julho 15, 2022

LIVROS DE FÉRIAS

Se está de férias, aceite a nossa sugestão de leitura.

Dentro deste livro vivem todos os escritores do mundo.

AUTOBIOGRAFIA é um romance que desafia o leitor ao diluir fronteiras entre o real e o ficcional, entre espaços e tempos, entre duas personagens de nome José, um jovem escritor e José Saramago. Este é provavelmente o melhor romance de José Luís Peixoto.

José Riço Direitinho, Jornal Público, 2019


Na Lisboa de finais dos anos noventa, um jovem escritor em crise vê o seu caminho cruzar-se com o de um grande escritor. Dessa relação, nasce uma história que mescla realidade e ficção, um jogo de espelhos que coloca em evidência alguns dos desafios maiores da literatura.

A ousadia de transformar José Saramago em personagem e de chamar Autobiografia a um romance é apenas o começo de uma surpreendente proposta narrativa que, a partir de certo ponto, não se imagina como poderá terminar. José Luís Peixoto explora novos temas e cenários e, ao mesmo tempo, aprofunda obsessões, numa obra marcante, uma referência futura.

Na preparação deste livro, José Luís Peixoto leu tudo o que lhe faltava ler na obra de José Saramago. E foi Pilar Del Rio, que também é personagem, a primeira leitora deste romance.


(...) uma história de encontros e desencontros numa atmosfera que às vezes lembra, em outro tempo e circunstância, a que José Saramago criou para contar a vida de Ricardo Reis e Fernando Pessoa durante o ano em que ambos morreram.
Pilar Del Rio



José Luís Peixoto nasceu em Galveias, em 1974.
É um dos autores de maior destaque da literatura portuguesa contemporânea. A sua obra ficcional e poética figura em dezenas de antologias, traduzidas num vasto número de idiomas, e é estudada em diversas universidades nacionais e estrangeiras.
Em 2001, acompanhando um imenso reconhecimento da crítica e do público, foi atribuído o Prémio Literário José Saramago ao romance Nenhum Olhar. Em 2007, Cemitério de Pianos recebeu o Prémio Cálamo Otra Mirada, destinado ao melhor romance estrangeiro publicado em Espanha. Com Livro, venceu o prémio Libro d'Europa, atribuído em Itália ao melhor romance europeu publicado no ano anterior, e em 2016 recebeu, no Brasil, o Prémio Oeanos com Galveias. As suas obras foram ainda finalistas de prémios internacionais como o Femina (França), Impac Dublin (Irlanda) ou o Portugal Telecom (Brasil). Na poesia, o livro Gaveta de Papéis recebeu o Prémio Daniel Faria e A Criança em Ruínas recebeu o Prémio da Sociedade Portuguesa de Autores. Em 2012, publicou Dentro do Segredo, Uma viagem na Coreia do Norte, a sua primeira incursão na literatura de viagens. Os seus romances estão traduzidos em mais de trinta idiomas. As suas mais recentes obras são Autobiografia (2019), na prosa, e Regresso a Casa (2020), na poesia.
Os seus romances estão traduzidos em mais de trinta idiomas.
Para saber mais sobre o autor: https://www.joseluispeixotoemviagem.com 
In Wook


Contar-me a mim próprio através do

 outro, contar o outro através de mim

 próprio, eis a literatura.

José Luís Peixoto


Para além do livro que sugerimos para leitura nas suas férias, deixamos também o convite para passar na Biblioteca Municipal e ver a exposição  

"José Saramago: Voltar aos passos que foram dados"








julho 08, 2022

OS NÚMEROS DO 1.º SEMESTRE DE 2022

Os números do 1.º semestre de 2022 ficam marcados, já não tanto pelos efeitos da pandemia, mas sim pela transferência dos serviços do Edifício da Resinagem, onde a Biblioteca Municipal esteve em funcionamento durante quase dois anos, para o seu edifício sede e que obrigou ao encerramento total entre 28 de março e 22 de abril. Este encerramento condicionou muito a atividade regular da Biblioteca, refletindo-se de imediato no número de empréstimos. 

