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setembro 13, 2011

RECORDANDO ...

Hoje, dia 13 de setembro, é uma data ligada ao nascimento de dois grandes nomes da literatura portuguesa. Um desses nomes é Aquilino Ribeiro, o outro Natália Correia.


Natália Correia 
[13 setembro 1923 - 16 março 1993]


"A partir de hoje, se alguém me quiser encontrar,
procure-me entre o riso e a paixão."
Natália Correia

Sobre Natália Correia, convidamos o leitor a visitar a mensagem do nosso blogue do dia 16 de março, dia em que se assinalou o 18.º aniversário do seu falecimento e em que evocámos a sua vida e obra.

                                                                                                                               
 
 
Aquilino Ribeiro
[13 setembro 1885 - 27 maio 1963]

"O que o homem mais aprecia, acima de grandezas, glória, amor, acima do seu próprio pão para a boca, é a liberdade ..."
Aquilino Ribeiro

Nasceu em Carregal de Tabosa, concelho de Sernancelhe, distrito de Viseu. Frequentou os seminários de Lamego, Viseu e Beja, com o objectivo de vir a enveredar pela vida religiosa. Mas em 1906 abandona o seminário e fixa-se em Lisboa, dedicando-se à defesa dos ideais republicanos através de textos conspiratórios. Na sequência de uma explosão ocorrida no quarto onde vive e onde morrem dois carbonários, Aquilino foge para Paris. Regressa em 1914, dedicando-se ao ensino. Integra o grupo da revista Seara Nova e, entre 1927 e 1928, é alvo de perseguições políticas e chega mesmo a ser preso, conseguindo fugir novamente para Paris. Volta várias vezes clandestinamente a Portugal, vindo a ser apoiante da candidatura de Humberto Delgado à presidência da República.


"É um inimigo do regime. Dir-lhe-á mal de mim; mas não importa: é um grande escritor."
                                                                                                            de António de Oliveira Salazar


Nunca deixa de escrever e publicar, chegando o seu nome a ser proposto, em 1960, para o Prémio Nobel da Literatura. Com mais de cinquenta anos de vida literária, Aquilino foi várias vezes premiado e homenageado, em Portugal e no estrangeiro, tendo falecido, em Lisboa, a 27 de maio de 1963. Em 2007, a Assembleia da República decidiu homenagear a sua memória com a trasladação dos seus restos mortais para o Panteão Nacional. 


 
"Sei que morrer é mais fácil do que se pensa e,
não obstante,
tenho medo da morte ..."


Da sua vasta obra damos aqui alguns exemplos: A via sinuosa (1918), Terras do Demo (1919), O Malhadinhas (1920), Estrada de Santiago (1922), Andam faunos pelo bosque (1926), Romance da raposa (1929), Batalha sem fim (1931), As três mulheres de Sansão (1932), S. Banaboião, Anacoreta e Mártir (1937), Volfrâmio (1944), Constantino de Bragança (1947), O homem da nave (1951), Abóboras no telhado (1955), A grande casa de Romarigães (1957), etc, etc, ...



Para ficar a saber quais os livros de Aquilino Ribeiro,
que a Biblioteca Municipal possui para empréstimo.

agosto 29, 2011

RELEMBRAMOS O REI DA POP NO DIA DO SEU ANIVERSÁRIO


"Sem a música a vida seria um erro"
                                                                              Nietzche



Sinto-me um estranho no meio das pessoas comuns. Afinal, passei toda a minha vida no palco com gente aplaudindo e correndo atrás de mim. No palco sinto-me seguro. Se pudesse dormiria no palco.

Michael Jackson nasceu em Gary, Indiana, a 29 de agosto de 1958. A sua carreira começou precocemente, aos 5 anos de idade acompanhando os seus irmãos no bem sucedido grupo "The Jackson 5".  A sua canção "I want you back" está entre as melhores melodias da pop. Aos 13 anos, e enquanto ainda atuava com os irmãos, iniciou a carreira a solo. Depois de se rebelar contra a "Motown", aos 17 anos , Michael enveredou para um som Disco. Era a transição para a idade adulta e para a independência - com Quincy Jones como produtor , "Don't Stop 'Till You Get Enough" projetou Michael Jackson para o topo das tabelas.



