abril 09, 2013

25 DIAS, 25 POEMAS




O tirano honesto

Dele dizem hoje: governou mas não roubou.
Pois não. Ou muito pouco. Tão só a liberdade
do povo dele e de tantos outros que assim
honestamente sempre oprimiu. Que os tiranos
honestos são os mais temíveis: só os move
a honesta perversão do poder total.

Luiz-Manuel,
in Um Pirilampo no Inverno
Folheto Edições & Design
 
 
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Luiz-Manuel [1935-2011] escritor e tradutor bilingue (português e francês), natural da Marinha Grande. Radicado na Suíça desde dezembro de 1962, viveu na cidade de Renens, perto de Lausana. Publicou treze volumes de poesia, em português, francês e bilingues. Traduzido em grego, russo, italiano e romeno.
Traduziu para francês numerosos poetas portugueses: Manuel Alegre, José Bento, António Luís Moita, José Gomes Ferreira, etc. Traduziu e apresentou em português, no semanário marinhense "O Correio", hoje desaparecido, vinte e três poetas suíços, dos quais vinte e três de expressão francesa (Suíça Romanda) e dois de expressão italiana (Ticino).
Um Pirilampo no Inverno foi o seu quinto volume de poesia em português.





 


abril 07, 2013

25 DIAS, 25 POEMAS


Dando continuidade à iniciativa "25 dias, 25 poemas"vamos hoje publicar um poema da autoria de Natália Correia, alusivo à liberdade.

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JÁ AS PRIMEIRAS COUSAS SÃO CHEGADAS / I

Tanta foice isto é coice desconfio...
Tanto de marx martelar já cansa.
Adrede é labirinto não me fio
no fio que o comício ao coro lança.

De tanto ruminar tanto Rossio
numa canga aguilhando tanta esperança.
Tanto poder ao povo com feitio
de espezinhá-lo depois da governança.

Tanta denúncia. É a pedagogia
da Revolução que o excremento avia
e não chegámos ao último terceto.

Recém-nascida apenas deste em cabra
Ó Liberdade! Não sei como isto acaba,
não sei como acabar este soneto.

Natália Correia
in Epístola aos lamitas


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Natália Correia viveu entre 1923 e 1993 e deixou-nos uma vasta obra publicada.
Foi uma escritora multifacetada, desenvolvendo a sua atividade na área da poesia, do romance, do teatro e do ensaio, sendo, porém, a poesia o seu género literário predominante.
Paralelamente à sua obra, e através dela, foi uma mulher que se bateu por grandes causas, onde se inscrevem a defesa dos direitos humanos e os direitos das mulheres. 
Com uma personalidade muito forte, carismática e, muitas vezes, polémica, evidenciou ao longo da sua vida uma forte intervenção política, cultural e cívica, chegando a ser deputada na Assembleia da República. A sua obra foi sempre o reflexo do seu carácter fortemente ideológico.





abril 05, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA



Suzanna Arundhati Roy nasceu a 24 de novembro de 1961 em Kerala, Índia. Licenciada em arquitetura, cedo se dedicou à escrita de guiões para cinema e séries de televisão. O seu papel como ativista em torno de questões ligadas à justiça social e desigualdade económica valeram-lhe, em 2002, o Cultural Freedam Prize, concedido pela Lannan Foundation. 
Aproveita a sua escrita para se dedicar às lutas pelas causas em que sempre acreditou e ao seu ativismo político: as mulheres e o regime de castas na Índia; a polémica em torno do nuclear e as tensões com o Paquistão; a globalização; o marxismo dissimulado; o 11 de Setembro e a Guerra no Iraque.


O seu primeiro romance, é hoje a nossa 
sugestão de leitura de fim de semana.

Publicado em 1997, recebeu no ano seguinte o Booker Prize, o mais importante prémio literário da língua inglesa.
Arundhati Roy foi a primeira indiana a vencer aquele prémio e logo com a primeira obra. O livro foi editado em 36 países e encabeçou, durante semanas, a lista dos livros mais vendidos na Grã-Bretanha, Austrália, Índia e Noruega.


