, o concubinato indecente, a pouca vergonha, o treco-lareco machista da cervejaria, ou o opróbio galináceo das reuniões de "tupperwares" e de costura.

Amoroso não significa cheio de amor, mas sim qualquer vago conceito a leste de levemente simpático, porreiro, ou giríssimo.
Quem disser "a minha amada" - ou pior, " o meu amado" - arrisca-se a não chegar ao fim da frase, tal o intenso e genuíno gáudio das massas auditoras em alvoroço. Amável nunca quer dizer "capaz de ser amado", e, para cúmulo, utiliza-se quase sempre no pretérito ("Você foi muito amável em ter-me convidado para a inauguração da sua Croissanterie").
Finalmente um amor é constantemente aviltado na linguagem coloquial, podendo dizer-se indistintamente de escovas de dentes, contínuos que trazem café a horas, ou casinhas de emigrantes. (O que está a acontecer com o adjetivo querido constitui, igualmente, uma das grandes tragédias da nossa idade.)

Ilustração de Pascal Campion
Talvez a prática mais lastimavelmente absurda, muito usada na geração dita eleita, seja aquela de chamar amigas às namoradas. Isto porque os portugueses, raça danada para os eufemismos, também têm vergonha das palavras namorado e namorada.
Quando as apresentam a terceiros, nunca dizem "esta é a Suzy, a minha namorada" - dizem sempre "Esta é uma amiga minha, a Suzy", transmitindo a implícita noção, muito cara ao machismo lusitano, de que se trata de uma entre muitas. E, também assim, como se não lhes bastasse dar cabo do Amor, vão contribuindo para o ajarvardamento semântico da Amizade.
Isto tudo em público- claro- porque, em particular, a sós, funciona a síndrome plurissecular do "só-nós-dois-é-que-sabemos" e os portugueses tornam-se pinga-amores ao ponto de se lhes aconselhar vivamente a utilização de coleiras de esponja muito grossa.


Nisto, o sexo forte é bastante mais vira-casacas que o fraco. Em público, são as amigas, o Guincho, os drinques e as apreciações estritamente boçais do sexo oposto. Deem-lhes, porém, cinco minutos a sós com a suposta "amiga" e depressa verão todos os índices aceitáveis de pieguice, choraminguice e "love-and-peace" babosa e radicalmente ultrapassados; ao ponto de fazer confundir a Condessa de Segur com Joseph Conrad. As infelizes "amigas" reprimem com louvável estoicismo o enjoo, e conselham-lhes a moderação.
As mais estúpidas não compreendem e vão depois dizer às amigas que os namorados têm feitios muito complexos, porque quando estão acompanhados, são uns brutos do bilhar grande, e quando estão sozinhos transformam-se em donzelas delicodoces, inexplicavelmente ainda mais nauseabundas do que elas.


Ilustração de Pascal Campion
A retração épica a que os portugueses se forçam no uso próprio das palavras do amor, quando o contexto é minimamente público, parece atirá-los ilogicamente, para uma confrangedora catarse de lamechices cada vez que se encontram sós com quem amam.
Dizer "Eu amo-te" é dizer algo que se faz.
Dizer "Eu tenho uma grande paixão por ti" é bastante menos do que isso - é apenas algo que se tem, mais exterior e provisório. Os portugueses, aliás, sempre preferiram a passividade fácil do "ter" à atividade, bastante mais trabalhosa, do "fazer".
A confusão do amar com o gostar, do amor com a paixão, e do afeto, tornam muito difícil a condição de amante em Portugal.
Impõe-se rapidamente o esclarecimento de todos estes imbróglios.
Que bom que seria poder dizer "Estou apaixonado por ela, mas não a amo", ou "já não gosto de ti, embora continue apaixonado" ou " "Apresento-te a minha namorada", ou "Ele é tão amável que não se consegue deixar de amá-lo".

Ilustração de Pascal Campion

Estas distinções fazem parte dos divertimentos sérios das outras culturas e, para podermos divertirmo-nos e fazê-las também, é urgente repor o verbo "amar" em circulação, deixar-mo-nos de tretas, e assim aliviar dramaticamente o peso oneroso que hoje recai sobre a desgraçada e malfadada paixão."
                                                                        Miguel Esteves Cardoso, in "A causa das Coisas"



Quer ler mais? 
Só tem de vir à Biblioteca Municipal e requisitar o livro.
Simples, não é?