Em 1982 com "Thriller", o disco mais vendido da tabela americana durante 37 semanas consecutivas, e com "Bad", tornou-se o músico mais famoso do mundo.  No álbum "Thriller", 7 das suas 9 músicas saíram como single e entraram no top. Foi o álbum mais vendido de sempre, com cerca de 109 milhões de cópias comercializadas em todo o mundo. Foi ainda com "Thriller" que Michael se tornou poderoso e uma série de coreografias fizeram escola, a mais famosa de todas, o passo "moonwalk".

Na história da Pop, Michael Jackson foi a maior estrela a solo de todos os tempos. Foi por duas vezes reconhecido no "Rock'n Roll Hall of Fame" e venceu 13 Grammys.

Em 1985, Michael uniu-se a Lionel Richie e Quincy Jones na missão de arrecadar fundos para a campanha "USA for Africa". A ideia era gravar uma canção cujos lucros reverteriam para ajuda humanitária em África. Lionel Richie compôs, no piano a música e Michael escreveu a letra num dia.
O resultado foi "We are the World".
Para a gravação Quincy Jones convidou 44 celebridades da música e televisão, incluindo Cyndi Lauper, Diana Ross, Ray Charles e Stevie Wonder. O projeto arrecadou 200 milhões de dólares para ajuda humanitária a África.


A 25 de junho de 2009, foi noticiado que Michael Jackson sofreu, em sua casa, uma paragem cardíaca.

Para ficar a saber tudo sobre a vida e a carreira de Michael Jackson,
pode requisitar a sua biografia na Biblioteca da sua cidade.


Boa Semana com boa Música




agosto 24, 2011

"CREIO QUE UMA FORMA DE FELICIDADE É A LEITURA"

Jorge Luis Borges


Os meus Livros


Os meus livros (que não sabem que existo)
São uma parte de mim, como este rosto
De têmporas e olhos já cinzentos
Que em vão vou procurando nos espelhos
E que percorro com a minha mão côncava.
Não sem alguma lógica amargura
Entendo que as palavras essenciais,
As que me exprimem, estarão nessas folhas
Que não sabem quem sou, não nas que escrevo.
mais vale assim. As vozes desses mortos
Dir-me-ão para sempre.


No dia que faria 112 anos, recordamos Jorge Luis Borges, escritor argentino, nascido a 24 de agosto de 1899. Filho de uma família de origem portuguesa por parte do pai e britânica por parte da mãe, adquire desde criança um perfeito domínio da língua inglesa. Aos sete anos de idade disse ao pai que queria ser escritor,  aos oito anos escreveu o seu primeiro conto "La visera fatal", inspirado num episódio de Dom Quixote e aos nove, traduziu do inglês o "Principe Perfeito" de Oscar Wilde.
Borges foi Bibliotecário na Biblioteca Nacional da Argentina, Professor de Literatura na Universidade de Buenos Aires e autor de vários livros de poesia, contos e ensaios.

Foi um cidadão do mundo. Morou em Espanha, Portugal, Argentina e por fim na Suíça, onde faleceu e foi sepultado a 14 de julho de 1986.
Por onde passou, comprou e escreveu livros. Amou profundamente as letras e a poesia. Mesmo quando já não consegui ler, devido à cegueira, continuou a comprar livros para alimentar a sua vontade de viver e a paixão pela Literatura. A sua paixão pelos livros levou-o a colecionar e a ler enciclopédias de todo o mundo.

"Meus dois sobrenomes são portugueses, Borges e Acevedo. Acevedo creio que é judeu-português, assim me disseram. Borges, não. É um sobrenome muito comum em Lisboa. Meu bisavô era um capitão português que se chamava Borges de Moncorvo, que é um pequeno povoado de Trás-os-Montes, perto da fronteira com a Espanha, e creio que este ano vou ser convidado a visitar esse lugar que foi dos meus bisavós. Estive cerca de um mês em Lisboa, onde me tornei amigo de um escritor chamado João António Ferro. Eu falava em castelhano e ele respondia-me em português. Muito lentamente, entendiamo-nos. Afinal os dois idiomas são tão parecidos, nem sei se valeria a pena estudar o outro."
Nota do blog: Borges não chegou a visitar Torre de Moncorvo, mas deu o nome a uma avenida.


"Pegar um livro e abri-lo guarda a possibilidade do facto estético. O que são as palavras dormindo num livro? O que são esses símbolos mortos? Nada, absolutamente. O que é um livro se não o abrimos? Simplesmente um cubo de papel e couro, com folhas; mas se o lemos acontece algo especial, creio que muda a cada vez".

