abril 05, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA



Suzanna Arundhati Roy nasceu a 24 de novembro de 1961 em Kerala, Índia. Licenciada em arquitetura, cedo se dedicou à escrita de guiões para cinema e séries de televisão. O seu papel como ativista em torno de questões ligadas à justiça social e desigualdade económica valeram-lhe, em 2002, o Cultural Freedam Prize, concedido pela Lannan Foundation. 
Aproveita a sua escrita para se dedicar às lutas pelas causas em que sempre acreditou e ao seu ativismo político: as mulheres e o regime de castas na Índia; a polémica em torno do nuclear e as tensões com o Paquistão; a globalização; o marxismo dissimulado; o 11 de Setembro e a Guerra no Iraque.


O seu primeiro romance, é hoje a nossa 
sugestão de leitura de fim de semana.

Publicado em 1997, recebeu no ano seguinte o Booker Prize, o mais importante prémio literário da língua inglesa.
Arundhati Roy foi a primeira indiana a vencer aquele prémio e logo com a primeira obra. O livro foi editado em 36 países e encabeçou, durante semanas, a lista dos livros mais vendidos na Grã-Bretanha, Austrália, Índia e Noruega.


"Este prémio é sobre o meu passado. 
Não sei se escreverei outro livro. 
Estou à espera que o barulho na minha cabeça pare."
                                                                                                                                Arundhati Roy



Qual é então o livro?

O Deus das Pequenas coisas 
Edições Asa

Uma apaixonante saga familiar, de uma autora a quem a crítica compara já com Salmon Rushdie e García Márquez.


"Tudo começou realmente na época em que 
as Leis do Amor foram feitas. 
As leis que estipulavam quem devia ser amado, e como. 
E quanto."



"O Deus das Pequenas Coisas" é a história de três gerações de uma família da região de Kerala, no sul da Índia, que se dispersa por todo o mundo e se reencontra na sua terra natal.
Uma história feita de muitas histórias. A história dos gémeos Estha e Rahel, nascidos em 1962, por entre notícias de uma guerra perdida. A de sua mãe Ammu, que ama de noite o homem que os filhos amam de dia, e de Velutha, o intocável deus das pequenas coisas. A da avó Mammachi, a matriarca cujo corpo guarda cicatrizes da violência de Pappachi. A do tio Chacko, que anseia pela visita da ex-mulher inglesa Margaret, e da filha de ambos, Sophie Mol. A da sua tia-avó mais nova, Baby kochamma, resignada a adiar para a eternidade o seu amor terreno pelo Padre Mulligan.
Estas são as pequenas histórias de uma família, que vive numa época conturbada e de um país cuja essência parece eterna. Onde só as pequenas coisas são ditas e as grandes permanecem por dizer.



"Foi uma época em que o impossível se tornou pensável 
o impossível realmente aconteceu."



Visite-nos, requisite o livro e
Tenha um bom fim de semana 



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FLOR DA LIBERDADE

Sombra dos mortos, maldição dos vivos.
Também nós... Também nós... E o sol recua.
Apenas o teu rosto continua
A sorrir como dantes, 
Liberdade!
Liberdade do homem sobre a terra, 
Ou debaixo da terra.
Liberdade!
O não inconformado que se diz
A Deus, à tirania, à eternidade.

Sepultos insepultos,
Vivos amortalhados,
Passados e presentes cidadãos:
Temos nas nossas mãos
O terrível poder de recusar!
E é essa flor que nunca desespera
No jardim da perpétua primavera.

                                                                               Miguel Torga, in Antologia Poética






abril 03, 2013

QUEM QUISER, QUE VENHA COMIGO!


