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janeiro 24, 2014

LEITURA DE FIM DE SEMANA




Caricatura de André Carrilho para The New Yorker

Amanhã, dia 25 de janeiro,
António Lobo Antunes
vai receber mais um prémio.
Prémio Literário Internacional Nonino 2014.
 
Jorge Amado, Javier Marias, Claude Lévi-Strauss, Amin Maalouf, Chimamanda Ngozi Adichie, foram alguns dos autores já distinguidos com este prémio, criado em 1975, pela Nonino, uma produtora de Grappa, uma bebida alcoólica típica de Itália.
 
O escritor V. S. Naipaul, vencedor do Prémio Nobel da Literatura em 2001, presidiu ao júri, e dele fizeram parte personalidades como o investigador António Damásio, os escritores Adonis, John Banville, Claudio Magris e o ensaísta Edgar Morin.
 
"A Morte de Carlos Gardel", "Que Farei Quando Tudo Arde?" e "O Arquipélago da Insónia", são os romances de Lobo Antunes editados em Itália.
 
"Com uma técnica narrativa muito particular, Lobo Antunes desenvolveu um estilo de escrita narrativa muito pessoal, o que é extremamente interessante".  Ler um livro do escritor é "obviamente difícil, transforma-se numa espécie de quebra-cabeça de elementos que têm de ser colocados juntos, o romance faz-nos entrar numa dimensão psicológica paralela sem uma linha cronológica clara mas com uma coerência interna própria".
                                                                                                Organização do Prémio Nonino



Para além do escritor português, os galardoados de 2014 são o filósofo francês Michel Serres, o psiquiatra e escritor italiano Giuseppe Dell'Acqua e a escritora palestiniana Suad Amiry.



A entrega do Prémio será na sede da destilaria Nonino, em Percoto, no norte de Itália.


E a nossa sugestão de leitura de fim de semana,
vai ser naturalmente, um livro de António Lobo Antunes.
 
Qual?
 
 
 
 
Isso vai ser escolha do Leitor!

Só tem de nos visitar, dirigir-se à estante e escolher um livro 
da vasta bibliografia do autor que a Biblioteca Municipal tem à sua disposição.
 
  
Dirá o Leitor que António Lobo Antunes é um autor difícil,
aliás opinião semelhante têm os membros do júri.
 
Mas, o Leitor sabe que ao ler um romance estimulante,
os seus efeitos benéficos no cérebro perpetuam-se por
cinco dias?
 
 
O Leitor sabia que a União Europeia elegeu 2014
Ano Europeu da Saúde Mental e do Cérebro?
 
As doenças cerebrais e os problemas de saúde mental afetam mais de um quarto da população europeia, constituindo um pesado fardo para a sociedade e para as pessoas afetadas.
Um recente relatório mostra que na Europa o custo total anual das doenças cerebrais e mentais é de 798 mil milhões de euros. As perturbações do estado de espírito, em que se incluem a depressão e a doença bipolar, representam o custo mais elevado, avaliado em mais de 113 mil milhões de euros.

 
Ler é uma necessidade humana


Um bom livro pode criar alterações neurológicas positivas.
 
 
No Reino Unido, a prescrição de livros em vez de fármacos está a ser adotada como terapia para tratar a depressão. De acordo com os especialistas, a leitura de determinadas obras (Lobo Antunes?) é uma forma eficiente e "low-cost" de ajudar os pacientes a ultrapassar os seus problemas e sem efeitos secundários.
Em junho do ano passado este método começou a ser utilizado pelo Serviço Nacional de Saúde do Reino Unido, seguindo um estudo de 2003, que concluiu que os livros tinham potencial para se assumir como um substituto eficaz dos antidepressivos.
 
 
Tenha um Bom Fim de Semana
E Leia Pela Sua Saúde


 

janeiro 17, 2014

LEITURA DE FIM DE SEMANA

Vai ser um fim de semana de frio e chuva,
mas não fique em casa.