"Tenho a suspeita de que a espécie humana - a única - está prestes a extinguir-se e que a Biblioteca perdurará: iluminada, solitária, infinita, perfeitamente imóvel, armada de volumes preciosos, inútil, incorruptível, secreta".


E AQUI encontrará os "volumes preciosos" de Borges,
 que a Biblioteca Municipal dispõe para empréstimo domiciliário


BOAS LEITURAS

agosto 23, 2011

RECORDANDO A. H. DE OLIVEIRA MARQUES, UM DOS MAIORES HISTORIADORES PORTUGUESES DO SÉC. XX


A. H. de Oliveira Marques, destacado professor universitário e historiador português, nasceu a 23 de agosto de 1933 em S. Pedro do Estoril. Licenciou-se em 1956 em Ciências Histórico-Filosóficas pela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, com a tese "A Sociedade em Portugal nos Séculos XII a XV".
Estagiou na Universidade de Wurzburg na Alemanha. Iniciou funções docentes em 1957, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde se doutorou em História , em 1960, com a dissertação "Hansa e Portugal na Idade Média".
A sua participação na crise académica de 1962, resultante da luta promovida pelos estudantes contra  a ditadura do Estado Novo, esteve na origem do seu afastamento da Universidade Portuguesa.


Entre 1965 e 1970 esteve nos Estados Unidos da América, onde lecionou em várias instituições, como a Universidade do Alabama, da Flórida, Columbia e Minnesota, entre outras.
Em 1970, durante a "Primavera Marcelista" regressou definitivamente a Portugal, embora só depois do 25 de Abril de 1974 se lhe voltassem a abrir as portas da Universidade Portuguesa.
  • Foi Diretor da Biblioteca Nacional de Lisboa entre 1974 e 1976;
  • Professor Catedrático da Universidade Nova de Lisboa em 1976;
  • Presidente da Comissão Instaladora da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da mesma Universidade de 1977 a 1980;
  • Presidente do Conselho Científico desta Faculdade nos anos 1981-1983 e 1984-1986;
  • Presidente do Ano Propedêutico no ano letivo de 1977-1978
  • Fundou, em 1980, o Centro de Estudos Históricos da Universidade Nova de Lisboa.

Em 1998 recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.
É considerado um dos grandes historiadores portugueses contemporâneos e as suas obras, que se destacam em diversos domínios como a Idade Média, a Primeira República e a Maçonaria, são instrumentos de grande importância para os estudiosos da História de Portugal.
Faleceu a 23 de Janeiro de 2007, com 73 anos, vítima de problemas cardíacos.



Se pretender conhecer melhor o contributo dado por A. H. de Oliveira Marques para o  conhecimento e estudo da nossa História,
veja AQUI a bibliografia do historiador, que a Biblioteca Municipal dispõe para empréstimo domiciliário.

agosto 11, 2011

A escritora Enid Blyton, nasceu em Londres a 11 de agosto de 1897 e ao longo dos quarenta anos da sua carreira, publicou cerca de 800 livros infantis/juvenis.
Inicialmente educada para se tornar numa compositora de música, Enid Blyton dedicava-se igualmente à escrita de pequenas histórias e poemas, que enviava para jornais. Apesar da sua família achar que a sua escrita não passava de uma brincadeira, a escritora cedo começou a publicar as suas obras. A primeira chamava-se "Child Whispers" (1920) e era composta por um conjunto de poemas.
O seu primeiro livros de aventuras para crianças, intitulava-se "A ilha secreta" e foi publicado em 1938. Este seria um marco importante na sua carreira, que levaria à publicação das séries "Os cinco" e "Os sete".


 As histórias de "Os cinco" tiveram tanto êxito que deram origem a duas séries de televisão, uma em 1957 e outra em 1995.
Nas décadas que se seguiram, Enid Blyton tornou-se na principal escritora do mundo da literatura infantil. Capaz de escrever 10000 palavras por dia, as suas publicações aumentavam rapidamente. 
Os seus livros tinham um vocabulário simples e uma componente de aventura capaz de cativar o interesse e despertar o imaginário dos seus jovens leitores.
As suas obras foram traduzidas em cerca de 70 línguas e vendidos mais de 60 milhões de exemplares em todo o mundo.

