julho 30, 2012

FELIZ ANIVERSÁRIO EUNICE MUÑOZ


Eunice Muñoz nasceu na Amareleja, 30 de Julho de 1928
 é uma atriz portuguesa de referência do teatro português
 e é considerada uma das melhores de todos os tempos.  




Com origens numa família de atores, Eunice Muñoz estreou-se em 1941, na peça "Vendaval", de Virgínia Vitorino, com a Companhia Amélia Rey Colaço/ Robles Monteiro, sediada no Teatro Nacional D. Maria II. O seu talento é de imediato reconhecido, e admirado por Palmira Bastos, Raúl de Carvalho, João Villaret ou pela própria Amélia Rey Colaço, o que lhe permite uma rápida integração na Companhia.
Em 1946 dá-se a sua estreia no cinema, aparecendo no filme de Leitão de Barros, "Camões". Por esta interpretação, Eunice ganha o Prémio do SNI - Secretariado Nacional de Informação, para a melhor atriz cinematográfica do ano.


Em 1947 ingressa na Companhia de Comediantes Rafael de Oliveira, onde é dirigida por Ribeirinho. No ano seguinte regressa ao Teatro Nacional para protagonizar "Outono em Flor", de Júlio Dantas. Seguidamente "Espada de Fogo", de Carlos Selvagem, encenado por Palmira Bastos, é um êxito retumbante.
Passa pelo Teatro da Trindade e durante quatro anos retira-se dos palcos. A sua re-apariçao dá-se em "Joana D' Arc", de Jean Anouilh, no palco do Teatro Avenida. Multidões perfilam-se pela Avenida da Liberdade, desejosas de obter um bilhete para ver Eunice, que a crítica aclama como genial.
Já nos anos 60, passa para a comédia na Companhia do Teatro Alegre, no Parque Mayer, ao lado de nomes como António Silva ou Henrique Santana
No Teatro Monumental fez "O Milagre de Anna Sullivan", de William Gibson (Prémio de Melhor Atriz do SNI ex-aequo com Laura Alves - 1963).

Em 1965 Raúl Solnado funda a Companhia Portuguesa de Comediantes (CPC), no recém inaugurado Teatro Villaret. Eunice recebe o maior salário, até aqui nunca pago a uma actriz dramática: 30 contos mensais. 
A peça de estreia é "O Homem Que Fazia Chover", de Richard Nash, encenado por Alain Oulman. Seguiram-se interpretações de Tenessee Williams e Bernardo Santareno.
Fundou, em 1970, com José de Castro a Companhia Somos Dois, com a qual fez uma longa tournée por Angola e Moçambique, dirigida por Francisco Russo em "Dois Num Baloiço", de William Gibson. 
Estreou-se na encenação com "A Voz Humana", de Jean Cocteau.


Com a proibição pela censura, a poucas horas da estreia, de "A Mãe", de Stanislaw Wiktiewicz, em que Eunice era a protagonista, o diretor da companhia, Luiz Francisco Rebello, demitiu-se.   

Em 1978, voltou aos palcos portugueses  integrada na companhia do reaberto Teatro Nacional D. Maria II, onde teve enormes êxitos, interpretando peças de Donald Coburn, John Murray, Bertolt Brecht, Hermann Broch, Athol Fuggard, Eurípedes, entre outros, trabalhando com encenadores como João Perry ou João Lourenço.

Em 1991, celebraram-se os seus 50 anos de Teatro, com uma exposição no Museu Nacional do Teatro, sendo Eunice condecorada, em cena aberta, no palco do Teatro Nacional, pelo Presidente da República, Mário Soares, quando evocava, de forma magistral, a figura de Estêvão Amarante, na revista-homenagem de Filipe La Féria.


A peça de teatro A Maçon”, foi escrita pela romancista Lídia Jorge propositadamente para Eunice e foi levada a cena em 1997, no palco do Teatro Nacional.

