julho 10, 2019

OS DADOS DO 1.º SEMESTRE

Terminado o primeiro semestre de 2019, apresentamos alguns dados que refletem parte da atividade da Biblioteca Municipal e dos serviços por ela prestados.
Através do gráfico a seguir, podemos ver o número de livros emprestados para leitura domiciliária e a comparação com os meses análogos do ano anterior.



Comparativamente a 2018, verificamos que houve um muito ligeiro aumento na quantidade de livros emprestados. De 4.499 livros emprestados no 1.º semestre de 2018, passámos para 4.531 em 2019, significando um aumento de apenas 32 livros requisitados. Se analisarmos mês a mês, verificamos que só nos meses de março e abril houve aumento na quantidade de livros requisitados face a 2018, ficando os restantes meses aquém do verificado no ano anterior.

Estes resultados demonstram que o trabalho feito na divulgação e na promoção da leitura, que tem vindo a ser desenvolvido pela Biblioteca Municipal ao longo dos anos, especialmente junto da comunidade educativa, deve continuar e reforçar-se. 
O investimento na renovação e atualização dos fundos documentais e a articulação existente com as bibliotecas escolares dos vários Agrupamentos de Escolas do concelho assumem especial importância no desenvolvimento de hábitos continuados de leitura.


Da totalidade de livros requisitados, cerca de 75% foram por leitores numa faixa etária acima dos 18 anos, 5% na faixa situada entre os 13 e os 17 anos e 20% dos livros emprestados pela Biblioteca Municipal destinaram-se a leitores na faixa etária até aos 12 anos.




Ao longo do 1º semestre de 2019 verificamos que os leitores que mais livros requisitam são do género feminino, representando 69% do universo de leitores ativos, estando o género oposto representado apenas por 31%.

Ao longo do 1º semestre registámos novas adesões, com a inscrição de 120 novos leitores, distribuídos da seguinte forma: 71 inscrições de novos leitores com idade acima dos 18 anos, 9 com idade compreendida entre os 13 e os 17 anos e as restantes 40 inscrições pertencem a crianças até aos 12 anos.


ao longo do 1º semestre





Infanto-juvenil













julho 05, 2019

FÉRIAS TAMBÉM É SINÓNIMO DE LEITURA

Dia de praia em família, mas com muita leitura.




Tarde de chuva na praia?
Não faz mal...
Temos livros para todos,  
para todos os gostos e idades.



Sem nada para fazer ... a não ser LER





Vá de Férias, mas antes passe por cá
e requisite livros para toda a família.
Veja as nossas Sugestões de Leitura
e Boas Férias.







junho 28, 2019

O QUE QUER QUE CAIA DO CÉU NÃO DEVE SER AMALDIÇOADO



Elif Shafak, escritora e colunista turca, nasceu a 25 de outubro de 1971, em Estrasburgo, França.
A crítica tem-na aclamado como uma das vozes mais originais da literatura contemporânea, tanto em língua turca como em inglesa.
É formada em ciência política e tem lecionado em várias universidades dos Estados Unidos da América, do Reino Unido e da Turquia. 
Autora de uma obra que inclui ficção e ensaio, está traduzida em 40 países, e foi distinguida, entre outros, com o título de Cavaleiro da Ordem das Artes e Letras francês em 2010.
Crítica do regime de Erdogan, tem-se distinguido na defesa dos direitos das minorias nos artigos que publica, quer na imprensa anglo-americana quer na turca.
Para Elif Shafak o Islão não é incompatível com a democracia e ser muçulmano não colide com as liberdades individuais.

O romance que hoje sugerimos para leitura do seu fim de semana, A Bastarda de Istambul, foi bestseller na Turquia e levou a autora a tribunal, acusada de "denegrir a identidade turca", sob o artigo 301º do Código Penal turco, que prevê uma pena até três anos de prisão. Em 2006 os juízes decretaram que as personagens do seu romance proferiam heresias. 
A autora ousou tocar num ponto sensível aos turcos, o genocídio Arménio. Graças aos protestos internacionais Elif Shafak escapou à prisão.