Tenha um bom dia de São Valentim e não se esqueça

Sem um amor não vive ninguém.
Pode ser um amor sem razão, sem morada, sem nome sequer.
Mas tem de ser um amor.
Não tem de ser lindo, inaugural.
Apenas tem de ser verdadeiro.
                                                                                       Miguel Esteves Cardoso



fevereiro 08, 2013

JOAQUIM CORREIA [1920-2013]

"OPERÁRIO" DA ESCULTURA

Faleceu o escultor Joaquim Correia, com 92 anos de idade e uma vasta obra. 
Nasceu a 26 de julho de 1920 na Marinha Grande, neto e filho de mestres vidreiros, formou-se  na Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Deixa um legado artístico importante a nível nacional e estrangeiro e, em especial, na nossa região. 
Ler mais sobre o escultor»


Museu Joaquim Correia - Marinha Grande

Desde 1997 muitas das suas obras podem ser vistas na Marinha Grande, no Museu com o seu nome - Museu Joaquim Correia.
Ler sobre o Museu»
Ler + Aqui»

Museu Joaquim Correia, na Marinha Grande, foi inaugurado em 5 de dezembro de 1997 estando instalado no Palácio Taibner de Morais, também conhecido como Palácio dos Barosas, propriedade do Município da Marinha Grande. O edifício sofreu obras de recuperação e adaptação para receber o valioso espólio artístico do escultor, doado pelo autor e família à Câmara Municipal da Marinha Grande, onde constam bustos, estátuas em bronze e gesso, medalhas, desenhos e pinturas. Outras das suas obras podem ser vistas em vários locais públicos por onde passamos quase diariamente. Deixamos aqui apenas quatro exemplos, mas há mais. Tente descobri-las.



Marinha Grande
S. Pedro de Moel
 
Leiria
Leiria


O seu nome ficará igualmente ligado à escrita, já que é autor do livro  A Fábrica dos Vidros de João Beare na Marinha Grande, editado em 1999 pela Câmara Municipal da Marinha Grande, edição integrada no âmbito das comemorações dos 250 Anos da Indústria do Vidro.


"Tudo o que escrevi, enquanto a Marinha Grande comemorava os 250 Anos da sua Indústria Vidreira, e quando torno públicos esses textos na forma de um Livro, apreço-me a recomendar que estes não devem ser entendidos senão do ponto de vista de quem pretende apenas contribuir para que se torne possível ter uma visão um pouco mais alargada, e porventura mais justa, da História da Indústria do Vidro na Marinha Grande no século XVIII. Nascido e criado entre Vidreiros, sofrendo e beneficiando desse facto, sempre me senti profundamente ligado a essa particular condição.(...)"
Joaquim Correia



CONHEÇA MELHOR AS OBRAS DO ESCULTOR
VISITE O MUSEU [AGORA COM ENTRADA GRATUITA]


fevereiro 06, 2013

A POESIA PARA MIM É UM INSTRUMENTO E, MUITO, UM REFÚGIO PARA UMA SÉRIE DE DRAMAS INTERIORES


Amigos:
As palavras mesmo estranhas
se têm música verdadeira
só precisam de quem as toque
ao mesmo ritmo para serem
todas irmãs
                                                                                                                 José Craveirinha



"Podemos considerar José Craveirinha como o poeta nacional moçambicano, 
assim como Luís de Camões o é para Portugal."

"Nasci a primeira vez em 28 de maio de 1922. Isto num domingo. Chamaram-me Sontinho, diminutivo de Sonto. Pela parte da minha mãe, claro. Por parte do meu pai fiquei José.
Aonde? Na avenida do Zichacha entre o Alto Maé e como quem vai para o Xipamanine. Bairros de quem? Bairros pobres. 
Nasci a segunda vez quando me fizeram descobrir que era mulato. A seguir fui nascendo à medida das circunstâncias impostas pelos outros. Quando meu pai foi de vez, tive outro pai: o seu irmão. E a partir de cada nascimento eu tinha a felicidade de ver um problema a menos e um dilema a mais.
(...) Quando a minha mãe foi de vez, outra mãe: Moçambique.
A opção por causa do meu pai branco e da minha mãe negra."