Em 2006 representou pela primeira vez na casa a que deu nome, o Auditório Municipal Eunice Muñoz, em Oeiras, com a peça "Miss Daisy", encenada por Celso Cleto.

Em 2007, no Teatro Maria Matos co-protagoniza com Diogo Infante "Dúvida" de John Patrick Shanley, sob a direção de Ana Luísa Guimarães. Em maio de 2008 é agraciada com o Globo de Ouro de Mérito e Excelência.



Em 2009 regressa ao Teatro Nacional D. Maria II com a peça "O Ano do Pensamento Mágico", de Joan Didion, sob a encenação de Diogo Infante.


Em 2011 volta à cena com "O Comboio da Madrugada", de Tennessee Williams, sob a encenação do mestre Carlos Avilez, no Teatro Experimental de Cascais.




Ainda em 2011, Eunice apresenta "O Cerco a Leninegrado" de José Sanchis Sinisterra, que teve estreia nacional em novembro, no Auditório Municipal Eunice Muñoz em Oeiras, e que muitos de nós tiveram o prazer de ver no dia 1 de março deste ano, no Teatro José Lúcio da Silva. Eunice Muñoz, celebrou 70 anos de carreira, no dia precisamente da estreia deste espetáculo.




Em maio deste ano, Eunice Muñoz partiu os dois pulsos e ficou com uma lesão grave na cervical, na sequência de uma queda durante os ensaios da peça de Tennessee Williams "O comboio da madrugada". A apresentação da peça foi por isso cancelada até à recuperação da atriz. 
A Biblioteca Municipal aproveita para desejar rápidas melhoras.


Tenha uma boa semana e vá ao Teatro

julho 27, 2012

LEITURA DE FIM DE SEMANA



Ilustração de Yvonne van Woggelum


O que estarão a ler com tanto interesse as banhistas?
Oh! São certamente livros requisitados na 
Biblioteca Municipal.



E para que o seu fim de semana seja também um fim de semana 
 de sol e praia, acompanhado de boas leituras, 
a nossa sugestão é o livro:

Na Praia de Chesil
de Ian McEwan
Editora Gradiva




Um romance a que é impossível resistir e que se adensa à medida que a história se aproxima do fim.

Estamos em julho de 1962. Edward e Florence, ,jovens inocentes casados naquela manhã, chegam a um hotel na costa de Dorset.
Ao jantar na suíte reservada a casais em lua-de-mel, esforçam-se por dominar os medos íntimos da noite de núpcias que se avizinha...
Florence vive numa agonia aterradora por ter de enfrentar algo que abomina tão profundamente e de tal maneira que não sabe se o seu amor por Edward será suficiente para conseguir enfrentá-lo. Este por sua vez vive o medo de não conseguir atingir as expetativas  de Florence, alguém que considera inteligente, moderna e experiente.
Do confronto destes medos, calados, sem solução fácil, nascerá uma experiência que irá abalar para sempre as suas vidas de um modo devastador...

"É assim, não fazendo nada, que todo o curso de uma vida pode ser alterado".


Ian McEwan, para muitos o melhor escritor britânico da atualidade,  nasceu a 21 de junho de 1948, em Aldershot, Inglaterra.

É autor de dois livros de contos:
  • Primeiro amor, últimos ritos - Somerset Maugham Award 1976
  • Entre lençóis
E de doze romances:
  • O jardim de cimento - adaptado ao cinema em 1993
  • A criança no tempo - vencedor do Whitbread Award 1987
  • O inocente - adaptado ao cinema em 1993
  • Estranha sedução - adaptado ao cinema em 1990
  • Cães pretos
  • O sonhador
  • O fardo do amor - adaptado ao cinema em 2004
  • Amesterdão - vencedor do Booker Prize em 1998
  • Expiação - Prémios US National Book Critics Circle 2002 e WH Smith 2002 para o melhor livro de ficção, adaptado ao cinema por John Wright, tendo nos papeis principais Keira Knightley e James McAvoy
  • Sábado - Prémio James Tait Black Memorial
  • Na Praia de Chesil - nomeado para Galaxy Book of the Year 2008 nos British Book Awads onde o autor foi também nomeado para Reader's Digest of the Year
  • Solar - com edição simultânea em Portugal e Reino Unido
  • Em 2009 publicou um libreto para uma ópera de Michael Berkeley intitulado Por Ti 


