Dando continuidade à iniciativa "25 dias, 25 poemas", vamos hoje publicar um poema da autoria de Natália Correia, alusivo à liberdade.
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Tanta foice isto é coice desconfio...
Tanto de marx martelar já cansa.
Adrede é labirinto não me fio
no fio que o comício ao coro lança.
De tanto ruminar tanto Rossio
numa canga aguilhando tanta esperança.
Tanto poder ao povo com feitio
de espezinhá-lo depois da governança.
Tanta denúncia. É a pedagogia
da Revolução que o excremento avia
e não chegámos ao último terceto.
Recém-nascida apenas deste em cabra
Ó Liberdade! Não sei como isto acaba,
não sei como acabar este soneto.
Natália Correia,
in Epístola aos lamitas
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Natália Correia viveu entre 1923 e 1993 e deixou-nos uma vasta obra publicada.
Foi uma escritora multifacetada, desenvolvendo a sua atividade na área da poesia, do romance, do teatro e do ensaio, sendo, porém, a poesia o seu género literário predominante.
Paralelamente à sua obra, e através dela, foi uma mulher que se bateu por grandes causas, onde se inscrevem a defesa dos direitos humanos e os direitos das mulheres.
Com uma personalidade muito forte, carismática e, muitas vezes, polémica, evidenciou ao longo da sua vida uma forte intervenção política, cultural e cívica, chegando a ser deputada na Assembleia da República. A sua obra foi sempre o reflexo do seu carácter fortemente ideológico.
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