Em 1949 Enid Blyton lança o primeiro livro que tornaria célebre "Noddy".  Noddy é um menino de cinco anos que vive na Cidade dos Brinquedos. As vendas deste livro excederam as expectativas e seguiu-se a publicação de novas histórias do género. Actualmente a série passou para o ecrã de televisão e faz as delicias dos mais novos. Mas qual o segredo de todo este êxito? Enid Blyton sabia exactamente o que as crianças e jovens gostavam de ler. Nos seu livros as crianças podiam fazer o que desejavam: explorar túneis secretos, acampar em ilhas, descobrir mistérios, procurar tesouros...

Vela AQUI os livros da autora que encontrará na Na Sala Infantil
da Biblioteca Municipal para empréstimo domiciliário

BOAS LEITURA COM MUITAS AVENTURAS

agosto 10, 2011

A BAHIA É MEU CHÃO, MEU UNIVERSO HUMANO, MINHA PRÓPRIA REALIDADE

No dia que faria 99 anos recordamos Jorge Amado

Nasceu a 10 de agosto de 1912 em Pirangi, Bahia e faleceu a 6 de agosto de 2001.
Estudou em Salvador e no Rio de Janeiro, onde se dedicou ao jornalismo e se licenciou em Direito.
O seu primeiro livro, "O país do Carnaval", foi publicado em 1931. A sua obra mostra que conhecia profundamente o povo do nordeste brasileiro, os seus problemas sociais e políticos,  e compromete-o ao ponto de, assumido comunista, ter os seus livros proibidos em 1937, ser preso em 1939 e em 1942, durante a ditadura de Getúlio Vargas, ser exilado no Uruguai. Em 1961 entra para a Academia Brasileira de Letras.
A sua obra literária conheceu inúmeras adaptações para cinema, teatro e televisão, além de ter sido tema de escolas de samba em várias partes do Brasil. Os seus livros foram traduzidos para 49 idiomas, existindo também exemplares em braile e em formato audiolivro.


Eu continuo firmemente pensando em modificar o mundo
 e acho que a literatura tem uma grande importância

Recebeu títulos de Comendador e de Grande Oficial, nas Ordens da Venezuela, França, Espanha, Portugal, Chile e Argentina; além de ter sido Doutor Honoris Causa em 10 Universidades, no Brasil, na Itália, na França, em Portugal e em Israel. O título de Doutor pela Sorbonne, em França, foi o último que recebeu pessoalmente, em 1998, na sua última viagem a Paris, quando já estava doente.
Foi-lhe atribuído o Prémio Camões em 1994.




Gabriela, Cravo e Canela foi a primeira telenovela a passar em Portugal e teve um enorme sucesso. A novela passou na televisão portuguesa entre maio e novembro de 1977, sempre em horário nobre, à hora do jantar, e cinco dias por semana. Criou junto do público o hábito de ver telenovelas brasileiras e quem não tinha televisão juntava-se em cafés para seguir os episódios.
Tinha como vedeta principal a atriz Sónia Braga no papel de Gabriela e deu a conhecer vários atores brasileiros como José Wilker, Armando Bógus e Paulo Gracindo.
Portugal parava diariamente à hora da telenovela, o parlamento fechou mais cedo nos últimos dias da sua exibição, todos os programas se organizavam em redor do episódio do dia.
A sociedade portuguesa adoptou o sotaque brasileiro como segunda língua, e as atrizes e atores brasileiros como vedetas indispensáveis.
Os romances de Jorge Amado passaram a ser mais lidos em Portugal, com destaque para "Gabriela, Cravo e Canela" que nesse mesmo ano de 1977 foi a obra mais vendida na edição da Feira do Livro de Lisboa.

Para ficar a conhecer melhor a sua vida e obra pode requisitar na Biblioteca Municipal o livro  de Álvaro Salema "Jorge Amado: o homem e a obra: presença em Portugal"

Para além de "Gabriela, Cravo e Canela"  pode ver AQUI a bibliografia
de Jorge Amado que a Biblioteca Municipal dispõe para empréstimo domiciliário.

Boas Leituras

julho 19, 2011

"QUEM SALVA UMA VIDA É COMO SE SALVASSE UM MUNDO INTEIRO"

"Tenho de salvar estas pessoas, tantas quantas eu puder. Se estou a desobedecer a ordens, prefiro estar com Deus e contra os homens, do que com os homens e contra Deus".

Aristides de Sousa Mendes foi o "Schindler português" muito antes de o alemão começar a sua actividade humanitária em prol dos judeus. Atendendo à verdade histórica, Oscar Schindler é que foi o Aristides alemão.