Tenha um bom fim de semana, 
e não se esqueça, que 
as palavras que ficam por dizer 
são, por vezes, mais importantes do que as ditas.

julho 25, 2012

NE ME QUITTE PAS

"Tenho menos medo da morte do que me tornar um velho cretino."
                                                                                                                               Jacques Brel



Jacques Brel, o poeta belga da "chanson Française", nasceu a 8 de abril de 1929.
Aos 15 anos, em 1944, colabora na criação de um grupo de teatro, atua em várias peças, escreve três pequenas histórias e interpreta ao piano alguns improvisos dos seus poemas. Canta pela primeira vez na rádio Belga em 1952 e começa logo a receber convites para cantar.
Em 1953, enviou a um empresário de Paris um disco seu. Após o ouvir, o empresário, à meia-noite, telefonou para Bruxelas, convidando Brel a se apresentar na capital francesa.

"A sanduiche que comi na carruagem de 3º classe que me levou a Paris tinha um sabor único: estava perfumada pela aventura, a esperança, a felicidade."

Em 1954 é publicado o seu primeiro álbum "Jacques Brel et ses chansons".

Torna-se notado por Juliette Gréco que grava uma das suas canções, "Le diable". Este encontro é marcante no futuro da carreira de Brel, dado que se inicia uma promissora colaboração com Gérard Jouannest, pianista e acompanhante da cantora, e com o também pianista e orquestrador François Rauber. Em 1955 conhece Georges Pasquier (Jojo), percussionista no Trio Milson e de quem se torna amigo.



O seu primeiro grande sucesso ocorre em 1956 com a música "Quand on a que l'amour". Em 1957 é laureado com o Grand Prix du Disque da Academia Charles Cros e faz um enorme sucesso a sua digressão pela França.

No início dos anos 60, Brel já era considerado um marco incontornável da cultura francófona ao ponto de ser confundido como personalidade francesa.
Tornou-se internacionalmente conhecido pela música "Ne me quitte pas", interpretada e composta por si.
Comprometido com as correntes intelectuais progressistas, as suas canções refletiam o ambiente de inquietação social e religiosa da sua época. O seu êxito foi tal que, em 1977, após dez anos de silêncio, um novo disco "Brel", vendeu mais de 650 000 exemplares só no primeiro dia.

Entre 1960-65 sucedem-se as tournées longas e cansativas: União Soviética, Estados Unidos, Canadá, Norte de África e Europa. Batem todos os máximos em número de espetáculos mas é nessa vida agitada e de excessos que Brel se sente bem. Considera que os seus poemas sem música são palavras sem sentido e que a música sem os seus poemas nada diz. Era um artista que vivia o palco enfrentando-se e enfrentando o público.



Em 1974, após comprar um veleiro de 19 metros decide dar a volta ao mundo em três anos. Em setembro, ao aportar nos Açores, toma conhecimento do falecimento do seu grande amigo Jojo.
No funeral e em conversa com uma cunhada de Jojo afirmou: "A seguir vou eu".
Em outubro é-lhe detetado um pequeno tumor no pulmão e no mês seguinte é efetuada a ablação do lobo pulmonar esquerdo.
Morre a 9 de outubro de 1978 com 49 anos.
O seu amigo Georges Brassens, nesse dia, disse que "Jacques Brel não está morto. Para revivê-lo, basta que escutemos os seus discos".
O cantor está sepultado, por sua vontade, no cemitério de Atuona, na ilha de Hiva Oa (Marquesas), próximo da campa de Gauguin.