"Farto de quase 50 anos de opressão,
- farto da incompetência,
- farto de fabricar carne para canhão...
- farto de ajudar meia dúzia de glutões a comer à conta do orçamento,
- farto de "lutar" por causas perdidas,
decidi dizer "Basta!".
(...) Depois do primeiro sinal rádio com E depois do adeus, começamos a acordar o pessoal, que se convenceu estar perante mais uma instrução noturna. (...)
Assim, perante o estado de negação de liberdade e de injustiça que tínhamos atingido, perante as nulas esperanças em melhores dias, havia que mudar o regime, não para nos substiuírmos ao regime anterior, mas para, dando liberdade e democracia, garantir ao povo a escolha do destino coletivo.
Para desanuviar, declarei que havia várias modalidades de Estados: os liberais, os sociais-democratas, os socialistas, etc., mas nenhum pior do que o estado a que chegáramos, pelo que urgia acabar com ele."
           Salgueiro Maia
in Capitão de Abril: Histórias da guerra do ultramar e do 25 de Abril 



"Você devia ter morrido não de um cancro qualquer, 
mas de pé, fulminado por um raio"
                                                                                                             Fernando Assis Pacheco


A 4 de abril de 1992, faz amanhã 21 anos,  aos 47 anos de idade, morreu o "Capitão sem Medo", Salgueiro Maia. A história consagra-o como o maior exemplo de coragem na revolução de 25 de Abril de 1974.
Salgueiro Maia foi sepultado em Castelo de Vide, sua terra natal, ao som da "Grândola", como era seu desejo e na presença de três ex-Presidentes da República (António de Spínola, Costa Gomes e Ramalho Eanes) e de Mário Soares, chefe de estado em funções.



Fernando José Salgueiro Maia, nasceu a 1 de julho de 1944 em Castelo de Vide. Em 1964, ingressou na Academia Militar em Lisboa. Terminado o curso, apresentou-se na Escola Prática de Cavalaria (EPC), em Santarém. Aí foi comandante de instrução e em 1968, em plena guerra colonial, partiu para o norte de Moçambique, integrado na 9ª Companhia de Comandos. Em março de 1971, foi promovido a capitão e em julho foi para a Guiné. Dois anos depois, regressou a Santarém, à Escola Prática de Cavalaria, de onde saiu na madrugada do 25 de Abril. 



"No Carmo dominou tudo e todos: dominou a guarda, dominou o Governo, dominou os ministros que choravam, dominou a multidão e dominou o ódio coletivo dos que gritavam vingança. E dominou o tempo e a vitória que veio ter com ele, obediente e fascinada."
                                                                                                             Francisco Sousa Tavares 


Depois da revolução licenciou-se em Ciências  Políticas e Sociais, no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, em Lisboa.
Participou no 25 de novembro de 1975, saindo da EPC no comando de uma coluna às ordens do Presidente da República Costa Gomes. Foi transferido para os Açores, só voltando em 1979 a Santarém. Em 1981 foi promovido a major e em 1984 regressou à Escola Prática de Cavalaria.
Avesso a privilégios e honrarias, Salgueiro Maia recusou ser membro do Conselho da Revolução, adido militar numa embaixada à sua escolha, governador civil de Santarém e pertencer à Casa Militar da Presidência da República.
Recebeu em 1983 a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade, em 1992, a título póstumo, o grau de Grande Oficial da Ordem da Torre e Espada e, em 2007, a Medalha de Ouro de Santarém.
Em 1988, já doente, solicita uma irrisória pensão por "serviços excecionais ou relevantes" prestados ao país, que lhe é recusada, ao mesmo que era atribuía a dois antigos inspetores da PIDE.

Na sua Biblioteca Municipal o leitor encontrará toda a informação sobre o símbolo da revolução dos cravos.

Visite-nos


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SALGUEIRO MAIA

Aquele que na hora da vitória
Respeitou o vencido

Aquele que deu  tudo e não pediu a paga

Aquele que na hora da ganância
Perdeu o apetite

Aquele que amou os outros e por isso
Não colaborou com a sua ignorância ou vício

Aquele que foi "Fiel à palavra dada à ideia tida"
Como antes dele mas também por ele
Pessoa disse

                                                                          Sophia de Mello Breyner Andresen
in Musa




abril 01, 2013

Porque hoje é o 1º dia de abril 

CLIQUE AQUI 

Leia a nossa NEWSLETER  fique a conhecer as nossas atividades 

Apesar do estado caótico em que se encontra hoje a nossa Biblioteca Municipal, em virtude das fortes chuvadas de ontem, que inundaram parcialmente as nossas instalações, como poderá comprovar pelas fotos que publicamos, nós não baixamos os braços....






