março 24, 2020

APRENDE A VIVER O TEMPO QUE TE FOI DADO



Dario Fo, escritor, dramaturgo e comediante italiano,  nasceu a 24 de Março de 1926 em Sangiano, Lombardi, Itália.
Em 1940 mudou-se para Milão para estudar arquitectura na Academia de Arte de Brera. Quase com a Guerra a terminar, foi mobilizado para o exército da República de Saló, mas conseguiu fugir e viveu os últimos meses da Segunda Guerra Mundial escondido. 
Os seus pais eram ativistas da resistência. O pai organizava o transporte de cientistas judeus e prisioneiros de guerra britânicos para a Suíça e a sua mãe cuidava dos partisans feridos. Retomou os seus estudos no final da Guerra e ente 1945 e 1951 a sua atenção virou-se para os palcos. Utilizou a farsa e a sátira para improvisar as suas histórias nos palcos de cabarés e de pequenos teatros.
Em 1969 estreou uma das suas obras mais aplaudidas e influentes, "Mistério Bufo", em que aborda algumas passagens bíblicas ao estilo dos trovadores medievais.



Ao longo da sua carreira publicou mais de 100 obras teatrais, 
muitas delas interpretadas por ele, que o Leitor pode ver no youtube.

Em 1997 recebeu o Prémio Nobel da Literatura.


A Academia Sueca resumiu assim a sua obra: “Ele emula os bobos da Idade Média, flagelando a autoridade e protegendo a dignidade dos espezinhados.”
"Um provocador profissional", foi assim que os jornais o definiram, quando foi anunciado que tinha recebido o Nobel da Literatura. Dario Fo declarou-se “chocado” com a escolha da Academia Sueca. Para ele a literatura era só uma das suas disciplinas, cultivada enquanto dramaturgo e sempre numa perspectiva de sátira. “Quando falo de algo trágico tento sempre vê-lo com sarcasmo, evito o melodrama. Para mim o sarcasmo é a forma mais eficaz”

O seu primeiro romance, escrito aos 87 anos, vinte anos depois de receber o Nobel da Literatura A Filha do Paparecorre mais uma vez à sátira social, à alegoria e ao sarcasmo para reescrever a biografia de uma das mulheres mais odiadas da História: Lucrécia Borgia.
O seu último livro, incide na figura de Charles Darwin: "Somos macacos por parte do pai ou da mãe?", contém  questões sobre a origem da vida e é ilustrado com desenhos da sua própria autoria.


Dario Fo e a sua mulher Franca Rame vieram a Portugal em 2002 para uma aula-espetáculo de teatro no Europarque, no âmbito do Imaginarius - Festival Internacional de Teatro de Rua da Feira.

A 13 de outubro de 2016, a poucas horas de ser conhecido o vencedor do Prémio Nobel da Literatura, Dario Fo faleceu. Em 2016 o vencedor do Nobel foi Bob Dylan.

Na próxima sexta-feira, 27 de março, comemora-se o
Dia Mundial do Teatro.

E em tempo de Ficar em Casa, o Teatro vem até si.

O Teatro Aberto anunciou o lançamento da iniciativa “Teatro Aberto em Casa”, dando resposta ao encerramento das salas de espetáculo neste período de pandemia pela covid-19.
O conjunto de peças – que fazem parte das temporadas da companhia – vai ser transmitido online, através do site do Teatro Aberto, sempre às 21h.


O cartaz do que pode ver em sua casa:  
  • A Mentira”, de Florian Zeller - até 25 de março, 
  • A Verdade”, também de Florian Zeller  - de 26 de março a 1 de abril, 
  • Vermelho”, de John Logan, - de 2 a 8 de abril, 
  • Noite Viva”, de Conor McPherson - de 9 a 15 de abril, 
  • O Preço”, de Arthur Miller - de 16 a 22 de abril e 
  • Amor e informação”, de Caryl Churchill - de 23 a 29 de abril.

O teatro não pode parar 
                                                                             João Lourenço




O Ilustrador francês Albert Uderzo faleceu hoje aos 92 anos, durante o sono, após uma crise cardíaca sem ligação ao covid-19. Hoje é dia de recordarmos a aldeia gaulesa de Asterix, Obelix, Panoramix, Caralinda e companhia. Não esquecendo César e as suas tropas.


