março 29, 2023

VIOLETA


"- Não és nenhuma fedelha. Defende a tua independência, não deixes que ninguém decida por ti. Para isso, tens de ser capaz de te desenrascar sozinha. Entendido? - disse-me ela.
Nunca esqueci essa advertência."



Violeta del Valle é a primeira rapariga numa família de cinco irmãos truculentos. Nasce num dia de tempestade, em 1920, quando ainda se sentem os efeitos devastadores da Grande Guerra e a gripe espanhola chega ao seu país natal, na América do Sul.
Graças à ação determinada do seu pai, a família sairá incólume desta crise, apenas para ter de enfrentar uma outra: a Grande Depressão. A elegante vida urbana que Violeta conhecia até então muda drasticamente. Os Del Valle são forçados a viver numa região selvagem e remota, onde Violeta atinge a maioridade e viverá o primeiro amor.
Décadas depois, numa longa carta dirigida ao seu companheiro espiritual, o mais profundo amor da sua longa existência, Violeta relembra desgostos amorosos e apaixonadas relações, momentos de pobreza e de prosperidade, perdas terríveis e alegrias imensas. A sua vida será moldada por alguns dos momentos mais importantes da História: a luta pelos direitos da mulher, a ascensão e queda de tiranos, os ecos longínquos da Segunda Guerra Mundial.


Violeta é um romance de celebração.
Dos 80 anos de vida da autora e 40 de percurso literário


Isabel Allende nasceu a 2 de agosto de 1942, em Lima, no Peru. Viveu no Chile entre 1945 e 1975, com largos períodos de residência noutros locais, na Venezuela até 1988 e, desde então, na Califórnia.
Em 1982, o seu primeiro romance, A Casa dos Espíritos, transformou-se num dos títulos míticos da literatura latino-americana. A obra resultou num filme com o mesmo nome, realizado em 1993 por Bille August, com os atores Jeremy Irons, Meryl Streep, Glen Close, Winona Ryder e Antonio Banderas, tendo grande parte das rodagens decorrido em Lisboa e no Alentejo. 
Seguiram-se muitos outros livros, todos êxitos internacionais e que podem ser requisitados na Biblioteca Municipal. A sua obra está traduzida em trinta e cinco línguas e vendeu mais de sessenta e sete milhões de exemplares. Recebeu mais de cinquenta prémios internacionais e treze doutoramentos honorários. Em 2010, foi galardoada no Chile com o Prémio Nacional de Literatura.
Em 2014, recebeu  de Barack Obama a Medalha Presidencial da Liberdade.
Em 2020, recebeu o Prémio Liber, outorgado pela Federación de Gremios de Editores de España, que a classifica como a autora latino-americana mais destacada da atualidade.
Escrito durante o período da pandemia, o livro que hoje destacamos, Violeta, nasce da sua vontade de contar a história da sua mãe, Doña  Panchita, falecida em 2018.
A sua vida inspirou uma minissérie de 3 episódios, num original da HBO Max, transmitido em 2022 na TVI.



" Há um tempo para viver e um tempo para morrer. 
Entre ambos, há tempo para recordar. 
Foi isso que fiz no silêncio destes dias em que pude escrever 
os pormenores que me faltam ..."




março 24, 2023

AS PESSOAS INVISÍVEIS



José Carlos Barros nasceu a 19 de julho de 1963, em Boticas.
É licenciado em Arquitetura Paisagista pela Universidade de Évora. Vive e trabalha no Algarve, em Vila Nova de Cacela. Tem exercido atividade profissional no âmbito do ordenamento do território e da conservação da natureza e foi diretor do Parque Nacional da Ria Formosa. Foi também técnico superior do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina e da Direção Regional do Ambiente do Algarve. Foi ainda vereador municipal na Câmara Municipal de Vila Real de Santo António e deputado na Assembleia da República de 2015 a 2019.