... e vamos dar hoje início à atividade

25 DIAS, 25 POEMAS

Assim, ao longo de 25 dias iremos publicar POEMAS alusivos à LIBERDADE. Serão 25 poemas, um por dia, publicados diariamente nos nossos blogues e que irão, gradualmente, constituir uma mostra bibliográfica de poetas e um painel de poemas, que poderão ser vistos no átrio da entrada da Biblioteca Municipal. Este poema foi a nossa primeira escolha. Ora leia.

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Liberdade

Sobre esta página escrevo
teu nome que no peito trago escrito
laranja verde limão
amargo e doce o teu nome.

Sobre esta página escrevo
o teu nome de muitos nomes feito
água e fogo lenha vento
primavera pátria exílio.

Teu nome onde exilado habito e canto
mais do que nome: navio
onde já fui marinheiro
naufragado no teu nome.

Sobre esta página escrevo
o teu nome: tempestade.
E mais do que nome: sangue.
Amor e morte. Navio.

Esta chama ateada no meu peito
por quem morro por quem vivo
este nome rosa e cardo
por quem livre sou cativo.

Sobre esta página escrevo
o teu nome: liberdade.

Manuel Alegre, in Obra Poética
Publicações Dom Quixote


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Não perca os outros poemas! 
Vamos aqui
sentir ABRIL todos os dias!





março 28, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA


Fim de semana à porta, com os preparativos para a Páscoa, as amêndoas e folares para os afilhados, a preparação do almoço do domingo de Páscoa para receber a família, nós sabemos que o leitor não vai ter muito tempo para relaxar e ler o livro que costumamos sugerir para leitura de fim de semana. 

Por isso, caro leitor,  mais uma vez vamos ajudá-lo.
Está certamente lembrado que no ano passado a "nossa" receita dos folares foi um sucesso junto da família. 
E para que o sucesso continue, a nossa sugestão de leitura de fim de semana é a uma receita para o almoço de domingo de Páscoa.



A mesa já está posta, a família e afilhados já chegaram, só falta mesmo...

O Cabrito Assado no Forno à Moda do Minho

Ingredientes:
1 cabrito
4 dentes de alho
batatas pequenas para assar
4 cebolas
1 colher de chá de colorau
2 folhas de louro
125 gramas de margarina
pimenta q.b.
sal q.b.
1 ramo de salsa
100 gramas de toucinho
2,5 dl de vinho branco.


 Modo de preparação:
Arranje o cabrito e barre-o com a seguinte mistura: pique 2 cebolas, os alhos e o toucinho, junte-lhes 50 gr de margarina, o colorau, 1 dl de vinho branco e tempere com sal e pimenta. Forre a assadeira com as restantes cebolas cortadas às rodelas, e sobre elas coloque o cabrito, bem como o ramo de salsa e o louro e deixe ficar assim durante 24h no frigorifico.
No dia seguinte regue o cabrito com o restante vinho, disponha à volta as batatas, tempere com sal e pimenta. Espalhe o resto da margarina cortada aos bocados sobre o cabrito e leve a assar no forno, regando de vez em quando com o molho que se vai formando.
Bom apetite.


Boa Páscoa




março 27, 2013

27 DE MARÇO | DIA MUNDIAL DO TEATRO


"Mas a verdade verdadeira é que, na arte do teatro, 
não há nunca uma verdade única que possamos encontrar. Há muitas."
                                                                                                                    Harold Pinter


Há quanto tempo não vai ao teatro?

Aproveite que hoje, Dia Mundial do Teatro, muitas companhias teatrais de norte a sul, 
dão espetáculos de graça, como forma de comemorar o seu dia.