Siga o conselho de Georges Brassens, 
oiça a sua música e acompanhe as letras na 
 antologia poética que 
pode ser requisitada na Biblioteca Municipal

Visite-nos



julho 23, 2012

UM HOMEM PODE SER DESTRUÍDO, MAS NÃO DERROTADO


"Nenhum homem é uma ilha, somos parte de um continente. A morte de qualquer individuo diminui-me como ser humano, portanto, não me perguntem por quem os sinos dobram: eles dobram por você".
                                                                                                                  Ernest Hemingway


Ernest Miller Hemingway nasceu a 21 de julho de 1899 em Oak Park, nas proximidades de Chicago, nos Estados Unidos da América.
Embora o seu pai, médico, quisesse que ele seguisse a mesma carreira, Hemingway desde cedo se sentiu atraído pela literatura.  Já em 1917, quando ainda andava na escola, começou a escrever para o jornal The Kansas Citt Star.
Na Primeira Guerra Mundial, tentou por diversas vezes alistar-se na Marinha, mas foi rejeitado. Por fim, acabou por ser aceite como motorista de ambulância na Cruz Vermelha em Itália, onde foi ferido. 
Terminada a Guerra, foi morar para Toronto, no Canadá, onde prosseguiu a carreira de repórter.
Em 1921, mudou-se para Paris, onde continuou a exercer a sua profissão.

Começou então a escrever as suas primeiras obras:
1923 - "Três histórias e Dez Poemas"
1924 - "No Nosso tempo"
1926 - "As Torrentes da Primavera" e "O Sol também se levanta", o primeiro romance que lhe deu fama internacional, escrito em Paris.


Em 1927, publicou a antologia "Homens sem Mulheres", a sua segunda coleção de contos, um marco importante na sua trajetória literária. Viajou para a Florida em 1928, onde permaneceu dez anos, e onde em 1929 escreveu "Adeus às Armas", romance inspirado nas suas experiências na I Guerra Mundial e que lhe trouxe fama mundial.

"Adeus às Armas" conta a história de amor entre um soldado americano e uma enfermeira britânica em Itália, durante a Primeira Guerra Mundial, e é hoje considerado um dos melhores romances sobre esse período.
Ernest Hemingway  escreveu 47 finais diferentes e na próxima semana vão finalmente poder ser lidos. Segundo o The New York Times, o novo livro, vai não só incluir todos os finais imaginados por Hemingway, como também rascunhos e anotações. Esta publicação inédita só é possível graças a um acordo entre a editora Scribner e os herdeiros do Nobel da Literatura.
Numa entrevista em 1958, Hemingway contou que até encontrar um final que lhe agradasse, foi escrevendo outras versões alternativas até encontrar "as palavras certas", revelando que essa história é também um pouco a sua história, uma "semi-autobiografia".

Em 1936, com o início da Guerra Civil em Espanha, Ernest Hemingway viaja para a Europa. O seu objetivo inicial era reunir dados para o filme "Terra de Espanha", um documentário sobre a tragédia do país sob o fascismo. Envolvido pelo sangrento conflito, acabou por combater ao lado dos republicanos.
Com base nessa experiência, escreveu, em 1938,  a peça "A Quinta Coluna" e o seu romance mais longo, "Por Quem os Sinos Dobram" (1940), que viria mais tarde a ser adaptado em filme.
Terminada a Guerra Civil, mudou-se com a terceira mulher para Cuba, onde permaneceu até 1959. Lá ficou amigo de Fidel Castro.
Como correspondente de guerra da Marinha norte-americana, participou no desembarque dos Aliados na Normandia e na Libertação de Paris em 1945.

Em 1952, escreveu "O Velho e o Mar", sendo-lhe atribuído o Prémio Pulitzer de Jornalismo e em 1954, recebeu o Nobel da Literatura. 

