maio 08, 2012

LIVROS EM MOVIMENTO


As fotografias que apresentamos são da maior biblioteca do mundo dedicada à literatura infanto-juvenil. Trata-se da Biblioteca Internacional da Juventude, situada em Munique, Alemanha. Foi criada em 1949, pela alemã Jella Lepman, que cuidava de orfãos da 2ª Guerra Mundial e que viu na possibilidade das crianças contactarem e conhecerem as diferentes culturas de outros países uma forma de ultrapassarem os horrores da guerra e da ideologia nazi. Para ela a literatura, concretamente a dedicada à infância, era a melhor forma de o conseguir.  Com este espírito, escreveu a autores e editores do mundo inteiro, pedindo doações de livros em várias línguas. A sede da biblioteca está instalada no edifício das fotos.
Atualmente a BIJ conta com aproximadamente 580.000 livros infantis e juvenis, em mais de 130 línguas, na sua maioria resultante de doações de editores, escritores e ilustradores de todo o mundo. O acesso à biblioteca é livre e o empréstimo de livros gratuito.

A literatura infanto-juvenil portuguesa também faz parte do espólio documental desta biblioteca, com livros de autores tais como,  Ana Saldanha, Gonçalo M. Tavares, Luísa Ducla Soares, Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, Alice Vieira e Mia Couto e de ilustradores como Pedro Leitão, Danuta Wojciechowska, André Letria, Luís Henriques e Rachel Caiano.

Anualmente, a Biblioteca Internacional da Juventude procede à seleção de um conjunto de 250 livros de mais de 50 países, destinados a integrarem uma exposição para estar patente ao público na Feira do Livro Infantil de Bolonha (Itália) e cujo conteúdo aborde questões fundamentais para a formação das crianças. 
Da lista de 2012 constam 2 livros portugueses:   "A manta", de Isabel Minhós Martins, com ilustração de Yara Kono, editado pela Planeta Tangerina, que é uma história sobre a memória e a relação entre pais, filhos e avós, elogiada pela biblioteca por valorizar a importância da memória sobre os bens materiais; o outro livro selecionado é "Meia hora para mudar a minha vida", romance de Alice Vieira para jovens e sobre a adolescência, editado pela Caminho, tendo a biblioteca sublinhado o trabalho da escritora na construção da personagem Branca, a protagonista adolescente, e o sentido de humor e empatia transmitidos.



A Biblioteca Internacional da Juventude representa a importância que a literatura tem na formação das crianças e jovens, sendo também um símbolo da união de culturas, línguas e tradições à escala mundial.


A nível local e numa escala bem diferente, também nós podemos dar o nosso contributo para a divulgação da literatura infantil, tornando-a mais acessível a todas as crianças do concelho.  Foi o que aconteceu hoje, porque hoje houve LIVROS EM MOVIMENTO pelas escolas do 1º ciclo. Trata-se de um projeto do Município da Marinha Grande que, através da Biblioteca Municipal, faz "circular" mais de 700 livros pelos 13 estabelecimentos de ensino aderentes ao projeto e que ainda não possuem biblioteca escolar devidamente equipada.





"Escrevendo ou lendo nos unimos para além do tempo e do espaço, e os limitados braços se põem a abraçar o mundo;
a riqueza de outros nos enriquece a nós. Leia."

Agostinho da Silva (1906-1994)
Filósofo, poeta e ensaísta português


maio 04, 2012

LEITURA DE FIM DE SEMANA

No próximo domingo assinala-se o DIA DA MÃE, por isso a nossa sugestão de leitura de fim de semana é dedicada a todas as mães.

" No que diz respeito a catástrofes, a minha foi silenciosa. Ninguém diria que o meu mundo implodira.(...) E o Joe continuava a ser o pai orgulhoso e expectante. Eu pertencia-lhe, prenha, gorda e mimada. (...) Ao deixar-me cair na banheira, desloquei metade da água do banho. Um arquipélago de ilhas de carne quebrou a superfície transparente, as minhas formas vagamente humanas, nada a ver com aqueles arranjos perfeitinhos das celebridades que vemos nas revistas.(...) Depois de anos a estourar o salário em cabeleireiros e salões de beleza, o meu orçamento mensal para cuidados pessoais - na sua maioria, produtos para cabelo fraco e discos de amamentação - equivale a pouco mais do que o preço de um verniz Chanel para as unhas. Não, não sou de maneira nenhuma uma dessas mulheres que facilmente voltam a ser quem eram antes da gravidez. Estou irreversivelmente mudada." 

