Ana Zanatti nasceu em Lisboa a 26 de junho de 1949. Ao longo de 50 anos tem exercido a atividade de atriz no teatro, cinema e televisão e foi, em simultâneo, durante 26 anos, apresentadora da RTP. Autora e coautora de canções, programas de rádio e televisão, documentário e séries, tradutora de teatro, publicou o primeiro romance em 2003. Tem contos e poemas publicados em diversas antologias e colaborou com jornais e revistas.
Dedica-se a causas como a Condição Feminina (em 1984 foi uma das 25 mulheres escolhidas para representar Portugal, em Bruxelas, pala Comissão da Condição Feminina da CEE), Conservação da Natureza e Defesa do Ambiente, Defesa dos Direitos Humanos e dos Animais, Defesa dos Direitos LGBT, pelo que recebeu os Prémios Rede Ex Aequo em 2009 e 2012 e o Prémio Arco-Íris em 2011.
Para a escritora Lídia Jorge, o romance que hoje divulgamos da Ana Zanatti é :
" Surpreendente e corajoso. Um livro cheio de segredos. Os segredos da vida."
"Porta-te bem. Não chores. Não rias alto. Sê educada. Sê respeitadora. Sorri. Deixa-te ser levada. Sê discreta. Sê dócil. Finge acreditar. Não faças ondas. Faz o que te mandam. Deixa-te guiar. Não faças perguntas. Agradece sempre. Agradece o beijo. Agradece o riso. Agradece o abuso. Mantém o sorriso. Agradece a esmola. Pede-me perdão. Foge do prazer. Não faltes à missa. Olha para o altar. Quero-te submissa."
Romance que retrata a realidade de Portugal em meados do século XX,
um país cinzento, que vive numa ditadura responsável por entre outras coisas,
restringir a liberdade da mulher.
"As regras estavam há muito ditadas. António Pedro era temido como se teme um deus ditador que nunca falha e se quer venerado, idolatrado.
Dez da noite. Constança espreita pela janela na esperança de ver aparecer o carro do marido. O jantar, criteriosamente preparado, nunca perderia a graça, como ela não perdia a paciência por mais que ele a fizesse esperar.
- Não percebo o pai - desabafa Luísa. - A mãe e eu fazemos tudo o que ele quer, mas ele nunca está contente. Parece que não entende.
- Entende, querida, entende - responde a mãe apaziguadora.
- Então porque é que está sempre zangado? - Depois de um silêncio, Constança respondia invariavelmente - É o feitio dele, filha. Não é por não gostar de nós."
- Não percebo o pai - desabafa Luísa. - A mãe e eu fazemos tudo o que ele quer, mas ele nunca está contente. Parece que não entende.
- Entende, querida, entende - responde a mãe apaziguadora.
- Então porque é que está sempre zangado? - Depois de um silêncio, Constança respondia invariavelmente - É o feitio dele, filha. Não é por não gostar de nós."
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