Porém, mesmo assim, superámos ligeiramente os números de 2021, mas não podemos esquecer que, no período homólogo do ano anterior, estivemos durante alguns meses com restrições no acesso aos serviços, decorrentes do agravamento da situação epidemiológica covid19, que nos conduziu a períodos sem atendimento presencial, apenas com o serviço de empréstimo e devolução a funcionar em regime de "take away" à porta, mediante agendamento prévio, por telefone ou on-line. Em 2022 o funcionamento da Biblioteca Municipal tem decorrido sem qualquer restrição, estando todas as valências em pleno funcionamento. 




Será que as mulheres leem mais que os homens?
Relativamente ao género, o 1.º semestre de 2022 mantém-se a habitual tendência, já verificada em anos anteriores, sendo o género feminino que continua a deter a maior percentagem no número de empréstimos. A diferença mantem-se significativa, com o género feminino a representar 67% do total dos empréstimos e o género masculino a situar-se apenas nos 33%. 




Será que os adolescentes leem?
Em relação à representatividade de cada um dos níveis etários, os números mostram-nos que é a faixa acima dos 18 anos quem mais requisita livros, seguida da faixa infantil até aos 12 anos, sendo a faixa intermédia a menos representativa.




     

















julho 01, 2022

VOCÊS NÃO ME CONHECEM

 


"(...) Por isso, aqui está a minha confissão. Já testemunhei sob juramento. Sobre a Bíblia Sagrada. Mas Deus sabe que o que lhes disse no banco das testemunhas não foi exatamente toda a verdade. Tinha algumas verdades, não me interpretem mal, muitas verdades, mas também tinha algumas coisas que talvez não fossem verdade. Mas era assim que o meu advogado queria. "Não importa a verdade", dizia, "mas sim aquilo em que conseguem acreditar".
Isso deixou-me aborrecido. Como posso jurar dizer a verdade e depois contar mentiras? Por isso, ontem à noite, enquanto tentava adormecer, pensei no assunto. Pensei muito. E quando acordei, não estava nada satisfeito, acreditem. Por isso, esta manhã, disse-lhe: "Mano, preciso de começar a dizer as coisas como são. Estas alegações finais são a minha última oportunidade".



Um  réu anónimo é acusado de homicídio. Imediatamente antes das alegações finais, o jovem decide dispensar o advogado e fazer a sua própria defesa. Conta-nos que o advogado o aconselhou a omitir algumas coisas. Às vezes, a verdade é demasiado difícil de explicar e nem sequer é verosímil, mas ele considera que, perante a perspetiva de ser condenado a prisão perpétua, o melhor mesmo será expô-la na íntegra.
Existem oito provas contra si. O réu passa em revista cada uma delas, deixando a sua vida nas mãos do leitor, que agora é membro do júri e é obrigado a manter uma mente aberta até conhecer o final da história.


"Nunca leram nada assim"
                                                       Financial Times



Imran Mahmood, nasceu em Liverpool em 1969. É advogado de defesa com mais de 20 anos de experiência. A sua especialidade são casos de crimes violentos, assim como fraude e crimes sexuais. 
O seu primeiro romance, que hoje sugerimos para leitura do seu fim de semana, foi selecionado, em 2018, para o Glass Bell Award. 
Em 2021, foi dramatizado pela BBC e no mês de junho estreou na Netflix, com argumento de Tom Edge, realizado por Sarmad Masud e como protagonistas os atores Samuel Adewunni e Badria Timimi.




"Nunca vai conseguir adivinhar o final"
                                                                                 THE SUN





junho 22, 2022

COMO É QUE TUDO COMEÇARA? NINGUÉM SABIA




Carmen Posadas nasceu no Uruguai a 13 de agosto de 1953, mas vive em Madrid desde 1965. Viveu em Moscovo, Buenos Aires e Londres, cidades onde o pai exerceu cargos diplomáticos.
Começou por escrever para crianças e, em 1984, recebeu o Prémio do Ministério da Cultura Espanhol para o melhor livro infantil desse ano. É ainda autora de ensaios, guiões de cinema e de televisão, de relatos e de vários romances, entre os quais se destaca Pequenas infâmias, galardoado com o Prémio Planeta de 1998, que foi objeto de críticas excelentes no The New York Times e no The Washington Post e que o leitor pode requisitar na biblioteca municipal.
O seu ritmo de trabalho começa cedo, faz a sua ginástica "sempre, aconteça o que acontecer" e só depois se dedica à escrita "até à hora de almoço".
Os seus livros estão traduzidos em vinte e três línguas e estão publicados em mais de quarenta países.
Em 2002, a revista Newsweek aclamou Carmem Posadas como "uma das autoras latino-americanas mais relevantes da sua geração".

