março 21, 2024

DIA MUNDIAL DA POESIA

Tempo

Se corre devagar o tempo, e o tempo 
não corre, em que relógio contarei
os segundos que se demoram quando as
horas se precipitam, ou o amanhã

que nunca mais chega neste hoje
que já passou? Mas o tempo só o é
quando o perdemos; e ao ver que
é tarde, não se volta atrás, nem

as voltas que o tempo dá o voltam
a fazer andar. Por isso é que o tempo
nos dá tempo para o ter, se ainda

houver tempo; e se tivermos de o perder,
nenhum tempo contará o tempo que se
gastou para saber o que se perdeu, ou ganhou.

                                                                                                   Nuno Júdice (1949-2024)


O Dia Mundial da Poesia comemora-se anualmente, a 21 de março. 
Esta data foi implementada em 1999, na 30ª Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

Pretende-se salientar a importância da poesia enquanto manifestação artística comum a toda a Humanidade.

Neste dia, não podemos deixar de relembrar
 o poeta Nuno Júdice
que nos deixou no passado dia 17 de março. 



Estar Contigo ao acordar

Estar contigo ao acordar, ver como
se abrem as tuas pálpebras, cortinas
corridas sobre o sonho, sacudir dos
teus lábios o silêncio da noite para
que um primeiro riso me traga o dia:
assim, amor, reconheço a vida que
entra contigo pela casa, escancara
janelas e portas, deixa ouvir os pássaros
e o vento fresco da manhã, até que voltas
para junto de mim, e tudo recomeça.


                                                                               Nuno Júdice (1949-2024)



Leia Poesia





março 13, 2024

SOFI OKSANEN



Sofi Oksanen nasceu a 7 de janeiro de 1977 em Jyväskylä, na Filândia.
É romancista e dramaturga, autora de seis romances publicados entre 2003 e 2019 e é, frequentemente, comparada a Charles Dickens e a Margaret Atwood.
A sua obra está traduzida em quarenta línguas e vendeu mais de dois milhões de exemplares em todo o mundo.
Todos os seus livros são escritos em finlandês. Apesar de falar estónio, país natal da sua mãe, nunca aprendeu a escrevê-lo, e é na Estónia e na sua história que pensa, quando escreve. O seu objetivo é colocar a Estónia no mapa histórico da Europa. Foi precisamente para dar a conhecer aos seus leitores um país, cuja história foi apagada por anos de ocupação, o que admitiu, na sua participação em 2018, na oitava edição do Festival Literário da Madeira (FLM).

Sofi Oksanen já foi galardoada com inúmeros prémios literários entre os quais:
  • 2008 - Prémio Filândia
  • 2009 - Prémio Runeberg
  • 2010 - Prémio de Literatura do Conselho Nórdico
  • 2010 - Prémio Livro Europeu do Ano (European Book Prize)
  • 2010 - Prémio Femina
  • 2013 - Prémio Nórdico da Academia Sueca
  • 2019 foi condecorada com a medalha de honra da Ordem das Artes e Letras, em França. 

Hoje divulgamos aos nossos leitores o seu segundo livro publicado em Portugal,
 O Parque dos Cães

" Um impressionante retrato do universo feminino. (...) 
O Parque dos Cães, simultaneamente romance histórico e romance policial, 
pode ser resumido como um conto dos irmãos Grimm tornado realidade."
                                                                         Lire (França)

Um romance sobre a condição feminina, a exploração do corpo da mulher, 
a maternidade e a teia criminosa e lucrativa em torno daquelas que tudo perderam.



O Parque dos Cães oscila entre dois mundos: a Helsínquia da atualidade e a Ucrânia que conquistou a independência, após o colapso da União Soviética. Do cruzamento destas duas realidades, surge uma outra: a endémica corrupção do Leste, alimentando a ganância voraz do Ocidente. Nesta interseção, conhecemos duas mulheres, que partilham uma história de lealdade, amor e confiança traída. Dão por si arrastadas para uma torrente de lutas de poder, que opõe famílias influentes, mas que também opõe sexo feminino e sexo masculino. A razão é só uma: o corpo da mulher tem a capacidade de dar vida e, por causa disso, torna-se fonte de lucro.
O Parque dos Cães retrata a vida de uma mulher que se descobre incapaz de fugir à memória do filho que perdeu, aos fantasmas que a assombram e às mentiras que lhe salvaram a vida. Esta é a história do lado negro da indústria da fertilidade, mas também do ponto a que somos capazes de chegar para concretizar sonhos impossíveis.







março 08, 2024

QUEM FOI MARY WOLLSTONECRAFT?