Nascido a 19 de julho de 1885, numa família abastada de antigos fidalgos de província, de Cabanas de Viriato, perto de Viseu, Aristides e o irmão gémeo cursaram Direito em Coimbra e seguiram a carreira diplomática. Após o golpe de 28 de maio de 1926, foi colocado em Vigo, num posto prestigiante e de confiança. Seguiu-se Antuérpia, outro posto de confiança, onde ficou 9 anos. Aos 50 anos era decano de corpo diplomático.


Em 1938, após Salazar recusar o seu pedido de permanecer na Bélgica, foi colocado em Bordéus. Em 1939, com o rebentar da II Guerra Mundial e, em 1940, devido à invasão da França pelas tropas alemãs, milhares de refugiados fogem para sul. Os jardins do consulado e as ruas servem de local de acampamento a milhares de pessoas das mais variadas nacionalidades, sobretudo judeus que fogem da perseguição nazi.

Em 1940, Aristides era cônsul de Portugal em Bordéus e, indo contra uma directiva expressa de Salazar para não se concederem vistos a refugiados que quisessem atravessar a França para chegar a Portugal, desobedeceu e passou 30 mil vistos.

"Concede vistos sem olhar a nacionalidades, etnias ou religiões. Graças a ele, Portugal ficou na história como um país que apoiou os refugiados durante a II Guerra Mundial", lembra a historiadora Irene Pimentel.

No dia 24 de junho de 1940 recebe um telegrama de Salazar ordenando-lhe o regresso imediato a Lisboa. "Enfrentou a ira de Salazar, que não poderia permitir que um diplomata desobedecesse às suas ordens", relata Irene Pimentel. Após 32 anos de serviço, Aristides de Sousa Mendes (com uma família de 12 filhos) foi demitido compulsivamente sem direito a qualquer reforma ou indemnização. Foi ainda proibido de exercer advocacia e os filhos de frequentarem a universidade.

Alberga no seu palácio de Cabanas de Viriato muitas das famílias de refugiados, hipotecando para o efeito todo o recheio. A partir de 1941, já na miséria, foi auxiliado pela Comunidade Israelita de Lisboa. Terminada a Guerra, em 1945, fez uma exposição para a reapreciação do seu processo da qual não obteve resposta.
A 3 de abril de 1954 morre, no Hospital da Ordem Terceira, em Lisboa, desonrado e sozinho, acompanhado apenas por uma sobrinha.


Aristides de Sousa Mendes só foi reabilitado nos anos 80 de século XX e muito por pressão exterior. Foi primeiro elogiado nos Estados Unidos e em Israel. Em 1998, a Assembleia da República condecora-o com a Cruz de Mérito, a título póstumo, pelas suas acções em Bordéus. Em 2007, a RTP promoveu a escolha dos dez maiores portugueses de todos os tempos. Aristides de Sousa Mendes foi o terceiro mais votado. Ironicamente, o primeiro lugar foi atribuído a Salazar, e o segundo a Álvaro Cunhal.

"Aristides não tem um monumento em Portugal. Mais do que um monumento, deveria haver simplesmente uma lei que dissesse: A nuvem - aquela coisa efémera - a nuvem mais bonita em Portugal, todos os dias, deveria chamar-se Aristides de Sousa Mendes"
                                                  Ferreira Fernandes


A Biblioteca Municipal não quer deixar de prestar uma pequena homenagem a um dos maiores símbolos nacionais da II Guerra Mundial e durante este mês tem patente uma mostra bibliográfica, no átrio de entrada, sobre Aristides de Sousa Mendes e a época em que viveu.

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julho 12, 2011

EU AMO O QUE NÃO TENHO. E TU ESTÁS TÃO DISTANTE...

Sensação Autobiográfica

Nasci há dezasseis anos numa poeirenta
aldeia branca e distante que ainda não conheço,
e como isto é um pouco vulgar e puro
irmão errante, passemos à minha juventude.

Creio em muito poucas coisas na vida. A vida
não me entregou tudo o que eu lhe entreguei
e emocional e altivo rio-me da ferida
e a dor está para a minha alma como dois está para três.

Mais nada. Ah, lembro-me de que aos dez anos
desenhei o meu caminho contra todos os danos
que no longo caminho me pudessem vencer.

Ter amado uma mulher e ter escrito
um livro. Não venci porque está manuscrito
o livro e não amei uma, mas cinco ou seis...