Carmen Posadas tem predileção por personagens femininas e o romance que hoje divulgamos, A Mestra de Marionetas", conta a história de três mulheres, avó, mãe e filha. São histórias que se entrelaçam e que, no final, convergem num segredo que temos de adivinhar" diz a autora.



Preferida pelas revistas de sociedade, com uma vida cinzelada a toques de glamour, escândalos e exclusivos, grande senhora do jet set madrileno, toda a gente sabe perfeitamente quem é Beatriz Calanda e quem foram os seus quatro maridos - um ator em voga, um grande intelectual de esquerda, um aristocrata e um banqueiro.
Sim, toda a gente a conhece, mas ninguém, nem sequer os maridos, e muito menos as filhas, sabe quem ela é na realidade, quais as suas origens e o que teve de fazer para se tornar um ícone capaz de arrastar uma corte de paparazzi. Para descobrir o que se esconde por trás desta fachada deslumbrante será necessário viajar até ao passado, até à sua adolescência na Madrid da Transição. E também até à juventude da sua mãe durante os anos obscuros do pós-guerra.


Pintura de Ana Munoz Reyes



"Lita insistia que a curiosidade matou o gato e que se a mãe tinha aqueles álbuns antigos vermelhos tão bem guardados por alguma razão seria, mas a verdadeira história de Beatriz Calanda não estava neles. Como é que tudo começara? Ninguém sabia. Nem sequer Beatriz., uma vez que os capítulos mais recônditos e interessantes da sua existência havia anos que tinham naufragado, como acontece com verdades incómodas, afogadas sob novas versões mais convenientes dos factos, interpretações que, de tanto serem repetidas, acabam por se tornar mais verdadeiras do que a própria realidade." 










junho 17, 2022

QUE LIVRO VOU LER?

 



Que livro vou ler?
São tantos os livros que por vezes o Leitor não sabe que livro ler.


Aceite a nossa sugestão de leitura para o seu fim de semana.
O escritor Stephen King diz que é
"um livro maravilhoso"

Francis Gleeson e Brian Stanhope são agentes da polícia de Nova Iorque e vizinhos num subúrbio da cidade. Não são amigos sequer, apenas colegas. Mas o que acontece na intimidade das suas casas - a solidão de Lena, a mulher de Francis; e a instabilidade de Anne, a mulher de Brian - vai ultrapassar as respetivas esferas familiares e marcar as vidas de todos durante décadas.
Pois embora os dois casais mantenham entre si uma relação tensa, os filhos, Kate Gleeson e Peter Stanhope, são os melhores amigos. Na verdade, amam-se desde que se conhecem. Há algo, porém, que os distingue profundamente. Enquanto Kate tem uma vida fácil e um lar acolhedor, Peter carrega o peso do mundo nos ombros, um peso que nenhuma criança deveria carregar.
E quando Kate tem treze anos e Peter catorze, as duas famílias envolvem-se num confronto devastador. Brutalmente separados, Kate e Peter não conseguem aceitar que terão de viver um sem o outro.






"Um poderoso romance sobre família, trauma e os momentos que definem uma vida. 
Os leitores vão adorar este livro tanto quanto eu"
                                                                    Meg Wolitzer






Mary Beth Keane é uma escritora americana de ascendência irlandesa. Nasceu a 3 de julho de 1977, no Bronx, Nova Iorque e frequentou a Barnard College e a Universidade da Virgínia. Recebeu a conceituada bolsa John S. Guggenheim para a escrita de ficção, bem como menções honrosas da National Book Foundation, PEN America e da Hemingway Society. Direi Sempre que Sim é o seu livro mais recente e foi um êxito junto da crítica e dos leitores, tendo entrado diretamente para a lista de livros mais vendidos do New York Times.
A adaptação para cinema e televisão está atualmente em desenvolvimento.






junho 08, 2022

EXPOSIÇÃO "VOLTAR AOS PASSOS QUE FORAM DADOS"

É preciso voltar aos passos que foram dados, 
para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. 
É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já”.
José Saramago, 
Viagem a Portugal