Estas são sensações que qualquer mãe já experimentou. Umas agradáveis, outras nem por isso, mas todas elas descritas no livro que lhe sugerimos.

"Um livro inteligente e honesto que revela os dilemas de uma mulher e as verdades escondidas da maternidade". 

UMA MÃE IRRESISTÍVEL
de Polly Williams
Oficina do Livro



Resumo: Amy Crane está a atravessar uma crise. Seis meses depois de ter um bebé, ainda parece estar grávida e não se lembra da última vez que fez uma depilação ou teve um orgasmo. A maternidade está a fazer vir ao de cima perturbantes questões relativas à sua própria infância. E suspeita que o marido a anda a enganar. Então aparece a Alice, a mãe cheia de estilo ao mais alto nível, com a missão de transformar o corpo e a vida amorosa da Amy. À medida que troca os discos de amamentação por Botox e emerge de um abismo de insegurança, a líbido da Amy desperta de uma longa hibernação e as coisas complicam-se ainda mais."


A autora deste livro, Polly Williams, é jornalista, colaboradora em várias publicações, incluindo as revistas You, In Style, Dazed and Confused, e os jornais Sunday Times e The Independent.
Vive em Londres, é casada e tem um filho.
Este foi o seu primeiro livro publicado, tendo sido n.º 1 no top de vendas durante várias semanas, o que lhe conferiu o título de autora revelação do ano. 




"Ser mãe não é uma profissão;
não é nem mesmo um dever:
é apenas um direito entre tantos outros."
                                                                                   Oriana Fallaci



Não deixe de visualizar a nossa página dos leitores + novos. Partilhe com os seus filhos esta data. Veja aqui.


Bom fim de semana

abril 27, 2012

LEITURA DE FIM DE SEMANA

"A escrita é a única forma perfeita do tempo"
                                                                                              J. M.G. Le Clézio


Chegámos a sexta-feira, dia da nossa habitual sugestão de leitura de fim de semana. E para contrabalançar estes dias de chuva e frio, a nossa sugestão de leitura vai para o livro de J. M.G. Le Clézio, Deserto.

"Considerado como a súmula da arte de Le Clézio, este livro acompanha, em dois registos diferentes, um histórico e outro ficcional, a vida dos nómadas dos desertos do Norte de África, os homens e mulheres que apenas conhecem o céu como tecto e as dunas como morada".
                                                     José Guardado Moreira, Expresso

"Eles eram os homens e as mulheres da areia, do vento, da luz, da noite. Tinham surgido, como num sonho, no cimo de uma duna, como se tivessem nascido do céu sem nuvens e como se tivessem nos membros a dureza do espaço".



Deserto aborda uma das grandes preocupações de Le Clézio, as condições de vida dos povos nómadas ameaçados de extinção, assunto que desenvolveu em diversos ensaios.


Escritor e ensaísta francês, Jean-Marie Gustave Le Clézio nasceu a 13 de abril de 1940, em Nice, originário de uma família com ascendência inglesa e bretã.
Viveu nas Ilhas Maurícias, o que o levou a ganhar o gosto pelas viagens e pelo conhecimento de novos mundos.
Aos 23 anos, depois de se ter licenciado em Letras, em Aix-en-Provence, Le Clézio lançou o seu romance de estreia, Le Procès- Verbal, com o qual ganhou o Prémio Renaudot, um dos mais importantes galardões literários do seu país.
Em 1980 Le Clézio recebeu, em França, o Prémio Paul Morand para distinguir o conjunto da sua carreira literária. Nesse ano lançou aquela que foi considerada a sua melhor obra, o romance Désert, a epopeia de um jovem descendente de tuaregues e, que a Biblioteca Municipal sugere como leitura de fim de semana.


"Na minha opinião, escrever e comunicar significa ser capaz de fazer  qualquer pessoa acreditar em qualquer coisa"
                                                                                                                      J. M. G. Le Clézio

Entre os povos sobre os quais escreveu, e entre os quais viveu, estão os índios do Panamá e os berberes de Marrocos. Entre 1970 e 1974 viveu com os índios emberas, no Panamá, em plena floresta. Le Clézio conheceu estes índios depois de ter estado dois anos no México a prestar serviço militar, período que aproveitou para viajar e visitar as regiões vizinhas. A sua mulher é de origem saraui e juntos lançaram, em 1993, Gens des Nuages, um ensaio sobre a sua terra natal.

