agosto 30, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA


 As férias acabaram,
é tempo de desfazer as malas, de devolver os livros à Biblioteca e de
 requisitar outros.
As férias podem ter acabado,
mas o gosto pela leitura não e as idas à Biblioteca Municipal vão continuar.

 
 
Para esta leitora as férias terminaram mesmo numa sexta-feira, dia em que temos a habitual sugestão de leitura de fim de semana.
 

E a nossa sugestão de hoje vai para um escritor e cineasta chinês, Dai Sijie. Depois do seu livro ter sido um êxito editorial em França, o seu filme foi candidato aos globos de ouro no Festival de Cannes de 2003, para a categoria de melhor filme estrangeiro.

 


Dai Sijie nasceu a 2 de março de 1954, na China, na província de Fujian. De 1971 a 1974, foi submetido ao regime de "reeducação" pelos Guardas Vermelhos maoístas, numa aldeia das montanhas. Retomou depois os seus estudos liceais, que concluiu em 1976. Após a morte de Mao, estudou História de Arte e frequentou um curso de cinema que lhe permitiu viajar até Paris, onde se instalou em 1984. Em 1989 realizou o seu primeiro filme "Chine Ma Douleur".
"Balzac e a costureirinha chinesa" foi o seu primeiro romance, que após ter sido um êxito em França, foi traduzido em diversas línguas.


"Odeio todos aqueles que nos proibiram estes livros."
 
  


"Tirei os romances da mala, um por um, abri-os, contemplei os retratos dos autores e passei-os a Lou. (...) Durante todo o mês de setembro, depois do arrombamento, sentimo-nos tentados, invadidos, conquistados pelo mistério do mundo exterior, sobretudo o da mulher, do amor, do sexo, que os escritores ocidentais nos revelavam dia após dia, página após página, livro após livro."



Editado pela Terramar
Do escritor e cineasta Dai Sijie
Balzac e a costureirinha chinesa 
 






 

Na China de Mao, em plena Revolução Cultural, dois jovens "perigosos intelectuais" descobrem a felicidade através da leitura de Balzac e de outros escritores ocidentais.
Como?
Graças à surpreendente descoberta de uma misteriosa mala recheada de grandes livros, de grandes escritores do património universal (além de Balzac, Dostoievski, Stendhal, Flaubert, Tolstoi e outros), todos traduzidos para chinês. E estes dois amigos, transferidos para uma longínqua aldeia, lá para as bandas do Tibete, apaixonam-se por uma insinuante costureirinha que aí conhecem. Mas será Luo, exímio contador de histórias, a conquistar o coração da jovem montanhesa, com a ajuda de Balzac e de alguns dos seus romances.
O poder mágico da literatura!
 
 
 
 
 
 
 
Bom Fim de Semana com Boas Leituras 
 
  
 

agosto 27, 2013

SODADE SODADE/ SODADE/ DESS NHA TERRA SÃO NICOLAU


"O artista e o poeta praticamente não morrem.
Desaparecem mas não morrem e nós vamos ouvir Cesária
até ao fim da nossa vida,
ela vai existir com as suas mornas e coladeras até ao último dia das nossas vidas"
                                                                                                         Tito Paris
 
 
 

"Cize", como era carinhosamente tratada pelos amigos, nasceu a 27 de agosto de 1941, no Mindelo, Cabo Verde e faleceu, também no Mindelo, a 17 de dezembro de 2011.
Desde cedo que se lembrava de cantar, "cantava ao ar livre nas praças da cidade para afastar coisas tristes". Aos 16 anos cantava nos bares da cidade e nos hoteis, onde uma legião de fãs já a aclamava como a "rainha da morna".
A independência de Cabo Verde, em 1975, coincide com a altura em que os problemas com o álcool a levam a deixar de cantar. Mas em 1985, a convite do músico Bana, Cesária Évora vem a Lisboa e grava um disco, que passou despercebido à crítica nacional. Seguiu para Paris onde foi "descoberta" e de lá partiu para todos os palcos do mundo.
 



