"Ó Portugal! Como és belo, na diversidade acolhedora da tua paisagem, na pureza e nos caprichos da tua atmosfera, na melancólica bondade da tua gente! Ó Portugal, país querido! Sairás do longo pesadelo, sairás dele, decerto. O povo acorda e luta. O partido está finalmente à altura do seu povo".
Manuel Tiago, in "Até Amanhã, Camaradas", pág 37
Álvaro Cunhal nasceu na freguesia da Sé Nova, em Coimbra, no dia 10 de novembro de 1913. A sua infância foi vivida em Seia, terra do seu pai. Iniciou a sua atividade revolucionária enquanto estudante na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa. Aí começou a nascer aquele que, mais tarde, haveria de se afirmar como o símbolo da resistência ao Estado Novo e o principal inimigo político do Salazarismo. De certa forma, a história de Álvaro Cunhal confunde-se com a história de Salazar.
Desde muito novo Álvaro Cunhal participou no movimento associativo e, em 1934, foi eleito representante dos estudantes no Senado Universitário. Passa a ser militante da Federação da Juventude Comunista Portuguesa, sendo eleito secretário-geral em 1935, ano em que passa à clandestinidade e participa, em Moscovo, no VI Congresso Internacional Juvenil Comunista. Foi membro do Partido Comunista Português desde 1931.
Preso em 1937 e 1940 e submetido a tortura, Álvaro Cunhal voltou imediatamente à luta assim que foi libertado. Participou na reorganização do PCP, em 1940-1941. Vivendo de novo na clandestinidade, foi membro do secretariado de 1942 a 1949. Preso de novo nesse ano, fez no tribunal uma severa acusação à ditadura e a defesa da política do Partido. Condenado, permanece 11 anos seguidos na cadeia, quase 8 dos quais em completo isolamento.
"Vivi muitos anos na clandestinidade. Desde a minha juventude ao 25 de Abril, com pequenos intervalos. (...)
Eu gosto, por exemplo, de desenhar, e até estão publicados alguns desenhos meus. Mas não gosto muilto de falar sobre isso: se desenho ou não, se pinto ou não. Gosto de escrever, mas não é meu hábito dizer se estou ou não a preparar algum trabalho".
Entrevista a "O independente" a 15/05/1990 retirado o Iº vol "Álvaro Cunhal: uma biografia política" de José Pacheco Pereira
Em 1940, Álvaro Cunhal foi escoltado pela polícia à faculdade de Direito, onde apresentou a sua tese de licenciatura em Direito, sobre a temática do aborto e a sua despenalização. A sua tese, apesar do contexto político, foi classificada com 16 valores. Do júri fazia parte Marcelo Caetano.
A 3 de janeiro de 1960 evadiu-se da prisão de Peniche com um grupo de destacados militantes comunistas. Em 1960 presidiu à Conferência dos Partidos Comunistas da Europa Ocidental. Nesse encontro, foi um dos mais firmes apoiantes da invasão da então Checoslováquia pelos tanques do Pacto de Varsóvia, ocorrida nesse mesmo ano.
Depois da queda do regime, a 25 de Abril de 1974, foi ministro sem pasta dos primeiros quatro governos provisórios e eleito deputado à Assembleia Constituinte e em 1975 à Assembleia da República até 1987. Foi membro do Conselho de Estado de 1982 a 1992.
Além das suas funções na direção partidária, foi romancista e pintor, escrevendo sob o pseudónimo de Manuel Tiago, facto que só revelou a 14 de dezembro de 1994, no dia do lançamento do livro "A Estrela de Seis Pontas".
Faleceu a 13 de junho de 2005, em Lisboa.
Álvaro Cunhal ficou na memória como um comunista que nunca abdicou do seu ideal.
Em 2007, os telespetadores portugueses, votaram na eleição do "Maior Português de Sempre" no âmbito do programa da RTP1 "Os Grandes Portugueses", dando o segundo lugar ao líder comunista Álvaro Cunhal, com 19,1%. Curiosamente os portugueses votaram em António de Oliveira Salazar, com 41%, como o "Maior Português de Sempre".
Na Biblioteca Municipal encontra AQUI a bibliografia de
Álvaro Cunhal e AQUI a sua biografia.
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