Boa companhia para ficar em casa



março 20, 2020

20 DE MARÇO - DIA INTERNACIONAL DA FELICIDADE



A iniciativa da comemoração do Dia Internacional da Felicidade surgiu por sugestão do Butão, um pequeno reino budista localizado nos Himalaias, que adota como estatística oficial a "Felicidade Nacional Bruta" em vez do Produto Interno Bruto (PIB).

Em 2012, esta proposta foi aprovada por unanimidade pelos 193 estados-membros da ONU (Organização das Nações Unidas), defendendo que a busca pela felicidade é um objetivo humano fundamental.

Em 2013 comemorou-se pela primeira vez este dia. 

Em 2020 vamos continuar a comemorar

MAS DESTA VEZ EM CASA



Ilustração de Jess Pauwels


"É feliz quem prefere ficar em casa. É feliz quem tem uma casa onde prefere ficar. É mais feliz ainda quem tem alguém com quem prefira ficar em casa. A casa até nem pode parecer grande coisa - mas é. Como pode deixar de ser grande o sítio no mundo aonde nunca queremos ir só para visitar ou conhecer: o único sítio do mundo para onde queremos sempre voltar e ficar?"
Miguel Esteves Cardoso, in Jornal Público, 5 jul 2013


Estudos revelam que Portugal é um dos países mais infelizes da Europa. 
Numa escala de 0 a 10, 
Portugal apresenta uma avaliação média de felicidade de 5,1.
Somos o terceiro país europeu com maior uso de antidepressivos.



Para combater a solidão e animar  quem está em casa, vários artistas nacionais propõem-se a entrar pelas nossas casas adentro, via internet, com concertos, de cerca de 20 a 30 minutos cada. 
A transmissão será feita na conta de instagram de cada um dos artistas ou pela conta de instagram criada para o efeito @FestivalEuFicoEmCasa.
Começou no passado dia 17 e prolongar-se-à até domingo dia 22. Se ainda não viu ainda, vai a tempo.



Mas há mais motivos para estar FELIZ, Caro Leitor.
 Hoje começa a PRIMAVERA





MANTENHA-SE EM CASA 
NÓS TAMBÉM ESTAMOS EM CASA E VAMOS CONTINUAR SEMPRE
 A FAZER-LHE COMPANHIA








março 13, 2020

I DON'T TRUST ANYONE WHO DOESN'T LAUGH




Maya Angelou, pseudónimo de Marguerite Ann Johnson, nasceu a 4 de abril de 1928 em St. Louis, Missouri, foi uma das mais destacadas vozes das artes e letras norte-americana. Escritora, poeta, cantora, encenadora, realizadora, atriz, ativista dos direitos humanos, tornou-se conhecida sobretudo pelas suas sete autobiografias, que são também uma história dos Estados Unidos da América.
Na sua juventude foi ajudante de cozinha, dançarina em clubes noturnos, fez parte do elenco do musical Porgy and Bess, foi jornalista no Egito e no Gana durante a descolonização, trabalhou com Martin Luther King Jr e com Malcom X., com o ativista sul-africano Vusumzi Make, conheceu Nelson Mandela.

Ao longo de 50 anos, escreveu ensaios, poesia, peças de teatro e guiões para filmes, que lhe valeram prémios. Inclusivamente, teve uma indicação para o Prémio Pulitzer e outra para o Grammy pelo seu papel em Roots, em 1977. Participou na série Raízes, compôs canções para Roberta Flack, influenciou músicos e cantores como Steven Tyler, Fiona Apple e Kanye West.
Maya Angelou, mais conhecida como a doutora Angelou, apesar de não ter um título universitário, teve uma influência na cultura afro-americana nas última décadas.



Escreveu igualmente livros infantis, sendo um deles,  A Vida não me Assusta, (1993) ilustrado pelo artista plástico Jean- Michel Basquiat.

A partir de 1990 começou a dar palestras um pouco por todo o mundo, atividade essa que se prolongou até depois dos 80 anos.

Foi nomeada pelos presidentes Ford e Carter para diferentes comissões culturais.
Em 1993 recitou um dos seus poemas, On the Pulse of Morning, na cerimónia da tomada de posse  do primeiro mandato da presidência de Bill Clinton.
Em 2000, recebeu do presidente Bill Clinton a Medalha Nacional das Artes.



Em 2011, recebeu das mãos do Presidente Barack Obama a Medalha Presidencial da Liberdade.