Em 1988 grava "La diva aux pieds nus", álbum aclamado pela crítica. Foi nesta fase da sua carreia, que o empresário francês José da Silva teve um papel fundamental e que se manteve até ao final.
Em 1992 gravou "Miss Perfumado" e aos 47 anos torna-se uma estrela internacional no mundo da world music, cantando com importantes músicos e pisando os mais prestigiados palcos, incluindo palcos portugueses, que esgotavam para a ouvir cantar "Sodade".

 
"Eu preciso de quando em vez da minha terra,
do povo que sou e desse marulhar das ondas"
                                                                                                                Cesária Évora

 

Em 1999, Portugal agraciou Cesária Évora com a medalha da Grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
 
O galardão Les Victoires de la Musique para melhor álbum de world music foi-lhe atribuído por duas vezes: em 2000 pelo álbum "Café Atlântico" e em 2004 pelo álbum "Voz d'Amor". Este último  conquistou um grammy para o Melhor Álbum de World Music Contemporânea.
 
Em 2009, o presidente francês Nicolas Sarkozy entregou-lhe a medalha da Legião de Honra.
 
Em 2010, foi a vez do presidente Lula da Silva, a condecorar no Rio de Janeiro com a medalha da Ordem de Mérito Cultural.
 
Em 2011, foi distinguida com o Prémio Carreira na gala do Cabo Verde Music Awards.
 
Em setembro de 2011, depois de cancelar uma série de concertos por se encontrar muito debilitada, a editora Lusafrica, anunciou que Cesária Évora iria pôr fim à sua carreira.



"Da primeira vez não fui. Ela queria que eu fosse apenas com o meu pianista.
Da segunda fui porque pude levar comigo todos os meus músicos".
                                                          (sobre a atuação no aniversário de Madonna)


O nome da cantora cabo-verdiana, passou a constar da toponímia de duas cidades francesas: " A rua Cesária Évora exprime a vontade do município e dos habitantes de Saint-Denis em valorizar as mulheres que lutaram pelos direitos humanos. A rua situa-se no bairro Gare Confluences, e vem juntar-se a nomes ilustres como os de Miriam Makeba, Rosa Parks, Bledhar Fátima Bledhar e Simone Bernier, aos quais foi igualmente reservado um espaço público naquela cidade" disse à Lusa Ana José Charrua.
O seu nome figura também na cidade de Colombe, nos arredores de Paris, disse a mesma fonte.

A título póstumo, a cantora foi homenageda com uma estátua no Aeroporto de São Vicente, em Cabo Verde,  que a partir de março de 2012, passou a designar-se Aeroporto Internacional Cesária Évora.
 
Foi feito um apelo para os seus admiradores caminharem de pés descalços, a 27 de agosto, dia em que a cantora faria 72 anos. O desafio foi lançado em Cabo Verde e já encontrou adesão em França como o "Dia dos pés descalços".
A 3 de março deste ano, foi lançado em todo o mundo "Mãe carinhosa", o ábum póstumo de Cesária Évora, composto por 13 canções gravadas entre 1977 e 2006.



BOA SEMANA COM BOA MÚSICA


 



agosto 23, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA



"As abelhas chegaram no verão de 1964, o verão dos meus catorze anos, o verão em que a minha vida descreveu uma órbita completamente nova. (...)
Vivíamos em função do mel. Engolíamos uma colherada de manhã para despertar e outra à noite para ajudar a adormecer. Tomávamos uma a cada refeição para nos apaziguar o espírito, nos dar energia e imunizar contra as doenças fatais. Pincelávamo-nos com mel para desinfetar os golpes ou para tratar os lábios gretados. Estava presente no nosso banho, no creme para a pele, no chá de framboesa e nos biscoitos".
 
 
 
 
Caro Leitor não é nossa intenção que se dedique à apicultura este fim de semana, mas tão somente que aceite a nossa sugestão de leitura.
 
E essa sugestão tem abelhas e mel?
 
Tem sim, enxames!!
 