A partir de 1951, a sua vida de excessos, com aventuras, mulheres e álcool, a sua saúde física e psicológica começou a degradar-se.
Abalado por depressões, já mal conseguia escrever. E a 2 de julho de 1961, seguindo a frase  de "O Velho e o Mar" - "Um homem pode ser destruído, mas não derrotado" -  suicidou-se com um tiro na cabeça.

"Um homem inteligente é por vezes forçado a embebedar-se ou a isolar-se, para conseguir aguentar os idiotas com que se vai cruzando todos os dias".
                                                                                                    Ernest Hemingway



A Biblioteca Municipal
 dispõe de bibliografia do autor para empréstimo  

Veja Aqui e venha visitar-nos



julho 20, 2012

LEITURA DE FIM DE SEMANA


O que une seis mulheres, 
de idades e vivências tão diferentes, numa amizade improvável?

É o que o leitor vai ficar a saber ao ler a nossa sugestão de leitura de fim de semana, neste dia em que se comemora o Dia Internacional da Amizade.


"Bons amigos são bons para a saúde"
                                                                     Irwin Sarason




Sugerimos-lhe então o romance  sobre a importância da amizade intitulado

Noites de Sexta-feira 
de Joanna Trollope
Porto Editora

Eleanor, Paula, Lindsay, Jules, Blaise e Karen, são as seis amigas deste romance.
Todas, de uma maneira ou de outra, estão desiludidas com a vida e com o amor.
Para elas, os serões de sexta-feira representam muito mais do que um momento de descontração ao fim de uma semana longa e difícil. É o momento em que se podem despir as máscaras do dia-a-dia e partilhar segredos, receios, tristezas e alegrias...e aparentemente, já não sabem viver de outra forma.
Mas poderá esta amizade tão frágil superar a rivalidade e a inveja que a entrada de um homem no grupo vai provocar?

"Uma história subtil, mas carregada de profundidade sobre a amizade e as suas inúmeras fragilidades"
                                                                    Woman&Home



Joanna Trollope nasceu a 9 de dezembro de 1943, no Gloucestershire.
Trabalhou para os Negócios Estrangeiros britânicos e lecionou durantes doze anos antes de se dedicar por inteiro à escrita.
Autora de catorze romances que abordam sobretudo aspetos da vida na Inglaterra contemporânea, Joanna Trollope escreveu também uma série de novelas históricas e Britannia's Daughters, um estudo sobre as mulheres no Império Britânico.
Joanna Trollope está traduzida em vinte e nove línguas e dela já se venderam mais de oito milhões de livros em todo o mundo. 


Ilustração de Kathy Osborn


BOM FIM DE SEMANA 


julho 19, 2012

A MIM O QUE ME RODEIA É O QUE ME PREOCUPA


Lágrimas

Ela chorava muito e muito, aos cantos,
Frenética, com gestos desabridos;
Nos cabelos, em ânsias desprendidos,
Brilhavam como pérolas os prantos.

Ele, o amante, sereno como os santos,
Deitado no sofá, pés aquecidos,
Ao sentir-lhe os soluços consumidos,
Sorria-lhe cantando alegres cantos.

E dizia-lhe então, de olhos enxutos:
"- Tu pareces nascida da rajada,
"Tens despeitos raivosos, resolutos;

"Chora, chora, mulher arrenegada;
"Lagrimeja por esses aquedutos...
"- Quero um banho tomar de água salgada"


Este poema data de 1874.
E o seu autor morreu há precisamente 126 anos e foi o introdutor da poesia moderna em Portugal. Ignorado à época, passaram-se décadas até que o seu valor fosse reconhecido. A descoberta ficou a dever-se a Fernando Pessoa que, um dia, sobre ele escreveu: "O sentimento é forte e sincero, mas reprimido: e é nisto que Cesário é curioso. É um português que reprime o sentimento". 
Falamos de Cesário Verde, hoje um clássico da Literatura Portuguesa.

Desenho de Columbano

José Joaquim Cesário Verde, nasceu em Lisboa a 25 de fevereiro de 1855. Em 1873 matriculou-se no Curso Superior de Letras, mas apenas o frequentou durante alguns meses. Ali conheceu Silva Pinto, que ficou seu amigo para o resto da vida.

