Sensação Autobiográfica
Nasci há dezasseis anos numa poeirenta
aldeia branca e distante que ainda não conheço,
e como isto é um pouco vulgar e puro
irmão errante, passemos à minha juventude.
Creio em muito poucas coisas na vida. A vida
não me entregou tudo o que eu lhe entreguei
e emocional e altivo rio-me da ferida
e a dor está para a minha alma como dois está para três.
Mais nada. Ah, lembro-me de que aos dez anos
desenhei o meu caminho contra todos os danos
que no longo caminho me pudessem vencer.
Ter amado uma mulher e ter escrito
um livro. Não venci porque está manuscrito
o livro e não amei uma, mas cinco ou seis...
Pablo Neruda, pseudónimo de Neftalí Ricardo Reyes Basoalto, nasceu a 12 de julho de 1904, na cidade de Parral, no Chile. Em 1920 começou a escrever para a revista literária "Selva Astral", utilizando já o pseudónimo Pablo Neruda em homenagem ao poeta checo Jan Neruda e ao francês Paul Verlaine. Começou a sua carreira diplomática em 1927, após ser nomeado cônsul na Birmânia. Seguiram-se as cidades de Java, Singapura, Buenos Aires, Barcelona e Madrid. Nestas viagens conheceu diversas personalidades do mundo cultural. Em Buenos Aires, conheceu Garcia Lorca e em Barcelona Rafael Alberti. Em 1936, explode a Guerra Civil Espanhola e, chocado com a guerra e com o assassinato do seu amigo Garcia Lorca, comprometeu-se com o movimento republicano. Na França, em 1937, escreveu "Espanha no coração". Volta nesse ano para o Chile e começa a escrever textos com temáticas políticas e sociais.
Em 1945 foi eleito Senador da República. Chocado com o tratamento repressivo que era dado aos trabalhadores das minas, começou a fazer vários discursos, criticando o presidente González Videla. Foi perseguido pelo governo e exilou-se na Europa.
Envolvido com a política e com o candidato à presidência chilena, Pablo Neruda desiste da sua candidatura a favor de Salvador Allende, que vence as eleições. Neruda é designado embaixador em Paris.
Doente, voltou para o Chile em 1972, vindo a falecer a 23 de setembro do ano seguinte.
Pablo Neruda recebeu, entre outros, os seguinte prémios:
- Em 1944 Prémio Municipal de Poesia de Santiago
- Em 1945 Prémio Nacional de Literatura
- Em 1953 Prémio Estaline
- Em 1971 Prémio Nobel da Literatura
Morre lentamente quem não viaja, quem não lê,
quem não ouve música, quem não encontra graça em si mesmo.
Quero apenas cinco coisas...
Primeiro é o amor sem fim
A segunda é ver o outono
A terceira é o grave inverno
Em quarto lugar o verão
A quinta coisa são teus olhos
Não quero dormir sem teus olhos
Não quero ser ... sem que me olhes.
Abro mão da primavera para que continues me olhando
Apenas lhe deixamos dois poemas de Neruda.
Os outros, poderá encontá-los AQUI, basta vir à Biblioteca Municipal.
Os outros, poderá encontá-los AQUI, basta vir à Biblioteca Municipal.
Boas Leituras