"Fernando Lanhas é um dos exemplos mais singulares da história da arte portuguesa do século XX. A sua obra é uma verdadeira cosmogonia, situando o artista numa busca do conhecimento do porquê das coisas da arte e da vida."
Vicente Todolí, Diretor do Museu de Serralves, 2001
Fernando Lanhas nasceu, em 1923, na cidade do Porto e licenciou-se em arquitetura pela Escola Superior de Belas Artes do Porto (ESBAP), com 19 valores. Esteve à frente do Grupo de Estudantes de Belas Artes e conviveu de perto com Nadir Afonso e Júlio Pomar.
Personalidade relevante no contexto artístico nacional, Fernando Lanhas foi, nos anos 1940, um dos precursores do abstracionismo pictórico em Portugal, sendo considerado o "pai da arte abstrata em Portugal".
Personalidade relevante no contexto artístico nacional, Fernando Lanhas foi, nos anos 1940, um dos precursores do abstracionismo pictórico em Portugal, sendo considerado o "pai da arte abstrata em Portugal".
O seu interesse pela abstração começou a definir-se em 1942-43, quando surgem os primeiros esboços de obras com estas características, tendo realizado depois , entre 1943-44, as primeiras pinturas abstratas. Paralelamente, destaca-se ainda no desenho, na poesia e também na utilização de seixos como suporte pictórico.
"Aos 20 anos, estudava eu Arquitetura, fiz em casa as minhas primeiras experiências de arte abstrata. Não era viajado nem tinha informação. Mais tarde estudei. Kandinsky, por exemplo, começou a fazer pintura abstrata em 1913. Mas, nessa altura, eu não sabia nada disso, nunca tinha ouvido falar de Kandinsky nem tinha conhecimento de nenhum pintor que fizesse pintura abstrata. Aliás, estávamos em tempo de guerra e não tínhamos livros ou revistas de informação. Fiz aquilo porque me apeteceu fazer. Quis fazer o que nunca tinha visto".
Entre 1944 e 1950 foi um ativo organizador de Exposições Independentes. Integrou a representação portuguesa quer na Bienal de São Paulo, Brasil (em 1953, 55, 59, 61 e 75), quer a Bienal de Veneza, Itália, em 1954. Em 1986 teve um salão de homenagem na V Bienal Internacional de Arte, em Vila Nova de Cerveira.
Em 1987, a Secretaria de Estado da Cultura promoveu na Galeria de Almada Negreiros, em Lisboa, e na Casa de Serralves, no Porto, a apresentação integral da sua obra: artes plásticas, arquitetura, museologia, arqueologia e investigação.
Em 2001 o Museu de Arte Contemporânea de Serralves, no Porto, organizou uma exposição retrospetiva do seu trabalho e em 2007, Fernando Lanhas expôs na Galeria Quadrado Azul no Porto.
A par do seu percurso artístico desenvolveu atividade profissional na área científica, com estudos no âmbito da arqueologia e da etnologia. Entre 1973 e 1993 foi Diretor do Museu Etnográfico e Histórico do Porto. Como arquiteto, para além dos projetos habitacionais, é de referir as suas intervenções no âmbito da museologia e ainda o seu projeto nunca materializado da Casa do Espaço.
O Prédio de Rendimento (Porto 1957), o Pavilhão de Exposições de Matosinhos (1964), o Museu Monográfico de Conímbriga (1982) e o Centro de Arte e Cultura de S. Pedro de Bairro (Famalicão 1986) têm a sua assinatura.
Faleceu no passado dia 4 de fevereiro, na sua casa no Porto e, gostava de ser recordado "Como perguntador daquilo que não se sabe".
Fernando Lanhas foi distinguido com vários prémios ao longo da sua carreira, dos quais destacamos:
- Em 1949, o Prémio Nacional de Desenho Marques de Oliveira
- Em 1989, Medalha de Mérito de Ouro, atribuído pela Câmara Municipal do Porto
- Em 1990, é agraciado com o grau de Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, pelo Presidente da República
- Em 1993, é homenageado pela Associação dos Arquitetos Portugueses, Região Norte
- Em 1997, é distinguido com o Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso
- Em 2002, foi-lhe atribuído por unanimidade, o Prémio CELPA - Vieira da Silva Artes Plásticas Consagração
- Em 2055, foi doutorado Honoris Causa pela Universidade de Porto
- Em 2009, foi-lhe dedicada uma homenagem pelo Clube Literário do Porto.
João Fernandes, diretor do Museu de Arte Contemporânea de Serralves, diz que a morte de Fernando Lanhas representa "o desaparecimento de um dos grandes artistas em Portugal no século XX, e um dos nomes mais universais da arte portuguesa. Lanhas teve a capacidade de ser radicalmente contemporâneo no seu tempo, ao ter praticado a abstração geométrica pela primeira vez no nosso país, sem saber ainda o que se fazia lá fora. E foi também alguém que tornou contemporâneo o homem renascentista na reunião dos seus múltiplos saberes: a pesquisa arqueológica e a atenção ao passado, as interrogações da astronomia e a perspetivação do futuro".
O leitor poderá consultar este livro,
numa edição conjunta
do Museu de Serralves e das Edições Asa,
na Biblioteca Municipal da sua cidade,
e nele encontrará parte da vida e obra
de Fernando Lanhas.
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