Recebeu vários Prémios Literários:
  • Prémio Nacional de Poesia Sebastião da Gama
  • Prémio Guerra Junqueiro
  • Prémio Literário Vila de Fânzeres
  • Prémio de Poesia Fernão de Magalhães
  • Prémio Leya 2021 por unanimidade e numa prova cega.

"Este livro foi escrito em dez anos. Se não tivesse ganho este prémio, como diria aos meus netos que o avô tinha estado dez anos da sua vida a escrever um livro que ninguém ia ler. Fico contente que por causa do prémio o livro seja falado, mas principalmente lido."


E é o romance vencedor do Prémio Leya 2021, 
As pessoas Invisíveis 
a nossa sugestão de leitura para o seu fim de semana


Em 1980, é encontrado em Berlim um caderno que relata a descoberta, em terras portuguesas, de uma jazida de ouro, segredo que levará o leitor aos anos da Segunda Guerra Mundial, à exploração de volfrâmio e à improvável amizade de um engenheiro alemão com o jovem Xavier Sarmiento, que descobre ter o dom de curar e se fascina com a ideia de Poder. É a sua história, de curandeiro e mágico a temido chefe das milícias, que acompanharemos ao longo do romance, assistindo às suas curas e milagres, bem como aos amores clandestinos e à fuga para África.
Percorrendo episódios da vida portuguesa ao longo de cinco décadas - das movimentações na raia transmontana, durante a Guerra Civil de Espanha, à morte de Francisco Sá Carneiro, As Pessoas Invisíveis é também a revisitação de um dos eventos mais trágicos e menos conhecidos da nossa história colonial: o massacre de um grande número de nativos forros, mostrando como o fim legal da escravatura precedeu, em muitas dezenas de anos, a sua efetiva abolição.



"E este pensamento unia-o à jovem magricela numa cumplicidade que não estava ainda preparado para compreender, embora lhe parecesse cada vez mais certo que há muitas pessoas no mundo que são invisíveis e que quase nenhuma sabe da invisibilidade das outras."








março 16, 2023

TODA A GENTE NESTA SALA UM DIA HÁ DE MORRER



"- É aqui que temos o computador.
O Jef mostra-me um enorme computador de secretária. Ele acabou de me fazer uma visita guiada à igreja para me dar alguma orientação no meu primeiro dia. Tem as mãos nas ancas e está a franzir o sobrolho apreensivamente perante a primordial máquina de tom bege.
- Sabes ligá-lo? - pergunta-me de modo tímido.
Carrego no proeminente botão START. O computador emite um ruído como um cortador de relva reanimado.
- Uau! - o rosto do Jef ilumina-se ao mesmo tempo que o monitor. - Não posso acreditar que já o tenhas posto a funcionar!
Sorrio, nervosa, satisfeita por descobrir que este homem fica facilmente impressionado."


"O equilíbrio perfeito entre macabro e divertido" 
                                                                                                                                       Buzzfeed




Gilda não consegue parar de pensar na morte, imaginando cenários terríveis e improváveis que a deixam de coração aos saltos e com falta de ar. A sua ansiedade é tão grave, que os funcionários das urgências já a conhecem. Desesperada por encontrar algum alívio, dirige-se a uma igreja católica que oferece serviços de psicoterapia, onde é recebida pelo padre Jeff, que depreende que ela está ali para uma entrevista de emprego. Demasiado envergonhada para o corrigir, Gilda confirma e acaba por ser contratada como rececionista, para substituir a antiga funcionária, Grace, uma mulher idosa recentemente falecida.
O problema é que Gilda não só não é católica como também é ateia e lésbica. Sentindo que tem de manter as aparências, decide aprender os procedimentos da igreja, enquanto tenta ganhar coragem para lavar a pilha de louça que se acumula no chão da sua casa e convencer a namorada de que, apesar do aspeto cada vez mais preocupante, está tudo bem consigo.
No decorrer das suas funções, Gilda encontra a correspondência trocada entre Grace e a sua velha amiga Rosemary, mas não tem coragem de lhe dar a má notícia, pelo que começa a fazer-se passar por Grace por e-mail, encontrando algum consolo naquela troca de palavras generosas. Contudo, quando a morte de Grace começa a ser investigada pela polícia, Gilda vê-se obrigada a lidar com as mentiras que contou e que podem revelar a toda a gente a forma como tem verdadeiramente vivido.  