"Este prémio é sobre o meu passado. 
Não sei se escreverei outro livro. 
Estou à espera que o barulho na minha cabeça pare."
                                                                                                                                Arundhati Roy



Qual é então o livro?

O Deus das Pequenas coisas 
Edições Asa

Uma apaixonante saga familiar, de uma autora a quem a crítica compara já com Salmon Rushdie e García Márquez.


"Tudo começou realmente na época em que 
as Leis do Amor foram feitas. 
As leis que estipulavam quem devia ser amado, e como. 
E quanto."



"O Deus das Pequenas Coisas" é a história de três gerações de uma família da região de Kerala, no sul da Índia, que se dispersa por todo o mundo e se reencontra na sua terra natal.
Uma história feita de muitas histórias. A história dos gémeos Estha e Rahel, nascidos em 1962, por entre notícias de uma guerra perdida. A de sua mãe Ammu, que ama de noite o homem que os filhos amam de dia, e de Velutha, o intocável deus das pequenas coisas. A da avó Mammachi, a matriarca cujo corpo guarda cicatrizes da violência de Pappachi. A do tio Chacko, que anseia pela visita da ex-mulher inglesa Margaret, e da filha de ambos, Sophie Mol. A da sua tia-avó mais nova, Baby kochamma, resignada a adiar para a eternidade o seu amor terreno pelo Padre Mulligan.
Estas são as pequenas histórias de uma família, que vive numa época conturbada e de um país cuja essência parece eterna. Onde só as pequenas coisas são ditas e as grandes permanecem por dizer.



"Foi uma época em que o impossível se tornou pensável 
o impossível realmente aconteceu."



Visite-nos, requisite o livro e
Tenha um bom fim de semana 



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FLOR DA LIBERDADE

Sombra dos mortos, maldição dos vivos.
Também nós... Também nós... E o sol recua.
Apenas o teu rosto continua
A sorrir como dantes, 
Liberdade!
Liberdade do homem sobre a terra, 
Ou debaixo da terra.
Liberdade!
O não inconformado que se diz
A Deus, à tirania, à eternidade.

Sepultos insepultos,
Vivos amortalhados,
Passados e presentes cidadãos:
Temos nas nossas mãos
O terrível poder de recusar!
E é essa flor que nunca desespera
No jardim da perpétua primavera.

                                                                               Miguel Torga, in Antologia Poética






abril 03, 2013

QUEM QUISER, QUE VENHA COMIGO!


"Farto de quase 50 anos de opressão,
- farto da incompetência,
- farto de fabricar carne para canhão...
- farto de ajudar meia dúzia de glutões a comer à conta do orçamento,
- farto de "lutar" por causas perdidas,
decidi dizer "Basta!".
(...) Depois do primeiro sinal rádio com E depois do adeus, começamos a acordar o pessoal, que se convenceu estar perante mais uma instrução noturna. (...)
Assim, perante o estado de negação de liberdade e de injustiça que tínhamos atingido, perante as nulas esperanças em melhores dias, havia que mudar o regime, não para nos substiuírmos ao regime anterior, mas para, dando liberdade e democracia, garantir ao povo a escolha do destino coletivo.
Para desanuviar, declarei que havia várias modalidades de Estados: os liberais, os sociais-democratas, os socialistas, etc., mas nenhum pior do que o estado a que chegáramos, pelo que urgia acabar com ele."
           Salgueiro Maia
in Capitão de Abril: Histórias da guerra do ultramar e do 25 de Abril 



"Você devia ter morrido não de um cancro qualquer, 
mas de pé, fulminado por um raio"
                                                                                                             Fernando Assis Pacheco


A 4 de abril de 1992, faz amanhã 21 anos,  aos 47 anos de idade, morreu o "Capitão sem Medo", Salgueiro Maia. A história consagra-o como o maior exemplo de coragem na revolução de 25 de Abril de 1974.
Salgueiro Maia foi sepultado em Castelo de Vide, sua terra natal, ao som da "Grândola", como era seu desejo e na presença de três ex-Presidentes da República (António de Spínola, Costa Gomes e Ramalho Eanes) e de Mário Soares, chefe de estado em funções.