Da escritora norte americana Sue Monk Kidd
Editado pela Asa
A Vida Secreta das Abelhas
 
 



Lily cresceu na convicção de que, acidentalmente, matou a mãe quando tinha apenas quatro anos. Do que então conteceu, ela tem não só as suas próprias recordações mas também o relato do pai. Agora, aos catorze anos, tem saudades da mãe, a quem mal conheceu mas de quem se recorda, e sente uma desesperada necessidade de perdão. Vive com o pai, violento e autoritário, numa quinta da Carolina do Sul, e tem apenas uma amiga, Rosaleen, uma criada negra cujo semblante severo esconde um coração doce. Na década de 60, a Carolina do Sul é um sítio onde a segregação é ainda realidade. Quando, ao tentar fazer valer o seu recém-conquistado direito de voto, Rosaleen é presa e espancada, Lily decide agir. Fugidas à justiça e ao pai de Lily, elas seguem o rasto deixado por uma mulher que morreu dez anos antes e encontram refúgio na casa de três excêntricas irmãs apicultoras. Para Lily esta vai ser uma viagem de descoberta, não só pelo mundo, mas também do mistério que envolve o passado da sua mãe.


 



"Comovente...Lily é uma personagem autêntica e o enredo magnífico"
                                                                        USA Today

 




 
Sue Monk Kidd nasceu a 12 de agosto de 1948 em Sylvester, nos Estados Unidos da América. É uma aclamada autora de biografias tendo já recebido vários prémios literários. Dois dos seus contos foram selecionados para a coletânea Best American Short Stories.
O seu romance, que hoje lhe sugerimos para leitura de fim de semana, A Vida Secreta das Abelhas foi nomeado para o prestigiado Orange Prize.
É um romance sobre o poder transcendente do amor e a faceta feminina de Deus. A família pode ser encontrada nos sítios menos prováveis - talvez não sob o nosso próprio teto, mas no sítio mágico onde encontramos o amor.
Com dois milhões de exemplares vendidos só nos Estados Unidos, o romance já foi adaptado ao cinema em 2008. O filme foi realizado por Gina Prince-Bythewood, com Dakota Fanning, Jennifer Hudson, Queen Latifah e Alicia Keys nos papeis principais.
 


 
 
 
 
Bom Fim de Semana
   

agosto 21, 2013

ABRA O FRIGORÍFICO E ...


 
 
Ilustração de C. F. Payne
 
 
Chega o Leitor cansado a casa depois de mais um dia passado na praia com a família e,
não sabe o que fazer para o jantar!
 
A sua preocupação vai acabar quando for à Biblioteca Municipal da sua cidade
e requisitar o livro que lhe vai simplificar a vida:

de Xabier Gutiérrez
e editado pela Everest
 
 




A situação é muito clara. Estamos na cozinha de nossa casa e dispomos, por um lado, do equipamento habitual numa cozinha caseira: congelador, frigorífico, forno, microondas...
 
Por outro lado, ao abrir o frigorífico encontramos os ingredientes que se encontam no mercado ou no supermercado. Temos à nossa disposição pimentos, cebolas, frango, tomates, alho...
 
O Leitor conhece os gostos, manias e predileções da sua família, portanto metade da batalha está sob controlo. A outra metade é conseguir fazer com que fiquem entusiasmados com o que lhes prepara.
 
E como é que este livro o pode ajudar?
É muito simples.
Vá ao frigorífico e dê uma olhadela no que tem lá dentro...
 
 
Encontrou pimentos!!!
Ótimo.
 
 
O pimento é um dos vegetais com mais personalidade de entre os que temos nas nossas casas. E qualquer das suas espécies (verde, amarelo, vermelho, malaguetas...) utiliza-se mais para valorizar o prato do que como acompanhamento.
 
O leitor pode fritar pimentos, cozinhar pimentos com anchovas ou lombo de porco, rechear pimentos e fritá-los, assar pimentos recheados, ou mais simples ainda, pimentos em salada.
 
 
 
 
Desta vez o que encontrou foram figos!!
Maravilha!
 