Está patente ao público na Biblioteca Municipal a exposição "José Saramago: Voltar aos passos que foram dados", disponibilizada pela Fundação José Saramago, em parceria com o Instituto Camões e com a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, no âmbito das comemorações do Centenário do Nascimento do escritor, Prémio Nobel da Literatura 1998.
A exposição é composta por um conjunto de 15 painéis, concebidos em função do trajeto pessoal e literário de José Saramago. Deve ser entendida como uma narrativa, constituída por uma seleção de textos da responsabilidade de Carlos Reis e Fernanda Costa e com desenho gráfico de André Letria. Trata-se de uma “viagem” orientada para a leitura e releitura de Saramago.
A exposição irá estar patente ao público no átrio da entrada da Biblioteca Municipal, de 12 de maio a 16 de novembro, dia em que se assinalam os 100 anos do nascimento do escritor, e é acompanhada por uma mostra bibliográfica de obras do autor.  Pode ser visitada de 2.ª a 6.ª feira, das 09h00 às 12h30 e das 13h30 às 17h00.











junho 03, 2022

JUBILEU OU FESTAS DA CIDADE?

Começaram ontem, dia 2 de junho, os festejos do Jubileu de Platina da Rainha Isabel II. Uma homenagem aos 70 anos de reinado, de compromissos públicos e visitas ao estrangeiro.
São quatro dias de celebrações, que vão desde desfiles militares a um serviço religioso, a festas de rua a um show pop do lado de fora do Palácio de Buckingham.

A Biblioteca Municipal não quer deixar de assinalar tão importante data 
e convida os seus leitores a confecionarem 
o Bolo de Chocolate preferido da Rainha



"Pode ser sábado, domingo ou segunda-feira... pode ter um encontro com o primeiro-ministro, com o Papa ou com o Dalai Lama... pode estar em Londres, em Windsor ou na Conchichina... mas uma coisa é garantida: a Rainha Isabel II vai comer uma fatia de bolo de chocolate sem farinha e com pedaços de bolacha misturados na massa. O chocolate biscuit cake é o único bolo que a Rainha faz questão de comer todos os dias, até à última migalha. Darren McGrady foi o seu chef particular durante 11 anos e garante que este "é o único bolo que lhe é servido todos os dias até acabar". Em relação aos outros bolos, a Rainha tira uma pequena fatia e deixa o resto para o seu staff comer. Mas o bolo de chocolate não - tem de ser ela a comer o bolo sozinha. E se alguém tirar uma fatia, ela vai notar. Além disso, se o bolo estiver a meio e Isabel II tiver uma viagem marcada, o bolo também viaja. Noutro comboio, claro, que os bolos não têm estatuto para viajarem ao lado da realeza - mas viaja. Cá em casa chamamos-lhe "o bolo da rainha."
Por Ele, 
In, 101 receitas que tem de fazer pelo menos uma vez na vida


Os ingredientes, que são só 6, e a explicação da confeção estão neste livro, 
que o Leitor pode requisitar na sua biblioteca




Caro Leitor, 
se não poder comparecer no Jubileu da Rainha Isabel II,
 Venha à Biblioteca, requisite o livro, 
faça o bolo e divirta-se nas
Festas da Cidade











maio 25, 2022

A MARINHA GRANDE ...

 


Marinha Grande, anos 90?


"(...) A Marinha Grande tem história, porque tem alma. A força da sua alma advém-lhe da força do trabalho, da força das suas populações que ao longo dos séculos construíram uma cidade, um concelho à sombra de uma "Catedral verde e sussurrante". Foram esses homens humildes ou importantes, ricos ou pobres, que a serrar as tábuas que foram nas caravelas à Índia, que à boca do forno moldaram obras primas, que travaram a mais dura das batalhas, a batalha do trabalho e realizaram a mais importante das revoluções, a revolução dos espíritos indomáveis, a revolução do progresso. A obra tem justamente um inegável interesse de representar, ou melhor, tentar representar a expressão completa e multiforme do concelho da Marinha Grande, em todos os seus aspetos laborais, sociais, culturais e humanos."  
                                                                                                       Víctor Hugo Beltrão, 1935-2018    
                                                                                                                                                                                            



Parque de Merendas, Portela, Marinha Grande


Amanhã é feriado municipal, dia em que os marinhenses 
" se juntavam nos lugares mais aprazíveis do Pinhal ou das praias para almoçarem e merendarem em convívio uns com os outros. Escolhiam-se principalmente a Praia Velha, a Fonte das Canas, o Samouco, as Árvores, a Ponte Nova, o Tremelgo, a Valdimeira; e os que não tinham transporte quedavam-se pelo pinhal da Guarda Nova"



A descrição de uma cidade, as suas vicissitudes ao longo do tempo, 
as suas origens e percurso 
é a nossa sugestão de leitura para o seu feriado.