Fernando José Salgueiro Maia, nasceu a 1 de julho de 1944 em Castelo de Vide. Em 1964, ingressou na Academia Militar em Lisboa. Terminado o curso, apresentou-se na Escola Prática de Cavalaria (EPC), em Santarém. Aí foi comandante de instrução e em 1968, em plena guerra colonial, partiu para o norte de Moçambique, integrado na 9ª Companhia de Comandos. Em março de 1971, foi promovido a capitão e em julho foi para a Guiné. Dois anos depois, regressou a Santarém, à Escola Prática de Cavalaria, de onde saiu na madrugada do 25 de Abril. 



"No Carmo dominou tudo e todos: dominou a guarda, dominou o Governo, dominou os ministros que choravam, dominou a multidão e dominou o ódio coletivo dos que gritavam vingança. E dominou o tempo e a vitória que veio ter com ele, obediente e fascinada."
                                                                                                             Francisco Sousa Tavares 


Depois da revolução licenciou-se em Ciências  Políticas e Sociais, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa.
Participou no 25 de novembro de 1975, saindo da EPC no comando de uma coluna às ordens do Presidente da República Costa Gomes. Foi transferido para os Açores, só voltando em 1979 a Santarém. Em 1981 foi promovido a major e em 1984 regressou à Escola Prática de Cavalaria.
Avesso a privilégios e honrarias, Salgueiro Maia recusou ser membro do Conselho da Revolução, adido militar numa embaixada à sua escolha, governador civil de Santarém e pertencer à Casa Militar da Presidência da República.
Recebeu em 1983 a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, em 1992, a título póstumo, o grau de Grande Oficial da Ordem da Torre e Espada e, em 2007, a Medalha de Ouro de Santarém.
Em 1988, já doente, solicita uma irrisória pensão por "serviços excecionais ou relevantes" prestados ao país, que lhe é recusada, ao mesmo que era atribuía a dois antigos inspetores da PIDE.

Na sua Biblioteca Municipal o leitor encontrará toda a informação sobre o símbolo da revolução dos cravos.

Visite-nos


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SALGUEIRO MAIA

Aquele que na hora da vitória
Respeitou o vencido

Aquele que deu  tudo e não pediu a paga

Aquele que na hora da ganância
Perdeu o apetite

Aquele que amou os outros e por isso
Não colaborou com a sua ignorância ou vício

Aquele que foi "Fiel à palavra dada à ideia tida"
Como antes dele mas também por ele
Pessoa disse

                                                                          Sophia de Mello Breyner Andresen
in Musa




abril 01, 2013

Porque hoje é o 1º dia de abril 

CLIQUE AQUI 

Leia a nossa NEWSLETER  fique a conhecer as nossas atividades 

Apesar do estado caótico em que se encontra hoje a nossa Biblioteca Municipal, em virtude das fortes chuvadas de ontem, que inundaram parcialmente as nossas instalações, como poderá comprovar pelas fotos que publicamos, nós não baixamos os braços....






... e vamos dar hoje início à atividade

25 DIAS, 25 POEMAS

Assim, ao longo de 25 dias iremos publicar POEMAS alusivos à LIBERDADE. Serão 25 poemas, um por dia, publicados diariamente nos nossos blogues e que irão, gradualmente, constituir uma mostra bibliográfica de poetas e um painel de poemas, que poderão ser vistos no átrio da entrada da Biblioteca Municipal. Este poema foi a nossa primeira escolha. Ora leia.

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Liberdade

Sobre esta página escrevo
teu nome que no peito trago escrito
laranja verde limão
amargo e doce o teu nome.

Sobre esta página escrevo
o teu nome de muitos nomes feito
água e fogo lenha vento
primavera pátria exílio.

Teu nome onde exilado habito e canto
mais do que nome: navio
onde já fui marinheiro
naufragado no teu nome.