Cesário Verde dividia-se entre a produção de poesias, que publicava nos jornais, e as atividades comerciais herdadas do pai.

Em 1877 começou a ter sintomas de tuberculose, doença que já tinha vitimado o irmão e a irmã. Essas mortes inspiraram um dos seus principais poemas, Nós, de 1884.

Tenta curar-se da tuberculose, mas sem sucesso e vem a falecer a  19 de julho de 1886.
No ano seguinte, o seu amigo Silva Pinto organiza a compilação da sua poesia no Livro de Cesário Verde e que é publicado em 1901.


Com uma visão extremamente plástica do mundo, retratou a cidade e  o campo, seus cenários de eleição, transmitindo o que aí era oferecido aos sentidos, em cores, formas e sons.
"A mim o que me rodeia é o que me preocupa", refere o poeta numa carta ao seu amigo Silva Pinto.
Se, por um lado, exalta os valores viris e vigorosos, saudáveis, da vida do campo, sem visões bucólicas, detinha-se, por outro lado, na cidade, na sedução dos movimentos humanos, solidarizando-se com as vítimas de injustiças sociais.
Conhecido como o poeta da cidade de Lisboa, foi igualmente o poeta da Natureza anti-literária, numa antecipação de Fernando Pessoa/Alberto Caeiro, que considerava Cesário Verde um dos vultos fundamentais da nossa história literária.


Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.



O que se passou a seguir...
 está na página 108 
do Livro de Cesário Verde 
que se encontra na Biblioteca Municipal da sua cidade.



julho 17, 2012

NO PASSADO DIA 15 FEZ 100 ANOS

GANHO OU MORRO

(Frase de Francisco Lázaro antes da partida para a sua última corrida
a 15 de julho de 1912 nos Jogos Olímpicos de Estocolmo)

Francisco Lázaro nasceu em Lisboa a 21 de janeiro de 1891 e morreu a 15 de julho de 1912. Foi um atleta português que fez parte da primeira equipa olímpica  portuguesa nos Jogos Olímpicos de 1912, em Estocolmo, Suécia, onde participou na prova da maratona. Lázaro tinha sido o porta-bandeira no desfile inaugural dos Jogos. Desfaleceu durante a prova da maratona e veio a morrer poucas horas depois.

Francisco Lázaro era carpinteiro numa fábrica de carroçarias de automóveis na Travessa dos Fiéis de Deus no Bairro Alto em Lisboa. Não tinha treinador. Após o trabalho, Lázaro corria diariamente de Benfica a S. Sebastião da Pedreira, desafiando, no percurso inverso, os transportes públicos, que naquela época eram os elétricos.


No dia 20 de julho de 1912, 24.000 pessoas prestaram homenagem póstuma a Francisco Lázaro como a primeira vítima mortal nos Jogos Olímpicos. Pierre de Coubertin enviou condolências à família. O Comité Olímpico Português teve dificuldades financeiras para trasladar o corpo, o que viria a acontecer decorridos vários meses após a morte do atleta.

A autópsia do cadáver revelou que a causa da morte foi desidratação extrema e mostrou também um fígado "completamente mirrado, do tamanho de um punho fechado e rijo, a tal ponto que só se conseguiria partir a escopro, como se fosse uma pedra".

Segundo um dos seus colegas nos Jogos, Lázaro morreu por vários motivos.
  • Untou-se com sebo
  • Era um dos dois únicos atletas, num total de 71, a não usar proteção alguma na cabeça contra o sol
  • O uso de estupefacientes para aumentar a resistência muscular.




O nome de Francisco Lázaro tornou-se num dos mais lendários de desporto português.
O seu nome foi dado a uma rua de Lisboa e ao pequeno estádio do Clube de Futebol de Benfica.