"O grande amor que nutro pela Marinha Grande, minha terra natal, 
levou-me um dia a pensar escrever um livro onde pudesse responder às perguntas que frequentemente nos são feitas sobre como se fundou, povoou e desenvolveu esta cidade"
                                                                                                 João Rosa Azambuja, 1921-1994




A "Cidade da Marinha Grande - Subsídios para a sua História"
 torna-se um instrumento de trabalho para quem queira e precise de conhecer  e aprofundar a história do concelho da Marinha Grande"
                                                                                     Víctor Hugo Beltrão, 1935-2018



maio 20, 2022

AS VIÚVAS DE DOM RUFIA

"A rua estendia-se de gente. A fila das viúvas havia-se dissolvido no todo da multidão, assim que as gentes saíram de casa para a rua, mas logo que o cortejo arrancou voltou a unir-se, muito junta, como se fossem todos da família do morto. As viúvas de Dom Rufia iam juntas, algumas de braço dado, esquecendo a vergonhosa briga de instantes antes. Enchiam os lenços de desgosto, pensado, certamente, nos bons momentos que haviam passado com o falecido ou na paixão que ainda lhe tinham. Domitilia, Acélia, Joaquinita, Maria de Jesus, Cremilda, Mariana, Antónia do Preto e até Armindinho Costureira, vestido de viúva, cercaram a pobre tia, Maria Teresinha, e seguiam logo atrás do esquife."


Um romance irresistível e cheio de humor
cuja ação decorre no Alentejo no início de século XX e com personagens
 fascinantes e inesquecíveis 
é a nossa sugestão de leitura de fim de semana 




Conhecido por Dom Rufia desde moço, Firmino António Pote, criado sem recursos numa vila alentejana, promete a si mesmo tornar-se rico. Negando-se à dureza do trabalho do campo, divide durante anos a sua sobrevivência entre o ócio e alguns negócios frugais. Mas, já nos trinta, munido de assombrosa imaginação, bonito como poucos e gozando de uma enorme capacidade de persuasão, sobretudo entre as mulheres, lobriga várias maneiras de alcançar o seu objetivo, fingindo continuamente ser quem não é. Para isso, porém, é obrigado a viver em vários lugares ao mesmo tempo, dando a Juan de los Fenómenos, um velho chileno em busca de proezas sobre-humanas, a ilusão da ubiquidade.
Quando o corpo sem vida de Dom Rufia é encontrado no meio do campo, a recém-empossada Guarda Republicana não imagina as surpresas que o funeral reserva. O aparecimento de uma estranha carta assinada pelo tio do morto é só o princípio da desconfiança de que ali há mão criminosa.



Carlos Campaniço nasceu em Safara, no concelho de Moura em setembro de 1973.
É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses, pela Universidade do Algarve, onde obteve também o grau de Mestre em Culturas Árabe e Islâmica e o Mediterrâneo.
Os seus romances de época têm-se centrado nas comunidades e vivências rurais alentejanas, nas sociedades estratificadas de então e no seu imaginário coletivo.

Para além do romance que hoje sugerimos como leitura para o seu fim de semana, o leitor poderá requisitar outro romance do autor, Mal Nascer, que foi finalista do Prémio Leya em 2013 e galardoado, em 2014, com o Prémio Mais Literatura da revista Mais Alentejo.




"Até que o padre perguntou se alguém queria despedir-se dos restos mortais de Firmino. Maria Teresinha fez-lhe um pranto comovente e beijou-o demoradamente; o tio Homero deu-lhe um beijo na testa sem dizer palavra, mas muito trémulo de mãos; Cremilda, que estava próxima, deixou o braço do marido, e também o beijou, depois Acélia, depois Domilitia, depois Mariana, depois Maria de Jesus, depois Antónia do Preto, depois Joaquinita, depois Armindinho, sem coragem pública para o beijar, fez-lhe uma festa nas mãos que se cruzavam em cima do peito"










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