Faleceu a 28 de maio de 2014 em Winston-Salem, Carolina do Norte.
As condolências pelo seu falecimento chegaram de todas as partes do mundo, desde artistas até líderes mundiais, incluindo dos presidentes que a agraciaram. 




Em pequenos e fascinantes textos, Maya Angelou permite-nos vislumbrar alguns aspetos da vida tumultuosa que a levou à posição cimeira que ocupa nas letras americanas.
Maya Angelou escreve do coração para milhões de mulheres que considera fazerem parte da sua família.
Carta à Minha Filha, a nossa sugestão de leitura para o seu fim de semana, é um livro que encanta e ensina. É ao mesmo tempo um livro de pequenas histórias, um livro de memórias, mas também um livro de poesia. E é um prazer absoluto.







março 06, 2020

DIA 8 DE MARÇO - DIA INTERNACIONAL DA MULHER


ONDE ESTÃO AS MULHERES NA CIÊNCIA?


A grande maioria dos cientistas famosos são homens. Desde 1901, 96,7% dos laureados com o Prémio Nobel foram homens. Ainda hoje, menos de 30% das investigadoras científicas do mundo são mulheres, segundo um relatório da ONU.

Há muito que a comunidade científica apresenta um historial lamentável no que diz respeito às mulheres. O próprio Charles Darwin descreveu as mulheres como seres intelectualmente inferiores ao homem. No Iluminismo europeu, no final do século XVIII, presumia-se que não havia lugar para as mulheres no meio académico. Muitas universidades recusaram-se mesmo a conceder graus a mulheres até ao século XX. Foi preciso esperar até 1945 para que a Royal Society de Londres - a mais antiga academia de ciências ainda em funcionamento - admitisse mulheres como membros.
Durante quase trezentos anos, a única presença feminina permanente na Royal Society foi um esqueleto preservado na coleção anatómica da Sociedade.
A norma em todo o mundo científico tem sido a seguinte: os homens assumem o mérito de investigação feita por mulheres que trabalham a seu lado.
Londa Schiebinger


ELAS SEMPRE ESTIVERAM CÁ


Lise Meitner ( 1878- 1968) - a Física da Fissão

Albert Einstein chamou a esta física nascida na Áustria "a nossa Marie Curie", antes de ela descobrir que os núcleos atómicos poderiam ser divididos ao meio - o primeiro passo para a criação da bomba atómica.
Meitner e Otto Frisch, seu assistente e sobrinho, explicaram a fissão nuclear em 1939. Os preconceitos contra os judeus impediram que o seu nome constasse de um crucial artigo experimental. O seu antigo colega Otto Hahn venceu o Prémio Nobel da Química em 1944.


Jean Purdy (1945-1985) Primeiro Bebé-Proveta

A enfermeira e embriologista britânica foi uma das três cientistas cujo trabalho resultou no nascimento, em 1978, de Louise Brown: o primeiro bebé de FIV do mundo. Até 2015, a placa exposta no hospital onde foi realizada a fertilização só mencionava os seus colegas Robert Edwards e Patrick Steptoe, apesar dos protestos de Edwards. Edwards ganhou o Prémio Nobel da Medicina em 2010, após a morte de Purdy e Steptoe.


Katherine Johnson (1918- 2020) Cientista Espacial

Foi com um lápis e uma régua de cálculo que a matemática Katherine Johnson calculou a trajetória que a missão Apollo 11 da NASA faria até à Lua em 1969. Durante 33 anos, fez parte da equipa de investigação de voo da agência espacial dos Estados Unidos, mas ao longo de várias décadas ninguém reconheceu o seu nome. Filha de uma professora e de um agricultor, Katherine nasceu em 1918 e era a mais nova de quatro irmãos. Sempre sentiu um fascínio pelos números. Contava tudo. Os passos que dava na rua, os degraus que subia para a igreja ou os pratos e talheres que lavava”, disse numa entrevista à NASA. Destacou-se na escola pela sua capacidade de raciocínio, e um professor chegou a criar aulas específicas para ela. Incentivaram-na a estudar Matemática na faculdade e foi a primeira mulher negra a frequentar a Universidade de Virgínia Ocidental. Em 1952, candidatou-se à agência espacial dos Estados Unidos e foi contratada para fazer cálculos em testes aéreos. Numa época de segregação racial, Katherine e as outras colegas negras foram obrigadas a trabalhar em locais separados dos restantes funcionários brancos. A sua história foi retratada no filme “Hidden Figures”, de Theodore Melfi, nomeado para os Óscares em 2017. Teve três filhos e viveu 101 anos. Faleceu no dia  24 de fevereiro de 2020, de causas desconhecidas.