O romance Cemitério de Pianos, de José Luís Peixoto, tem inspiração na figura de Francisco Lázaro.
 A personagem central do romance chama-se precisamente
Francisco Lázaro e partilha parte da sua história.


PODERÁ SER REQUISITADO NA BIBLIOTECA MUNICIPAL.









Depois de Francisco Lázaro, outros atletas olímpicos deram medalhas de ouro a Portugal  na prova da maratona.


Carlos Lopes, medalha de ouro em 1984,
Los Angeles com o tempo de 02:09:21

"Se foi dura a maratona? Não, foram os 42 Km do costume. Nunca tive medo de ser derrotado, bater não batem, ralhar não dói...Nervoso estava Moniz Pereira. Nunca o vi assim. Nervoso de mais. Estou feliz, o professor merecia esta medalha."
"Decidi não me preocupar antes dos 37 Km, a partir daí sabia que tinha de dar forte e feio, foi o que fiz".

Rosa Mota, medalha de ouro em 1988
Seul, com o tempo de 02:25:40

"O Pedrosa tinha-me recomendado que, aos 38 Km, se ainda fosse acompanhada, olhasse para ele. Olhei e ele disse-me - Rosa, é agora ou nunca - e eu fui-me embora... Foi mais difícil do que em Roma, os maratonistas gostam de dizer que a última maratona é sempre a melhor, mas esta... arre, parecia que nunca mais chegava o dia."



À Comitiva Olímpica Portuguesa
 aos Jogos Olímpicos de Londres 2012
desejamos muitos sucessos

julho 13, 2012

LEITURA DE FIM DE SEMANA



"Em casa, numa espécie de altar, Valter Hugo Mãe tem uma estatueta de Saramago. De vez em quando, passa-lhe a mão pela careca. Comprou-a para simbolizar o seu "Óscar", o Prémio José Saramago 2007. Com a distinção, deixou de ser um "escritor de poucos leitores", nas suas palavras, e virou revelação da literatura nacional. Não que ele tivesse acabado de chegar: tinha poesia publicada desde 1996, estreara-se no romance em 2004, fundara uma editora. Mas o prémio - e os elogios de Saramago - foram um importante empurrão. "Este livro é um tsunami", declarou o Nobel da Literatura. Desde então, a ascensão tem sido imparável. A confirmação chegou no ano passado. Na Festa Literária de Paraty (FLIP), o mais importante certame do género no Brasil, emocionou uma plateia de 2000 pessoas, recebeu pedidos de casamento e outas propostas capazes de o fazer corar. Depois, ainda antes de lançar "O Filho de Mil Homens", foi a Paredes de Coura com o seu projeto musical, os Governo. Cresceu muito no último ano. Até já escreve com maiúsculas".
                                                                                                            Nelson Marques, Expresso


O leitor já adivinhou qual o autor que sugerimos como leitura de fim de semana. E o livro é:  A máquina de fazer espanhóis, que nas palavras de José Mário Silva tem "Algumas das páginas mais devastadoramente belas da ficção portuguesa recente".

Esta é a história de quem, no momento mais árido da vida, se surpreende com a manifestação ainda de uma alegria. Uma alegria complexa, até difícil de aceitar, mas que comprova a validade do ser humano até ao seu último segundo.
A máquina de fazer espanhóis é uma  obra de maturidade, conseguida pela grande capacidade de criar personagens que este autor sempre revelou, aqui enredadas nas questões da velhice, da sua ternura e tragédia, resultando num trabalho feito da difícil condição humana mesclada com o humor que, ainda assim, nos assiste.
É uma imagem livre do que somos hoje, consequência de tanto passado e de dúvidas em relação ao futuro.
É ainda um livro, tão delicado quanto sincero, de reflexão sobre a fidelidade na amizade e no amor.