 

 Figos quentes abertos ao meio, grelhados, envolvidos numa fatia de bacon, mantendo-os até que este último fique dourado... simplesmente magníficos!
Inteiros, envolvidos em papel de alumínio com um pouco de canela, casca de laranja e um pouco de manteiga. Fechar bem o rolinho e deixá-lo pelo menos 20 minutos no forno. Delicioso.
Frios. Partir os figos para fazerem parte de um vinagrete, como sobremesa ou como acompanhamento de um  guisado de carne.
Uma delícia especial são rodelas de figo sobre queijo Camembert, queijo azul ou queijo Cabrales. Tudo isto regado com um bom vinho: único!
 
 




Xabier Gutiérrez é licenciado em psicologia pela UPV.
Gosta de viajar e conhecer cozinhas diferentes: quanto mais longínquas, mais divertidas. Adora tudo o que tem motor e é autónomo... como ele.
Gosta da magia e da escuridão das salas de cinema. Gosta de dois animais tão diferentes quanto dignos: o touro e o porco.
Adora fazer receitas fáceis para despertar nos seus leitores o "bichinho" da culinária.
E este livro é um compêndio de tudo isso: receitas muito simples e combinações por vezes ousadas mas sem complicações, para despertar o gosto de cozinhar.

Xabier Gutiérrez foi galardoado com o Prémio Nacional de Gastronomia para a melhor publicação de 2005 por Asfalto Culinário, também da editora Everest.




Fazer uma cozinha simples, criativa, dietética e saborosa. Saber apreciar tudo o que o mercado nos oferece. Tudo tem um sabor e temos de aprender a apreciar tudo...
 
Boa Semana e Bons Cozinhados
 
 
 


agosto 16, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA



O Leitor não sabe que livro levar
para a praia este fim de semana?
 
 
Venha até à Biblioteca da sua cidade e leve consigo
 a nossa sugestão de leitura de fim de semana.
 
 
Quem é o autor?
 
 É uma autora espanhola



Julia Navarro nasceu em 1953, em Madrid, é jornalista e trabalhou ao longo da sua carreira na imprensa escrita, na rádio e na televisão. Autora das obras de atualidade política Nosotros, la transición; Entre Felipe y Aznar; La izquierda que viene e Señora presidenta, obteve um enorme sucesso com o seu primeiro romance, A Irmandade do Santo Sudário (Gótica, 2004), e alcançou os primeiros lugares de vendas um pouco por todo o mundo. Com o seu segundo romance, A Bíblia de Barro (Gótica, 2005), confirmou o seu êxito junto do público e da crítica.
Estes dois títulos venderam até à data mais de dois milhões de exemplares em todo o mundo, e foram publicados em mais de vinte e cinco países, entre eles, Itália, Alemanha, Portugal, Rússia, Coreia, Japão, China, Reino Unido ou os Estados Unidos.
Os seus romances mereceram os mais conceituados galardões: Premio Qué Leer para o melhor romance espanhol de 2004, VIII Premio dos Lectores de Crisol, Premio Ciudad de Cartagena 2004, Premio Pluma de Plata de la Feria del Libro de Bilbao 2005, Premio Protagonistas de Literatura e Premio Más Que Música de los Libros 2006. Os direitos de adaptação cinematográfica de A Irmandade do Santo Sudário já foram vendidos e, neste momento, a sua adaptação ao cinema encontra-se em fase de produção.
 
E o livro qual é?
 