Pablo Neruda, pseudónimo de  Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, nasceu a 12 de julho de 1904, na cidade de Parral, no Chile. Em 1920 começou a escrever para a revista literária "Selva Astral", utilizando já o pseudónimo Pablo Neruda em homenagem ao poeta checo Jan Neruda e ao francês Paul Verlaine. Começou a sua carreira diplomática em 1927, após ser nomeado cônsul na Birmânia. Seguiram-se as cidades de Java, Singapura, Buenos Aires, Barcelona e Madrid. Nestas viagens conheceu diversas personalidades do mundo cultural. Em Buenos Aires, conheceu Garcia Lorca e em Barcelona Rafael Alberti. Em 1936, explode a Guerra Civil Espanhola e, chocado com a guerra e com o assassinato do seu amigo Garcia Lorca, comprometeu-se com o movimento republicano. Na França, em 1937, escreveu "Espanha no coração". Volta nesse ano para o Chile e começa a escrever textos com temáticas políticas e sociais.



Em 1945 foi eleito Senador da República.  Chocado com o tratamento repressivo que era dado aos trabalhadores das minas, começou a fazer vários discursos, criticando o presidente González Videla. Foi perseguido pelo governo e exilou-se na Europa.
Envolvido com a política e com o candidato à presidência chilena, Pablo Neruda desiste da sua candidatura a favor de Salvador Allende, que vence as eleições. Neruda é designado embaixador em Paris.

Doente, voltou para o Chile em 1972, vindo a falecer a 23 de setembro do ano seguinte.


Pablo Neruda recebeu, entre outros, os seguinte prémios:
  • Em 1944 Prémio Municipal de Poesia de Santiago
  • Em 1945 Prémio Nacional de Literatura
  • Em 1953 Prémio Estaline
  • Em 1971 Prémio Nobel da Literatura

Morre lentamente quem não viaja, quem não lê,
quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.


Quero apenas cinco coisas...

Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos
Não quero ser ... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando


Apenas lhe deixamos dois poemas de Neruda.
  Os outros, poderá encontá-los AQUI, basta vir à Biblioteca Municipal.

Boas Leituras

julho 01, 2011

"COMO PODERIA EU SER UM MITO SE FUI CRIADA EM ALCÂNTARA?"


No dia em que faria 91 anos, relembramos Amália Rodrigues.
A data do seu aniversário é complexa. Os documentos oficiais indicam 23 de julho de 1920, mas Amália sempre considerou ter nascido no primeiro dia do mês, ou como dizia, no tempo das cerejas.

A sua história artística começa em 1935, na marcha de Alcântara, depois de os responsáveis da festa a ouvirem cantar na rua. Nesse mesmo ano, canta pela primeira vez em público, acompanhada à guitarra por João Rebordão. Em 1938 concorre ao concurso "Rainha do Fado dos Bairros", mas não participa, pois as outras concorrentes ameaçam desistir caso ela participe.
Estreia-se no "Retiro da Severa" como fadista profissional em 1939. O êxito no Retiro, como artista exclusiva, é um sucesso e espalha-se por toda a Lisboa, pela boca do público. Imediatamente passa a cabeça de cartaz.
Inventa a fadista vestida de negro com xaile preto.
Revolucionou o fado tradicional com Frederico Valério.
Aliou grandes poetas à sua voz e à sua música, de Camões a José Régio, de David Mourão-Ferreira a Manuel Alegre, com Alain Oulman, o grande compositor do seu período de maturidade.


Não sei, não sabe ninguém
Por que canto o fado
Neste tom magoado
De dor e de pranto
(...)

Foi deus
Que deu voz ao vento
Luz ao firmamento
E deu o azul às ondas do mar foi deus
Que me pôs no peito
Um rosário de penas
Que vou desfiando
E choro a cantar
Fez poeta o rouxinol
Pôs no campo o alecrim
Deu as flores à primavera
Ai!, e deu-me esta voz a mim.


in, Foi Deus

Ao longo da sua vida, Amália recebeu inúmeros prémios, que nenhum artista português tinha alcançado, gravou em várias línguas, mas foi em português que se tornou famosa no Mundo.
Morreu em 1999, permanecendo viva como uma das mais fortes identidades de Portugal.

A única mulher sepultada no Panteão Nacional foi fadista e chama-se Amália.