O Dia Mundial do Teatro foi criado em 1961, em Viena (Áustria), durante o 9º Congresso do Instituto Internacional do Teatro, organização não governamental fundada em Praga em 1948 pela UNESCO e Comunidade Internacional do Teatro. Esta data marca a inauguração das temporadas internacionais no Teatro das Nações em Paris iniciadas em 1954.
O 1º Festival de Teatro realizou-se em 1957.

Uma das mais importantes manifestações que se realizam por todo o mundo é a difusão da Mensagem Internacional, escrita tradicionalmente por uma personalidade de dimensão mundial, convidada pelo Instituto Internacional do Teatro para partilhar as suas reflexões sobre o Teatro e a Paz entre os Povos. Esta mensagem é traduzida em mais de vinte línguas e lida aos espetadores antes do espetáculo da noite nos teatros do todo o mundo.
Este ano, a honra coube ao dramaturgo italiano Dario Fo. [Veja aqui].


"Que sorte têm os atores! Cabe a eles escolher se querem participar 
numa tragédia ou numa comédia, se querem sofrer ou regozijar-se, 
rir ou derramar lágrimas; isto não acontece na vida real".
                                                                                                                                 Oscar Wilde



Sonoplastia: música de circo. Gargalhadas estridentes de troça. Entram três  palhaços - o da cena anterior e mais dois mimados por atrizes que executam uma pantomima de escárnio e mal dizer: Vertiginosa, feroz, diabólica. Escuro total. Silêncio. assim, uns segundos. Vinda do fundo da plateia, ouve-se uma voz gravada.
Voz Do Autor: Sou português, escritor e tenho quarenta e cinco anos de idade. Sim, sou aquele menino a cujo nascimento os senhores assistiram, no começo desta peça...
Ouviram os alegres votos de esperança dos meus pais, amigos e familiares. Lembram-se? Coitados, como se enganaram! (...).Assim tenho vivido, assim temos todos vivido em Portugal. Tenho quarenta e cinco anos e... estou farto, cansado, já não acredito em nada.  
                                            Bernardo Santareno in  Português, Escritor, 45 Anos de Idade.


Esta peça foi representada pela primeira vez a 5 de julho de 1974 no Teatro Maria Matos, numa encenação de Rogério Paulo, e, com as interpretações de António Montez, Rogério Paulo, Lourdes Norberto, Irene Cruz, entre outros.



Bernado Santareno, pseudónimo literário de António Martinho do Rosário, é considerado o maior dramaturgo português do século XX.
Bernardo Santareno nasceu em 1920, em Santarém.
Em 1945 mudou-se para Coimbra, onde se licenciou em medicina psiquiátrica em 1950.
Em 1957 e 1958, a bordo dos navios David Melgueiro, Senhora do Mar e do navio-hospital Gil Eanes, acompanhou as campanhas da pesca do bacalhau como médico. Esta experiência iria servir de inspiração a muitas das suas obras.
Durante a ditadura teve várias vezes problemas com o regime, tendo a sua peça "A Promessa" sido retirada de cena após a estreia, devido a pressões da Igreja Católica.
Português, Escritor, 45 anos de Idade, é uma peça autobiográfica escrita na primeira pessoa e foi o primeiro original português a estrear-se depois do 25 de Abril.
Bernardo Santareno foi distinguido por três vezes com o Prémio Imprensa.
Morreu em 1980, com 59 anos de idade.
A sua dramaturgia pode ser encontrada na Biblioteca da sua cidade.

"Não há papeis pequenos, só atores pequenos"
                                                                                  Milan Kundera


Parabéns a todos os profissionais e amadores 
que fazem parte do universo do Teatro.

Viva o Teatro

março 22, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA


O leitor gosta de histórias de amor?
E se forem verdadeiras, com pessoas que conhecemos?

É precisamente uma grande história de amor,
 em que as personagens são conhecidas de todos nós, a nossa sugestão de hoje.

Consegue imaginar o filósofo alemão Martin Heidegger apaixonado?