As obras de Le Clézio já foram publicadas em alemão, castelhano, chinês, dinamarquês, grego, inglês, japonês, russo e turco, entre outras, fazendo com que seja um dos autores franceses mais traduzidos no mundo.
Em 1994, a revista Lire elegeu-o "o maior escritor vivo da língua francesa", mas o próprio Le Clézio confessou que teria sido mais justa a atribuição a Julien Gracq.
Desde 2002 integra o jurí do Prémio Renaudot.
A academia sueca escolheu Le Clézio porque é um "escritor da rutura, da aventura poética e do êxtase sensual. É um explorador da humanidade além e por baixo da civilização reinante".





Tenha um Bom Fim de Semana com Boas Leituras

abril 24, 2012

... O ESTADO A QUE ISTO CHEGOU!


 
"O capitão Salgueiro Maia (1944-1992), membro do Movimento dos Capitães, depois Movimento das Forças Armadas, teve um papel decisivo nas operações que conduziram ao derrube do regime em 25 de Abril de 1974. Na preparação do golpe, deu-se conta da degradação do regime, que nem se sabia defender: os dois pides que o vigiavam faziam-se transportar num pouco discreto Toyota amarelo...


Na madrugada desse dia, reuniu os soldados da Escola Prática de Cavalaria na parada do quartel e disse-lhes: "Há diversas modalidades de Estado: os estados socialistas, os estados corporativos e o estado a que isto chegou! Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos. De maneira que quem quiser vem comigo para Lisboa e acabamos com isto. Quem é voluntário sai e forma. Quem não quiser vir não é obrigado e fica aqui."
Veio com 240 homens, numa coluna de blindados que saiu de Santarém às 3 da manhã e ia mudar a História de Portugal."
                       Ferreira Fernandes e João Ferreira,
in Frases que fizeram a História de Portugal,





25 de Abril
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo

Sophia de Mello Breyner Andresen,
in O Nome das Coisas, 1977




CONVITE
Para comemorar abril na Marinha Grande, participe hoje e amanhã nas comemorações do 25 de abril, promovidas pela Câmara Municipal.
Um convite especial para a palestra que vai ser proferida pelo Prof. Dr. José Filipe Pinto, amanhã, pelas 16:00, na Biblioteca Municipal, intitulada "A Censura e os atrasos de Portugal".
Também amanhã, dia 25 de abril, pelas 15:30, na sala de periódicos da Biblioteca Municipal será exibido o documentário intitulado A HORA DA LIBERDADE, de Emídio Rangel e outros, SIC Home Vídeo.

PARTICIPE

abril 23, 2012

23 de ABRIL - DIA MUNDIAL DO LIVRO


"Os livros são a medicina do esquecimento" 
Padre António Vieira (1652)


Em 1996, por decisão da UNESCO, o dia 23 de abril começou a ser assinalado como o
DIA MUNDIAL DO LIVRO E DOS DIREITOS DO AUTOR.

Porquê a 23 de abril?

Por ser uma data simbólica para a literatura, já que a 23 de abril de 1616  desapareceram dois dos maiores nomes da literatura mundial: o romancista espanhol Miguel Cervantes e o dramaturgo inglês William Shakespeare. Também no dia 23 de abril, dia de S. Jorge, nasceu na Catalunha a tradição de oferecer uma rosa a quem comprar um livro. Recentemente, nesta data, a troca de uma rosa por um livro tornou-se uma tradição adotada por vários países do mundo.

Em 2012, e por iniciativa da Direção-Geral do Livro e das Bibliotecas (DGLB), as comemorações do Dia Mundial do Livro devem acontecer em articulação com o Ano Europeu do Envelhecimento Ativo e da Solidariedade entre Gerações, que já foi tema de mensagem no nosso blogue. Relembre aqui
Neste âmbito foram lançados por aquela Direção-Geral dois passatempos, que têm como objetivo comum a aproximação de gerações - "Avô, como era no teu tempo?" e "Envelhecimento ativo e diálogo entre gerações". Veja aqui os respetivos regulamentos



"Uma biblioteca é uma das mais belas paisagens do mundo."
                                                                                              Jacques Sternberg


Nós não ficámos indiferentes ao desafio da DGLB. E neste dia, no Dia Mundial do Livro, as portas da nossa Biblioteca Municipal abriram-se e cruzaram-se gerações em torno dos livros. Recebemos um grupo de crianças do Jardim Infantil "O Recreio" e um grupo de utentes do Lar das Vergieiras da Santa Casa da Misericórdia. Neste dia a nossa Biblioteca transformou-se mesmo numa das mais belas paisagens do mundo, tendo como horizonte os livros, a leitura e a comunicação entre todos.