Pintura de Antonio Tamburro
 
 
Neste sábado, 18 de janeiro, pelas 15 Horas, no  nosso Auditório, irá decorrer um colóquio sobre o
80º aniversário do 18 de janeiro de 1934,
com a presença entre outros,
de Fernando Rosas, Emília Margarida Marques e Hermínio Nunes.
 


E já que o Leitor nos visitou e o fim de semana ainda não acabou, aproveite e requisite a nossa sugestão de leitura.


O livro que lhe sugerimos para leitura de fim de semana foi o
vencedor do Prémio LeYa 2012.

Nuno Camarneiro
DEBAIXO DE ALGUM CÉU


 
Resumo: "Num prédio encostado à praia, homens, mulheres e crianças - vizinhos que se cruzam mas se desconhecem - andam à procura do que lhes falta: um pouco de paz, de música, de calor, de um deus que lhes sirva. Todas as janelas estão viradas para dentro e até o vento parece soprar em quem lá vive.
Há uma viúva sozinha com um gato, um homem que se esconde a inventar futuros, o bebé que testa os pais desavindos, o reformado que constrói loucuras na cave, uma família quase normal, um padre com uma doença de fé, o apartamento vazio cheio dos que o deixaram.
Este prédio fica mesmo ao virar da esquina, talvez o habitemos e não o saibamos."
 
 
"Uma história são pessoas num lugar por algum tempo"
                                                                                  Nuno Camarneiro

 


Nuno Camarneiro nasceu a 17 de agosto de 1977 na Figueira da Foz. Licenciou-se em Engenharia Física pela Universidade de Coimbra, onde se dedicou à investigação durante alguns anos. Trabalhou no CERN (Organização Europeia para a Investigação Nuclear) em Genebra e concluiu o doutoramento em Ciência Aplicada ao Património Cultural em Florença.
 
"Sempre li muito, desde muito novo que tenho uma relação próxima com a literatura. E como acontece com quem ouve muita música, ou quem vai muito ao teatro, há uma pergunta que vai crescendo: será que eu também seria capaz? No CERN não conhecia ninguém. E nesse momento socorri-me da escrita para registar e resolver uma série de coisas que sentia."
 
Regressou a Portugal em 2010 e é atualmente investigador na Universidade de Aveiro e professor do curso de Restauro na Universidade Portucalense do Porto.
Nuno Camarneiro começou por se dedicar à micronarrativa, tendo alguns dos seus contos sido publicados em revistas e coletâneas. Estreou-se no romance em 2011, com "No Meu Peito Não Cabem Pássaros", também editado pela Leya.
A nossa sugestão de leitura para este fim de semana é o seu segundo romance. 
 
 
Visite-nos
 e Tenha
Um Bom Fim de Semana


 
 

novembro 06, 2013

PARABÉNS ONDJAKI


 
 
A Biblioteca Municipal dá os parabéns ao escritor angolano Ondjaki,
vencedor do Prémio José Saramago 2013
com o seu romance "Os Transparentes".
 
 
 
 
A obra "Os Transparentes" foi publicada em 2012 pela Editorial Caminho e, segundo Vasco Graça Moura, surpreende pela "maneira como a sua utilização da língua portuguesa é, não só capaz de captar com maior naturalidade as mais diversas situações num contexto social tão diferente do nosso, mas comporta em si mesma fermentos de uma inovação que espelha com força e realismo um quotidiano vivido na sua trepidação e também funciona eficazmente ao restituí-lo no plano literário".
 
 
A escritora brasileira Nélida Piñon considera que "o romance traz-nos a voz da África. A arte da África. Aviva os lamento de Luanda e do mundo.
 
 
Ondjaki dedica o Prémio Saramago a Angola
e a quem se identifica com a literatura angolana.
 
 
 
Visite-nos
os livros de Ondjaki esperam por si.
 

 

outubro 18, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA


 
 
Finalmente sexta-feira!!!
Não quero saber de orçamentos, de cortes, nem vou ligar a televisão!!!
  
