"A escrita é a única forma perfeita do tempo"
J. M.G. Le Clézio
Chegámos a sexta-feira, dia da nossa habitual sugestão de leitura de fim de semana. E para contrabalançar estes dias de chuva e frio, a nossa sugestão de leitura vai para o livro de J. M.G. Le Clézio, Deserto.
"Considerado como a súmula da arte de Le Clézio, este livro acompanha, em dois registos diferentes, um histórico e outro ficcional, a vida dos nómadas dos desertos do Norte de África, os homens e mulheres que apenas conhecem o céu como tecto e as dunas como morada".
José Guardado Moreira, Expresso
"Eles eram os homens e as mulheres da areia, do vento, da luz, da noite. Tinham surgido, como num sonho, no cimo de uma duna, como se tivessem nascido do céu sem nuvens e como se tivessem nos membros a dureza do espaço".
Deserto aborda uma das grandes preocupações de Le Clézio, as condições de vida dos povos nómadas ameaçados de extinção, assunto que desenvolveu em diversos ensaios.
Escritor e ensaísta francês, Jean-Marie Gustave Le Clézio nasceu a 13 de abril de 1940, em Nice, originário de uma família com ascendência inglesa e bretã.
Viveu nas Ilhas Maurícias, o que o levou a ganhar o gosto pelas viagens e pelo conhecimento de novos mundos.
Aos 23 anos, depois de se ter licenciado em Letras, em Aix-en-Provence, Le Clézio lançou o seu romance de estreia, Le Procès- Verbal, com o qual ganhou o Prémio Renaudot, um dos mais importantes galardões literários do seu país.
Em 1980 Le Clézio recebeu, em França, o Prémio Paul Morand para distinguir o conjunto da sua carreira literária. Nesse ano lançou aquela que foi considerada a sua melhor obra, o romance Désert, a epopeia de um jovem descendente de tuaregues e, que a Biblioteca Municipal sugere como leitura de fim de semana.
"Na minha opinião, escrever e comunicar significa ser capaz de fazer qualquer pessoa acreditar em qualquer coisa"
J. M. G. Le Clézio
Entre os povos sobre os quais escreveu, e entre os quais viveu, estão os índios do Panamá e os berberes de Marrocos. Entre 1970 e 1974 viveu com os índios emberas, no Panamá, em plena floresta. Le Clézio conheceu estes índios depois de ter estado dois anos no México a prestar serviço militar, período que aproveitou para viajar e visitar as regiões vizinhas. A sua mulher é de origem saraui e juntos lançaram, em 1993, Gens des Nuages, um ensaio sobre a sua terra natal.
As obras de Le Clézio já foram publicadas em alemão, castelhano, chinês, dinamarquês, grego, inglês, japonês, russo e turco, entre outras, fazendo com que seja um dos autores franceses mais traduzidos no mundo.
Em 1994, a revista Lire elegeu-o "o maior escritor vivo da língua francesa", mas o próprio Le Clézio confessou que teria sido mais justa a atribuição a Julien Gracq.
Desde 2002 integra o jurí do Prémio Renaudot.
Recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 2008.
A academia sueca escolheu Le Clézio porque é um "escritor da rutura, da aventura poética e do êxtase sensual. É um explorador da humanidade além e por baixo da civilização reinante".
Tenha um Bom Fim de Semana com Boas Leituras
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