Sobre esta página escrevo
o teu nome: tempestade.
E mais do que nome: sangue.
Amor e morte. Navio.

Esta chama ateada no meu peito
por quem morro por quem vivo
este nome rosa e cardo
por quem livre sou cativo.

Sobre esta página escrevo
o teu nome: liberdade.

Manuel Alegre, in Obra Poética
Publicações Dom Quixote


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Não perca os outros poemas! 
Vamos aqui
sentir ABRIL todos os dias!





março 28, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA


Fim de semana à porta, com os preparativos para a Páscoa, as amêndoas e folares para os afilhados, a preparação do almoço do domingo de Páscoa para receber a família, nós sabemos que o leitor não vai ter muito tempo para relaxar e ler o livro que costumamos sugerir para leitura de fim de semana. 

Por isso, caro leitor,  mais uma vez vamos ajudá-lo.
Está certamente lembrado que no ano passado a "nossa" receita dos folares foi um sucesso junto da família. 
E para que o sucesso continue, a nossa sugestão de leitura de fim de semana é a uma receita para o almoço de domingo de Páscoa.



A mesa já está posta, a família e afilhados já chegaram, só falta mesmo...

O Cabrito Assado no Forno à Moda do Minho

Ingredientes:
1 cabrito
4 dentes de alho
batatas pequenas para assar
4 cebolas
1 colher de chá de colorau
2 folhas de louro
125 gramas de margarina
pimenta q.b.
sal q.b.
1 ramo de salsa
100 gramas de toucinho
2,5 dl de vinho branco.


 Modo de preparação:
Arranje o cabrito e barre-o com a seguinte mistura: pique 2 cebolas, os alhos e o toucinho, junte-lhes 50 gr de margarina, o colorau, 1 dl de vinho branco e tempere com sal e pimenta. Forre a assadeira com as restantes cebolas cortadas às rodelas, e sobre elas coloque o cabrito, bem como o ramo de salsa e o louro e deixe ficar assim durante 24h no frigorifico.
No dia seguinte regue o cabrito com o restante vinho, disponha à volta as batatas, tempere com sal e pimenta. Espalhe o resto da margarina cortada aos bocados sobre o cabrito e leve a assar no forno, regando de vez em quando com o molho que se vai formando.
Bom apetite.


Boa Páscoa




março 27, 2013

27 DE MARÇO | DIA MUNDIAL DO TEATRO


"Mas a verdade verdadeira é que, na arte do teatro, 
não há nunca uma verdade única que possamos encontrar. Há muitas."
                                                                                                                    Harold Pinter


Há quanto tempo não vai ao teatro?

Aproveite que hoje, Dia Mundial do Teatro, muitas companhias teatrais de norte a sul, 
dão espetáculos de graça, como forma de comemorar o seu dia.


O Dia Mundial do Teatro foi criado em 1961, em Viena (Áustria), durante o 9º Congresso do Instituto Internacional do Teatro, organização não governamental fundada em Praga em 1948 pela UNESCO e Comunidade Internacional do Teatro. Esta data marca a inauguração das temporadas internacionais no Teatro das Nações em Paris iniciadas em 1954.
O 1º Festival de Teatro realizou-se em 1957.

Uma das mais importantes manifestações que se realizam por todo o mundo é a difusão da Mensagem Internacional, escrita tradicionalmente por uma personalidade de dimensão mundial, convidada pelo Instituto Internacional do Teatro para partilhar as suas reflexões sobre o Teatro e a Paz entre os Povos. Esta mensagem é traduzida em mais de vinte línguas e lida aos espetadores antes do espetáculo da noite nos teatros do todo o mundo.
Este ano, a honra coube ao dramaturgo italiano Dario Fo. [Veja aqui].


