abril 03, 2013

QUEM QUISER, QUE VENHA COMIGO!


"Farto de quase 50 anos de opressão,
- farto da incompetência,
- farto de fabricar carne para canhão...
- farto de ajudar meia dúzia de glutões a comer à conta do orçamento,
- farto de "lutar" por causas perdidas,
decidi dizer "Basta!".
(...) Depois do primeiro sinal rádio com E depois do adeus, começamos a acordar o pessoal, que se convenceu estar perante mais uma instrução noturna. (...)
Assim, perante o estado de negação de liberdade e de injustiça que tínhamos atingido, perante as nulas esperanças em melhores dias, havia que mudar o regime, não para nos substiuírmos ao regime anterior, mas para, dando liberdade e democracia, garantir ao povo a escolha do destino coletivo.
Para desanuviar, declarei que havia várias modalidades de Estados: os liberais, os sociais-democratas, os socialistas, etc., mas nenhum pior do que o estado a que chegáramos, pelo que urgia acabar com ele."
           Salgueiro Maia
in Capitão de Abril: Histórias da guerra do ultramar e do 25 de Abril 



"Você devia ter morrido não de um cancro qualquer, 
mas de pé, fulminado por um raio"
                                                                                                             Fernando Assis Pacheco


A 4 de abril de 1992, faz amanhã 21 anos,  aos 47 anos de idade, morreu o "Capitão sem Medo", Salgueiro Maia. A história consagra-o como o maior exemplo de coragem na revolução de 25 de Abril de 1974.
Salgueiro Maia foi sepultado em Castelo de Vide, sua terra natal, ao som da "Grândola", como era seu desejo e na presença de três ex-Presidentes da República (António de Spínola, Costa Gomes e Ramalho Eanes) e de Mário Soares, chefe de estado em funções.



Fernando José Salgueiro Maia, nasceu a 1 de julho de 1944 em Castelo de Vide. Em 1964, ingressou na Academia Militar em Lisboa. Terminado o curso, apresentou-se na Escola Prática de Cavalaria (EPC), em Santarém. Aí foi comandante de instrução e em 1968, em plena guerra colonial, partiu para o norte de Moçambique, integrado na 9ª Companhia de Comandos. Em março de 1971, foi promovido a capitão e em julho foi para a Guiné. Dois anos depois, regressou a Santarém, à Escola Prática de Cavalaria, de onde saiu na madrugada do 25 de Abril. 



"No Carmo dominou tudo e todos: dominou a guarda, dominou o Governo, dominou os ministros que choravam, dominou a multidão e dominou o ódio coletivo dos que gritavam vingança. E dominou o tempo e a vitória que veio ter com ele, obediente e fascinada."
                                                                                                             Francisco Sousa Tavares 


Depois da revolução licenciou-se em Ciências  Políticas e Sociais, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa.
Participou no 25 de novembro de 1975, saindo da EPC no comando de uma coluna às ordens do Presidente da República Costa Gomes. Foi transferido para os Açores, só voltando em 1979 a Santarém. Em 1981 foi promovido a major e em 1984 regressou à Escola Prática de Cavalaria.
Avesso a privilégios e honrarias, Salgueiro Maia recusou ser membro do Conselho da Revolução, adido militar numa embaixada à sua escolha, governador civil de Santarém e pertencer à Casa Militar da Presidência da República.
Recebeu em 1983 a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, em 1992, a título póstumo, o grau de Grande Oficial da Ordem da Torre e Espada e, em 2007, a Medalha de Ouro de Santarém.
Em 1988, já doente, solicita uma irrisória pensão por "serviços excecionais ou relevantes" prestados ao país, que lhe é recusada, ao mesmo que era atribuía a dois antigos inspetores da PIDE.

Na sua Biblioteca Municipal o leitor encontrará toda a informação sobre o símbolo da revolução dos cravos.

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SALGUEIRO MAIA

Aquele que na hora da vitória
Respeitou o vencido

Aquele que deu  tudo e não pediu a paga

Aquele que na hora da ganância
Perdeu o apetite

Aquele que amou os outros e por isso
Não colaborou com a sua ignorância ou vício

Aquele que foi "Fiel à palavra dada à ideia tida"
Como antes dele mas também por ele
Pessoa disse

                                                                          Sophia de Mello Breyner Andresen
in Musa




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