"Um verdadeiro prazer"
                                                             The Times



Numa tarde de chuva em Istambul, uma mulher entra num consultório médico. "Preciso de fazer um aborto", declara. Tem dezanove anos de idade e é solteira. O que acontece naquela tarde mudará para sempre a sua vida. 
Vinte anos mais tarde, Asya Kazanci vive com a sua família alargada em Istambul. Devido a uma misteriosa maldição que caiu sobre a família, todos os homens kazanci morrem aos quarenta e poucos anos, e por isso é apenas uma casa de mulheres. Entre estas destaca-se a bela e rebelde mãe de Asya, Zeliha, que dirige um estúdio de tatuagens; Banu, que recentemente descobriu que é vidente; Feride, uma hipocondríaca obcecada com a iminência da tragédia.
Quando a prima de Asya, Armanoush, uma arménio-americana, vem para ficar, segredos de família há muito tempo escondidos, relacionados com o passado tumultuoso da Turquia, começam a ser revelados.

Sultão, o Quinto em Istambul

"O gato levantou-se devagar com um profundo descontentamento 
e esticou as patas antes de voltar a entrar em casa. 
Outra gota. Apressou o passo.
Talvez não conhecesse as regras.
 Só não sabia que o que quer que caia do céu não deve ser amaldiçoado.
E isso inclui a chuva."



BOA LEITURA



junho 19, 2019

PARABÉNS LÍDIA JORGE

O Grande Prémio da Literatura é um concurso nacional, promovido pelo grupo DST há quase 25 anos, que distingue, rotativamente, livros de prosa e poesia publicados nos dois anos anteriores.


Este ano, a 14 de junho, O Grande Prémio da Literatura
foi atribuído à escritora Lídia Jorge
com o seu romance Estuário, publicado em maio de 2018.

O júri, composto pelos escritores Vítor Aguiar e Silva, José Manuel Mendes e Carlos Mendes de Sousa, decidiram atribuir o prémio ao romance da escritora "pela elevada qualidade da sua escrita, absorvendo e reelaborando fragmentos de um quotidiana mutacional, com fortes sequências efabulatórias e personagens com notória densidade social e psicológica".

O prémio, no valor de 15 mil euros, será entregue no dia 28 de junho, no Theatro Circo, no âmbito da inauguração da Feira do Livro de Braga.



Estuário é um livro sobre a vulnerabilidade de um homem, de uma família, de uma sociedade e do próprio equilíbrio da Terra, relatados pelo olhar de um jovem sonhador que se interroga sobre a fragilidade da condição humana.
Edmundo Galeano andou pelo mundo, esteve numa missão humanitária e regressou à casa do pai sem parte da mão direita. Regressou com uma experiência para contar e uma recomendação a fazer por escrito, e na elaboração desse testemunho passou a ocupar por completo os seus dias. Porém, ao encontro deste irmão mais novo da família, vem ter sem remédio as vicissitudes diárias que desequilibram a grande casa do Largo do Corpo Santo. Edmundo vai-se, então, apercebendo que as atribulações longínquas mantêm uma relação directa com as batalhas privadas travadas a seu lado. E a sua mão direita, desfigurada, transforma-se numa defesa da invenção literária perante a crueza da realidade.




"Iria começar, no dia seguinte, 
um livro antigo, de muitas páginas..."



junho 14, 2019

RETRATO DE PORTUGAL E DO MUNDO VISTO POR UM AUTOR DIFERENTE DE UMA FORMA DIFERENTE



No passado dia 8 de junho foi apresentado, por Cruzeiro Seixas, na Feira do Livro de Lisboa, o terceiro volume das obras completas  do escritor surrealista português Mário-Henrique LeiriaManifesto, Textos Críticos E Afins é, segundo a editora E-Primatur, um "retrato de Portugal  e do mundo visto por um autor de uma forma diferente".


Mário-Henrique Leiria (1923-1980) é, segundo a sua editora, o "expoente máximo do surrealismo português, foi um obreiro das literaturas alternativas, quer como escritor, experimentalista sempre, brilhante eternamente. Autor de culto, é certamente uma das vozes mais originais e invulgares das letras lusas do século passado".