Ana Pires  a primeira mulher portuguesa 
a receber o diploma de cientista-astronauta da NASA.

"O século XXI deve ser o século da igualdade das mulheres nas negociações de paz, nas negociações comerciais, nos conselhos de administração, nas salas de aula, no G20 e nas Nações Unidas. É hora de parar de tentar mudar as mulheres e começar a mudar os sistemas que as impedem de alcançar o seu potencial."
“Tal como a escravatura e colonialismo foram manchas dos séculos anteriores, a desigualdade de géneros devia envergonhar-nos a todos no século XXI. Porque não só é inaceitável, é estúpida.”




fevereiro 28, 2020

PARABÉNS PEPETELA



"Originalidade do estratagema narrativo eficaz para denunciar com ironia uma história de nepotismo e abuso de poder próprios de sistemas totalitários".

Foram estas as palavras do júri do Prémio Casino da Póvoa deste ano, para galardoar o escritor angolano Pepetela, com o seu mais recente romance "Sua Excelência, de Corpo Presente".

O seu romance foi escolhido por unanimidade, de entre 120 livros a concurso, pelo juri composto por Ana Daniela Soares, Carlos Quiroga, Isabel Pires de Lima, Paula Mendes Coelho e Valter Hugo Mãe.

O Prémio Casino da Póvoa, no valor de 20 mil euros, é atribuído anualmente durante o Corrente d' Escritas. Foi entregue no dia 22, pelas 18h00, durante a cerimónia de encerramento do festival, na sala principal do Cine-Teatro Garrett, na Póvoa de Varzim.
Pepetela não compareceu à cerimónia de entrega do prémio em virtude de ter sido recentemente operado, o que o impedia de viajar ou fazer qualquer esforço físico adicional.



Pepetela, pseudónimo de Artur Pestana dos Santos, nasceu a 29 de outubro de 1941, em Benguela, Angola. Frequentou o ensino superior em Lisboa, mas foi na capital da Argélia, durante o exílio, que acabou por se licenciar em Sociologia.
Em 1963 tornou-se militante do MPLA, participando ativamente na governação de Angola depois do 25 de Abril, ocupando o cargo de Vice-Ministro da Educação.
Dedicou-se inteiramente à carreira literária, depois da sua saída do governo, em 1982.
Foi ainda professor na Universidade Agostinho Neto, em Luanda , dirigente de várias associações culturais, como a União de Escritores Angolanos e a Associação Cultural Recreativa Chá de Caxinde.
Em 1997, pelo conjunto da sua obra literária, um retrato de Angola antes e depois do domínio português, recebeu o maior prémio literário de língua portuguesa - O Prémio Camões.


Enquanto não chega à Biblioteca Municipal o seu mais recente romance, o Leitor encontrará para empréstimo domiciliário os seguintes títulos:
  • Yaka
  • O cão e os Caluandas
  • Jaime Bunda e a Morte do Americano
  • Mayombe
  • Parábola do Cágado Velho
  • A Geração da Utopia
  • Lueji
  • A Gloriosa Família
  • Muna Puó
  • O Desejo de Kianda
  • O Terrorista de Berkeley






fevereiro 19, 2020

AGRADECE O BEIJO



Ana Zanatti nasceu em Lisboa a 26 de junho de 1949. Ao longo de 50 anos tem exercido a atividade de atriz no teatro, cinema e televisão e foi, em simultâneo, durante 26 anos, apresentadora da RTP. Autora  e coautora de canções, programas de rádio e televisão, documentário e séries, tradutora de teatro, publicou o primeiro romance em 2003. Tem contos e poemas publicados em diversas antologias e colaborou com jornais e revistas.
Dedica-se a causas como a Condição Feminina (em 1984 foi uma das 25 mulheres escolhidas para representar Portugal, em Bruxelas, pala Comissão da Condição Feminina da CEE), Conservação da Natureza e Defesa do Ambiente, Defesa dos Direitos Humanos e dos Animais, Defesa dos Direitos LGBT, pelo que recebeu os Prémios Rede Ex Aequo em 2009 e 2012 e o Prémio Arco-Íris em 2011.


Para a escritora Lídia Jorge, o romance que hoje divulgamos da Ana Zanatti é :
" Surpreendente e corajoso. Um livro cheio de segredos. Os segredos da vida."



