dezembro 18, 2012

A FILHÓ DOURADA



Sonhos, filhós, rabanadas, bolo-rei e muitas outras 
iguarias fazem parte da mesa de consoada.

Quem resiste?

Deixamos de lado as dietas, 
pois Natal sem doces não é Natal e em 2013 
começamos então, com a... dieta. 
E livros de receitas sem açúcar, sem colestrol, 
não faltam na Biblioteca Municipal.



Filhó Dourada

Douradas, muito douradinhas são elas todas, empilhadas na travessa, como um castelo por conquistar.
As últimas são as melhores. Têm mais açúcar, desfazem-se mal lhes tocamos... A gente pega delicadamente numa das que sobram, dá-lhe um impulso que a ponha a deslizar na travessa, para ensopar bem e, num gesto rápido, sem pingar a toalha, mete-a na boca. O estalar dela, de encontro aos nossos dentes, é música com açúcar.



Naquela ceia de Natal, todos tinham comido filhós.
- Estão uma delícia - comentavam.
E, porque estavam uma delícia, não tinha sobrado senão uma, no fundo da travessa.
Era uma ilha minúscula e redondinha, rodeada por um mar de açúcar. Todos os olhos fitavam a filhó, que estalava em reflexos de oiro. Uma tentação.
À roda da mesa, diziam para o avô:
- Só ficou uma filhó. Porque não a come?
O avô, então, vira-se para a avó e segredava-lhe:
- Come tu, anda lá.
A avó não queria.
- Comam vocês - dizia ela, apontando para a filhó e para os filhos.
- Eu já comi muitas - desculpava-se um.
- Também tenho a minha conta - dizia outro.
- Nem mais um bocadinho - declarava um terceiro.



Parecia que nenhum queria tomar a responsabilidade de comer a filhó. No entanto, ela lá estava muito dourada, a recortar-se no meio da calda de açúcar. Apetecia mesmo ver e ... comer.
Mas, à volta da mesa, não se decidiam. E a filhó, a última filhó, andava de boca em boca, sem se fixar na boca de ninguém. De oferta em oferta, chegou a vez da tia Luísa propor:
- Os pequenos que comam. Sempre quero ver qual dos meus sobrinhos chega primeiro à filhó.
Os meninos não se precipitaram sobre a filhó apetitosa, como seria de esperar. Cada um ficou à espera do primo ao lado, e o primo ao lado do outro primo ao lado... Fosse por acanhamento ou fosse por que fosse...
- Afinal ninguém a come - observavam do outro extremo da mesa. - Esta filhó deve ser mágica.
Olharam uns para os outros e sorriram.
A ceia estava no fim. Os meninos tinham sono. O avô cabeceava. Começou a ouvir-se o arrastar das cadeiras. Era a debandada.
- Amanhã arruma-se a casa - disse a tia Luísa, e apagou a luz da sala de jantar. 
Quando todos já se tinham ido embora, a filhó, no lusco-fusco, ao meio da mesa, começou a brilhar. Intensamente. Acreditem ou não, como se tivesse luz dentro. Como um pequeno sol ou um bocadinho de oiro, a desfazer-se em açúcar.
                                                                                                                       António Torrado



Naquela casa sobrou uma filhó. 
Mas, se o leitor fizer a receita de filhós de abóbora 
que aqui lhe deixamos para a sua ceia de Natal... 
nem uma vai sobrar.


Ingredientes:
- 2 Kg de abóbora-menina
- 15 gr. de fermento de padeiro
- 2 laranjas grandes
- 5 ovos
- 400 gr. de farinha
- 20 colheres de sopa de açúcar
- óleo para fritar
- açúcar e canela para polvilhar

Preparação:
Corte a abóbora em pedaços e coza em água temperada com sal. Escorra-a muito bem, apertando-a com as mãos. Mude a polpa para um alguidar e junte-lhe o fermento e o sumo das laranjas. Adicione os ovos e misture com a mão, até ficarem bem incorporados.
Aos poucos, vá acrescentando a farinha e o açúcar (a quantidade certa de farinha depende muito do tamanho dos ovos e das laranjas).
Adicione as raspas da casca das laranjas.
Tape o alguidar com um pano e deixe levedar em lugar seco. Passadas 1H30 a 2 horas, frite a massa com a ajuda de duas colheres em óleo bem quente numa frigideira funda.
Retire as filhós com uma escumadeira e escorra o excesso de gordura.
Coloque numa travessa e polvilhe com açúcar e canela.