Mário-Henrique Leiria nasceu em Lisboa em 1923. Frequentou a escola de belas Artes, donde saiu apressadamente. Entre 1949 e 1951 participou nas actividades da movimentação surrealista em Portugal. Depois começou a andar de um lado para o outro. Teve vários empregos, marinha mercante, caixeiro de praça, operário metalúrgico, construção civil (não, não era arquitecto, carregava tijolo), etc., pelas terras onde andou: a Europa cristã e ocidental, o Mediterrâneo norte-africano, o Oriente médio e até, dizem, os países socialistas. Não ia aos Balcãs porque tinha medo, todos lhe diziam que lá os bigodes eram enormes e  as bombas estoiravam até no bolso. Um dia teve que passar por lá. Os bigodes eram realmente grandes, mas toda a gente sabia rir. Tirou o casaco e bebeu que se fartou.
Em 1958 meteram-lhe ideias na cabeça e foi até Inglaterra, para aprender coisas. Não aprendeu e voltou. Entre 1959 e 1961 foi casado e não fez mais nada. Em 1961 foi para a América Latina donde voltou nove anos depois. Por lá, conseguiu ser, entre outras actividades menos respeitáveis, planejador de stands para exposições, encenador de teatro e até director literário de uma editora. Fizera progressos. Agora está chateado, vive em Carcavelos e custa-lhe muito andar.
Tem colaborado em várias revistas e jornais nacionais e não só. Está publicado em algumas antologias, tanto aqui como no estrangeiro. Este é o primeiro livro que tenta publicar em Portugal.
Realmente, está muito chateado. (1973)


A Biblioteca Municipal possui,
 para empréstimo domiciliário,
 os dois volumes dos Contos do Gin-Tonic.





TORAH

Jeová achou que era altura de pôr as coisas no seu devido lugar. Lá de cima, acenou a Moisés.
Moisés foi logo, tropeçando por vezes nas lajes e evitando o mais possível a sarça ardente.
Quando chegou ao cimo, tiveram os dois uma conferência, cimeira, claro. A primeira, se não estou em erro.
No dia seguinte Moisés desceu. Trazia uma tábuas debaixo do braço. Eram a Lei.
Olhou em volta, viu o seu povo aglomerado, atento, e disse para todos os que estavam à espera:
- Está aqui tudo escrito. Tudo. É assim mesmo e não há qualquer dúvida. Quem não quiser, que se vá embora. Já.
Alguns foram.
Então começou o serviço militar obrigatório e fez-se o primeiro discurso patriótico.
Depois disso, é o que se vê.
In, Contos do Gin-Tonic



A Leitura ideal de fim de semana para acompanhar o seu gin-tonic




junho 04, 2019

QUANDO APRENDI A LER, NO MUNDO FEZ-SE LUZ E PASSEI A COMPREENDER TUDO


Hoje é dia de luto nacional



"Há personalidades que nenhumas palavras podem descrever no que foram e no que significaram para todos nós. Agustina Bessa-Luís é uma dessas personalidades. 
Como criadora, como cidadã, como retrato da força telúrica de um povo e da profunda ligação entre as nossas raízes e os tempos presentes e vindouros. De "antes quebrar do que torcer" testemunhou com o rigor inexcedível da sua escrita, nunca corrigida, o fim de um Portugal e o nascimento de outro. Um e outros feitos do Portugal eterno. E é a esse Portugal eterno que ela pertence."
Marcelo Rebelo de Sousa




Além de romances, Agustina Bessa-Luís escreveu também peças de teatro, guiões para televisão, várias biografias romanceadas e literatura infantil.
O realizador Manoel de Oliveira adaptou para o cinema muitas obras da autora.




Conciliou a sua atividade literária com outros projectos: 
  • 1961/1962 - Foi membro do Conselho Diretivo da Comunidade Europeia dos Escritores 
  • 1986/1987 - Foi editora do jornal O Primeiro de Janeiro
  • Nos anos 90 Fez parte da direção do Teatro Nacional D. Maria II
  • Foi membro da Alta Autoridade para a Comunicação Social.


Distinções e Prémios
  • 1975 - Recebeu o Prémio "Adelaide Ristori" - Centro Cultural Italiano de Roma
  • 1980 - Foi Distinguida com o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago de Espada
  • 1980 - Ganhou o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores com o livro O Mosteiro .
  • 1988 - Recebeu a Medalha de Honra da Cidade do Porto e o grau de Oficial da Ordem das Artes e Letras de França
  • 2001 - Ganhou o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores com o romance O Principio da Incerteza.
  • 2002 - Recebeu o Globo de Ouro
  • 2004 - Recebeu o Prémio Vergílio Ferreira (atribuído pela Universidade de Évora) pela sua carreira como ficcionista
  • 2004 - Recebeu o Prémio Camões - "o júri tomou em consideração que a obra de Agustina Bessa-Luís traduz a criação de um universo romanesco de riqueza incomparável que é servido pelas suas excepcionais qualidades de prosadora, assim contribuindo para o enriquecimento do património literário e cultural da língua comum." 
  • 2005 - Foi-lhe atribuído o título de doutor honoris causa pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto
  • 2005 - Recebeu o Prémio de Literatura do Festival Grinzane Cinema de Turim (Itália)
  • 2006 - Foi elevada ao grau de Grã-Cruz da Ordem de Sant'Iago.