Para ficar a conhecer melhor a sua vida e obra pode requisitar na
Biblioteca Municipal o livro de Vítor Pavão dos Santos
 "Amália: uma biografia"
É esta a nossa sugestão de leitura de fim de semana


Para ouvir os seus fados só necessita de se deslocar à Sala Audio-Video e recordar Amália.

BOM FIM DE SEMANA E BOAS LEITURAS

junho 29, 2011

"TODAS AS GRANDES PERSONAGENS COMEÇARAM POR SER CRIANÇAS, MAS POUCAS SE RECORDAM DISSO"


Antoine de Saint-Exupéry, escritor, ilustrador e piloto da Segunda Guerra Mundial, nasceu a 29 de junho de 1900. Órfão desde os 4 anos, Saint-Exupéry cedo mostra apetência pelos aviões e fez o seu batismo de voo aos 12 anos.

Numa época em que a aviação postal dava os seus primeiros passos como séria concorrente às expedições por via marítima e férrea, Saint-Exupéry passou a pertencer, com a assinatura de um contrato com a Aéropostale, ao grupo de pioneiros cuja coragem desafiava os limites da razão e da segurança, batendo recordes de velocidade, para entregar o que o escritor gostava de considerar como cartas de amor.
A sua morte, aos 44 anos, num acidente de aviação, ainda hoje permanece um mistério e adensou o mito à sua volta.


Descolando da ilha da Sardenha a 31 de julho de 1944, em missão de reconhecimento, Saint-Exupéry nunca chegaria ao destino no sul da França. Restam dúvidas quanto às possibilidades de ter sido abatido, ter tido uma falha técnica ou cometido suicídio. Deixou em terra o manuscrito inacabado de "La Citadelle" em que reflectia o seu crescente interesse pela política.
Em 2004 os destroços do avião que pilotava foram encontrados a poucos quilómetros da costa de Marselha. O seu corpo nunca foi encontrado.

As suas obras foram caracterizadas por alguns elementos em comum, como a aviação e a guerra:
  • O aviador, 1926
  • Correio do sul, 1928
  • Voo nocturno, 1931
  • Terra de homens, 1939
  • Piloto de guerra, 1942
  • O principezinho, 1943
  • Cidadela, 1946

A sua obra mais conhecida é sem dúvida Le Petit Prince (O Principezinho), o livro mais traduzido em todo o mundo, a par da Bíblia e de "O capital" de Karl Marx.
Fábula infantil para adultos, em que o narrador é um piloto que é forçado a aterrar de emergência no deserto, onde encontra um rapazinho, que se revela ser um príncipe de outro planeta.
O principezinho conta-lhe as suas aventuras na Terra e fala-lhe da preciosa rosa que possui o seu astro natal. Acaba no entanto por ficar desiludido ao saber que as rosas são bastante comuns na Terra e é aconselhado, por uma raposa do deserto, a continuar a amar a sua rosa rara. O principezinho regressa ao seu próprio planeta, tendo contudo, encontrado um sentido para a sua vida.

"As geografias - disse o geógrafo - são os livros mais preciosos que há. Nunca passam de moda. É raríssimo que uma montanha mude de lugar. É raríssimo que um oceano se esvazie. Nós só escrevemos coisas eternas".


Saint-Exupéry mudou-se para a América do Sul, onde foi nomeado director da companhia Aerpostale Argentina. Pilotando aviões de correio, voou através dos Andes, amealhando experiências que lhe serviram como material para o seu segundo romance, Vol de Nuit (Voo Nocturno), que logo se tornou um sucesso de vendas internacional, tendo ganho o Prémio Literário Femina e sido adaptado ao cinema em 1933, com Clark Gable e Lionel Barrymore no elenco.

"A grandeza de uma profissão é talvez, antes de tudo, unir os homens: não há senão um verdadeiro luxo e esse é o das relações humanas".



Estes são talvez os dois livros mais conhecidos de Antoine de Saint-Exupéry.

Pode requisitá-los na  Biblioteca Municipal, todos os dias úteis das
 09.00 - 12.30 e das 13.30 - 17.00

Esperamos Por Si

junho 13, 2011

FERNANDO ANTÓNIO NOGUEIRA PESSOA


Fernando Pessoa nasceu em Lisboa a 13 de Junho de 1888.

Ao longo da vida foi empresário, editor, crítico literário, ativista político, tradutor, jornalista, inventor e publicitário, ao mesmo tempo que produzia a sua obra literária.