"Que sorte têm os atores! Cabe a eles escolher se querem participar 
numa tragédia ou numa comédia, se querem sofrer ou regozijar-se, 
rir ou derramar lágrimas; isto não acontece na vida real".
                                                                                                                                 Oscar Wilde



Sonoplastia: música de circo. Gargalhadas estridentes de troça. Entram três  palhaços - o da cena anterior e mais dois mimados por atrizes que executam uma pantomima de escárnio e mal dizer: Vertiginosa, feroz, diabólica. Escuro total. Silêncio. assim, uns segundos. Vinda do fundo da plateia, ouve-se uma voz gravada.
Voz Do Autor: Sou português, escritor e tenho quarenta e cinco anos de idade. Sim, sou aquele menino a cujo nascimento os senhores assistiram, no começo desta peça...
Ouviram os alegres votos de esperança dos meus pais, amigos e familiares. Lembram-se? Coitados, como se enganaram! (...).Assim tenho vivido, assim temos todos vivido em Portugal. Tenho quarenta e cinco anos e... estou farto, cansado, já não acredito em nada.  
                                            Bernardo Santareno in  Português, Escritor, 45 Anos de Idade.


Esta peça foi representada pela primeira vez a 5 de julho de 1974 no Teatro Maria Matos, numa encenação de Rogério Paulo, e, com as interpretações de António Montez, Rogério Paulo, Lourdes Norberto, Irene Cruz, entre outros.



Bernado Santareno, pseudónimo literário de António Martinho do Rosário, é considerado o maior dramaturgo português do século XX.
Bernardo Santareno nasceu em 1920, em Santarém.
Em 1945 mudou-se para Coimbra, onde se licenciou em medicina psiquiátrica em 1950.
Em 1957 e 1958, a bordo dos navios David Melgueiro, Senhora do Mar e do navio-hospital Gil Eanes, acompanhou as campanhas da pesca do bacalhau como médico. Esta experiência iria servir de inspiração a muitas das suas obras.
Durante a ditadura teve várias vezes problemas com o regime, tendo a sua peça "A Promessa" sido retirada de cena após a estreia, devido a pressões da Igreja Católica.
Português, Escritor, 45 anos de Idade, é uma peça autobiográfica escrita na primeira pessoa e foi o primeiro original português a estrear-se depois do 25 de Abril.
Bernardo Santareno foi distinguido por três vezes com o Prémio Imprensa.
Morreu em 1980, com 59 anos de idade.
A sua dramaturgia pode ser encontrada na Biblioteca da sua cidade.

"Não há papeis pequenos, só atores pequenos"
                                                                                  Milan Kundera


Parabéns a todos os profissionais e amadores 
que fazem parte do universo do Teatro.

Viva o Teatro

março 22, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA


O leitor gosta de histórias de amor?
E se forem verdadeiras, com pessoas que conhecemos?

É precisamente uma grande história de amor,
 em que as personagens são conhecidas de todos nós, a nossa sugestão de hoje.

Consegue imaginar o filósofo alemão Martin Heidegger apaixonado?

Hannah Arendt e Martin Heidegger

A nossa sugestão de leitura de fim de semana conta-nos o desenrolar de uma paixão, que obrigou Martin Heidegger a ignorar as convenções religiosas da cultura cristã, que sanciona o adultério, e as imposições do regime nazi, que não só proibiam como puniam implacavelmente as ligações afetivas entre arianos e judeus.

Interessante, não?

O leitor só tem que se deslocar à sua Biblioteca preferida e requisitar o livro:

O Último Encontro
da escritora francesa Catherine Clément
editado pelas Edições Asa.


"O coração de Hannah pôs-se a bater mais depressa. Há quanto tempo não estava sozinha com ele? Pelo menos vinte anos, ou mais? Exatamente desde...Desde 1950, sim. Vinte e cinco anos. (...)
Uma vez, apenas uma única vez, é que Martin tinha desafiado a proibição conjugal. Foi em 1950, em Friburgo, Hannah e Martin, os dois sozinhos.
Foi depois do exílio de Hannah, depois do extermínio, depois do nascimento de Israel, depois da guerra. Depois de Martin ter sido condenado pela sua ideologia nazi, depois da derrota. E, vinte e cinco anos depois, Martin e Hannah iam estar novamente sozinhos!"