Boas Festas



dezembro 14, 2012

LEITURA DE FIM DE SEMANA


"A vida é aquilo que acontece 
enquanto fazemos planos para o futuro"
                                                                                                                        John Lennon



Já lá vão 32 anos, que a 8 de dezembro de 1980
John Lennon foi assassinado à porta de casa, 
o edifício de apartamentos Dakota de Nova Iorque.

John Lennon e Yoko, fotografados
por Annie Leibowitz, no dia em que foi assassinado

Mas tudo começou uns dias antes...

"A 27 de outubro, Chapman comprou um revolver em Honolulu. Fez uma breve visita ao pai, em Atlanta, e viajou depois para Nova Iorque. Como contou ao psiquiatra do tribunal, lutou aí durante dias com "espíritos maus" que o tentavam convencer a assassinar John Lennon. Chapman perdeu o combate a 8 de dezembro de 1980. Postou-se à porta do edifício Dakota com as suas cassetes dos Beatles, um exemplar de Double Fantasy, o romance de Salinger e o seu revólver.
Pelas cinco da tarde, John e Yoko saíram para irem para o estúdio de gravação. Chapman pediu a John um autógrafo na capa do disco. John assinou e entrou na limusine, que estava à espera. Chapman ficou extasiado: "Espera só até as pessoas verem isto no Havai!". 
Às dez para as onze, quando John e Yoko voltaram do estúdio, Chapman continuava à espera. Normalmente, a limusina entrava pelo portão para o pátio interior do Dakota. Naquela noite, John mandou parar o carro junto ao passeio e fez a pé a curta distância até à entrada.
Chapman chamou: "Mr. John Lennon?" John virou-se, pestanejando para conseguir ver na escuridão. Chapman disparou cinco vezes - cada um dos tiros teria sido fatal. John deu ainda uns passos na direção de Yoko e depois gritou: "Fui atingido!"

Caro leitor, 
é a biografia de John Lennon que hoje lhe sugerimos 
para leitura de fim de semana

Depois da azáfama das compras de natal, 
o sofá,  a lareira acesa e um livro é o que necessitamos!

John Lennon 
De Alan Posener
Editorial Sol


John Lennon é uma referência indiscutível da música popular moderna, detentor de uma genialidade inegável como interprete e compositor, aliada a uma personalidade carismática. A notória proeminência social e política que alcançaram as suas mensagens de paz, concórdia e amor, foram o reflexo de uma honesta, visceral e íntima projeção pessoal.

"John Lennon nasceu na noite de 9 de outubro de 1940, durante um ataque aéreo alemão. Pouco depois do parto, uma bomba explodiu mesmo ao lado do hospital e o bebé teve de passar o resto da noite debaixo da cama de Julia, sua mãe, para se proteger do estuque que caía do teto. Isso pode explicar porque é que Julia, em geral totalmente apolítica,  decidiu, num ataque de patriotismo, dar ao filho como segundo nome Winston, em memória de Winston Churchill, o salvador da Grã-Bretanha"


O que se passou entre o 
dia 9 de outubro de 1940 e o dia 8 de dezembro de 1980 
está disponível na Biblioteca da sua cidade para empréstimo domiciliário. 

Visite-nos 




 Bom Fim de Semana 



dezembro 13, 2012

TEM MESMO A CERTEZA QUE QUER AJUDA PARA FAZER A ÁRVORE DE NATAL?


Uma ajuda para fazer árvore de natal e para decorar as nossas casas nesta quadra é sempre bem vinda mas, o leitor certamente está lembrado do que aconteceu
 no ano passado!

Não se lembra?

Não se lembra do estado em que ficou a árvore de natal do Simon quando o gato entrou na sala?