Vou à Biblioteca Municipal requisitar um livro
 e vou passar o fim de semana descansado.
 
 
Faz muito bem Cara Leitora!
Como tomou a melhor opção, aceite a sugestão de leitura  de fim de semana que temos para si. Trata-se de um livro de um autor espanhol, vencedor do Prémio Fundação José Manuel Lara para o  Melhor Romance de 2009.
O livro foi apresentado em Portugal na 11º edição do Corrente d'Escritas, na Póvoa de Varzim.


O País do Medo
De Isaac Rosa
Editado pela Planeta


"Extraordinário...Um romance necessário."
                                        Ignacio Echevarría, Babelia, El País




O País do Medo é um lugar imaginário onde se tornaria realidade tudo o que tememos. Carlos sabe bem como seria o seu; vive assustado. Os seus temores são muitos comuns: ser espancado, ser assaltado, que entrem em sua casa enquanto dorme, que raptem o filho; mas também teme a agressividade dos vizinhos, os adolescentes violentos, os pobres, os estranhos.
Sabe que são temores exagerados, inclusive infundados. E, no entanto, não consegue evitá-los. O seu medo, até então secundário, ocupará um lugar central quando se vir envolvido numa situação de conflito: um pequeno incidente na escola do seu filho, que poderia ser solucionado de maneira simples, complica-se devido à sua incapacidade de tomar decisões. Carlos dará, então, início a uma fuga daí para a frente, onde cada mentira, cada passo em falso, fará com que se sinta cada vez mais ameaçado.
O País do Medo indaga a origem desse medo ambiental. Este romance inquietante revela como se constroem e se propagam os temores, e o peso que os relatos da ficção têm na extensão de um medo que acaba por se transformar numa forma de domínio, que nos leva a aceitar formas abusivas de proteção e nos conduz a respostas defensivas que nos fazem sentir mais vulneráveis.
 

"O grande beneficiário do medo é o poder.
Sempre, não só agora."
                                                                               Isaac Rosa


 
 
 
"Para mim a literatura é uma possibilidade de intervir na sociedade e no meu tempo."


Isaac Rosa nasceu em Sevilha em 1974. Publicou os romances La malamemoria (1999), posteriormente reformulado e inserido em Outra maldita novela sobre la guerra civil!! (2007), e El vano ayer (2004), que foi galardoado em 2005 com o Prémio Rómulo Gallegos, o Prémio Ojo Crítico e o Prémio Andalucía da la Crítica.
Vive atualmente em Madrid e colabora com o jornal El País.
"Eu estudei jornalismo e, de alguma maneira, descobri o poder da palavra, o poder da palavra escrita, a capacidade que a palavra tem, se não para mudar o mundo, para intervir. A partir daí comecei a interessar-me pela escrita. A minha motivação, o meu objetivo como escritor não é passar à História da Literatura, ter uma obra-prima ou ganhar o Prémio Nobel. Nada disso. Interessa-me a literatura do momento, do meu tempo, dos meus leitores".



Faça como a nossa Leitora e
 tenha um Bom Fim de Semana
 
Esperamos por si

 
 

agosto 09, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA

 
 
A revista francesa Le Magazine Littéraire escolheu dez escritores estrangeiros que os franceses não podem deixar de ler e,
entre esses dez, figura a escritora portuguesa Lídia Jorge.
 

"Fiquei muito feliz com esta distinção. Foi uma surpresa para mim, não sabia que estavam a organizar este dossiê. Penso que fizeram uma leitura atenta dos meus livros e valorizaram a ligação com a terra, com a história do meu País", disse a escritora numa entrevista ao jornal Correio da Manhã.
 
Já em maio, Lídia Jorge tinha sido distinguida pela Associação de Escritoras e Escritores em Língua Galega com o galardão "Escritora Galega Universal", prémio que se junta a uma série de distinções literárias, como o Prémio D. Dinis, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio Jean Monet de Literatura Europeia, entre outros.
 
Veja  aqui e fique a conhecer mais sobre a vida e a obra de Lídia Jorge.
 