Como poeta, desdobrou-se em múltiplas personalidades, conhecidas por heterónimos, tais como, Álvaro de Campos, Alberto Caeiro, Ricardo Reis ou Bernardo Soares. Fernando Pessoa autodenominou-se "drama em gente". Diferentemente dos pseudónimos, os heterónimos de Pessoa apresentam-se como personalidades poéticas completas, distintas da do autor, mas a quem ele atribui identidades reais e verdadeiras, numa teia de absoluto fingimento. Tem sido esta a faceta mais complexa e mais estudada da sua obra.


"Com uma tal falta de gente coexistível, como há hoje, que pode um homem de sensibilidade fazer senão inventar os seus amigos, ou quando menos, os seus companheiros de espírito?"
Fernando Pessoa



O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.

E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.

Autopsicografia, Fernando Pessoa, 1930
                                  
Fernando Pessoa morreu em Novembro de 1935, devido a doença prolongada. Apesar da sua vida não ter sido muito longa, ele deixou um vasto espólio que, até hoje, ainda não foi totalmente publicado e analisado. Em vida apenas publicou 4 obras, sendo três delas em inglês, língua que ele dominava por ter vivido muitos anos da sua juventude na África do Sul, e a restante, em língua portuguesa, foi a colectânea de poemas "Mensagem", publicada apenas um ano antes da sua morte.  


Conheça melhor aquele que é considerado um dos maiores nomes do nosso património literário. Venha à Biblioteca Municipal e requisite livros do autor ou sobre a sua vida e obra.


 
 

maio 10, 2011

"PERTENÇO, POR MUITAS RAZÕES, À ARTE DE DIZER - E NÃO À ARTE DE DECLAMAR"

"Não digo versos; procuro reproduzir o momento de angústia, de alegria, de revolta que o poeta sentiu ao escrever o seu poema. Recitando, encontro a plena libertação, pois dou-me esse infinito gosto de interpretar aquilo que amo e que me tocou profundamente."


João Villaret, ator e declamador, nasceu a 10 de maio de 1913, em Lisboa, e morreu a 21 de janeiro de 1961, também em Lisboa. Depois de ter terminado o liceu, dedicou-se ao teatro, tendo estado ligado à revitalização do Teatro Nacional. Como declamador deu a conhecer poetas, conseguindo só com a sua atuação encantar auditórios e levar ao público o gosto pela poesia de autores portugueses e estrangeiros. Apaixonado por Fernando Pessoa, a quem prestou homenagem num dos seus programas televisivos, João Villaret é uma das personalidades maiores que passaram pela RTP na década de 50 e que todos os domingos prendia as pessoas ao pequeno ecrã.

Segundo Vítor Pavão dos Santos "Villaret tinha rara capacidade de lidar com o público e fez grande divulgação dos poetas. Isso foi muito importante".
Ficaram célebres, entre outras, as suas interpretações de "Procissão" de António Lopes Ribeiro, "Cântigo negro" de José Régio e "O menino de sua mãe" de Fernando Pessoa.
"Nunca é demais agradecer a Villaret o que ele tem feito pela poesia. Os poetas devem-lhe uma espécie de requintada edição oral de alguns dos seus melhores versos; o público, esse resgata-se a ouvi-lo da perguiça que o afastava tragicamente dum convívio que nenhum oiro da terra pode suprir." Miguel Torga.

A sua morte causou manifestações de grande pesar em Lisboa, de tal forma que, durante muitos anos, os lisboetas celebraram a aniversário da sua morte com um recital de poesia no Cinema S. Jorge, onde a sua voz se ouvia num palco vazio iluminado apenas por um foco de luz. As sua últimas palavras, dirigidas a Vasco Morgado, foram: "Ainda havemos de montar grandes espectáculos!". Meia hora depois faleceu. Em sua homenagem, Raul Solnado fundou em 1965 o Teatro Villaret.


Poderá ficar a conhecer melhor João Villaret na Biblioteca Municipal através do livro
 "João Villaret: sua vida... sua arte..." de  Mário Baptista Pereira.

Mas não só! Também na Sala de Audio encontrará o declamador.

Gosta de poesia?
Venha então recordar ou ficar a conhecer os nossos
poetas imortalizados pela voz e pela emoção de João Villaret

Emocione-se como José Régio, que depois de o ouvir disse:
 " Eu não sabia que era assim a "Toada de Portalegre"


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