Recorde AQUI.


Pois este ano, foram os duendes que quiseram ajudar a fazer a árvore de natal e o resultado foi este:


Não desanime leitor, 
o escritor António Torrado vai-nos dizer 
como enfeitar a árvore de natal lá em casa:


A estrela de prata

Numa árvore que eu cá sei - que nós sabemos - estão uma estrela de prata e uma bola de cristal.
- O que fazemos aqui? - perguntou a estrela.
- Estamos a enfeitar - respondeu a bola.
- O que é enfeitar? - perguntou a estrela.
- É fazer vista, ornamentar, alindar...- respondeu a bola de cristal.

Passou-se um tempo e a estrela perguntou de novo:

- Porque estamos a enfeitar?
- Porque esta árvore não é como as outras. Os frutos dela são raros. Aparecem um dia, luzem o seu quê, conforme sabem ou podem, e depois são colhidos e guardados, até para o ano.

A bola de cristal tinha muita experiência de outros Natais, ao passo que a estrela era nova, de prata fresca, e não sabia quase nada.  Mas tinha ouvido falar que havia estrelas cadentes, estrelas que caem do céu e no céu desaparecem, num sopro de luz.

- Não serei uma dessas? - perguntou à bola.
- Talvez sejas, talvez não sejas... Mas não experimentes.



Passou-se um tempo mais, e a estrela guardou para si aquela ideia, uma ideia pequenina. "Não experimentes", dissera-lhe a bola. E se experimentasse? Foi o que fez.
Caiu, num susto, mas como era leve, inocente e frágil, uma corrente de ar, vinda de uma porta aberta, algures, levou-a consigo.
Levou-a consigo e fê-la poisar, sem estrago, no fofo musgo.
- Olha, é a estrela da gruta - disse alguém que estava a armar o presépio.
E estrela do presépio ficou.


Donde estava, onde a puseram, via o presépio, os pastores, os reis magos, as lavadeiras com a trouxa à cabeça, as leiteiras com a bilha à cinta, os vagabundos, o moleiro, o azeiteiro e todo o povo do presépio e mais as pessoas de carne e osso, que vinham admirar aquela lindeza, sorrir para o Menino Jesus e olhar para a estrela, suspensa do alto da gruta.
Estrela de oito pontas que era, a apontar em todas as direções, nem ela sabia para onde, brilhou imenso.
Brilhou o mais que pôde.
Para o ano, a estrela de prata já tem muito que contar à bola de cristal.



Tenha um FELIZ NATAL

dezembro 11, 2012

FELIZ ANIVERSÁRIO MANOEL DE OLIVEIRA


"O cinema só trata daquilo que existe, não daquilo que poderia existir. Mesmo quando mostra fantasia, 
o cinema agarra-se a coisas concretas. 
O realizador não é criador, é criatura"
                                                                              Manoel de Oliveira, in DN em 09/05/2004




Manoel de Oliveira, o mais velho realizador ainda em atividade, faz hoje 104 anos. Tem um percurso que é considerado fundamental na história do cinema português, embora nem sempre consensual e nem sempre compreendido pelo público, mas unanimemente elogiado pela crítica. 

O realizador termina este ano com a estreia do filme "O gebo e a sombra", que passou no festival de Veneza, e pela rodagem da curta-metragem "O conquistador conquistado", a convite de Guimarães Capital Europeia da Cultura".



Este ano, o ano parlamentar abriu oficialmente (19/09/2012) com uma sessão de cinema em que foi exibido o seu mais recente filme, "O gebo e a sombra". E perante cerca de 200 pessoas, onde se encontravam Eduardo Lourenço, Maria Barroso, Pilar del Rio, Io Apoloni e Glória de Matos, o ex-ministro da Cultura Pedro Roseta, o ex-secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, Luís Miguel Cintra e Leonor Silveira, atores intimamente ligados ao cinema do homenageado, o realizador, ainda debilitado devido a problemas de saúde,  tomou a palavra: 
"Neste tempo de crise que atravessamos, economizarei nas palavras para agradecer à Assembleia da República esta grande honra que me concedeu. Muito Obrigado." 
Oliveira terminou o seu agradecimento, erguendo  um pouco a voz para dizer, numa simples frase, que para ele é tudo: "Viva o Cinema"