Filho de pai algarvio, cuja família partira para Moçambique em 1908 em busca de fortuna, estudou na escola "Primeiro de Janeiro", pertencente à Maçonaria. Ainda adolescente, começou a frequentar a Associação Africana. Colaborou n' O Brado Africano, que tratava de assuntos de caráter local da população mais desprotegida. Trabalhou no jornal Notícias, onde fez campanha contra o racismo e foi o primeiro jornalista oficialmente sindicalizado.

Devido às suas ligações à FRELIMO, esteve preso pela PIDE entre 1964 e 1968, na célebre Cela 1, onde conheceu o pintor Malangatana e o escritor Rui Nogar.


Todo o poeta quando preso

Todo o poeta quando preso
é um refugiado livre no universo
de cada coração
na rua.

O chefe da polícia
de defesa da segurança do estado
sabe como se prende um suspeito 
mas quanto ao resto
não sabe nada.

E nem desconfia
                                                                               


Apesar da sua obra refletir a influência dos surrealistas, é muito marcada pelo caráter popular tipicamente moçambicano.
Escritor com ligações afetivas a Portugal, a sua primeira obra foi publicada em 1964, através da Casa dos Estudantes do Império, em Lisboa. 

Em 1991 foi-lhe atribuído o Prémio Camões, o primeiro autor africano a ser distinguido com o galardão mais importante da literatura portuguesa e recebeu condecorações dos presidentes de Portugal e de Moçambique, Jorge Sampaio e Joaquim Chissano, respetivamente.

Aforismo

Havia uma formiga
compartilhando comigo o isolamento
e comendo juntos.
estávamos iguais
com duas diferenças:
Não era interrogada e por descuido podiam pisá-la.
Mas aos dois intencionalmente
podiam pôr-nos de rastos
mas não podiam ajoelhar-nos.


Vice-presidente do Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa, escritor galardoado com o prémio "Vida Literária" da Associação de Escritores Moçambicanos, foi homenageado no dia 28 de maio de 2002, numa iniciativa do governo moçambicano em consagrar o ano de 2002 a José Craveirinha. Faleceu no ano seguinte, a 6 de fevereiro, na África do Sul, faz hoje 11 anos.


Ler poesia é mais útil para o cérebro que livros de autoajuda, dizem os cientistas.

O leitor pode começar pelo autor que hoje divulgamos.
Veja AQUI a bibliografia de José Craveirinha que a Biblioteca Municipal dispõe para empréstimo domiciliário.


"Se os líderes lessem poesia, seriam mais sábios"
                                                                                                                            Octavio Paz



fevereiro 05, 2013

A LER, SOMOS CADA VEZ MAIS

Se a situação atual nos impede de fazer algumas coisas a que estávamos habituados ou que gostávamos de fazer, certamente que a leitura não está aí incluída. É que na Marinha Grande existe a Biblioteca Municipal e esta continua a proporcionar prazer, fantasia, conhecimento, informação e muito mais, de uma forma gratuita. 

E os números mostram-nos, 
que a população já descobriu que assim é. 

Se analisarmos o quadro e o gráfico que se seguem, facilmente constatamos que, ao longo dos anos, o número de livros requisitados na Biblioteca Municipal tem vindo a aumentar. Ora vejamos o que é que tem acontecido no mês de janeiro. 


Se os anos de 2006 a 2008, e até o ano de 2010, foram anos de alguma diminuição no número de empréstimos, a partir daí a tendência inverteu-se e entrámos em linha ascendente, com o mês de janeiro de 2013 a destacar-se. 

[Devido a problemas com a nossa aplicação informática
 não possuímos os dados relativos a janeiro de 2012]

Esperamos que esta tendência se mantenha nos próximos meses, pois tal significa que a Biblioteca Municipal está a cumprir a sua missão de serviço público, apesar de todas as adversidades por que estamos a atravessar. Saibamos compreender esta realidade e corresponder às necessidades.




Lendo, conseguimos ver para além das montanhas.

Boas Leituras



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