Foi editado em Portugal pela Gótica com o título O Sangue dos Inocentes
 
 

"No tengo nada que ver con Dan Brown"
                                                                                                        Julia Navarro
 
 


O Sangue dos Inocentes leva-nos numa viagem a  Jerusálem, Granada, Roma e Istambul, aprofundando as causas do fanatismo religioso e da intolerância ao longo dos séculos. O romance leva-nos a três épocas completamente distintas: a cruzada contra os Cátaros na França da Idade Média, a II Guerra Mundial e as atrocidades cometidas pelos nazis e nos dias de hoje, a cruzada dos fundamentalistas islâmicos.
Sou espião e tenho medo…”. É Frei Julián quem o escreve no início desta crónica, em pleno Séc XIII. Um relato quase real do cerco a Montségur, uma luta cruel entre cátaros e católicos.
Séculos mais tarde, em 1939, num outro cenário de guerra, um agnóstico, em plena Berlim hitleriana, inicia uma busca perigosa pela mulher, de origem judia. Nos dias de hoje, um grupo de muçulmanos radicais imola-se em Frankfurt e deixa atrás de si uma mensagem críptica que coloca em estado de alerta o Centro Aintiterrorista da União Europeia, cujos agentes - com o auxílio dos serviços secretos do Vaticano - tentam desvendar um enigma que parece unir a intolerância da Inquisição, o despotismo fascista e o integralismo islâmico numa só frase: "Um dia alguém vingará o sangue dos inocentes".
Um muçulmano capturado por uma célula terrorista, um jesuíta especializado na heresia, um conde francês obcecado por uma dramática herança familiar, um homem misterioso - o Facilitador - que na sombra manipula os fios do poder, bem como uma intrépida jovem dos serviços antiterrorista, protagonizam este livro apaixonante acerca da vingança e traição, com o violento conflito entre Oriente e Ocidente como pano de fundo.



Boa Praia
 
 
Ilustração de Denis Zilber
 
 Bom Fim de Semana com Boas Leituras
 
 

agosto 14, 2013

URBANO TAVARES RODRIGUES, 1923-2013



"A minha desforra é escrever"
                                                   Urbano Tavares Rodrigues
 
 
 

Urbano Tavares Rodrigues nasceu em Lisboa, a 6 de dezembro de 1923, filho de uma família de grandes proprietários agrícolas de Moura, Alentejo.
Grande conhecedor de Manuel Teixeira Gomes, foi sobre este autor que elaborou a sua tese de licenciatura em Filologia Românica, em 1950. Foi ainda sobre Manuel Teixeira Gomes que incidiu a sua dissertação de doutouramento em 1984.
Desde cedo a sua oposição ao Estado Novo impediu-o de lecionar em Portugal.
Foi preso e torturado em Caxias e partiu para um longo exílio em França, onde foi leitor de português nas universidades de Montpellier, Aix e Paris, entre 1949 e 1955.
Em Paris conheceu alguns dos intelectuais da década de 1950, entre eles Albert Camus, de quem foi amigo.
 
"Fui amigo do Camus, conheci um pouco Sartre, dei-me com ele, estivemos juntos num congresso para a liberdade da cultura em Florença. Com o Malraux dei-me pouco mas é como se me tivesse dado sempre."
 
Como jornalista, trabalhou no Diário de Notícias (tendo entrado em 1946), Diário de Lisboa, Artes e Letras, Jornal do Comércio e O Século, entre outros. E como repórter viajou pelo mundo inteiro: 
 
"Em 1961 vou a Cuba no momento do ataque [Baía dos Porcos] e conheço pessoalmente e travo relações de amizade com alguém que ia marcar toda a minha vida: O Che Guevara. Tivemos conversas muito interessante, algumas, justamente, sobre poesia. "A poesia de alta qualidade, mesmo quando não parece diretamente ligada ao processo revolucionário, é sempre progressista. Porque a beleza em si é uma forma de progresso, de aperfeiçoamento do ser humano", disse-lhe. O Guevara deu-me esta resposta de que nunca me esqueci: "Talvez tu tenhas razão. Mas se puderem dar um jeitinho para o nosso lado, agradeço!". Isto era o Che." 
 