Oliveira na rodagem de uma curta em Guimarães, 2012

"Não existem cinco cineastas 
que sejam tão livres assim"
                                                                 Miguel Marías, ex-diretor da Cinemateca Espanhola

Manoel de Oliveira insiste em dizer que só faz filmes pelo gozo de os realizar, independentemente da reação dos críticos. Apesar das inúmeras condecorações nos mais prestigiados festivais do mundo, tais como o Festival de Cannes, (em 2008, foi congratulado e felicitado pessoalmente por Clint EastwoodFestival de Veneza ou o Festival de Montreal, leva uma vida retirada e longe das luzes da ribalta.

Os seus atores preferidos, com quem mantém uma regular colaboração são Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira, Diogo Dória, Rogério Samora, Miguel Guilherme, e mais recentemente, o seu neto, Ricardo Trepa. Mas atores estrangeiros, como Catherine Deneuve, Marcello Mastroianni, Chiara Mastroianni, John Malkovich, Michel Picoli, Irene Papas, Lima Duarte ou Marisa Paredes participam nos seus filmes.

Atualmente tem outros dois filmes em projeto, ambos a aguardar financiamento: 
  • "O velho do Restelo", inspirado em textos de Luís de Camões, Teixeira de Pascoaes e Cervantes
  • "A igreja e o diabo", a partir de contos de Machado de Assis.
O seu regresso às filmagens deverá acontecer nos próximos meses 
e a estreia será em 2013.


" O cinema é a motivação para Manoel de Oliveira 
viver e não ficar em casa de chinelos a ver televisão"
                                                                                                                             Júlia Buisel




O leitor gosta de cinema?

Sabe que a Biblioteca Municipal dispõe de bibliografia sobre cinema para empréstimo domiciliário?

Sabe que pode ver cinema de graça na Biblioteca Municipal?


Esperamos por si

dezembro 07, 2012

LEITURA DE FIM DE SEMANA



Que estará a ler com tanto interesse a nossa leitora?

"Quando é que nós estivemos nus com este à vontade, com a sensação que era um estado natural e não com uma sensação subcutânea de termos, não digo um inimigo mas um adversário,  um intruso, um outro que não se identificava inteiramente connosco? As relações de sexo podem ser vividas enquanto somo novos, mas os encontros de amor exigem esta maturidade, quase ausência do desejo. Gosto de estar aqui contigo, fazer festas no teu corpo já cheio de tempo, apetece-me beijar-te porque estou a beijar a tua história pessoal, aquilo que viveste, as tuas alegrias e as tuas dores. É nestas coisas  que sinto que envelhecer é uma arte e que o amor ..."

Como acaba esta história de amor quer o leitor saber!

Pois bem, não é difícil.
O leitor vem à Biblioteca Municipal da sua cidade e
 requisita o livro que é a nossa 
sugestão de leitura de fim de semana

O Tecido do Outono
António Alçada Baptista
Editorial Presença




É no outono que a gente é capaz de reparar que a vida não é banal.

Filipe casara ainda jovem com Matilde, mas nunca fora capaz de classificar a relação de ambos.
Aos trinta anos encontra Bárbara, uma mulher que partilha com ele a procura incessante pela esfera do divino.
Com ela vive uma forte paixão pautada, no entanto, pelo fatalismo. 
Só então, magoado, redescobre Matilde, também ela agora com algumas cicatrizes...

Matilde ou Bárbara, 
com quem falava Filipe?




Visite-nos, requisite o livro e descubra-o 
no seu fim de semana. 



