"Lembro-me de uma vez, era eu ainda um novato nisto das cantigas, íamos cantar com o Zeca Afonso à Marinha Grande. O recinto estava repleto de GNR; ia eu a recuar para trás do piano quando o Adriano colocou a mão no meu ombro e me disse: "Anda cá , pá, não há azar".
Vitorino, in Adriano Presente!
Adriano Correia de Oliveira, intérprete do Fado de Coimbra e músico de intervenção, nasceu em Avintes a 9 de abril de 1942.
Em Coimbra, para onde foi estudar Direito em 1959, deparou-se com uma intensa atividade estudantil e cultural. É em Coimbra que toma contacto com o forte movimento antifascista estudantil, ao qual adere desde a primeira hora e, ainda "caloiro", iniciou-se no teatro e na música.
Com uma grande sensibilidade para a poesia e para a música popular, dotado de um timbre de voz único e de uma intensa emoção que colocava nos temas que interpretava, iniciou uma carreira musical muito própria.
Em 1963, edita o seu primeiro disco de vinil, "Fados de Coimbra", que continha "Trova do Vento que Passa", poema de Manuel Alegre e uma balada fundamental da sua carreira. Esta música foi cantada pela primeira vez numa festa de receção ao caloiro da Faculdade de Medicina de Lisboa e Adriano teve de repeti-la seis vezes, transformando-a numa espécie de hino do movimento estudantil.
Entre 1960 e 1980, grava mais de noventa temas, que constituíram aquela que é uma das mais ricas obras musicais do século XX português. Antes e depois do 25 de Abril percorre o país e o mundo com a sua voz, carregada de esperança, em espetáculos musicais e em sessões e comícios do seu partido.
Em 1969 edita "O Canto e as Armas", com vários poemas de Manuel Alegre. Nesse mesmo ano, pelo conjunto da sua obra recebe o Prémio Pozal Domingues.
Em 1975 lançou "Que Nunca Mais", com direção musical de Fausto e textos de Manuel da Fonseca. Este disco levou a revista inglesa Music Week a elegê-lo como Artista do Ano.
Faleceu a 16 de outubro de 1982, aos 40 anos de idade.
Nos últimos dias da sua vida, Ary dos Santos escreveu um conjunto de sonetos, entre os quais este, em homenagem ao seu amigo Adriano Correia de Oliveira.
Fausto, Adriano, Zeca |
Em 1963, edita o seu primeiro disco de vinil, "Fados de Coimbra", que continha "Trova do Vento que Passa", poema de Manuel Alegre e uma balada fundamental da sua carreira. Esta música foi cantada pela primeira vez numa festa de receção ao caloiro da Faculdade de Medicina de Lisboa e Adriano teve de repeti-la seis vezes, transformando-a numa espécie de hino do movimento estudantil.
Entre 1960 e 1980, grava mais de noventa temas, que constituíram aquela que é uma das mais ricas obras musicais do século XX português. Antes e depois do 25 de Abril percorre o país e o mundo com a sua voz, carregada de esperança, em espetáculos musicais e em sessões e comícios do seu partido.
Em 1969 edita "O Canto e as Armas", com vários poemas de Manuel Alegre. Nesse mesmo ano, pelo conjunto da sua obra recebe o Prémio Pozal Domingues.
Em 1975 lançou "Que Nunca Mais", com direção musical de Fausto e textos de Manuel da Fonseca. Este disco levou a revista inglesa Music Week a elegê-lo como Artista do Ano.
Faleceu a 16 de outubro de 1982, aos 40 anos de idade.
Memória de Adriano
Nas tuas mãos tomaste uma guitarra.
Copo de vinho de alegria são
Sangria de suor e cigarra
Que à noite canta a festa da manhã.
Foste sempre o cantar que não se agarra
O que à terra chamou amante e irmã
mas também português que investe e marra
Voz de alaúde e rosto de maçã.
O teu coração de ouro veio do Douro
num barco de vindimas de cantigas
tão generoso como a liberdade.
Resta de ti a ilha de um Tesouro
A joía com as pedras mais antigas.
Não é saudade, não! É amizade.
Ary dos Santos
Veja AQUI a bibliografia de Adriano Correia de Oliveira existente na Biblioteca Municipal.
Tenha uma boa semana com boa música
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