 
O Leitor já adivinhou que é um livro da escritora Lídia Jorge
a nossa sugestão de leitura de fim de semana.
 
Mas qual?
 
É um livro que em 2008 ganhou o Prémio Charlet Bisset, em França. Trata-se de um prémio atribuído pela Associação Francesa de Psiquiatria, que recompensam obras que, pela sua qualidade, evocam e aprofundam a problemática humana e que respeitem a verdade dessa problemática.
 
 
Editado pela Dom Quixote
Sugerimos
Combateremos a Sombra
 
 
 

Combateremos  a Sombra conta a história dum psicanalista que numa noite de inverno é visitado por um antigo paciente que lhe traz uma mensagem, cujo sentido Osvaldo Campos nunca conseguirá decifrar. À sua volta a realidade começa a entrançar-se e a desentrançar-se à semelhança das narrativas que lhe são narradas no silêncio do seu gabinete. Nessa mesma noite, ele perde uma mulher e ganha outra, e Maria London, aquela a quem chama a sua paciente magnífica, prepara-se para revelar um segredo que o vai colocar diante duma realidade clandestina de dimensões incalculáveis. E ele é apenas um psicanalista, ou como se intitula a si mesmo, tão-só um decifrador de histórias. Assim, este livro inquietante resulta do mergulho na interioridade de Osvaldo Campos em confronto com um desafio que o ultrapassa. Uma tensão psicológica que conduz o leitor a um lugar de observação único, pela mão de uma escritora que nos habituou a mostrar que nada de mais real existe do que o onírico, e nada de mais fantástico do que o real. 
 
 
 
 
 
 

Banhistas de Nadir Afonso
 
 
 
 Bom Fim de Semana
ou
Boas Férias
 
 
 
 
 
 

maio 31, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA

"As revoluções duram semanas, anos; depois, durante dezenas e centenas de anos, adoram-se como algo sagrado, esse espírito de mediocridade que as suscitou."
                                                                                                        Doutor Jivago 
 
 
Nesta primavera envergonhada e fria, a nossa sugestão de leitura de fim de semana vai levá-lo às gélidas paisagens da Rússia do início do século XX.
 


Do premiado autor russo Boris Pasternak

O Doutor Jivago

Edição do Jornal Público

  



1958, Boris Pasternak a celebrar
o seu Prémio Nobel da Literatura
com a sua mulher
Publicado pela primeira vez em Itália, em 1957, o romance foi rapidamente traduzido em inglês e em francês. E o excelente acolhimento da obra incomodou o regime soviético, que o acusou de traição e o ameaçou de prisão se voltasse a ter qualquer tipo de contacto com estrangeiros. 
A proibição da publicação de Doutor Jivago dentro da União Soviética vigorou até 1989, quando a política de abertura de Mikhail Gorbatchev, então líder da URSS, autorizou a publicação da obra. Somente nesse ano, os russos puderam conhecer a saga de Jivago.
O seu nome já constava da lista de prováveis nomeados da Academia Sueca desde o fim da II Guerra Mundial e em causa estava a sua obra poética. De 1946 a 1950, esteve sempre na "short-list" de candidatos. E voltou a ser colocado em 1957, ano em que o laureado foi Albert Camus, que, aliás, elogiou Pasternak no seu discurso na cerimónia de entrega do prémio.
Os rumores de que Pasternak poderia vir mesmo a ganhar o Nobel da Literatura,  causavam grande incómodo no interior da União de Escritores Soviéticos. E quando foi anunciado o vencedor de 1958 - "pelo seu importante feito tanto na lírica poética contemporânea como na área da grande tradição épica russa" - o incómodo transformou- se em perseguição.
Um dia depois de ter recebido o telegrama da Suécia, começou a aperceber- se dos efeitos do Nobel com a visita de um membro do departamento cultural do Comité Central do Partido Comunista, que lhe ordenou a recusa imediata do prémio, sob a ameaça de expulsão do país. Muitos anos depois, só com eclodir do colapso da ex-URSS, o diploma do Nobel chegou finalmente às mãos da família Pasternak, com o reconhecimento do Ministério da Cultura russo.
 
