"Um homem sentar-se com um cão numa colina, numa tarde gloriosa, é como reencontrar o Éden, onde não fazer nada não era aborrecido, mas uma paz"
Milan Kundera
Joel Neto nasceu a 3 de março de 1974 em Angra do Heroísmo.
Trabalhou para a maior parte dos grandes jornais portugueses como repórter, editor e colunista.
Sempre quis ser um escritor açoriano e, depois de 20 anos a trabalhar nos jornais em Lisboa, em 2012 regressou à ilha e passou a viver da e para a escrita.
Vive com a mulher no lugar dos Dois Caminhos, freguesia da Terra Chã (ilha Terceira), onde tem dois cães, um jardim de azáleas e um pomar.
É daí que continua a escrever a série de relatos A Vida no Campo para o Diário de Notícias.
"Sempre que há uma história que tem de ser contada,
há um livro que tem de ser escrito"
Ernest Hemingway
Lisboa 2017 - Nova Iorque 1996 - Faial 2017 - Praga 1939. É neste eixo que decorre a ação de Meridiano 28. O livro parte de uma descoberta de Joel Neto. Encontrou registos que mostravam que, durante a Segunda Guerra Mundial, ingleses e alemães das comunidades que desenvolviam a expansão do telégrafo a partir da ilha do Faial tinham vivido em paz.
"- Em quantos lugares no mundo sabe o José Filemom de ingleses e alemães terem permanecido em paz durante a Segunda Guerra Mundial? (...)
- Falo de paz verdadeira. De harmonia. De lugares onde as crianças alemãs usassem suásticas e, apesar disso, as inglesas frequentassem as mesmas escolas que elas. (...) Lugares onde senhoras inglesas e alemãs se encontrassem para passeios matinais, caminhando juntas à beira-mar durante horas, com as suas sombrinhas e os seus vestidinhos? Alheias ao facto de os irmãos e os primos e os amigos de infância se digladiarem no conflito mais letal da História da Humanidade? (...)
- Não havia muitos, não - prosseguiu Fitzhugh. - Mas havia a ilha do Faial, no arquipélago dos Açores."
Em 1939, o mundo entrou em guerra. Foi o conflito mais mortífero da história da Humanidade. Mas, na pequena ilha açoriana do Faial, ingleses e alemães conviveram em paz durante mais três anos. Eram os loucos dos cabos telegráficos.
No mar em frente emergiam os periscópios de Hitler. Dezenas de navios britânicos eram afundados todos os meses. Já em terra, as crianças inglesas continuavam a aprender na escola alemã, dividendo as carteiras com meninos adornados de suásticas. As famílias juntavam-se para bailes e piqueniques.
Os hidroaviões da Pan Am faziam desembarcar estrelas do cinema e da música, estadistas e campeões de boxe. Recolhiam-se autógrafos. Jogava-se tennis e croquet. Dançava-se ao som do jazz.
Viviam-se as mais arrebatadoras histórias de amor.
No mar em frente emergiam os periscópios de Hitler. Dezenas de navios britânicos eram afundados todos os meses. Já em terra, as crianças inglesas continuavam a aprender na escola alemã, dividendo as carteiras com meninos adornados de suásticas. As famílias juntavam-se para bailes e piqueniques.
Os hidroaviões da Pan Am faziam desembarcar estrelas do cinema e da música, estadistas e campeões de boxe. Recolhiam-se autógrafos. Jogava-se tennis e croquet. Dançava-se ao som do jazz.
Viviam-se as mais arrebatadoras histórias de amor.
Caro Leitor, são estas histórias que lhe sugerimos para leitura no seu fim de semana.
Um reencontro entre dois homens de tempos distintos e que talvez tenham mais em comum do que aquilo em que gostariam de acreditar. Uma memória das mulheres que amaram e talvez não tenham sabido fazê-lo.
Hidroaviões da Pan Am no porto da cidade da Horta em 1939 |
"Uma cidade a assistir da primeira fila à guerra, imune a ela e,
no entanto, atingida no coração."
Alice
Boa Leitura
Sem comentários:
Enviar um comentário