ONDE ESTÃO AS MULHERES NA CIÊNCIA?
A grande maioria dos cientistas famosos são homens. Desde 1901, 96,7% dos laureados com o Prémio Nobel foram homens. Ainda hoje, menos de 30% das investigadoras científicas do mundo são mulheres, segundo um relatório da ONU.
Há muito que a comunidade científica apresenta um historial lamentável no que diz respeito às mulheres. O próprio Charles Darwin descreveu as mulheres como seres intelectualmente inferiores ao homem. No Iluminismo europeu, no final do século XVIII, presumia-se que não havia lugar para as mulheres no meio académico. Muitas universidades recusaram-se mesmo a conceder graus a mulheres até ao século XX. Foi preciso esperar até 1945 para que a Royal Society de Londres - a mais antiga academia de ciências ainda em funcionamento - admitisse mulheres como membros.
Durante quase trezentos anos, a única presença feminina permanente na Royal Society foi um esqueleto preservado na coleção anatómica da Sociedade.
A norma em todo o mundo científico tem sido a seguinte: os homens assumem o mérito de investigação feita por mulheres que trabalham a seu lado.
Londa Schiebinger
ELAS SEMPRE ESTIVERAM CÁ
Lise Meitner ( 1878- 1968) - a Física da Fissão
Albert Einstein chamou a esta física nascida na Áustria "a nossa Marie Curie", antes de ela descobrir que os núcleos atómicos poderiam ser divididos ao meio - o primeiro passo para a criação da bomba atómica.
Meitner e Otto Frisch, seu assistente e sobrinho, explicaram a fissão nuclear em 1939. Os preconceitos contra os judeus impediram que o seu nome constasse de um crucial artigo experimental. O seu antigo colega Otto Hahn venceu o Prémio Nobel da Química em 1944.
Jean Purdy (1945-1985) Primeiro Bebé-Proveta
A enfermeira e embriologista britânica foi uma das três cientistas cujo trabalho resultou no nascimento, em 1978, de Louise Brown: o primeiro bebé de FIV do mundo. Até 2015, a placa exposta no hospital onde foi realizada a fertilização só mencionava os seus colegas Robert Edwards e Patrick Steptoe, apesar dos protestos de Edwards. Edwards ganhou o Prémio Nobel da Medicina em 2010, após a morte de Purdy e Steptoe.
Katherine Johnson (1918- 2020) Cientista Espacial
Foi com um lápis e uma régua de cálculo que a matemática Katherine Johnson calculou a trajetória que a missão Apollo 11 da NASA faria até à Lua em 1969. Durante 33 anos, fez parte da equipa de investigação de voo da agência espacial dos Estados Unidos, mas ao longo de várias décadas ninguém reconheceu o seu nome. Filha de uma professora e de um agricultor, Katherine nasceu em 1918 e era a mais nova de quatro irmãos. Sempre sentiu um fascínio pelos números. “Contava tudo. Os passos que dava na rua, os degraus que subia para a igreja ou os pratos e talheres que lavava”, disse numa entrevista à NASA. Destacou-se na escola pela sua capacidade de raciocínio, e um professor chegou a criar aulas específicas para ela. Incentivaram-na a estudar Matemática na faculdade e foi a primeira mulher negra a frequentar a Universidade de Virgínia Ocidental. Em 1952, candidatou-se à agência espacial dos Estados Unidos e foi contratada para fazer cálculos em testes aéreos. Numa época de segregação racial, Katherine e as outras colegas negras foram obrigadas a trabalhar em locais separados dos restantes funcionários brancos. A sua história foi retratada no filme “Hidden Figures”, de Theodore Melfi, nomeado para os Óscares em 2017. Teve três filhos e viveu 101 anos. Faleceu no dia 24 de fevereiro de 2020, de causas desconhecidas.
Ana Pires a primeira mulher portuguesa
a receber o diploma de cientista-astronauta da NASA.
"O século XXI deve ser o século da igualdade das mulheres nas negociações de paz, nas negociações comerciais, nos conselhos de administração, nas salas de aula, no G20 e nas Nações Unidas. É hora de parar de tentar mudar as mulheres e começar a mudar os sistemas que as impedem de alcançar o seu potencial."
“Tal como a escravatura e colonialismo foram manchas dos séculos anteriores, a desigualdade de géneros devia envergonhar-nos a todos no século XXI. Porque não só é inaceitável, é estúpida.”
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