 
Que espécie de truque sujo é que terei feito,
serei um assassino, um vilão? /
Eu, que deixei o mundo inteiro
a chorar pela beleza da minha pátria”.
                                                     1959, poema de Pasternak, titulado “O Prémio Nobel”



 
O romance relata a vida do médico Yuri Jivago, desde a adolescência até à sua morte em Moscovo. A fuga para a Sibéria com a sua mulher Tonia Groméko, por causa dos acontecimentos revolucionários de 1905 e 1917 e a sua união a um grupo de guerrilheiros em luta contra "os brancos", são alguns dos momentos que se destacam no romance. A sua relação adúltera com Lara, uma enfermeira que se torna o grande amor da sua vida, mas com quem se desencontra várias vezes, por diversos motivos. O romance é uma crítica ao sistema comunista russo e um relato sobre o destino do intelectual russo, aliás, um dos temas importantes do autor. Constitui uma visão panorâmica do período histórico entre 1903 e 1923, decisivo na transformação da Rússia e da Europa.
Em O Doutor Jivago, a revolução é o verdadeiro protagonista; a personagem é testemunha dos acontecimentos aos  quais o destino a conduz.
 
 
 
  


Boris Pasternak nasceu a 10 de Fevereiro de 1890, em Moscovo. O seu pai era pintor e ilustrador de obras de Tolstoy e a sua mãe uma reconhecida pianista, pelo que a sua educação esteve sempre ligada às artes. Estudou Filosofia na Alemanha e regressou em 1914 ao seu país natal para se dedicar inteiramente à literatura.
Nesse mesmo ano, publica os seus primeiros poemas, que no entanto não lhe trazem qualquer tipo de notoriedade. É com a publicação de A Vida da Minha Irmã, em 1922, que o reconhecimento do público lhe será feito.
Durante a II Guerra Mundial, Pasternak vê-se obrigado a trabalhar numa fábrica de químicos, experiência que lhe servirá de inspiração para a sua obra mais famosa, Doutor Jivago (1957), romance com o qual ganhará o Prémio Nobel da Literatura em 1958, que foi impedido de aceitar por pressões do regime soviético.




30 de maio de 1960, Pasternak morreu na sua casa de Peredelkino, sentado no sofá de onde podia observar o retrato do seu mestre Tolstoi, pendurado na parede.
 
 
 
A obra foi adaptada ao cinema, em 1966, pelo realizador David Lean, com o ator Omar Sharif no papel principal e ainda os atores Julie Christie, Alec Guinness, Geraldine Chaplin, Rod Steiger, Tom Courtenay, Siobhan McKenna e Ralph Richardson.
Apontado como um dos 100 filmes mais importantes de todos os tempos, Doutor Jivago, vencedor de cinco Oscares, pode ser visionado por si na Sala de Audio Vídeo.
 
São só boas razões para sair de casa,
dar um passeio, requisitar o livro
 e até, quem sabe, ver o filme.
 
 
Bom fim de semana





 

fevereiro 22, 2013

PARABÉNS HÉLIA CORREIA


Semana em grande para a escritora Hélia Correia, que a 19 deste mês foi distinguida com o Prémio Virgílio Ferreira/2013, pela Universidade de Évora, e ontem foi a vencedora do Prémio Literário Correntes d'Escritas/Casino da Póvoa.