Emily Austin nasceu em Ontário, no Canadá, e vive atualmente em Otava. Estudou Literatura Inglesa e Ciências da Informação e da Documentação na Western University.
Trabalhou como livreira, professora e técnica de informação. Em 2020, recebeu uma bolsa de escrita criativa do Canadian Council for the Arts.
O livro que hoje sugerimos aos nossos Leitores é o seu primeiro romance e tem recebido ótimas críticas, quer dos leitores quer de outros autores.

"Até agora, apenas pus "gosto" acidentalmente em dois tweets inapropriados a partir da conta da igreja, tendo-me esquecido de que não estava a usar a minha conta pessoal."









março 08, 2023

DEZ MULHERES INESQUECÍVEIS QUE MARCARAM O SÉCULO XX


Maria Callas é indissociável da sua voz. Marie Curie amou a ciência acima de tudo, Coco Chanel, a moda e Marguerite Yourcenar, a sua literatura. A extravagante Gala Dalí entregou-se à arte, enquanto Wallis Simpson se deixou fascinar pelo estatuto e pela riqueza. Golda Meir amou a terra, o povo e um projeto político; a atriz Marlene Dietrich, por seu turno, amou homens, mulheres e a sétima arte. Jacqueline Kennedy Onassis viveu sempre perto de homens de poder; já madre Teresa de Calcutá entregou-se a Deus e ao outro, sem limites.


Uma História fascinante sobre as mulheres que desafiaram convenções, 
alcançaram o êxito e o poder e amaram sem limites.
Os seus feitos ajudaram a moldar o século XX 
e abriram portas a muitas outras mulheres pelo mundo fora.


"Quando escolhi Dez mulheres que amaram demais para título deste livro, estava, obviamente, a debruçar-me sobre um tema que sempre me interessou e que reporta à vida de grandes mulheres que, tendo-se distinguido nos mais variados campos, souberam alcançar fama e poder, mas também se apaixonaram de forma explosiva. (...)
O amor físico e carnal, erótico e sensual terá sido componente destas vidas, apesar de constituir o lado menos conhecido de algumas delas. O qual, nem por isso, deixou de as completar como mulheres. E, afinal, é esse lado mais obscuro que este livro procura revelar. (...)
A vida desta dezena de mulheres marcou, para o bem ou para o mal, uma boa parte do século passado."
Helena Sacadura Cabral




março 02, 2023

CONCURSO NACIONAL DE LEITURA 2023_FASE MUNICIPAL

Realizaram-se ontem, dia 01 de março, as provas escritas da Fase Municipal do Concurso Nacional de Leitura. De acordo com o previsto no n.º 2, do art.º 6.º das Regras do Concurso, ficam apurados para a prova oral (leitura expressiva) os seis alunos de cada nível de ensino com melhor resultado na prova escrita. Assim, os alunos apurados para a prova oral, a realizar no próximo dia 10 de março, em sessão presencial, na Biblioteca Municipal, são os seguintes:





março 01, 2023

A POESIA ESTÁ VIVA E DE BOA SAÚDE


O gato lembra-se de ti nos intervalos. Espera
de olhos acesos as histórias que nos contas.
Passeia-se inquieto sobre o meu parapeito e eriça
o pêlo, cúmplice, quando pressente que regressas.