"Nasci escritora e tenho o gosto da escrita.
Depois vem a relação com o público e com todos
 estes fantasmas que são as memórias".




maio 29, 2019

QUINTA-FEIRA DE ASCENÇÃO

"Todas as festas celebradas no interior do Pinhal de Leiria são, de um modo geral, de iniciativa popular, como é exemplo a celebração tradicional da Quinta-Feira de Ascenção.
Não conseguiremos descobrir a raiz de adoção da tradicional festa popular de Quinta-Feira da Ascenção na Marinha Grande, embora se depreenda que a tradição teria sido trazida pelas migrações de trabalhadores, que se aproximaram do concelho como grande centro empregador, ao longo do tempo.
Sabe-se que a Ascenção é uma festa que se celebra tradicionalmente desde o século IV, em cada 40.º dia da Ressurreição de Cristo. Nesse dia de festa, também o povo da Marinha Grande, no passado, dedicava religiosamente a Ascenção ao descanso total de quem trabalha e nem as refeições eram preparadas nesse dia de recolhimento.
Era na véspera do dia festivo que se fazia o necessário trabalho de arrumos, limpezas e confeções das refeições para a comemoração no dia seguinte, permitindo-se ao povo o trabalho exclusivo de alimentar o gado e cuidar das crianças. O dia da festa era dedicado exclusivamente a um evocatório passeio em família pelos campos, como faziam os judeus subindo ao Monte das Oliveiras, para colher, pelo caminho, os ramos para protegerem o lar durante o ano seguinte. (...).


Pela madrugada, no dia seguinte, saíam para o campo em grupo familiar, farnel na mão, colhendo ao longo da caminhada a "espiga" com flores silvestres da primavera. No raminho não pode faltar a espiga de trigo, símbolo do pão e da fartura, a oliveira, que invoca o azeite para a luz divina e paz, o alecrim pedindo saúde e força, a papoila transmitindo a alegria e ainda o malmequer, simbolizando ouro e prata. (...)
A 24 de novembro de 1964, o presidente da Câmara Municipal, Adriano Marques Roldão, determinou que o feriado municipal passasse a ser celebrado na 5.ª Feira de Ascenção de cada ano, considerando tratar-se de um dia de festa tradicional. (...)
Durante alguns anos, os Serviços Florestais, cada vez que chegava a 5.ª Feira de Ascenção, organizavam algumas viagens gratuitas no "Comboio de Lata", com partida da Guarda Nova até ao Farol de S. Pedro. Os populares engalanavam a máquina e as carruagens com flores e verduras da Mata e assim passavam em comunidade um agradável dia na Praia Velha ou na Praia da Concha, em amena comunhão.


A tradição de comemoração do dia continua a manter-se, mas hoje são milhares de automóveis espalhados por todos os cantos do velho Pinhal do Rei e, no dia seguinte, o lixo abunda por todo o lado tornando bem visível a passagem da "civilidade" dos nossos dias.
No passado a 5.ª Feira de Ascenção era um dia comemorado numa comunhão perfeita entre famílias, misturando-se toda a gente em amena cavaqueira, trocando brindes, farnéis e copos de vinho, de uma forma simples e espontânea. "Ninguém" era "ninguém" para serem todos unidos na mesma confraternização, cultivando uma quase mística amizade que, se ainda não existia, iria perdurar pela vida fora. (...)
O raminho colhido na Mata de todos nós, é guardado religiosamente bem exposto atrás da porta de entrada da casa, indo permanecer durante todo o ano como símbolo do pão e da fartura, da luz divina e da paz, da saúde e da força, da alegria e ainda do ouro e da prata, que todos desejam para si e para os seus."

Gabriel Roldão,
In, Elucidário do Pinhal do Rei


Bom Feriado, Bom Pic-Nic



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