Hannah Arendt e Martin Heidegger

A nossa sugestão de leitura de fim de semana conta-nos o desenrolar de uma paixão, que obrigou Martin Heidegger a ignorar as convenções religiosas da cultura cristã, que sanciona o adultério, e as imposições do regime nazi, que não só proibiam como puniam implacavelmente as ligações afetivas entre arianos e judeus.

Interessante, não?

O leitor só tem que se deslocar à sua Biblioteca preferida e requisitar o livro:

O Último Encontro
da escritora francesa Catherine Clément
editado pelas Edições Asa.


"O coração de Hannah pôs-se a bater mais depressa. Há quanto tempo não estava sozinha com ele? Pelo menos vinte anos, ou mais? Exatamente desde...Desde 1950, sim. Vinte e cinco anos. (...)
Uma vez, apenas uma única vez, é que Martin tinha desafiado a proibição conjugal. Foi em 1950, em Friburgo, Hannah e Martin, os dois sozinhos.
Foi depois do exílio de Hannah, depois do extermínio, depois do nascimento de Israel, depois da guerra. Depois de Martin ter sido condenado pela sua ideologia nazi, depois da derrota. E, vinte e cinco anos depois, Martin e Hannah iam estar novamente sozinhos!"

Alemanha, 1975: duas mulheres já idosas encontram-se à cabeceira de um velho homem doente, depois de, durante cinquenta anos, terem lutado por um lugar no seu coração. Ele, o velho homem, é Martin Heidegger, o filósofo genial que, em determinado momento, não resistiu ao canto de sereia do nazismo. 
As mulheres são Elfride - a esposa legítima, a mãe de família, a burguesa alemã - e Hannah Arendt, a "amante", a intelectual judia, a apátrida com coração de vento. 
Como foi possível, no meio de uma tragédia que pôs a Europa a ferro e fogo e face às opções políticas do velho mestre, a história de amor - uma das mais belas histórias de amor do século XX - entre Martin e Hannah?



Catherine Clément nasceu a 10 de fevereiro de 1939 em Boulogne-Billancourt, França, no seio de uma família meio católica meio judia. Passou a sua infância com a sua avó, dado que os seu pais faleceram durante a Segunda Gerra Mundial, tal como os seus avós judeus que foram duas das muitas vítimas do campo de concentração de Auchwitz.
Entrou para a prestigiada "École Normale Supérieure" em 1959 e formou-se em filosofia. Em 1962 foi aluna do antropólogo Claude Lévi-Strauss. Mais tarde Catherine dedicou-se em exclusivo à escrita e publicou várias obras: A Senhora, Por Amor da Índia, A Valsa Inacabada, Rameira do Diabo, o Último Encontro, Jesus na Fogueira, As Novas Bacantes, A Viagem de Théo e O sangue do Mundo. Estes dois últimos fazem parte das listas dos livros mais vendidos em vários países. 
O leitor pode encontrar  todos eles na sala de leitura da sua Biblioteca.


Ilustração de Deborah DeWit


Tenha um Bom Fim de Semana
e não se esqueça que amanhã é "Hora do Planeta"



março 20, 2013

21 DE MARÇO | DIA MUNDIAL DA POESIA


"Todas as coisas têm o seu mistério,
 e a poesia é o mistério de todas as coisas".
                                                                                             Federico García Lorca



Segundo um estudo da Universidade de Liverpool, publicado a 15 de janeiro deste ano, ler autores clássicos estimula a mente e ler poesia pode ser mais eficaz em tratamentos do que os chamados livro de auto ajuda.
Os especialistas em ciência, psicologia e literatura inglesa daquela universidade, descobriram que a poesia "é mais útil que os livros de auto ajuda", já que afeta o lado direito do cérebro, onde estão armazenadas as lembranças autobiográficas, ajudam a refletir sobre elas e a entendê-las sobre outra perspetiva.
"A poesia não é só uma questão de estilo. A descrição profunda de experiências acrescenta elementos emocionais e biográficos ao conhecimento cognitivo que já possuímos das nossas lembranças", explica o especialista encarregado de apresentar o estudo.