Chegas sempre de noite. Sei quem és e ao que vens
e ofereço-te o silêncio de um pequeno quarto recuado,
as sombras das traseiras na minha pele, o tempo
de repetir um gesto inevitável. Ouço-te contar
a mesma lenda com lábios sempre novos. Aprendo-a
e esqueço-a. Nunca a saberemos de cor, o gato ou eu.

Depois partes. Levas contigo a tua voz, mas a música
fica. Eu fecho as portadas devagar. O gato mia baixo
à janela. Ninguém acena: guardamos com os outros
o segredo das tuas visitas. Ambos. O gato e eu.

                                                                                                                     Maria do Rosário Pedreira, 
                                                                                                                     In, Poesia Reunida




Maria do Rosário Pedreira foi a vencedora do Prémio Correntes d'Escritas de 2023.
O Prémio Literário Casino da Póvoa de 2023 foi atribuído ao livro de poesia O Meu Corpo Humano, editado em 2022 pela Quetzal.
O Meu Corpo Humano, foi a escolha do júri composto por Fernando Pinto do Amaral, Helena Vasconcelos, José António Gomes, José Mário Silva e Patrícia Portela, "pela sua coerência temática e estilística, bem como pela sua ousadia na forma como aborda a experiência do corpo humano nas suas múltiplas dimensões (como o desejo, a memória, a morte), incluindo a relação do eu com o outro".


Maria do Rosário Pedreira, escritora, poetisa e editora nasceu em Lisboa a 21 de setembro de 1959.
É licenciada em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Franceses e Ingleses. 
Como editora tem-se dedicado à descoberta e divulgação de novos autores portugueses.
Estreou-se na poesia em 1996 e a sua poesia está representada em numerosas antologias e revistas portuguesas e estrangeiras. Além de poesia, escreveu o romance Alguns Homens, Duas Mulheres e Eu
 e duas séries de livros juvenis que foram adaptados à televisão.
Recebeu vários prémios literários e participa regularmente em encontros de escritores nacionais e estrangeiros.
Poesia Reunida, publicado em 2012, e que hoje divulgamos aos nossos leitores, foi distinguida com o Prémio da Fundação Inês de Castro.
Mantém o blogue Horas Extraordinárias (horasextraordinarias.blogs.sapo.pt), no qual partilha a sua paixão pelos livros.




"Um pequeno livro de poesia que é um pequeno mundo,
que é uma pequena vida.
A boa poesia é assim: preciosa"
                                                                            José Luís Peixoto




fevereiro 24, 2023

SLAVA UKRAINI

 


"A aparição da Ucrânia no palco central da política europeia e depois americana não é um acaso. A Ucrânia, a maior república pós-soviética a seguir à Rússia e atualmente alvo de agressão por parte desta, nos últimos anos tornou-se num campo de batalha. Ao contrário dos seus vizinhos eslavos a Leste, a Rússia e a Bielorrússia, a Ucrânia manteve sempre instituições e políticas democráticas durante os tumultuosos anos da transição pós-soviética e voltou-se para o Ocidente nas suas aspirações geopolíticas sociais e culturais."
In, A Porta da Europa: Uma História da Ucrânia


"O alvo dos russos não é apenas (...) a Ucrânia, 
o alvo é a estabilidade na Europa e toda a ordem internacional de paz 
e responsabilizaremos o presidente Putin por isso." 
Ursula von der Leyen, Presidente da Comissão Europeia
24/02/2022

Faz hoje um ano que Vladimir Putin invadiu a Ucrânia com a sua autodenominada "Operação Militar Especial". Esperava com isso dominar o território ucraniano rapidamente e tirar do poder Volodymyr Zelensky. A "Operação Militar Especial" devia durar três dias, o tempo necessário para derrubar Zelensky e instalar em Kiev um regime  fantoche. Um ano depois, o presidente ucraniano continua no poder, as forças russas estão entrincheiradas no Donbass e os dois lados estão preparados para continuar as hostilidades.