 
 

 
 
 No passado mês de julho entregou à sua editora na Dom Quixote o seu último livro "Nenhuma Vida", que será publicado ainda este ano. É um romance que assinalará os 90 anos do escritor e aborda questões que Urbano Tavares Rodrigues tratou na sua obra, mas também ao longo da sua vida, como as lutas políticas e sociais, a solidariedade, as relações humanas, a sexualidade e o erotismo.
O romance terá um prefácio escrito pelo próprio e é já uma despedida. "Daqui me vou despedindo, pouco a pouco, lutando com a minha angústia e vencendo-a, dizendo um maravilhado adeus à água fresca do mar e dos rios onde nadei, ao perfume das flores e das crianças, e à beleza das mulheres. Um cravo vermelho e a bandeira do meu Partido hão-de acompanhar-me e tudo será luz". 
 
  um romance muito curto e onde está todo o espírito do autor"
                                                Cecília Andrade, sua editora





Urbano Tavares Rodrigues foi distinguido com os galardões literários da Associação Internacional de Críticos Literários e da Imprensa Cultural, bem como com os prémios Ricardo Malheiros, Aquilino Ribeiro, Fernando Namora, Jacinto do Prado Coelho, Camilo Castelo Branco e o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores em 2003.

"Ainda não tive o Prémio Camões porque soube recentemente que há membros do juri que dizem: esse comunista não terá o Prémio Camões", acusou.

Em 2010 a Biblioteca Nacional adquiriu o espólio do escritor.

A 30 de maio de 2012, foi homenageado na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, homenagem essa que contou com a presença do Secretário de Estado da Cultura de então, Francisco José Viegas, de Helena Carvalhão Buescu e do próprio.

Este ano foi o autor homenageado, a par de Manuel António Pina, na Póvoa de Varzim, na 14ª edição do Festival Literário Correntes d'Escritas, o qual, por motivos de saúde não pode estar presente.

Em julho passado, a Federação Nacional dos Professores anunciou a criação do Prémio de Novela e Romance Urbano Tavares Rodrigues, no valor de 7500 euros. O galardão será atribuído a 5 de outubro e pretende distinguir obras literárias, de poesia ou ficção narrativa, de professores no ativo ou aposentados, de qualquer grau de educação e de ensino.

Urbano Tavares Rodrigues, faleceu aos 89 anos, a 9 de agosto deste ano.
O seu velório realizou-se na Sociedade Portuguesa de Autores, na sala Carlos Paredes, por vontade expressa do próprio.

No dia da sua morte, o seu amigo Manuel Alegre homenageou-o com o seguinte poema:


Na Morte de Urbano Tavares Rodrigues

No dia 9 de agosto de 2013
houve uma vaga de calor. De certo modo
ele morreu dentro de um seu romance.
Não foi notícia de abertura. Os telejornais
mostraram mulheres gordas em Carcavelos
e um sujeito pequenino (parece que ministro)
a falar de "cultura política nova".
Mais tarde este dia será lembrado
como a data em que morreu
Urbano Tavares Rodrigues.

                               Manuel Alegre, Lisboa, 9/08/2013


Muitos dos seu livros estão traduzidos na Alemanha, Bulgária, Egito, Espanha, França, Grécia, Polónia, República Checa, Suécia e Ucrania.

O Leitor pode lê-los em português, é só visitar-nos
 
Esperamos por si


 
 
 

agosto 09, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA

 
 
A revista francesa Le Magazine Littéraire escolheu dez escritores estrangeiros que os franceses não podem deixar de ler e,
entre esses dez, figura a escritora portuguesa Lídia Jorge.
 

"Fiquei muito feliz com esta distinção. Foi uma surpresa para mim, não sabia que estavam a organizar este dossiê. Penso que fizeram uma leitura atenta dos meus livros e valorizaram a ligação com a terra, com a história do meu País", disse a escritora numa entrevista ao jornal Correio da Manhã.
 
Já em maio, Lídia Jorge tinha sido distinguida pela Associação de Escritoras e Escritores em Língua Galega com o galardão "Escritora Galega Universal", prémio que se junta a uma série de distinções literárias, como o Prémio D. Dinis, o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores, o Prémio Jean Monet de Literatura Europeia, entre outros.
 
Veja  aqui e fique a conhecer mais sobre a vida e a obra de Lídia Jorge.
 