"Poucos escritores terão sabido representar 
na sua obra a mulher com tanto amor e compreensão 
como António Alçada Batista".
                                                                                                        Urbano Tavares Rodrigues




António Alçada Baptista nasceu a 29 de janeiro de 1927 na Covilhã. Frequentou um colégio de jesuítas, em Santo Tirso, e licenciou-se em Direito na Universidade de Lisboa, em 1950.
Foi diretor da revista "O Tempo e o Modo" (1963-69). Foi também Diretor da "Moraes Editora" a partir de 1957.
Alçada Baptista exerceu advocacia e esteve sempre ligado ao jornalismo, à edição e à politica, em especial durante o regime de Salazar. Foi ainda cronista na Rádio Comercial.
Em 1961 e 1969 foi candidato pela Oposição Democrática nas eleições para a Assembleia Nacional e, de 1971 a 1974, foi assessor para a cultura do então ministro da Educação Nacional, Veiga Simão.
Funcionário da Secretaria de Estado da Cultura desde 1978, presidiu aos trabalhos da criação do Instituto Português do Livro, a que presidiu até 1986.
O escritor foi condecorado com a Ordem de Santiago, com a Grã Cruz da Ordem Militar de Cristo pelo Presidente Ramalho Eanes, em 1983 e com a Grã Cruz da Ordem do Infante pelo Presidente Mário Soares, de quem foi colaborador, em 1985.
Sócio da Academia Brasileira de Letras, da Academia das Ciências de Lisboa, e da Academia Internacional de Cultura Portuguesa, foi também presidente da Comissão de Avaliação do Mérito Cultural e administrador da Fundação Oriente.
Faleceu a 7 de dezembro de 2008.

A 5 de fevereiro de 2009 foi homenageado, a título póstumo, pela Sociedade Portuguesa de Autores, tendo-lhe sido atribuída a Medalha de Honra da referida Sociedade.
Nesse mesmo ato a SPA anunciou a criação do Prémio Alçada Baptista de Literatura Memorialista e Autobiográfica, a atribuir a partir de 2010.


Tenha um Bom Fim de Semana 
com Boas Leituras



dezembro 06, 2012

I'M TIRED OF BEING TREATED LIKE A SECOND-CLASS CITIZEN





Rosa Louise McCauley, mais conhecida por Rosa Parks, nasceu a 4 de fevereiro de 1913, em Tuskegee, EUA, e foi um símbolo do movimento dos direitos civis negros nos Estados Unidos.

Rosa Parks, de casaco preto a entrar para a parte de trás do autocarro

Rosa Parks, uma costureira negra de 42 anos, era membro da Associação Nacional para o Progresso de Pessoas de Cor (NAACP) num estado em que o regime de segregação racial obrigava, por lei, os negros a cederem aos brancos os lugares da frente dos autocarros.
Ficou famosa a 1 de dezembro de 1955 em Montgomery, estado do Alabama, EUA, por ter-se recusado frontalmente a ceder o seu lugar no autocarro a um homem branco que exigia que ela se levantasse para se poder sentar.

Quando lhe perguntaram porque não cedeu o lugar, explicou que não foi porque estava cansada fisicamente, mas foi porque estava cansada de ceder.



Rosa Parks foi presa e condenada. E foi a sua condenação que desencadeou o movimento que, unindo toda a comunidade afro-americana de Montgomery, fez um boicote total aos autocarros durante 381 dias. Foi esse o tempo que  levou o Supremo Tribunal dos Estados Unidos, a que Rosa Parks recorrera, a declarar inconstitucional a segregação racial nos meios de transporte.
No movimento então criado destacou-se, como seu principal porta-voz, o Dr. Martin Luther King, um jovem pastor protestante.

Nos 381 dias de boicote, contou com o apoio de mais de 42.000 negros. Rosa Parks enfrentou ameaças de morte, humilhações, perdeu o emprego e teve que que se mudar para Detroit em 1957.


Esta fotografia que já se tornou um clássico, mostra Rosa Parks a 21 de dezembro de 1956, o dia em que o sistema de transportes público foi legalmente integrado para todos os americanos. Atrás dela, está o repórter Nicholas C. Criss, que cobriu o evento. 