Se eu gosto de poesia?
Gosto de gente,
bichos,
plantas, lugares, chocolate,
vinho, papos amenos, amizade,
amor.
Acho que a poesia está contida nisso tudo.
                                                                                   Carlos Drummond de Andrade




E o leitor gosta de poesia?
Não sabe?
Nunca leu?
Não sabe por onde começar?



ALGUNS GOSTAM DE POESIA

Alguns - 
quer dizer nem todos.
Nem a maioria de todos, mas a minoria.
Excluindo escolas, onde se deve,
e os próprios poetas
serão talvez dois em mil.
Gostam - 
mas também se gosta de canja de massa,
gosta-se da lisonja e da cor azul,
gosta-se de um velho cachecol,
gosta-se de levar a sua avante,
gosta-se de fazer festas a um cão.
De poesia - 
mas o que é a poesia?
Algumas respostas vagas
já foram dadas,
mas eu não sei e não sei, e a isto me agarro
como a um corrimão providencial
                                                                                       Wislawa Szymborska



Visite-nos, peça-nos sugestões.


Atreva-se!!!!!
                      

março 15, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA


Os cardeais no Vaticano escolherem o Papa Francisco mas, 
"A Papisa Joana" é a escolha da Biblioteca Municipal 
 para  sugestão de leitura de fim de semana.


 Da escritora norte-americana Donna Woolfolk Cross, 
A Papisa Joana
Da Editorial Presença


Muitos negaram, ao longo dos séculos, a sua existência, mas é ainda considerável a quantidade de documentos que referem a sua passagem pelo trono papal.
Criada no seio de uma família de fortes crenças religiosas, Joana aprende com a mãe o melhor do paganismo e com o pai o pior da Igreja Católica. Aprende a ler aos 6 anos e, a partir daí, o seu mundo nunca mais será o mesmo. Tudo nele a fascina. Substitui o seu irmão numa escola para rapazes de elite, fazendo-se passar por um deles e para o resto da sua vida. Acaba por entrar no mundo da Igreja Católica e alcançar uma rápida ascensão dentro da mesma, até se tornar Papa.
Personagem histórica ou lendária, Joana protagoniza a notável ascensão de uma mulher brilhante que não aceita as limitações que a sua época, profundamente misógina, lhe impõe e, armada de uma inteligência esclarecida e de uma imensa força de carácter, atinge o mais elevado grau da hierarquia religiosa católica.
Apoiado numa investigação rigorosa, este é um romance magnífico, cativante, que vai prender o leitor na complexas lutas de poder, nas conspirações e segredos políticos, nos fanatismos e intolerâncias, nas paixões, nas duplicidades e segredos, nas crises de fé e conspirações que ameaçam fazer soçobrar Joana.
A Papisa Joana foi adaptado ao cinema em 2010.


Donna Woolfolk Cross, nasceu em New York City em 1947. Donna é filha de Dorothy Woolfolk, uma pioneira da indústria americana de banda desenhada e do escritor William Woolfolk.  Licenciou-se em literatura em 1969 na Universidade da Pensilvânia. Viajou depois para Londres onde trabalhou como assistente editorial na editora WH Allen. Voltou para Nova York onde trabalhou numa agencia de publicidade. A Papisa Joana é o seu primeiro romance.


Ilustração de Lucia Stewart

BOM FIM DE SEMANA COM BOAS LEITURAS

março 13, 2013

AMANHÃ FICO TRISTE, AMANHÃ. HOJE NÃO.