 
O Leitor já adivinhou que é um livro da escritora Lídia Jorge
a nossa sugestão de leitura de fim de semana.
 
Mas qual?
 
É um livro que em 2008 ganhou o Prémio Charlet Bisset, em França. Trata-se de um prémio atribuído pela Associação Francesa de Psiquiatria, que recompensam obras que, pela sua qualidade, evocam e aprofundam a problemática humana e que respeitem a verdade dessa problemática.
 
 
Editado pela Dom Quixote
Sugerimos
Combateremos a Sombra
 
 
 

Combateremos  a Sombra conta a história dum psicanalista que numa noite de inverno é visitado por um antigo paciente que lhe traz uma mensagem, cujo sentido Osvaldo Campos nunca conseguirá decifrar. À sua volta a realidade começa a entrançar-se e a desentrançar-se à semelhança das narrativas que lhe são narradas no silêncio do seu gabinete. Nessa mesma noite, ele perde uma mulher e ganha outra, e Maria London, aquela a quem chama a sua paciente magnífica, prepara-se para revelar um segredo que o vai colocar diante duma realidade clandestina de dimensões incalculáveis. E ele é apenas um psicanalista, ou como se intitula a si mesmo, tão-só um decifrador de histórias. Assim, este livro inquietante resulta do mergulho na interioridade de Osvaldo Campos em confronto com um desafio que o ultrapassa. Uma tensão psicológica que conduz o leitor a um lugar de observação único, pela mão de uma escritora que nos habituou a mostrar que nada de mais real existe do que o onírico, e nada de mais fantástico do que o real. 
 
 
 
 
 
 

Banhistas de Nadir Afonso
 
 
 
 Bom Fim de Semana
ou
Boas Férias
 
 
 
 
 
 

agosto 08, 2013

FELIZ ANIVERSÁRIO JOSTEIN GAARDER


"Para nos tornarmos bons filósofos precisamos unicamente da capacidade de nos surpreendermos."
                                                                                                      Jostein Gaarder
 
 
 
 
 

Jostein Gaarder nasceu  em Oslo, a 8 de agosto de 1952, e é professor de filosofia do ensino secundário. Desde 1986, tem publicado diversos contos e romances para crianças e jovens, tendo sido distinguido com importantes prémios literários no seu país de origem.
Consagrou-se como escritor a nível internacional quando, em 1991, publicou Sofies Verden (O Mundo de Sofia), obra que veio a constituir em enorme sucesso, acabando por ser traduzida para cerca de meia centena de idiomas.
 
"Continuo a considerar-me um professor. Depois de escrever o Mistério do Jogo das Paciências, o meu primeiro grande suceso, ganhei prémios e pensei tornar-me escritor a tempo inteiro. Foi por isso que escrevi O Mundo de Sofia, baseando-me na minha experiência a ensinar jovens. Não podia podia desperdiçar isso, e senti que era um dever escrever esta obra. Disse à minha mulher: "Estou a escrever um livro que, provavelmente, não nos dará dinheiro nenhum". Ela disse: " Então escreve-o rápido". E escrevi. Em três meses, durante 15 horas por dia. O meu editor na Noruega hesitou em publicá-lo porque é um livro híbrido. É sobre filosofia, mas ainda assim, um romance. Na altura, escrevi um cartão à editora a agradecer por publicarem um livro por razões culturais. Não tardou muito até serem eles a agradecer".
 
 
" O Mundo de Sofia de Jostein Gaarder é um sucesso literário só comparável ao Nome da Rosa de Umberto Eco"
                                                                                                             Der Spiegel
 
 
 
Em 1994, o norueguês Jostein Gaarder figurou nas listas de best-sellers com o seu romance O Mundo de Sofia. Sofia, com 14 anos de idade, encontra um dia na caixa do correio dois bilhetes deixados por um desconhecido, em que estão escritas as seguintes perguntas: "Quem és?" e "De onde é que viemos?". Com estas interrogações começa a maior aventura de toda a sua vida, um passeio emocionante pela história da filosofia europeia. Toda a história se baseia na relação das duas personagens principais. Alberto Knox, um estranho e apaixonado professor, que fez da filosofia a sua razão de viver, explica à jovem e curiosa Sofia Amundsen a vida e a obra dos grandes pensadores da humanidade. A genial combinação de questões básicas da filosofia, aliada a um enredo emocionante que situa o leitor no centro da ação, é uma das razões do enorme sucesso do romance.
 