FAÇA DO LIVRO UM AMIGO
FAÇA AMIGOS
VENHA À BIBLIOTECA MUNICIPAL


abril 20, 2012

LEITURA DE FIM DE SEMANA

Chegámos a sexta-feira e a mais uma sugestão de leitura para o seu fim de semana.

E para este fim de semana de frio e chuva, sugerimos um livro que na opinião de Francisco José Viegas é "Um fantástico livro de leitura empolgante".
Rodrigo Guedes de Carvalho  diz que começa  "por tirar o chapéu a um livro indispensável... para ler de fio a pavio".
José Pacheco Pereira é de opinião que "O livro é interessante, divertido, bem escrito e pioneiro neste tipo de trabalhos".

Curioso ?
Vai deixar de estar...


E o livro  que sugerimos é:
FRASES QUE  FIZERAM A HISTÓRIA DE PORTUGAL
de Ferreira Fernandes e João Ferreira
Editora: Esfera dos Livros

É uma obra inédita e surpreendente que traz à luz do dia esta espécie de senhas e contra-senhas da nossa identidade, lhes atribui um autor, quando possível, uma data e o contexto em que foram ditas.
"Portugal é meu porque o herdei, porque o paguei e porque o conquistei"
"Água vai!"
"Obviamente, demito-o!"
"Adeus, até ao meu regresso"
"O estado a que isto chegou"
"O povo unido jamais será vencido"
"Nunca me engano e raramente tenho dúvidas"

Quer saber quem foram os autores destas e de outras célebres frases?
Quando e qual o contexto em que foram proferidas?

É só vir visitar-nos e levar o livro consigo

Ferreira Fernandes é jornalista do Diário de Notícias. Foi grande repórter do Diário Popular, O Jornal e do Público e redator principal do Diário de Notícias, Visão e Focus, onde exerceu as funções de diretor. Recebeu  diversos prémios de reportagem, dos quais destacamos o Prémio Fernando Pessoa de Jornalismo, o Prémio de Reportagem da Fundação Luso-Americana, o Prémio Bordalo - Jornalista do Ano, da Casa de Imprensa e o Prémio Jornalista do Ano, do Clube de Jornalistas do Porto.



João Ferreira é jornalista e diretor da NS, revista do Diário de Notícias. Mestre em História Cultural e Política, é investigador do Centro de História da Cultura da Universidade Nova de Lisboa e professor convidado da European University. Colabora com as revistas Cultura, História e Teoria das Ideias, História Viva e Entre Livros, estas últimas publicações brasileiras.
Colaborou no Dicionário de História dos Descobrimentos Portugueses.
Foi diretor da revista Focus.





Tenha um Bom Fim de Semana

 

abril 18, 2012

COITADINHO / DO TIRANINHO!


Caricatura de Abel Manta

Em 1935 Fernando Pessoa ridicularizava
António de Oliveira Salazar.
Apesar dos escritos em que elogiou
a Ditadura Militar,
Fernando Pessoa
incompatibilizou-se com o
 regime de Salazar
no último ano de vida,
depois da ilegalização
das sociedades secretas.

Este poema foi-lhe dedicado.




ANTÓNIO DE OLIVEIRA SALAZAR

Três nomes em sequência regular...
António é António.
Oliveira é um árvore.
Salazar é só apelido.
Até aí está bem.
O que não faz sentido
É o sentido que tudo isto tem.

Este senhor Salazar
É feito de sal e azar.
Se um dia chove,
A água dissolve
O sal,
E sob o céu
Fica só azar, é natural.

Oh, c'os diabos!
Parece que já choveu...

Coitadinho
Do tiraninho!
Não bebe vinho.
Nem sequer sozinho...
Bebe a verdade
e a liberdade,
E com tal agrado
Que já começam
A escassear no mercado.
Coitadinho
Do tiraninho!

