A nossa Sugestão de Leitura para este Fim de Semana,
foi retirada da nossa mostra bibliográfica, patente no átrio de entrada da Biblioteca Municipal, até ao dia 30 deste mês, e intitulada "Pela Liberdade".
"A Liberdade é como o sol.
É o bem maior do mundo".
É o bem maior do mundo".
Tudo Passa
De Vassili Grossman
De Vassili Grossman
Editado pela Dom Quixote
Ivan Grigórievitch tem vivido num Gulag na Sibéria nos últimos trinta anos. Posto em liberdade após a morte de Stálin, "por ausência de corpo de delito", descobre que os anos de terror impuseram uma escravidão moral e coletiva e descobre que tudo mudou para ficar na mesma. Ivan terá então de esforçar-se por encontrar o seu lugar num mundo que lhe é estranho. Mas, num romance que procura abordar acontecimentos trágicos da União Soviética, a história de Ivan é apenas uma entre muitas. Assim, conhecemos também o seu primos, Nikolai, um cientista que nunca deixou a sua consciência interferir na sua carreira, Pinéguin, o informador que levou a que Ivan fosse enviado para o campo de trabalhos forçados e ainda uma série de outros informadores, cada qual com uma desculpa para os seus indesculpáveis feitos. E, no centro do romance, encontramos a história de Anna Serguéevna, amante de Ivan, que nos conta o seu envolvimento como ativista no terror que foi a Grande Fome da Ucrânia - uma ação deliberada de extermínio, desencadeada pelo regime soviético, que levou à morte de milhões de camponeses.
"Como tudo o que ocorria no país, também esta indignação espontânea contra os crimes sangrentos dos judeus foi idealizada e planeada de antemão, da mesma maneira que Stálin planeava as eleições para o Soviete Supremo - eram preparadas com antecedência as características e a nomeação dos deputados, e depois, de forma planificada, os candidatos eram espontaneamente promovidos, fazia-se a sua campanha eleitoral e, finalmente, as eleições nacionais realizavam-se.(...)
Mas, de repente, a 5 de março, Stálin morreu. Esta morte rompeu o gigantesco sistema do entusiasmo mecanizado, da ira popular e do amor popular estabelecidos por ordem do comité do partido. (...)
Stálin morreu! Nesta morte havia um imprevisto elemento livre, infinitamente alheio à natureza do Estado stalinista."
Mas, de repente, a 5 de março, Stálin morreu. Esta morte rompeu o gigantesco sistema do entusiasmo mecanizado, da ira popular e do amor popular estabelecidos por ordem do comité do partido. (...)
Stálin morreu! Nesta morte havia um imprevisto elemento livre, infinitamente alheio à natureza do Estado stalinista."
In, Tudo Passa
Vassili Grossman nasceu a 12 de dezembro de 1905, em Berdychiv, Ucrânia, numa família judaica que se identificava mais com a cultura russa do que com a judaica. Fez o curso de química na Universidade Estatal de Moscovo, mas abandonou a carreira de engenheiro para se dedicar exclusivamente à escrita, tendo sido, na sua juventude, protegido de Maximo Gorki. Foi nomeado para o Prémio Stálin, a maior distinção do regime literário soviético, mas excluído da lista de candidatos pelo próprio Stálin.
Em 1941 foi correspondente de Estrela Vermelha, jornal de Exército Vermelho, fazendo reportagens sobre a defesa de Stalinegrado, a queda de Berlim e as consequências do Holocausto. As suas descrições sobre o que encontrou em Treblinka e Majdanek foram usados como testemunhos de acusação no Tribunal de Nuremberg, quando os criminosos de guerra foram a julgamento.
Em 1945, em coautoria com Iliá Erenburg, escreveu "O Livro Negro", coletânea de documentos e testemunhos sobre os crimes contra os judeus no território da URSS e da Polónia nos anos da 2ª Guerra Mundial, editado em Israel e nos Estados Unidos, mas não autorizada na União Soviética. De 1946 a 1959, trabalhou nos romances "Por uma Causa Justa" e "Vida e Destino".
Quando, em 1961, durante a busca a sua casa, os oficiais do KGB confiscaram o manuscrito do seu romance "Vida e Destino", levaram também o romance não acabado "Tudo Passa", a sua última obra em que trabalhava desde 1955. E os seus últimos dias foram passados no hospital, em Moscovo a reescrever e a completar este romance, tendo-o acabado em 1963, pouco antes da sua morte. Com este livro, concluiu a sua grande obra épica sobre o destino humano em condições de regime totalitário. Morreu a 14 de setembro de 1964.
Em 1941 foi correspondente de Estrela Vermelha, jornal de Exército Vermelho, fazendo reportagens sobre a defesa de Stalinegrado, a queda de Berlim e as consequências do Holocausto. As suas descrições sobre o que encontrou em Treblinka e Majdanek foram usados como testemunhos de acusação no Tribunal de Nuremberg, quando os criminosos de guerra foram a julgamento.
Em 1945, em coautoria com Iliá Erenburg, escreveu "O Livro Negro", coletânea de documentos e testemunhos sobre os crimes contra os judeus no território da URSS e da Polónia nos anos da 2ª Guerra Mundial, editado em Israel e nos Estados Unidos, mas não autorizada na União Soviética. De 1946 a 1959, trabalhou nos romances "Por uma Causa Justa" e "Vida e Destino".
Quando, em 1961, durante a busca a sua casa, os oficiais do KGB confiscaram o manuscrito do seu romance "Vida e Destino", levaram também o romance não acabado "Tudo Passa", a sua última obra em que trabalhava desde 1955. E os seus últimos dias foram passados no hospital, em Moscovo a reescrever e a completar este romance, tendo-o acabado em 1963, pouco antes da sua morte. Com este livro, concluiu a sua grande obra épica sobre o destino humano em condições de regime totalitário. Morreu a 14 de setembro de 1964.
Bom Fim De Semana
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