O que causou a crise na Ucrânia?
Que papel desempenha a história nestes acontecimentos?
O que diferencia os ucranianos dos russos?
Quem tem direito à Crimeia e ao leste da Ucrânia? 
Porque têm as ações ucranianas repercussões internacionais profundas? 




A nossa sugestão de leitura, para responder a estas e outras perguntas.
Para compreender os acontecimentos atuais na Ucrânia e o seu impacto no mundo.
 







fevereiro 17, 2023

À PROCURA DO SEU EU INTERIOR


 Comece por espreitar atrás das almofadas do sofá.
É onde tudo se encontra, do comando da televisão 
ao verdadeiro eu!



Passagem para a Índia

"A Serra Nevada é o destino preferido para quem quer esquiar e ficar com um pantone Cinha Jardim na tez, em pleno mês de fevereiro (se é, ou foi, banqueiro, onde se lê "Serra Nevada" deve ler-se "Alpes Suíços"). Nova Iorque ou Tóquio são destinos de eleição para quem aprecia grandes metrópoles. O Brasil é a escolha certa para quem fica "doidão" com o Carnaval (quem fica maluco com o Entrudo mas tem menos orçamento pode ficar pela Mealhada, e ainda come leitão). (...)
O mesmo acontece se dissermos que a Índia é o destino número um para quem procura o seu eu interior. E é isto que eu não consigo entender.
Porquê a Índia?! As associações Serra Nevada-snowboard, Nova Iorque-agitação Rio de Janeiro-sambódromo são coisas que entendo com facilidade. Já a ligação entre a Índia e a autodescoberta custa-me mais a entender.
Normalmente, procuramos as coisas em lugares onde já estivemos. Se perdi a carteira, volto ao estabelecimento onde almocei para perguntar se alguém a viu. Se nunca pus os pés na Índia, por que raio me passa pela cabeça que o meu verdadeiro eu tenha ficado lá? Era mais provável encontrá-lo em Trás-os-Montes, na aldeia de um trisavô, do que num ponto remoto da Índia. Há um sem-fim de motivos para viajar até à Índia: visitar o Taj Mahal, ver de perto o rio Ganges, comer um chicken tikka masala melhor do que aquele do indiano na Almirante Reis, enfim...  (...).
Já todos perdemos um amigo para a Índia. Se ainda não vos aconteceu, deverá estar para breve. E preparem-se, porque é terrível para todas as pessoas que o rodeiam. (...)"


Com a nossa
sugestão de leitura para este fim de semana
vai conseguir descobrir o seu eu interior 
sem precisar de gastar dinheiro numa viagem à Índia.





Ao longo destas páginas vai encontrar conselhos muito úteis para pensar positivo em todas as situações (sim, até na Loja do Cidadão quando faltam 167 senhas), ideias peregrinas para cultivar a sabedoria, a auto-estima, o amor-próprio (e tudo o mais que queira cultivar, quem sabe uma horta caseira...)
Este livro vai dizer-lhe a verdade. E a verdade é como as vacinas: na maioria das vezes dói.
No fundo, este livro é o equivalente àquele amigo muito sincero que lhe diz as verdades todas na cara. É um trabalho sujo, mas alguém tem de o fazer.