"Sempre quis ser livre e não queria isso só para mim: 
a liberdade é para todos os seres humanos"
                                                                                                   Rosa Parks




Rosa Parks recebeu os maiores prémios
 dedicados a civis nos EUA:
  • 1996 a Medalha Presidencial pela Liberdade
  • 1999 a Medalha de Ouro do Congresso (das mãos do então Presidente Bill Clinton)


Em 2000, um museu em sua homenagem foi inaugurado em Montgomery, a cidade onde apanhou o autocarro em 1955.

Depois de se reformar, Rosa Parks escreveu a sua autobiografia. Os seu últimos anos foram marcados pela doença de Alzheimer, e a 24 de outubro de 2005 faleceu.




Tenha uma Boa Semana 


dezembro 02, 2012

NEWSLETTER dezembro

Clique na imagem e fique a conhecer as nossas atividades para o mês de  dezembro.







novembro 30, 2012

LEITURA DE FIM DE SEMANA



Finalmente chegámos a sexta-feira. 
Depois de uma semana de frio e chuva que bem que sabe o quentinho do sofá, 
na companhia dos amigos lá de casa.

Mas falta algo!


Ilustração de Sue Macartney-Snape

Nós sabemos. 

O leitor está à espera da nossa 
sugestão de leitura de fim de semana
 para que o seu fim de semana seja perfeito!

E a nossa sugestão para este fim de semana vai para uma autora italiana, que com o seu livro venceu o Prémio Campiello em 2010, o prémio literário mais importante em Itália.

Vir ao Mundo 
De Margaret Mazzantini
Da Bertrand Editora


"Esperança, penso nesta palavra que na escuridão ganha forma. Tem rosto de mulher algo perdida, daquelas que arrastam a sua derrota ou então continuam a esforçar-se com dignidade. Tem o meu rosto, talvez, o rosto de uma rapariga envelhecida, parada no tempo, por fidelidade, por medo.
Saio para o terraço, observo o panorama habitual. O prédio fronteiro ao nosso, as persianas corridas. O café com a tabuleta apagada. O silêncio da cidade, poeira de ruídos distantes. Roma dorme. Dorme a sua festa, o seu pântano. Dormem as periferias. Dorme o Papa, os seus sapatos vermelhos estão vazios"

Uma história que conta essencialmente o amor entre Gemma e Diego, um amor que nasceu aquando da Guerra de Sarajevo, também ela protagonista no livro (ou talvez a principal protagonista...)

Uma manhã, Gemma deixa para trás a sua vida de todos os dias e entra num avião com o filho de 16 anos, Pietro. Destino: Sarajevo, uma cidade entre o Ocidente e o Oriente, ainda com as cicatrizes de um passado recente. À sua espera no aeroporto está Gojko, um poeta bósnio que em tempos apresentou Gemma ao amor da sua vida, Diego, um fotógrafo que captava cenas de beleza estonteante nos reflexos das poças de água.
Esta é a história desse amor, inserida num quadro contemporâneo e devastador do mundo em guerra e em paz. Mas é também a história da maternidade procurada, perdida e finalmente encontrada.



"Entre as qualidades da Mazzantini escritora há uma enorme atenção ao pormenor: basta-lhe mencionar cheiros, luzes, sons e sabores de um determinado ambiente para conseguir levar o leitor no meio do desenvolvimento da ação".
                                                                                                                           La Repubblica




Margaret Mazzantini nasceu a 27 de outubro de 1961, em Dublin, filha de uma artista plástica irlandesa e de um escritor italiano. Foi atriz de cinema, televisão e teatro, mas é sobretudo reconhecida pela sua obra literária.
Venceu o Prémio Strega com o livro Não te Movas, adaptado ao cinema e protagonizado por Penélope Cruz, foi um êxito internacional e conquistou diversos prémios em vários festivais. O livro que vendeu mais de 1.500.000 exemplares só em Itália e foi um best-seller internacional, traduzido em mais de 30 línguas.
O livro que hoje sugerimos como leitura de fim de semana, Vir ao Mundo, venceu o Prémio Campiello e está também a ser adaptado ao grande ecrã, tendo por protagonista novamente a atriz Penélope Cruz. Javier Bardem e Benicio Del Toro são falados para o papel de Gojko, o poeta bósnio.