"Porta-te bem. Não chores. Não rias alto. Sê educada. Sê respeitadora. Sorri. Deixa-te ser levada. Sê discreta. Sê dócil. Finge acreditar. Não faças ondas. Faz o que te mandam. Deixa-te guiar. Não faças perguntas. Agradece sempre. Agradece o beijo. Agradece o riso. Agradece o abuso. Mantém o sorriso. Agradece a esmola. Pede-me perdão. Foge do prazer. Não faltes à missa. Olha para o altar. Quero-te submissa."

Romance que retrata a realidade de Portugal em meados do século XX, 
um país cinzento, que vive numa ditadura responsável por entre outras coisas,
 restringir a liberdade da mulher.

Fotografia de Horácio Novais

"As regras estavam há muito ditadas. António Pedro era temido como se teme um deus ditador que nunca falha e se quer venerado, idolatrado.
Dez da noite. Constança espreita pela janela na esperança de ver aparecer o carro do marido. O jantar, criteriosamente preparado, nunca perderia a graça, como ela não perdia a paciência por mais que ele a fizesse esperar.
- Não percebo o pai - desabafa Luísa. - A mãe e eu fazemos tudo o que ele quer, mas ele nunca está contente. Parece que não entende.
- Entende, querida, entende - responde a mãe apaziguadora.
- Então porque é que está sempre zangado? - Depois de um silêncio, Constança respondia invariavelmente - É o feitio dele, filha. Não é por não gostar de nós." 







fevereiro 14, 2020

POÇA, COMO EU GOSTAVA DE SER POETA!

"(...)
- Don Pablo?
- Metáforas, homem!
- Que coisas são essas?
O poeta pôs a mão no ombro da rapaz.
- Para te esclarecer mais ou menos imprecisamente, são maneiras de dizer uma coisa comparando-a com outra. (...)
- Poça, como eu gostava de ser poeta! (...)


Mário Jiménez, jovem pescador, decide abandonar o seu ofício para se converter em carteiro da Ilha Negra, onde a única pessoa que recebe e envia correspondência é o poeta Pablo Neruda. Mário admira Neruda e espera pacientemente que algum dia o poeta lhe dedique um livro ou que aconteça mais do que uma brevíssima troca de palavras, ou gesto ritual da gorjeta.
O seu desejo ver-se-á finalmente realizado, e entre os dois vai estabelecer-se uma relação muito peculiar. No entanto, a conturbada atmosfera que se vive no Chile daquela época precipitará um dramático desenlace...

Este livro faz parte do Plano Nacional de Leitura, 
recomendado para o Ensino Secundário como Sugestão de Leitura, 
e é também a nossa sugestão de leitura para o seu fim de semana



Este romance consolidou Antonio Skármeta como um dos autores mais representativos
 da nova literatura latino-americana. Para ficar a conhecer mais sobre o autor veja AQUI.


"(...)
A viúva cuspiu entre dentes:
- Metáforas.
O poeta engoliu em seco.
- E?
- É que com as metáforas, pois, Don Pablo, tem a minha filha mais quente que uma bomba!
- É inverno, Dona Rosa.
- A minha pobre Beatriz está a consumir-se toda por esse carteiro. Um homem cujo único capital são os fungos no meio dos dedos dos pés arrastados. Mas se os seus pés lhe fervem de micróbios, a sua boca tem a frescura de uma alface e é trapaceira como uma alga. E o mais grave, Don Pablo, é que as metáforas para seduzir a minha menina ele foi copiá-las descaradamente aos seus livros. (...)
A viúva perscrutou o poeta com um desprezo infinito:
- Há dezassete anos que a conheço, mais nove meses que andei com ela neste ventre. O poema não mente, Dom Pablo: exactamente assim, como diz o poema, é a minha menina quando está nua.
"Deus meu", rogou o poeta, sem que lhe saíssem as palavras."




Hoje, 14 de fevereiro, Dia dos Namorados, 
pode ver na RTP2, pelas 23h10 o filme 
O Carteiro de Pablo Neruda
realizado por Michael Radford,
Pablo Neruda interpretado por Philippe Noiret,
e Massimo Troisi no papel de Mario Jiménez
O filme venceu em 1996 o Oscar de Melhor Banda Sonora
e os Prémio BAFTA de Melhor Realizador e Melhor Filme Estrangeiro












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