"De que são feitos os dias?
De pequenos desejos, vagarosas saudades, silenciosas lembranças"
Cecília Meireles
"Nascida no Rio de Janeiro em 7 de novembro de 1901, Cecília Meireles descendia, pela linha materna, de uma família açoreana da Ilha de São Miguel; português - mas do continente- era igualmente o avô paterno e portugueses também, por esse ramo, os respectivos antepassados. A estes vínculos de sangue lusíada, que já de seriam por si tão determinantes na formação de uma personalidade poética, Cecília Meireles desde muito cedo acrescentou aqueles outros que provêm da aquisição cultural, - e toda a sua obra testemunha, exuberantemente, a mais estreita familiaridade com a poesia portuguesa". David Mourão-Ferreira, in Antologia Poética
Órfã de pai e mãe, Cecília Meireles foi criada pela sua avó portuguesa, D. Jacinta Garcia Benevides. Aos nove anos começou a escrever poesia e publicou o seu primeiro livro de poesia "Espectro" em 1919, com dezoito anos de idade.
"Nasci aqui mesmo no Rio de Janeiro, três meses depois da morte de meu pai, e perdi minha mãe antes dos três anos. Essas e outras mortes ocorridas na família acarretam muitos contratempos materiais, mas, ao mesmo tempo, me deram, desde pequenina, uma tal intimidade com a Morte que docemente aprendi esses relações entre o Efémero e o Eterno".
Em 1922 casa-se com o pintor português Fernando Correia Dias. Em 1930 e 1931, mantém no Diário de Notícias uma página sobre problemas de educação. Organiza a primeira biblioteca infantil do Rio de Janeiro em 1934.
Em Portugal profere conferências sobre literatura brasileira. De 1935 a 1938 leciona literatura luso-brasileira e de técnica e crítica literária, na Universidade do Distrito Federal. Leciona literatura e cultura brasileira nos Estados Unidos, em 1940, na Universidade do Texas.
Em 1942, torna-se sócia honorária do Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro.
Faz inúmeras viagens aos Estados Unidos, à Europa, à Ásia e à África, fazendo conferências sobre literatura, educação e folclore, em cujos estudos se especializou.
"Não deixe portas entreabertas. Escancare-as ou bata-as de vez. Pelos vãos, brechas e fendas passam apenas semiventos, meias verdades e muita insensatez"
Cecília Meireles
A sua poesia, traduzida para espanhol, francês, italiano, inglês, alemão, húngaro, hindu e urdu, e musicada por Alceu Bocchino, Luis Cosme, Norman Frazer, entre outros, foi assim julgada pelo crítico Paulo Rónai: "Considero o lirismo de Cecília Meireles o mais elevado da moderna poesia de língua portuguesa. Nenhum outro poeta iguala o seu desprendimento, a sua fluidez, o seu poder transfigurador, a sua simplicidade e o seu preciosismo, porque Cecília, só ela, se acerca da nossa poesia primitiva e do nosso lirismo espontâneo ...A poesia de Cecília Meireles é uma das mais puras, belas e válidas manifestações da literatura contemporânea".
Faleceu no Rio de Janeiro a 9 de novembro de 1964, sendo-lhe prestadas grandes homenagens públicas. O seu corpo foi velado no Ministério da Educação e Cultura. Recebeu, ainda em 1964, o Prémio Jabuti de Poesia, pelo livro "Solombra", concedido pela Câmara Brasileira do Livro.
Não suspires por ontens.
Não queiras ser o de amanhã.
Faze-te sem limites no tempo.
Vê a tua vida em todas as origens.
Em todas as existências.
Em todas as mortes.
E sabes que serás assim para sempre.
Não queiras marcar a tua passagem.
Ela prossegue.
É a passagem que se continua.
É a tua eternidade.
és tu.
O amor é difícil para os indecisos.
É assustador para os medrosos.
Avassalador para os apaixonados!
Mas, os vencedores no amor são os fortes.
Os que sabem o que querem e querem o que tem!
Sonhar um sonho a dois e nunca desistir da busca de ser feliz, é para poucos!
Foram só dois os poemas de Cecília Meireles que aqui vos deixamos,
os outros pode lê-los AQUI. É só vir à sua Biblioteca.
Boa Semana com Boas Leituras