Hélia Correia nasceu em Lisboa, em 1949. Licenciada em Filologia Românica, foi professora  de português do ensino secundário, dedicando-se atualmente à tradução e à escrita.
Apesar do seu gosto pela poesia e pelo teatro, tendo feito um curso de Pós-graduação em teatro Clássico, é como ficcionista que é reconhecida como uma das grandes revelações da novelística portuguesa da geração de 1980.
"O separar das águas", que o leitor encontrará na Biblioteca Municipal da sua cidade, foi o seu romance de estreia, em 1981. Ao longo dos anos foi publicando contos, poesia, teatro e livros para os mais novos.
A sua escrita para o teatro tem sido levada à cena por várias companhias de Lisboa, entre elas o grupo de teatro "O Bando", "A Comuna" e pelo grupo "Maizum". 
Em 2001, saiu "Lillias Fraser"um dos seus mais aclamados romances, que a Biblioteca Municipal também tem para empréstimo domiciliário, e que foi distinguido com o Prémio PEN Club 2001. Em 2006, foi a vez da sua obra "Bastardia" vencer o Prémio Máxima de Literatura.
Hélia Correia tem obras publicadas no estrangeiro, tendo sido traduzidas para inglês, checo e alemão.




Ontem, 21 de fevereiro, a sua obra " A Terceira Miséria" venceu o Prémio Literário Correntes d'Escritas/Casino da Póvoa, no valor de 20 mil euros. Destinado este ano à poesia, o prémio atribuído ao livro de Hélia Correia resultou de uma seleção de 75 obras.
O júri do prémio considerou que o livro de Hélia Correia, "mais do que um conjunto de poemas, é um longo poema construído a partir da matriz clássica europeia para refletir sobre questões fundamentais do Ocidente".
A escritora, ao receber o prémio, assumiu que a "Terceira Miséria" é "uma homenagem à sua Grécia, e admitiu que esse facto pode ter pesado na escolha do júri".
Nesta mesma semana, no dia 19, Hélia Correia foi distinguida com o Prémio Virgílio Ferreira/2013 pela Universidade de Évora, prémio que irá ser entregue numa cerimónia pública na sala de actos da Universidade, a 1 de março, data da morte de Virgílio Ferreira.


Por tudo o que já foi dito, o leitor certamente já adivinhou que será um livro da escritora Hélia Correia, a nossa sugestão de leitura de fim de semana.

Mas qual?

Sugerimos-lhe "A Fenda Erótica"  um livro publicado em 1988, pela editora O Jornal.


"Olhava para mim, sonhador, como um cego.
- Tenho uma teoria - explicou - Defendo que o amor é uma coisa rara, a mais subtil e preciosa essência, difícil de encontrar,  e que só aparece a poucos, por acaso, e uma vez por século, se tanto, como outros fenómenos igualmente inexplicáveis, aqueles de elevar-se alguém nos ares ou de um analfabeto a citar Cícero em correto latim. O amor, o verdadeiro, o extraordinário, não tem a ver com o pequeno impulso que leva a acasalar para acomodação e manutenção da espécie, a imitar os pais no enxoval e nos futuros aborrecimentos."



Tenha um Bom Fim de Semana 


outubro 22, 2012

SEJA A MUDANÇA QUE VOCÊ QUER VER NO MUNDO


"A defesa dos Direitos do Homem, elaborada a partir do sofrimento do seu próprio povo, tornou-se uma das suas atividades terrenas principais. Por elas, em 1989 foi-lhe atribuído  o Prémio Nobel da Paz. (Em parte, uma descompostura norueguesa ao governo de Pequim no ano do massacre de Tiananmen Square; mas em parte também o reconhecimento do alto teor moral do Dalai Lama por coexistência nobre e digna com a China)."
                                                                                                                           José Cutileiro



Dalai Lama aos 3 anos
"Nasci a 6 de julho de 1935 numa aldeiazita chamada Taktser, que significa "o tigre que ruge", situada no extremo nordeste do Tibete, na província de Amdo, fronteiriça à China. Os meus pais era pequenos agricultores. 
Após o meu nascimento, um par de corvos veio empoleirar-se sobre o telhado da nossa casa. Chegavam todas as manhãs, ficavam um pouco, depois partiam. Isso constitui um aspeto de particular interesse, porque um facto semelhante produziu-se por altura do nascimento do primeiro, do sétimo e do oitavo Dalai Lamas.
Quando ainda não tinha três anos de idade, uma brigada encarregada pelo governo de Lassa de encontrar a reencarnação do Dalai Lama chegou ao convento de Kumbum. Vários indícios conduziram estes homens à quinta dos meus pais, onde passaram a noite a brincar comigo e a observar-me muito atentamente. Regressaram alguns dias mais tarde com uma série de objetos que haviam pertencido ao décimo terceiro Dalai Lama e outros, idênticos, que não tinham sido dele. Perante cada um dos que lhe pertenceram, eu gritava: "É meu! É meu!". Foi assim que por fim fui reconhecido como o novo Dalai Lama". 
                                                                                               Tenzin Gyatso, 14ª Dalai Lama 



