Quando o viu na repartição de Finanças pensou que se tinha enganado. Mas logo ele lhe acenara, sorrindo, não havia engano.
dezembro 15, 2021
UM NATAL PERFEITO
dezembro 10, 2021
OS ANÉIS DO MEU CABELO: A história de Mariza
No dia do meu enterro
Diz à terra que não coma
Os anéis do meu cabelo
O musicólogo Rui Vieira Nery identificou, logo à partida, uma série de condições muito hostis ao sucesso que se adivinhava desde a primeira hora. "Mariza sempre fez questão de cultivar a diferença, de criar uma certa distância que lhe foi devolvida pelo meio do fado. Ela nunca quis ficar no circuito tradicional da casa típica, do disco ocasional, do espetáculo de fado à antiga. Tinha uma confiança muito forte no seu talento, tinha outras ambições e nunca as escondeu."
Na Warner Music Portugal é Paulo Miranda quem trata dos discos de Mariza. O poder conquistador da artista começou por o conquistar a ele. "Eu não gosto de fado, gosto de Mariza. Até a conhecer, achava que o fado era muito chato, uma coisa dos meus pais." Bem mais difícil de cativar do que ele próprio, conta Paulo Miranda, era Napoleão e Mariza foi bem-sucedida. "Havia uma reunião anual da EMI em Madrid onde estava sempre o chefe máximo da empresa para a Europa, um francês com um péssimo feitio que tinha a alcunha de Napoleão. Sempre que lhe apresentávamos músicas novas, ele ouvia uns segundos e ordenava logo que se passasse à seguinte. Nesse ano, os meus colegas levaram o fado Ó Gente da Minha Terra, na interpretação do Concerto de Lisboa, que tem seis minutos e vinte segundos. Estamos a falar de uma pessoa que consumia música de todo o mundo e que tinha muito pouco tempo. Quando a faixa acabou, ele ficou em silêncio e disse: "ponham outra vez".
dezembro 03, 2021
PASSARAM AINDA ALÉM DA TAPROBANA
Eduardo Pires Coelho nasceu em Lisboa em 1974. Licenciado em Gestão de Empresas pela Universidade Católica Portuguesa e trabalha em mercados financeiros desde 1997.
novembro 24, 2021
ÚLTIMO OLHAR
“O detonador do romance é um acontecimento passado em
Espanha:
O apedrejamento de um autocarro que levava idosos infetados pela
covid.
A partir daí senti necessidade de o situar de forma correta.”
Fotografia de Tiago Miranda/Expresso |
novembro 19, 2021
JOSÉ SARAMAGO, 1922-2010
novembro 10, 2021
UMA DECLARAÇÃO DE AMOR À MINHA ILHA
O leitor poderá encontrar na nossa Biblioteca, para empréstimo domiciliário, os seguintes títulos:
- O Terceiro Servo
- Arquipélago
- Meridiano 28
Ilha Terceira, Açores |
novembro 05, 2021
FOI NO CHIADO QUE TUDO COMEÇOU
Lisboa, Chiado, anos 1950 |
outubro 29, 2021
MAS MESMO ASSIM, EVELYN, PORQUÊ? PORQUÊ EU?
outubro 21, 2021
PRÉMIO CAMÕES 2021
Paulina Chiziane
Pode encontrar na nossa Biblioteca Municipal o livro da escritora
Guerra. Destruição. Miséria. Sofrimento. Humilhação. Ódio. Superstição. Morte. Este é o cenário dantesco, boscheano, que encontramos nas páginas de "Ventos do Apocalipse". As palavras fortes, cruas, incisivas, dilacerantes e delirantes da autora levam-nos a questionar-nos quanto de ficção existirá no realismo das descrições deste palco apocalíptico em que a guerra mais aberrante será talvez a de dois povos, os mananga e os macuácua, colocados entre dois fogos e não sabendo quem os defende e quem os ataca. Paulina Chiziane é uma contadora nata de estórias. Consegue levar-nos ao âmago do mais baixo dos mais baixos degraus de degradação do ser humano. Com ela percorremos as vinte e uma noites de pesadelo e tormentos que foi o êxodo dos sobreviventes de uma aldeia. Através dela aprendemos a respeitar Sixpence, tornado o herói simbólico, emblemático, e líder venerado desses fugitivos. Pela sua mão desvendamos o mundo de Minosse, a última mulher que restou ao régulo Sianga, e ouvimos as palavras sábias de Mungoni, o adivinho. E compreendemos a loucura de Emelina, a assassina dos próprios filhos. São da autora estas palavras ditas por uma das personagens em absoluto desespero: «Se o homem é a imagem de Deus, então Deus é um refugiado de guerra, magro e com o ventre farto de fome. Deus tem este nosso aspecto nojento, tem a cor negra da lama e não toma banho à semelhança de nós outros, condenados da terra. O Diabo, sim, esse deve ser um janota que segura os freios da vida dos homens que sucumbem.» O leitor julgará.
In, Wook