Joana Marques nasceu em Lisboa no dia 3 de janeiro de 1986. Seis anos mais tarde, graças à ajuda de uma mental coach, vulgo professora primária, conseguiu aprender a escrever. A partir daí, manteve o foco, acreditou em si, teve pensamentos positivos e nunca mais parou. Escreveu post its, cartas, livros de reclamações e, também, de forma profissional. Guionista desde 2007, foi autora e apresentadora, com Daniel Leitão, do programa Altos&Baixos e, também, na sua versão ao vivo. Faz parte da equipa do programa As Três da Manhã na Rádio Renascença, onde é responsável pela rubrica "Extremamente Desagradável". Era o elemento mais baixo da equipa de autores do programa Gente que não sabe estar, de Ricardo Araújo Pereira.
Foi nomeada Personalidade Feminina Rádio 2019 pela Revista Lux.
Em 2022 recebeu o Globo de Ouro de Personalidade do Ano Digital na categoria Entretenimento.
Viver cada dia como se fosse o último parece perigoso, por isso gosta de viver cada dia como se fosse o primeiro. Gosta de observar o mundo como se tivesse acabado de cá aterrar.
Podemos ler a sua coluna na revista Visão, todas as quintas-feiras, na sala de periódicos da Biblioteca Municipal. 
Desiludida com os livros de auto-ajuda, resolveu escreveu um livro de anti-ajuda, que hoje sugerimos como leitura de fim de semana e que faz parte da mostra bibliográfica O Humor na Literatura, patente no átrio da Biblioteca Municipal.




"Se toda a gente fundisse os fusíveis nesta loucura da autodescoberta quando pisasse solo indiano, os Da Vinci nunca teriam conseguido escrever essa obra-prima que dá pelo nome de Conquistador. O poema iria só até Angola, Moçambique, Goa e ... parou aí. Já não havia Macau para ninguém, nem Timor tão-pouco. Chegavam à Índia e não queriam conhecer mais nada."








fevereiro 08, 2023

O MUNDO REAL É O BAIRRO

Fotografia de Ana Brígida

Cláudia Araújo Teixeira nasceu no Porto, tem três filhos e um cão. Estudou Direito, chegou a pensar em ser advogada, influenciada pela série "Teias da Lei", mas depressa percebeu que, na sua vida, os tribunais fariam parte apenas da ficção. 
Acabou por se licenciar em Ciências da Comunicação e fez carreira na área editorial. Trabalhou com muitos escritores que admira, como Paul Auster e Arturo Pérez-Reverte, sem nunca lhe ter ocorrido dedicar-se à escrita.

A sua estreia literária acontece com o livro que hoje divulgamos,
  Uma vida Assim-Assim, escrito durante o confinamento. 




Às 21h08 do dia 13 de abril de 1970, enquanto a missão espacial Apollo 13 deixa o mundo em suspenso ao anunciar Houston, we´ve had a problem, Cristina Maria nasce num bairro social do Porto. A coincidência escapa por completo aos seus pais, que perdem assim a oportunidade de juntar uma boa história à já sobrelotada mitologia familiar.
A década de 70 está a dar os primeiros passos e um vislumbre de modernidade ilumina o país. As senhoras fazem a mise, os cinemas inauguram as sessões da meia-noite, diz-se bom-dia com Mokambo, abrem os primeiros centros comerciais... Mas se as melhores casas do país se rendem à alcatifa, no Bairro o linóleo não tem rival. Se milhões choram a separação dos Beatles, no Bairro baila-se alegremente ao som dos Diapasão. O Bairro é imune ao mundo, porque o Bairro é um mundo.
Cristina Maria sonha voar mais alto. Vai conhecendo a cidade que pulsa para lá dos limites do Bairro. Descobre-se e reinventa-se nesse lugar. Ela, que se sente especial desde que tem consciência de si, será posta à prova uma e outra vez. Debate-se entre dois mundos igualmente reais, igualmente cruéis. Mas fez uma promessa a si mesma e não tenciona falhar.



"As casas pequenas, encafuadas em blocos uniformes, só distintos pelos números nas fachadas e pelas cores, do amarelo tosco ao vermelho desmaiado, pareciam o resultado de um devaneio infantil. Tudo era quadrado, simétrico, acotovelado, melting pot de cheiros, sons e vidas em metros quadrados compatíveis com um cubo Rubik. Nascer no Bairro é nascer com autossuficiência social. O mundo lá fora é uma abstração, uma espécie de ficção na qual os seus habitantes são meros figurantes. O mundo real é o Bairro. E no Bairro todos são protagonistas"












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