"Sê gentil sempre que for possível. 
É sempre possível".


"Desde a minha fuga do Tibete, vivo exilado na Índia. Em 1949-1950, a República Popular da China enviou um exército para invadir o meu país. Durante perto de dez anos, continuei a ser o chefe político e espiritual do meu povo e procurei estabelecer relações pacíficas entre as nossas duas nações; mas a tarefa revelou-se impossível. E tive de admitir, a contragosto, que poderia servir melhor o meu povo a partir do exterior.
Há já quarenta anos que ocorreu a invasão chinesa do Tibete. E nada mais temos a não ser a nossa vontade - a verdade - para tratar com os Chineses. Apesar das suas lavagens ao cérebro, apesar de todas as formas de atrocidades e de propaganda a que recorrem e apesar dos meios que eles utilizam, a verdade continua a ser a verdade.
O poder da vontade dos seres humanos comuns substituirá o poder das espingardas".



"Acredito que o objetivo da nossa vida seja a busca da felicidade. Isso está claro. Quer se acredite em religião ou não, quer se acredite nesta religião ou naquela, todos nós procuramos algo melhor na vida. Portanto, acho que a motivação da nossas vida é a felicidade".


"Embora os Tibetanos queiram que eu regresse ao Tibete, recebo mensagens do interior dizendo que não o faça nas circunstâncias presentes. Embora refugiado, permaneço livre, livre de falar em nome do meu povo. No mundo livre, sou mais útil como porta-voz. Posso servi-lo melhor do exterior.
Uso o mesmo traje bordeaux que qualquer outro monge usa. Não é de boa qualidade e está remendado. Como todos os outros monges, obedeço aos votos de pobreza e não possuo qualquer bem pessoal.
Desde a infância que me fascinam os objetos mecânicos. Conserto os relógios de parede e de pulso, ou então vou plantar vegetais. Aprecio sobretudo as tulipas. Gosto de as ver crescer.
Ás sete horas, é o momento da televisão. Gosto das séries da BBC sobre a civilização ocidental e as maravilhosas emissões sobre a natureza.



"Quando em 1989 o Prémio Nobel da Paz me foi atribuído, muitos descobriram nessa ocasião o problema tibetano. Escreveram-me cartas a perguntar: "Onde fica o Tibete?"
Naturalmente, o Prémio Nobel ajudou-me junto dos chefes de Estados. Alguns receberam-me oficialmente. Outros, como o presidente Mitterand, a título privado - sempre as razões diplomáticas."



"Poderia dizer que a religião é uma espécie de luxo. É muito bom praticar alguma, mas é evidente que podemos bem passar sem ela. Em troca, sem qualidades humanas fundamentais - o amor, a compaixão e a bondade - não podemos sobreviver. A nossa paz e estabilidade mental dependem delas".



Sobre esta personalidade fascinante, encontrará na Biblioteca Municipal  da sua cidade bibliografia que poderá requisitar para empréstimo domiciliário.



Tenha uma Boa Semana
 
Dê a quem você ama: 
asas para voar, raízes para voltar e motivos para ficar.

outubro 18, 2012

WISLAWA SZYMBORSKA, 1923-2012



A mão
vinte e sete ossos, 
trinta e cinco músculos,
cerca de duas mil células nervosas
em cada um das pontas dos cinco dedos.
É quanto basta 
para escrever Mein Kampf
ou a Casinha do Ursinho Puff.

