Como sugestão de leitura para o último fim de semana
do mês de novembro, um fim de semana de outono,
com sol, que convida a um passeio e a uma leitura ao ar livre, sugerimos um livro que fala
das confidências inéditas das figuras que construíram o Portugal como o conhecemos.
As histórias dos que julgaram poder antecipar,
com a queda do império, o futuro.
"Através de casos pessoais, a presente narrativa pretende ser a evocação de uma época, de uma fractura na História de Portugal, de um ciclo que me coube partilhar; é uma espécie de sarcófago onde, desalinhados, repousam os desaparecidos que amei, visíveis os célebres, inominados os não conhecidos do público - e também alguns a quem me opus, me mandaram perseguir e marginalizar, pois rígidas eram as regras dos seus domínios. (...)
As figuras (reais) que povoam este volume atravessando-o, moldando-o, sucumbiram já na sua maior parte, estrangeiras no limbo que lhes marcou o corpo, a alma, a postura, a solidão. (...)
Retardar o esquecimento que as guarda (poucas atingirão a imortalidade) é propósito da escrita, forma de resistir à usura dos tempos e ao aguar dos sentimentos."
No fim de semana em que aguardamos que o Fado seja reconhecido, pela UNESCO, como Património Imaterial da Humanidade, o leitor poderá recordar, neste livro, a Diva Amália Rodrigues, com quem o autor privou.
"Amália sabia jogar como poucos nas entrelinhas, sugerindo o contrário do que queria dizer, para melhor o dizer. "Não sou feliz, mas sou bem-disposta", exclama. "Nunca fui tão generosa como se afirma, mas também nunca fui tão má como dizem."(...)"gosto muito do Camões, do David Mourão-Ferreira, do Pedro Homem de Melo, do O' Neill... com o Pessoa estou danada, é muito difícil cantá-lo."
Fernando Dacosta, romancista, dramaturgo, jornalista, conferencista, nasceu a 12 de dezembro de 1945 em Luanda de onde foi, ainda criança, para o Alto Douro. Após frequentar o liceu de Lamego fixa-se em Lisboa, cursa Letras e inicia-se no jornalismo e na literatura. Foi diretor dos Cadernos de Reportagem e co-editor da Relógio d'Água. Apresentou, nos anos de 1991 e 1992, uma rubrica sobre livros na RTP1. Estreou-se como dramaturgo com "Um jipe em segunda mão", peça que tendo por tema as sequelas da guerra colonial, foi distinguida com o Grande Prémio de Teatro RTP, o Prémio da Associação Portuguesa de Críticos Casa da Imprensa. O seu livro "Os retornados estão a mudar Portugal" obtém o Prémio Clube Português de Imprensa; "Moçambique, todo o sofrimento do mundo" recebe os galardões Gazeta e Fernando Pessoa 1991; "O despertar dos idosos", o Prémio Gazeta de 1994. Com o romance "O viúvo" conquista o Grande Prémio de Literatura Círculo de Leitores. Em 2005, foi agraciado com a Ordem do Infante D. Henrique.
Veja AQUI a bibliografia do escritor que poderá encontrar na sua Biblioteca.
Bom fim de semana com boas leituras
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