"A maior parte dos livros são escritos para o público; 
este é um livro escrito para os leitores"
                                                                                                          António Lobo Antunes





Valter Hugo Mãe nasceu em 1971, em Saurino, Angola e vive em Vila do Conde.
É licenciado em Direito, pós-graduado em Literatura Portuguesa Moderna.
Os seus quatro primeiros romances formam uma  tetralogia que percorre, através de personagens distintas, o tempo completo da vida humana, desde a infância à velhice:
2004 - O nosso reino
2006 - O remorso de baltazar serapião - Prémio José Saramago
2008 - Apocalipse dos trabalhadores
2010 - A máquina de fazer espanhóis.
Escreveu igualmente para os mais novos. Atualmente escreve no Jornal de letras a crónica Autobiografia imaginária.
Valter Hugo Mãe é vocalista do grupo musical Governo e esporadicamente dedica-se às artes plásticas.


Ilustração de Elina Ellis

BOM FIM DE SEMANA COM BOAS LEITURAS
JÁ AGORA, VEJA TAMBÉM A SUGESTÃO QUE DEIXAMOS PARA O SEU FILHO.



julho 12, 2012

O IMPORTANTE NÃO É VENCER, MAS COMPETIR. E COM DIGNIDADE.


CITIUS, ALTIUS, FORTIS
(Mais rápido, mais alto, mais forte)

É já no próximo dia 27 de  julho que tem início em Londres a
 XXX edição dos Jogos Olímpicos.

BARÃO DE COUBERTIN, PAI DOS JOGOS OLÍMPICOS MODERNOS


Nascido em Paris em 1 de janeiro de 1863, o Barão de Coubertin, era descendente de uma família nobre. Movido pelo seu ideal pedagógico, optou por se dedicar à reforma do sistema educacional francês. Em 1892, apresentou na Universidade de Sorbonne, em Paris, um estudo sobre "os exercícios físicos no mundo moderno" apresentando um projeto de recriar os Jogos Olímpicos, o que não foi muito bem aceite. 
Mesmo assim, não desistiu. Numa convenção realizada em 1894 na mesma universidade, que contou com delegados de 13 países, o Barão conseguiu a promessa dos gregos de organizar os primeiros Jogos Olímpicos da Era Moderna.
Tornou-se, então, uma das mais importantes personalidade do desporto. Devido ao seu empenho, os Jogos Olímpicos renasceram, após quase 16 séculos de hibernação.
Nesse mesmo ano nascia o Comité Olímpico Internacional (COI), com o objetivo de organizar, de quatro em quatro anos, uma nova edição dos Jogos, promovendo assim a união entre os países. 


"Que a Tocha Olímpica siga o seu curso através dos tempos 
para o bem da humanidade 
cada vez mais ardente, corajosa e pura"
                                                                                                                   Pierre de Coubertin

Tocha Olímpica 2012
A 6 de janeiro de 1896, a Chama Olímpica pôde novamente brilhar. Recomeçavam os Jogos Olímpicos, com a presença de 13 países e 311 atletas. 
Um pouco antes do início dos Jogos de Atenas, o Barão de Coubertin assumiu a presidência do COI, cargo que ocupou até 1925. 
A sua principal luta foi impedir a presença de atletas profissionais nas  provas.
Tendo gasto praticamente toda a sua fortuna para colocar em prática do sonho das Olimpíadas, morreu pobre e isolado, a 2 de setembro de 1937, em Genebra, Suíça. Como forma de reconhecimento, o seu coração foi transportado para Olímpia, onde repousa até hoje num mausoléu.




Foi também idealizada em 1913, por Pierre de Coubertin, a Bandeira Olímpica, tendo sido só hasteada nos Jogos de 1920. A bandeira é hasteada na cerimónia de abertura dos Jogos ficando assim durante toda a competição.
O fundo branco significa paz e amizade entre as nações competidoras e os anéis representam  os cinco continentes:
  • Azul - Europa
  • Amarelo - Ásia
  • Preto - África
  • Verde - Oceania
  • Vermelho - América
Das cinco cores sobre um fundo branco consegue-se compor todas as bandeiras do mundo.


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