"No dia 10 de setembro de 1797 morria em Londres, aos 38 anos (tão nova...), a escritora e pioneira do feminismo Mary Wollstonecraft. Mary nasceu em 1759, também em Londres, numa família com algum conforto financeiro, que se foi dissipando com os negócios  ruinosos do pai, um bêbedo violento que batia na mãe e nas filhas. Desde muito cedo que Mary tomou para si o papel de defender as irmãs dos ataques daquela besta. (...) 
Mary, que entretanto começa a trabalhar como governanta numa casa - queixando-se das poucas opções de emprego para mulheres que eram instruídas mas não tinham meios de fortuna - publica então observações sobre a educação de crianças.


Será com dois outros livros, Os Direitos dos Homens - resposta a uma polémica com um membro do Parlamento - e A Vindicação dos Direitos das Mulheres - publicado em 1792, um verdadeiro tratado feminista antes de isso sequer existir -, que Mary estabelece a sua notoriedade. Além de reclamar igualdade de tratamento, reflete ainda sobre a diferença de oportunidades, sobretudo no que diz respeito à educação que serve apenas para perpetuar o patriarcado. Este último livro torna-se uma sensação em Inglaterra e Mary decide dedicar-se exclusivamente à escrita, realidade impensável para uma mulher da sua época. (...)
Só no final do século XX, e com a consolidação do movimento feminista, é que a sua obra será redescoberta e lhe seria reservado o lugar que merece, como uma das pioneiras da luta pela igualdade entre homens e mulheres. "Uma Vindicação dos Direitos das Mulheres" é uma obra fundamental e inspiração para as e os feministas modernos. Não menos interessante é o seu relato da Revolução Francesa, a que se juntam romances, poesia, livros de viagens e até um manual de boas maneiras. E tudo isto em apenas 37 anos. 
Mary acabaria por morrer de complicações do parto, onze dias depois de nascer a sua segunda filha, também chamada Mary. Esta filha casaria com o poeta Percy Shelley, e é a própria da Mary Shelley, autora do Frankenstein. Bons genes, vá."

In, Vamos Todos Morrer, de Hugo van der Ding
pág. 206 


Josephine Baker, Simone de Beauvoir, Estée Lauder, Maya Angelou, 
Sophia, Frida Kahlo, Isadora Ducan, Oriana Fallaci, 
Wangari Maathai, Amália, Rosa Parks, Olympe De Gouges,
 Ada Lovelace, Severa, Natália Correia, ... : Todas mortas

Não vale a pena esperar outra coisa da vida a não ser o seu fim. 
Porém, como dizia Camões, há aqueles que se vão da lei da morte libertando e, 
em vez de irem fazer tijolo, fazem História - nem sempre pelas razões mais nobres, 
mas, provavelmente, é para o lado que dormem melhor.

Com as suas notas necrológicas dignas de antologia, Hugo van der Ding demonstra, 
que nem a História tem de ser um relato aborrecido e soporífero dos grandes feitos e acontecimentos, nem o entretenimento tem de ser um atentado a todos os nossos neurónios.




Das 141 almas que foram desta para melhor e cujas venturas são descritas neste livro,
 que sugerimos para leitura do seu fim de semana
nem uma reclamou do obituário que lhe calhou em sorte.








fevereiro 28, 2024

O LUGAR DAS ÁRVORES TRISTES

"Um belo livro sobre o passado, a memória e os
 segredos que brotam do fundo das páginas"
                                                                                                                                João Tordo



"Esta história partiu de memórias antigas, que são uma parte importante de mim.
Este livro é um jogo de espelhos onde muitos de nós poderemos ver
 refletida parte da nossa história."


Lénia Rufino nasceu em 1979, em Lisboa. Cresceu nos subúrbios, rodeada de livros. Estudou Publicidade e Marketing, mas devia ter estudado Psicologia Criminal, a sua grande paixão, a par da escrita. Aos dez anos escreveu o seu primeiro conto e decidiu que, um dia, haveria de ser escritora. Demorou trinta e dois anos a consegui-lo. Publicou vários contos no DN Jovem. É autora de blogues desde 2003. Atualmente colabora com o Repórter Sombra (www.reportersombra.com), onde publica contos mensalmente.

O livro que hoje divulgamos, 
O Lugar das Árvores Tristes, 
é o seu primeiro romance e faz um retrato do interior do país
 preso na tradição religiosa da década de 1970


Isabel não tinha medo dos mortos. Gostava de passear por entre as campas do cemitério, a recuperar as histórias da morte daquelas pessoas. Quando a falta de alguma informação lhe acicatava a curiosidade, perguntava à mãe, Lurdes, de que tinha morrido determinada pessoa da aldeia.
Quando esta se recusa a dar-lhe uma resposta sobre uma mulher chamada Eulália, Isabel inicia uma procura por esclarecimentos. Só que ninguém quer falar sobre o assunto e, inesperadamente, Isabel vê-se confrontada com uma teia de mentiras, maldade, enganos e crimes, que a levam a compreender o passado misterioso da mãe e a sua forma quase anestesiada de viver.