E o meu vizinho
Está na Guiné,
E o meu padrinho
No Limoeiro
Aqui ao pé,
Mas ninguém sabe porquê.

Mas, enfim é
Certo e certeiro
Que isto consola
E nos dá fé:
Que o coitadinho
Do tiraninho
Não bebe vinho,
Nem até
Café.
Fernando Pessoa



Caricatura de Abel Manta

Para ficar a conhecer melhor a nossa História recente
o leitor encontrará Aqui bibliografia
sobre o Presidente do Conselho,
que a Biblioteca Municipal dispõe para empréstimo domiciliário.

Esperamos por si

abril 17, 2012

DAS PALAVRAS FEZ-SE A HISTÓRIA

As Repúblicas

"A República, implantada em 1910 por meio de um golpe de força levado a cabo por uma vanguarda revolucionária civil e militar, teve à partida um grande capital de esperança.
No entanto, esse crédito foi rapidamente desbaratado.


Uma vez conquistado o poder, os dirigentes republicanos desentenderam-se. A política radical levada a cabo por Afonso Costa, o principal protagonista do novo regime, escolheu como inimigo principal a Igreja - mesmo sabendo que a religião católica continuava a ser referência fundamental para a esmagadora maioria dos portugueses. Dividida, a classe política isolou-se do país real, recusando o direito de voto aos analfabetos: "O partido republicano português tem obrigação de defender o povo, mesmo contra a vontade do próprio povo", sentenciava Afonso Costa em 1914. 
A duração dos governos da Primeira República media-se em semanas ou dias - havendo mesmo executivos que, apesar de nomeados, nem chegaram a tomar posse.
A participação na Primeira Guerra  Mundial foi um momento de rara unidade, espelhada no Governo chamado da União Sagrada, mas não bastou para fazer da República um regime em que a maioria dos portugueses se revisse.

Passado o episódio sidonista, precursor do tempo das ditaduras na Europa, voltou a instabilidade. Manteve-se até 1926, quando o golpe chefiado pelo general Gomes da Costa instaurou uma ditadura militar que abriu caminho ao Estado Novo, a "Segunda República".
Durante os quarenta anos seguintes, os holofotes da História incidiram sobre Salazar - a tal ponto que, no ano 2000, sondagens e inquéritos de opinião para determinar quem tinha sido o português mais importante do século XX tiveram como resposta largamente maioritária o Presidente do Conselho do Estado Novo.
A repressão - "meia dúzia de safanões a tempo" - e o atraso económico, social, cultural e, sobretudo, mental marcaram o longo consulado salazarista. Os portugueses refugiaram-se no futebol e nas comédias do cinema popular. A obstinação na defesa de um império colonial ao arrepio dos ventos da História, "Orgulhosamente sós", arrastou o país para uma guerra em África que traumatizou toda uma geração.


Descontentes com o impasse a que tinha chegado a guerra em Angola, Guiné e Moçambique, os oficiais das Forças Armadas liquidaram o regime. Mas o que se passou em 25 de Abril de 1974 foi mais do que um simples golpe militar.
O apoio activo da generalidade da população transformou o movimento da tropa num processo democrático. Os dezoito meses de vertigem que se seguiram foram as dores de parto do regime em que acabámos por escolher viver.
Foi nesse período que Portugal conheceu uma experiência inédita a nível mundial: o Governo fez greve e o primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo respondeu sem papas na língua aos manifestantes que lhe chamavam "fascista", o pior insulto que então se podia imaginar: "Bardamerda para o fascista!".
A eleição da Assembleia Constituinte, em 1975 - as primeiras eleições verdadeiramente livres e universais da nossa História - foi o acto fundador da Terceira República.
Com altos e baixos, períodos (curtos) de vacas gordas e constantes apertos de cinto, os portugueses entraram no século XXI com um regime democrático, integrado na União Europeia. Ao fim de quase 900 anos, há frases que continuam a fazer História de Portugal".
        
Ferreira Fernandes e João Ferreira,
in Frases que fizeram a Hitória de Portugal, 2010


Se quiser conhecer melhor os acontecimentos da história recente do nosso país,
visite até 4 de maio, no átrio de entrada da Biblioteca Municipal,
a exposição "Autores da Liberdade",
 acompanhada de uma mostra bibliográfica de autores e livros, que relatam e interpretam os acontecimentos mais recentes que marcaram a nossa História.



PASSE POR CÁ!
PASSE A CONHECER!

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