"Sou na realidade uma outsider, presa pela minha família, pela normalidade a que obriga o facto de ter quatro filhos. Sou uma diletante e escrever para mim é como descer todos os dias a uma mina. Numa mina é fácil uma pessoa perder-se...mas não tenho medo! Escrevo histórias, sobretudo isso.  É a minha característica humana".
                                                                                                                        Margaret Mazzantini


Tenha um Bom Fim de Semana
e goze bem o Feriado
pois vai ser a última vez.

novembro 29, 2012

CARLOS FUENTES 1928-2012


Hoje, 29 de novembro, o Instituto Cervantes de Lisboa e  a Embaixada do México em Portugal vão recordar o escritor mexicano Carlos Fuentes, falecido em maio último, com uma mesa redonda sobre a sua obra, acompanhada da leitura de alguns dos seus textos.



"Em Fuentes, o talento literário era inseparável do encanto pessoal: era ameno, culto e poliglota. 
E tinha amigos em toda a parte"
                                                                                                                        Mario Vargas Llosa



Filho de  diplomatas mexicanos, Carlos Fuentes nasceu no Panamá, a 11 de novembro de 1929. Passou a sua infância entre a Europa e o continente americano. Estudou na Suiça e nos Estados Unidos. Viveu em Quito, no Equador; em Montevideu, no Uruguai; no Rio de Janeiro, no Brasil; em Santiago do Chile e em Buenos Aires, na Argentina, num percurso que acabou em Washington, nos Estados Unidos.
Licenciou-se em Direito na Universidade Autónoma do México e no Instituto de Altos Estudos Internacionais de Genebra, e prosseguiu a carreira diplomática, trabalhando em organismos internacionais, nomeadamente nas Nações Unidas em Genebra.
Em 1955, fundou com Octávio Paz e Emmanuel Carballo, a "Revista Mexicana de Literatura". 
Na década de 1970, dedicou-se ao ensino e lecionou nas principais universidades mundiais.


Foi membro do partido comunista, próximo de Fidel Castro antes de se afastar depois da prisão, em 1971, do poeta cubano Ernesto Padilla. 

Escreveu, em 1972, num ensaio na revista "Tiempo" que "O que um escritor pode fazer politicamente deve fazê-lo também como cidadão. Num país como o nosso, o escritor, o intelectual, não pode alhear-se da luta pela mudança política que, em última instância, supõe também uma transformação cultural".

Foi nomeado embaixador em Paris em 1974, mas em 1977 demitiu-se para protestar contra a nomeação para embaixador em Madrid do ex-presidente mexicano Gustavo Díaz Ordaz, que considerava o responsável pelo massacre dos estudantes no México em 1968.




Carlos Fuentes recebeu entre outros  os seguintes prémios:

  • 1987 - Prémio Miguel de Cervantes
  • 1994 - Prémio Príncipe das Astúrias
  • 1994 - Prémio Picasso, da UNESCO
  • 2003 - Condecorado com a Legião de Honra pelo governo francês
  • 2008 - Recebeu a Grã-Cruz da Ordem de Isabel a Católica
  • 2008 - Prémio Internacional Dom Quixote da la Mancha
Este ano, o governo mexicano, para homenagear o escritor, criou o Prémio Internacional Carlos Fuentes. O vencedor foi Mario Vargas Llosa.

Carlos Fuentes morreu aos 83 anos, a 15 de maio deste ano, um dia após ser premiado com o título de doutor honoris causa pela Universidade das Ilhas Baleares, pela qualidade e extensão da sua obra.
O seu óbito foi confirmado pelo Ministério da Cultura Mexicano. Segundo a AFP, o presidente Felipe Calderón deixou uma mensagem na sua conta no Twitter:
"Lamento profundamente o falecimento do nosso querido e admirado Carlos Fuentes, escritor e mexicano Universal. Descanse em paz".



A maior homenagem que podemos 
fazer a um escritor é ler a sua obra.

Venha à Biblioteca Municipal e leve para casa um dos grandes nomes 
da literatura latino-americana  e da literatura mundial.





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