Visite-nos,
 requisite este livro e 
descubra como é que morreu
 a D. Eulália e porquê




fevereiro 23, 2024

UCRÂNIA INSUBMISSA

A guerra na Ucrânia, que faz amanhã dois anos que começou e que não deve acabar tão cedo, já matou milhares de ucranianos, reduziu cidades inteiras a escombros, fez milhões de refugiados e alimenta temores de uma nova guerra mundial envolvendo armas nucleares.

Nesse dia, 24 de fevereiro de 2022, Vladimir Putin anunciou a invasão da Ucrânia como uma "operação militar especial" para desmilitarizar  e "desnazificar" o país.


Cândida Pinto e o repórter de imagem David Araújo 
estavam lá, em Kiev, 
e dão o testemunho do que aconteceu naquele dia e nos seguintes.


"Exemplos de resistência e resiliência de um país a ser interrompido e invadido - porém, insubmisso"


"(...) Poucas horas depois, pelas 5 da manhã em Kiev, acordo com um telefonema: a invasão está em marcha, as tropas russas estão a entrar na Ucrânia. A guerra começou. No sobressalto imediato, levanto-me da cama, abro os cortinados do quarto no 7º piso do hotel para tentar perceber melhor o que está a acontecer. Surge aquele primeiro som das sirenes na cidade que provoca um arrepio pelo corpo todo e deixa claro que Kiev está a ser atacada."


O livro que hoje divulgamos faz parte da nossa montra de sugestões
Visite-nos



"O alvo dos russos não é apenas (...) a Ucrânia, o alvo é a estabilidade na Europa 
e toda a ordem internacional de paz e
 responsabilizaremos o Presidente Putin por isso."
                                        Ursula von der Leyen, 
Presidente da Comissão Europeia, 24/02/2022








fevereiro 07, 2024

DOR FANTASMA

A 17 de novembro de 2022 felicitámos 
Rafael Gallo
 por ter ganho o 
Prémio Literário José Saramago

"O Prémio Literário José Saramago sempre foi um grande sonho para mim.
Era principalmente o meu principal sonho na literatura."


Rafael Gallo nasceu a 23 de outubro de 1981 em São Paulo, Brasil.
Formado em música pela Universidade Estadual de São Paulo, tem um mestrado em meios e processos audiovisuais. Deixou a carreira musical para se dedicar à escrita, o que lhe permitiu uma realização pessoal, mas as dificuldades financeiras obrigaram-no a arranjar um emprego e a escrever no seu tempo livre.
Em 2016 teve o seu primeiro episódio depressivo e começou a escrever Dor Fantasma. Entre 2020 e 2021 teve outro episódio depressivo e quase desistiu de escrever, mas o anúncio da abertura do concurso do Prémio José Saramago fê-lo repensar. Ainda ponderou escrever um novo romance "rapidíssimo, em meses", mas percebeu que era impossível.

"Falei: bom, não vai dar certo, a única coisa que tenho é a Dor Fantasma e esse prémio é o meu sonho. Ou tento, ou não tento. Peguei na história e todo esse processo de refazer o romance, de cumprir prazos, de submetê-la ao prémio, de a entregar a um editor, senti-me movido pela adrenalina e fui saindo da depressão."

E hoje convidamo-lo a vir 
à Biblioteca Municipal
e requisitar 
 Dor Fantasma



Rômulo Castelo, um pianista virtuoso, dedica-se inteiramente a buscar a perfeição na sua arte e, todas as manhãs, ao acordar, fecha-se na sua sala de estudos. Por trás da porta blindada, que também o distancia de um casamento problemático e de um filho que jamais corresponderá aos seus ideais de excelência, ensaia aquela que é considerada a peça intocável de Liszt, o Rondeau Fantastique.
Em breve, Rômulo irá oferecer a sua genialidade ao mundo, numa tournée pela Europa que o sagrará como o maior intérprete daquele compositor. A vida, porém, tem outros planos e, de um dia para o outro, incapaz de se reinventar na adversidade, Rômulo vê fugir-lhe aquele que julgava ser o seu lugar por direito no pódio do mundo.

"Dor Fantasma é um belíssimo romance. 
O cruzamento entre a música, a literatura e a fragilíssima condição humana
 (representada, neste livro, pelo atavismo) é absolutamente brilhante."
                                                                                              João Tordo




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