"Tornei-me famoso por afirmar que o mundo existe"
                                                                                                  Jostein Gaarder
 
 
 
 Os outros livros que Jostein Gaarder escreveu, o leitor já sabe onde os pode requisitar, na Biblioteca da sua cidade.
 

A Good Book por Stan Moeller
 
 
Boas Leituras
 



agosto 02, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA

 
Ilustração de Karen Rhiner

Pergunta o Leitor o que faz aquela senhora com tantos livros?
 
É simples, a família vai de férias mas,
antes de fazer a mala vieram
à Biblioteca Municipal escolher livros para toda a família.
 
Simples e barato.
  

E como naquela família a mãe gosta de livros policiais,  "A paciente misteriosa " da escritora inglesa P.D. James também vai de "férias" ou de "fim de semana".
 
"A maior escritora contemporânea de policiais", segundo Peter Kemp, do Sunday Times é a nossa sugestão de leitura de fim de semana.
 
 
 
A Paciente Misteriosa
De P. D. James
Editado pelas Publicações Europa-América



 
 
Quando Rhoda Gradwin, uma famosa jornalista de investigação é internada na clínica privada do Sr. Chandler-Powell, em Dorset, para uma operação de rotina, nada fazia prever a sua morte súbita.
A vida no Solar de Cheverell, a pitoresca casa de campo que alberga a clínica, é perturbada quando uma segunda vítima é encontrada.
Que mistérios encerra o Solar de Cheverell?
Quem matou as duas vítimas?
Adam Dalgliesh e a sua equipa são chamados para investigar os dois crimes e descobir a verdade.
 
O que importa é o enigma: quem, como e porquê.
As pistas são apresentadas e o desafio lançado: quem é mais esperto, a autora ou o leitor?
 
 
 

 
 
"Don't just plan to write. Write. It is only by writing,
 not dreaming about it, that we dvelop our own style"
                                                                                                             P. D. James
 
 




Phyllis Dorothy James, faz amanhã 93 anos, é uma escritora britânica de romances policiais, que adota o nome de P. D. James para assinar as suas obras. É reconhecida como uma das escritoras que mais influenciaram o romance policial, sendo particularmente notável a forma como caracteriza as suas personagens, os ambientes e os detalhes.
Os seus livros tem duas personagens principais: a jovem detetive privada Cordelia Gray e Adam Dalgliesh, inspetor-chefe da Scotland Yard, de meia idade, que surge pela primeira vez em 1962 no romance Cover Her Face (O enigma de Sally).
P.D. James trabalhou na direção do Norh West Regional Hospital em Londres de 1949 a 1968 e mais tarde, depois da morte do marido, no Ministério do Interior, no departamento da Policia Criminal.
Em 1983 foi distinguida com a Ordem do Império Britânico. Foi igualmente nomeada Par do Reino na Câmara dos Lordes, recebendo o título de Baronesa James de Holland Park.
Em 1992 foi distinguida com o Doutoramento em Literatura pela Universidade de Buckingham e em 1993 pela Universidade de Londres. É membro da Royal Society of Literature.
Muitos dos seus policiais foram adaptados à televisão em 1985 e 1986.
 
 
P. D. James ganhou vários prémios entre eles:
  • Silver Dagger 1971
  • Silver Dagger 1975
  • Silver Dagger 1986
  • International Macavity Award 1987
  • Diamond Dagger 1987 pela carreira literária
  • Grand Master Award 1999


Ilustração de Tracy Flickinger


AAhhhhh!!!... foi aquele que matou a Rhoda !!!???
 
Bom Fim de Semana
ou Boas Férias





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