"Em casa, numa espécie de altar, Valter Hugo Mãe tem uma estatueta de Saramago. De vez em quando, passa-lhe a mão pela careca. Comprou-a para simbolizar o seu "Óscar", o Prémio José Saramago 2007. Com a distinção, deixou de ser um "escritor de poucos leitores", nas suas palavras, e virou revelação da literatura nacional. Não que ele tivesse acabado de chegar: tinha poesia publicada desde 1996, estreara-se no romance em 2004, fundara uma editora. Mas o prémio - e os elogios de Saramago - foram um importante empurrão. "Este livro é um tsunami", declarou o Nobel da Literatura. Desde então, a ascensão tem sido imparável. A confirmação chegou no ano passado. Na Festa Literária de Paraty (FLIP), o mais importante certame do género no Brasil, emocionou uma plateia de 2000 pessoas, recebeu pedidos de casamento e outas propostas capazes de o fazer corar. Depois, ainda antes de lançar "O Filho de Mil Homens", foi a Paredes de Coura com o seu projeto musical, os Governo. Cresceu muito no último ano. Até já escreve com maiúsculas".
Nelson Marques, Expresso
O leitor já adivinhou qual o autor que sugerimos como leitura de fim de semana. E o livro é: A máquina de fazer espanhóis, que nas palavras de José Mário Silva tem "Algumas das páginas mais devastadoramente belas da ficção portuguesa recente".
Esta é a história de quem, no momento mais árido da vida, se surpreende com a manifestação ainda de uma alegria. Uma alegria complexa, até difícil de aceitar, mas que comprova a validade do ser humano até ao seu último segundo.
A máquina de fazer espanhóis é uma obra de maturidade, conseguida pela grande capacidade de criar personagens que este autor sempre revelou, aqui enredadas nas questões da velhice, da sua ternura e tragédia, resultando num trabalho feito da difícil condição humana mesclada com o humor que, ainda assim, nos assiste.
É uma imagem livre do que somos hoje, consequência de tanto passado e de dúvidas em relação ao futuro.
É ainda um livro, tão delicado quanto sincero, de reflexão sobre a fidelidade na amizade e no amor.
"A maior parte dos livros são escritos para o público;
este é um livro escrito para os leitores"
António Lobo Antunes
Valter Hugo Mãe nasceu em 1971, em Saurino, Angola e vive em Vila do Conde.
É licenciado em Direito, pós-graduado em Literatura Portuguesa Moderna.
Os seus quatro primeiros romances formam uma tetralogia que percorre, através de personagens distintas, o tempo completo da vida humana, desde a infância à velhice:
2004 - O nosso reino
2006 - O remorso de baltazar serapião - Prémio José Saramago
2008 - Apocalipse dos trabalhadores
2010 - A máquina de fazer espanhóis.
Escreveu igualmente para os mais novos. Atualmente escreve no Jornal de letras a crónica Autobiografia imaginária.
Valter Hugo Mãe é vocalista do grupo musical Governo e esporadicamente dedica-se às artes plásticas.
Ilustração de Elina Ellis |
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