"Apesar de tudo eu ainda acredito na bondade humana"
                                                                                                                                   Anne Frank


"Naquela sexta-feira, 12 de junho, Anne acorda às seis da manhã. Compreende-se: é o seu dia de aniversário, festeja treze anos! Como lhe custa esperar a hora de se levantar! Anne vive com o pai, a mãe e a irmã mais velha, Margot, num bairro novo de Amesterdão. Estamos em 1942. É a guerra. Já há dois anos que a Holanda está ocupada pelos alemães. A família Frank é judia. Os judeus são humilhados e perseguidos pelos alemães. (...) Nesse dia, Anne recebe: livros, um puzzle, um broche, bombons e outros  presentes miúdos. Os pais oferecem-lhe também um diário. Um caderno com capas duras forradas de pano aos quadrados vermelhos e brancos.  Anne está muito contente: é a sua mais bela prenda. (...) Agora, decide fazer como se o diário fosse a sua melhor amiga. Uma confidente a quem poderá dizer tudo e a quem chamará "Kitty". Na primeira página do diário, Anne escreve:
Espero poder confiar-te tudo, como nunca o pude ainda fazer com ninguém, espero que sejas para mim um grande apoio.
(Anne Frank, 12 de junho de 1942)".
                                                                                                       Anne Frank uma vida 

"Quando escrevo, sinto um alívio, a minha dor desaparece, a coragem volta... Ao escrever sei esclarecer tudo - os meus pensamentos, os meus ideais, as minhas fantasias"
                                                                                                                       Anne Frank, in Diário



"Já sabes há muito que o meu maior desejo é vir a ser jornalista e, mais tarde, escritora famosa. Serei capaz de realizar esta minha ambição? (...) Hei-de publicar um livro depois da guerra: O anexo. Se serei ou não bem sucedida, não se pode prever, mas o meu diário servir-me-á de base".
                                      Sexta-feira, 12 de maio de 1944 

A obra foi publicada em formato de diário, em 1947. O livro, que o leitor poderá requisitar na Biblioteca Municipal,  converteu-se num êxito mundial e estima-se que esteja entre os dez livros mais lidos do mundo, com tradução em 60 línguas e mais de 25 milhões de exemplares vendidos.
O Diário de Anne Frank integra a lista de 35 bens do património documental mundial de interesse universal propostos, em 2009, pela UNESCO ao programa "memória do Mundo".



Miep Gies, 1909-2010
"A Miep é o nosso burro de carga, coitada! Quase todos os dias descobre alguma hortaliça e trá-la na sua saca amarrada à bicicleta. Também é ela quem cuida, todos os sábados, da troca dos livros na biblioteca. Estamos sempre ansiosamente à espera do sábado, como criancinhas que esperam uma prenda. As pessoas que estão em liberdade e fazem uma vida normal não podem calcular o que significam os livros para gente isolada do mundo exterior. Ler, estudar e ouvir rádio... é este o nosso mundo!"
                                                                     Anne Frank , in Diário



Miep Gies nasceu em Viena, a 15 de fevereiro de 1909, tendo-se mudado posteriormente com a sua família para a Holanda, em 1922. Foi Miep Gies, que trabalhava para o pai de Anne, Otto, durante a Segunda Guerra Mundial, que reuniu os manuscritos de Anne, mantendo-os a salvo dos nazis na esperança de um dia os devolver à sua autora. 
Mas Anne acabou por morrer de febre tifóide no campo de concentração de Bergen-Belsen,  nos finais de março de 1945, com apenas 15 anos de idade. Nesse mesmo ano, Miep entregou os documentos ao pai, Otto, o único membro da família que conseguiu sobreviver aos campos de concentração alemães.
Após a publicação do Diário de Anne Frank, Miep  viajou por todo o mundo narrando as suas experiências durante o Holocausto, o que lhe valeu numerosos reconhecimentos públicos.
Faleceu a 11 de janeiro de 2010, na Holanda. 

"A minha história é a de uma pessoa comum numa época extraordinariamente terrível. Caberá a nós pessoas comuns de todo o mundo, impedir que se repita".
                                                                                                                                     Miep Gies




Amanhã fico triste,
Amanhã.
Hoje não.
Hoje fico alegre,
E todos os dias, 
Por mais amargos que sejam, 
Eu digo:
Amanhã fico triste, 
Hoje não
Para hoje e todos os outros dias!!


Encontrado na parede de um dormitório de crianças em Auschwitz


Tenha uma boa semana
e lembre-se, 
hoje não é dia de ficar triste

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