"O cinema só trata daquilo que existe, não daquilo que poderia existir. Mesmo quando mostra fantasia,
o cinema agarra-se a coisas concretas.
O realizador não é criador, é criatura"
Manoel de Oliveira, in DN em 09/05/2004
Manoel de Oliveira, o mais velho realizador ainda em atividade, faz hoje 104 anos. Tem um percurso que é considerado fundamental na história do cinema português, embora nem sempre consensual e nem sempre compreendido pelo público, mas unanimemente elogiado pela crítica.
O realizador termina este ano com a estreia do filme "O gebo e a sombra", que passou no festival de Veneza, e pela rodagem da curta-metragem "O conquistador conquistado", a convite de Guimarães Capital Europeia da Cultura".
Este ano, o ano parlamentar abriu oficialmente (19/09/2012) com uma sessão de cinema em que foi exibido o seu mais recente filme, "O gebo e a sombra". E perante cerca de 200 pessoas, onde se encontravam Eduardo Lourenço, Maria Barroso, Pilar del Rio, Io Apoloni e Glória de Matos, o ex-ministro da Cultura Pedro Roseta, o ex-secretário de Estado da Cultura, Francisco José Viegas, Luís Miguel Cintra e Leonor Silveira, atores intimamente ligados ao cinema do homenageado, o realizador, ainda debilitado devido a problemas de saúde, tomou a palavra:
"Neste tempo de crise que atravessamos, economizarei nas palavras para agradecer à Assembleia da República esta grande honra que me concedeu. Muito Obrigado."
Oliveira terminou o seu agradecimento, erguendo um pouco a voz para dizer, numa simples frase, que para ele é tudo: "Viva o Cinema"
Oliveira na rodagem de uma curta em Guimarães, 2012 |
"Não existem cinco cineastas
que sejam tão livres assim"
Miguel Marías, ex-diretor da Cinemateca Espanhola
Manoel de Oliveira insiste em dizer que só faz filmes pelo gozo de os realizar, independentemente da reação dos críticos. Apesar das inúmeras condecorações nos mais prestigiados festivais do mundo, tais como o Festival de Cannes, (em 2008, foi congratulado e felicitado pessoalmente por Clint Eastwood) Festival de Veneza ou o Festival de Montreal, leva uma vida retirada e longe das luzes da ribalta.
Os seus atores preferidos, com quem mantém uma regular colaboração são Luís Miguel Cintra, Leonor Silveira, Diogo Dória, Rogério Samora, Miguel Guilherme, e mais recentemente, o seu neto, Ricardo Trepa. Mas atores estrangeiros, como Catherine Deneuve, Marcello Mastroianni, Chiara Mastroianni, John Malkovich, Michel Picoli, Irene Papas, Lima Duarte ou Marisa Paredes participam nos seus filmes.
Atualmente tem outros dois filmes em projeto, ambos a aguardar financiamento:
- "O velho do Restelo", inspirado em textos de Luís de Camões, Teixeira de Pascoaes e Cervantes
- "A igreja e o diabo", a partir de contos de Machado de Assis.
O seu regresso às filmagens deverá acontecer nos próximos meses
e a estreia será em 2013.
" O cinema é a motivação para Manoel de Oliveira
viver e não ficar em casa de chinelos a ver televisão"
Júlia Buisel
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Esperamos por si
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