                                                                            Tradução do polaco de Teresa Swiatkiewicz


Wislawa Szymborska nasceu a 2 de julho de 1923 em Kórnik, na Polónia. Em 1931 mudou-se com a família para Cracóvia, onde estudou literatura e sociologia.
Estreou-se como poeta em 1945 com o poema Szukam Slowa (Procuro uma palavra). De 1953 a 1981 colaborou, como editora de poesia e como colunista, na revista semanal Zycie Literakie (A vida Literária).
Wislawa Szymborska, na sua poesia,  aborda temas como o Holocausto, a Segunda Guerra Mundial, a ocupação soviética e a transição para a democracia, a situação atual polaca. 
Em 2007, juntou-se aos intelectuais polacos que acusaram a direita conservadora dos irmãos gémeos Lech e Jaroslaw Kaczynski (então Presidente da República e Primeiro-Ministro, respetivamente) de "não compreenderem" a democracia e "tentarem enfraquecer e renegar instituições de um Estado democrático como os tribunais independentes e os Media livres".


No aeroporto

Correm um para o outro de braços abertos,
exclamam ridentes: Até que enfim! Enfim!
Ambos vestidos com agasalhos de inverno,
gorros de lã,
cachecóis,
luvas,
botas,
mas só para nós.
Porque um para o outro estão nus.
                                                                  
                                                                         Tradução do polaco de Teresa Swiatkiewicz



A autora, que se destacou por uma poesia mesclada de emoção, ironia, e pela habilidade de usar trocadilhos, ao longo da sua carreira ganhou vários prémios e, em 1996, aos 73 anos, ganhou o Prémio Nobel da Literatura.
Segundo a Academia Sueca "por uma poesia que com precisão irónica permite que os contextos históricos e biológicos reluzam em fragmentos de realidade humana". O Comité do Nobel considerou-a o "Mozart da poesia".

Sempre que lhe perguntavam por que escrevia poesia, respondia com um simples "Isso eu não sei".
Aos 88 anos de idade, a 1 de fevereiro deste ano, faleceu, vítima de cancro do pulmão.




Os poemas de Szymborska exploram situações pessoais, mas são ao mesmo tempo tão genéricos que permitem à sua autora evitar confidências. No seu conhecido poema sobre um gato num apartamento vazio, em vez do lamento pela perda do marido de uma amiga lemos:


GATO NUM APARTAMENTO VAZIO

Morrer não é coisa que se faça a um gato.
Que há-de um gato fazer
num apartamento vazio?
Subir às paredes?
Roçar-se nos móveis?
Aparentemente não mudou nada
e no entanto está tudo mudado.
Continua tudo no seu lugar
e no entanto está tudo fora do sítio.
E à noite a lâmpada já não está acesa.

Ouvem-se passos nas escadas,
mas não são os mesmos.
A mão que põe o peixe no prato
também já não é a que o punha.

Há aqui qualquer coisa que já não começa
à hora do costume,
qualquer coisa que não se passa
como deveria passar-se.

Havia aqui alguém que há muito estava e estava
e que de repente desapareceu
e agora insistentemente não está.

Procurou-se em todos os armários,
revistaram-se as estantes,
espreitou-se para debaixo do tapete.
Violou-se até a proibição
de desarrumar os papéis.
Que mais se pode fazer?
Dormir e esperar.

Quando regressar, ele vai ver,
ele vai ver quando chegar.
Vai ficar a saber
que isto não é coisa que se faça a um gato.
Caminhar-se-á em direcção a ele
como que contrariado,
devagarinho,
com patas amuadas.

E nada de saltos ou mios. Pelo menos ao princípio.

                                                                                                   Tradução de Manuel António Pina



Os seus poemas foram traduzidos em 36 línguas e em Portugal foram publicados 3 livros que se encontram esgotados e que a Biblioteca Municipal infelizmente não dispõe para empréstimo domiciliário.


Mas, não deixe de nos visitar.


Esperamos por si.

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