Romance da Fábrica Velha
Só cinza na grelha
Esfarrapou-se o mito
A Fábrica Velha
Já não tem apito
Pálida centelha
Do antigo grito
A Fábrica Velha
Já não tem apito
Telhado sem telha
Futuro sem fito
A Fábrica Velha
Já não tem apito
Já foi sem parelha
Foi quase granito
A Fábrica Velha
Já não tem apito
Memória vermelha
Do antigo rito
A Fábrica Velha
Já não tem apito
Já não tem apito
Luiz-Manuel,
in Um Pirilampo no Inverno [dedicado a Álvaro Órfão]
Luiz-Manuel, pseudónimo literário de Luiz Manuel Ferreira dos Santos, nasceu na Marinha Grande a 15 de dezembro de 1935. Muito cedo começou a trabalhar, conseguindo emprego no Sindicato Vidreiro. Emigrou para a Suíça, para a região de Lausana em dezembro de 1962. Segundo o autor foi um exílio voluntário por motivos políticos, dado que já tinha sido preso por duas vezes pela policia política.
Em Lausana casou e a par da sua atividade profissional de contabilista, escreveu poesia em português e em francês, bem como traduziu para o francês inumeros poetas portugueses, entre eles Manuel Alegre, José Gomes Ferreira, José Bento.
Colaborou na antigo semanário marinhense "O Correio", com uma página dedicada à poesia intitulada "O País do Poema".
Foi convidado, em 1999, pelo Instituto Camões para integrar o grupo de poetas portuguese da diáspora que vieram a Portugal falar e ler poemas seus, publicados depois num número especial da revista Tabacaria, precedidos de uma apresentação do diretor da revista, o poeta Nuno Júdice.
Luiz-Manuel foi membro da Associação Portuguesa de Escritores, do PEN CLUBE PORTUGUÊS, da Associação Portuguesa de Tradutores, da Association Vaudoise des Écrivains de Lausana e da Association des Traducteurs Littéraires de France.
Em 2001, já reformado, passou a dedicar-se inteiramente à escrita e ao associativismo.
A 27 de maio de 2011 Luiz-Manuel faleceu na Suíça. Por sua vontade foi cremado e as suas cinzas foram deitadas ao mar de S. Pedro de Moel, junto ao Farol do Penedo da Saudade, a 30 de junho desse ano, numa cerimónia pública de homenagem.
Ases do Marketing
Vou morrer por causa disto
Diz o Jesus
Já meio Cristo
Hás-de ser sempre o mesmo
Gaita vê lá se mudas
Diz o sacana do Judas
Que eu
por trinta dinheiros
Sou capaz de te vender a ti
E mais um seguro contra terceiros.
Luiz-Manuel, in Maquinais
A Biblioteca Municipal dispõe da bibliografia do autor para empréstimo domiciliário.
O Leitor só tem de sair de casa e visitar-nos.
Esperamos por si
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