Alemanha, 1975: duas mulheres já idosas encontram-se à cabeceira de um velho homem doente, depois de, durante cinquenta anos, terem lutado por um lugar no seu coração. Ele, o velho homem, é Martin Heidegger, o filósofo genial que, em determinado momento, não resistiu ao canto de sereia do nazismo. 
As mulheres são Elfride - a esposa legítima, a mãe de família, a burguesa alemã - e Hannah Arendt, a "amante", a intelectual judia, a apátrida com coração de vento. 
Como foi possível, no meio de uma tragédia que pôs a Europa a ferro e fogo e face às opções políticas do velho mestre, a história de amor - uma das mais belas histórias de amor do século XX - entre Martin e Hannah?



Catherine Clément nasceu a 10 de fevereiro de 1939 em Boulogne-Billancourt, França, no seio de uma família meio católica meio judia. Passou a sua infância com a sua avó, dado que os seu pais faleceram durante a Segunda Gerra Mundial, tal como os seus avós judeus que foram duas das muitas vítimas do campo de concentração de Auchwitz.
Entrou para a prestigiada "École Normale Supérieure" em 1959 e formou-se em filosofia. Em 1962 foi aluna do antropólogo Claude Lévi-Strauss. Mais tarde Catherine dedicou-se em exclusivo à escrita e publicou várias obras: A Senhora, Por Amor da Índia, A Valsa Inacabada, Rameira do Diabo, o Último Encontro, Jesus na Fogueira, As Novas Bacantes, A Viagem de Théo e O sangue do Mundo. Estes dois últimos fazem parte das listas dos livros mais vendidos em vários países. 
O leitor pode encontrar  todos eles na sala de leitura da sua Biblioteca.


Ilustração de Deborah DeWit


Tenha um Bom Fim de Semana
e não se esqueça que amanhã é "Hora do Planeta"



março 20, 2013

21 DE MARÇO | DIA MUNDIAL DA POESIA


"Todas as coisas têm o seu mistério,
 e a poesia é o mistério de todas as coisas".
                                                                                             Federico García Lorca



Segundo um estudo da Universidade de Liverpool, publicado a 15 de janeiro deste ano, ler autores clássicos estimula a mente e ler poesia pode ser mais eficaz em tratamentos do que os chamados livro de auto ajuda.
Os especialistas em ciência, psicologia e literatura inglesa daquela universidade, descobriram que a poesia "é mais útil que os livros de auto ajuda", já que afeta o lado direito do cérebro, onde estão armazenadas as lembranças autobiográficas, ajudam a refletir sobre elas e a entendê-las sobre outra perspetiva.
"A poesia não é só uma questão de estilo. A descrição profunda de experiências acrescenta elementos emocionais e biográficos ao conhecimento cognitivo que já possuímos das nossas lembranças", explica o especialista encarregado de apresentar o estudo.


Se eu gosto de poesia?
Gosto de gente,
bichos,
plantas, lugares, chocolate,
vinho, papos amenos, amizade,
amor.
Acho que a poesia está contida nisso tudo.
                                                                                   Carlos Drummond de Andrade




E o leitor gosta de poesia?
Não sabe?
Nunca leu?
Não sabe por onde começar?



ALGUNS GOSTAM DE POESIA

Alguns - 
quer dizer nem todos.
Nem a maioria de todos, mas a minoria.
Excluindo escolas, onde se deve,
e os próprios poetas
serão talvez dois em mil.
Gostam - 
mas também se gosta de canja de massa,
gosta-se da lisonja e da cor azul,
gosta-se de um velho cachecol,
gosta-se de levar a sua avante,
gosta-se de fazer festas a um cão.
De poesia - 
mas o que é a poesia?
Algumas respostas vagas
já foram dadas,
mas eu não sei e não sei, e a isto me agarro
como a um corrimão providencial
                                                                                       Wislawa Szymborska



Visite-nos, peça-nos sugestões.


Atreva-se!!!!!
                      

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