"- É aqui que temos o computador.
O Jef mostra-me um enorme computador de secretária. Ele acabou de me fazer uma visita guiada à igreja para me dar alguma orientação no meu primeiro dia. Tem as mãos nas ancas e está a franzir o sobrolho apreensivamente perante a primordial máquina de tom bege.
- Sabes ligá-lo? - pergunta-me de modo tímido.
Carrego no proeminente botão START. O computador emite um ruído como um cortador de relva reanimado.
- Uau! - o rosto do Jef ilumina-se ao mesmo tempo que o monitor. - Não posso acreditar que já o tenhas posto a funcionar!
Sorrio, nervosa, satisfeita por descobrir que este homem fica facilmente impressionado."
"O equilíbrio perfeito entre macabro e divertido"
Buzzfeed
Gilda não consegue parar de pensar na morte, imaginando cenários terríveis e improváveis que a deixam de coração aos saltos e com falta de ar. A sua ansiedade é tão grave, que os funcionários das urgências já a conhecem. Desesperada por encontrar algum alívio, dirige-se a uma igreja católica que oferece serviços de psicoterapia, onde é recebida pelo padre Jeff, que depreende que ela está ali para uma entrevista de emprego. Demasiado envergonhada para o corrigir, Gilda confirma e acaba por ser contratada como rececionista, para substituir a antiga funcionária, Grace, uma mulher idosa recentemente falecida.
O problema é que Gilda não só não é católica como também é ateia e lésbica. Sentindo que tem de manter as aparências, decide aprender os procedimentos da igreja, enquanto tenta ganhar coragem para lavar a pilha de louça que se acumula no chão da sua casa e convencer a namorada de que, apesar do aspeto cada vez mais preocupante, está tudo bem consigo.
No decorrer das suas funções, Gilda encontra a correspondência trocada entre Grace e a sua velha amiga Rosemary, mas não tem coragem de lhe dar a má notícia, pelo que começa a fazer-se passar por Grace por e-mail, encontrando algum consolo naquela troca de palavras generosas. Contudo, quando a morte de Grace começa a ser investigada pela polícia, Gilda vê-se obrigada a lidar com as mentiras que contou e que podem revelar a toda a gente a forma como tem verdadeiramente vivido.
Emily Austin nasceu em Ontário, no Canadá, e vive atualmente em Otava. Estudou Literatura Inglesa e Ciências da Informação e da Documentação na Western University.
Trabalhou como livreira, professora e técnica de informação. Em 2020, recebeu uma bolsa de escrita criativa do Canadian Council for the Arts.
O livro que hoje sugerimos aos nossos Leitores é o seu primeiro romance e tem recebido ótimas críticas, quer dos leitores quer de outros autores.
"Até agora, apenas pus "gosto" acidentalmente em dois tweets inapropriados a partir da conta da igreja, tendo-me esquecido de que não estava a usar a minha conta pessoal."
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