julho 01, 2022

VOCÊS NÃO ME CONHECEM

 


"(...) Por isso, aqui está a minha confissão. Já testemunhei sob juramento. Sobre a Bíblia Sagrada. Mas Deus sabe que o que lhes disse no banco das testemunhas não foi exatamente toda a verdade. Tinha algumas verdades, não me interpretem mal, muitas verdades, mas também tinha algumas coisas que talvez não fossem verdade. Mas era assim que o meu advogado queria. "Não importa a verdade", dizia, "mas sim aquilo em que conseguem acreditar".
Isso deixou-me aborrecido. Como posso jurar dizer a verdade e depois contar mentiras? Por isso, ontem à noite, enquanto tentava adormecer, pensei no assunto. Pensei muito. E quando acordei, não estava nada satisfeito, acreditem. Por isso, esta manhã, disse-lhe: "Mano, preciso de começar a dizer as coisas como são. Estas alegações finais são a minha última oportunidade".



Um  réu anónimo é acusado de homicídio. Imediatamente antes das alegações finais, o jovem decide dispensar o advogado e fazer a sua própria defesa. Conta-nos que o advogado o aconselhou a omitir algumas coisas. Às vezes, a verdade é demasiado difícil de explicar e nem sequer é verosímil, mas ele considera que, perante a perspetiva de ser condenado a prisão perpétua, o melhor mesmo será expô-la na íntegra.
Existem oito provas contra si. O réu passa em revista cada uma delas, deixando a sua vida nas mãos do leitor, que agora é membro do júri e é obrigado a manter uma mente aberta até conhecer o final da história.


"Nunca leram nada assim"
                                                       Financial Times



Imran Mahmood, nasceu em Liverpool em 1969. É advogado de defesa com mais de 20 anos de experiência. A sua especialidade são casos de crimes violentos, assim como fraude e crimes sexuais. 
O seu primeiro romance, que hoje sugerimos para leitura do seu fim de semana, foi selecionado, em 2018, para o Glass Bell Award. 
Em 2021, foi dramatizado pela BBC e no mês de junho estreou na Netflix, com argumento de Tom Edge, realizado por Sarmad Masud e como protagonistas os atores Samuel Adewunni e Badria Timimi.




"Nunca vai conseguir adivinhar o final"
                                                                                 THE SUN





junho 22, 2022

COMO É QUE TUDO COMEÇARA? NINGUÉM SABIA




Carmen Posadas nasceu no Uruguai a 13 de agosto de 1953, mas vive em Madrid desde 1965. Viveu em Moscovo, Buenos Aires e Londres, cidades onde o pai exerceu cargos diplomáticos.
Começou por escrever para crianças e, em 1984, recebeu o Prémio do Ministério da Cultura Espanhol para o melhor livro infantil desse ano. É ainda autora de ensaios, guiões de cinema e de televisão, de relatos e de vários romances, entre os quais se destaca Pequenas infâmias, galardoado com o Prémio Planeta de 1998, que foi objeto de críticas excelentes no The New York Times e no The Washington Post e que o leitor pode requisitar na biblioteca municipal.
O seu ritmo de trabalho começa cedo, faz a sua ginástica "sempre, aconteça o que acontecer" e só depois se dedica à escrita "até à hora de almoço".
Os seus livros estão traduzidos em vinte e três línguas e estão publicados em mais de quarenta países.
Em 2002, a revista Newsweek aclamou Carmem Posadas como "uma das autoras latino-americanas mais relevantes da sua geração".

Carmen Posadas tem predileção por personagens femininas e o romance que hoje divulgamos, A Mestra de Marionetas", conta a história de três mulheres, avó, mãe e filha. São histórias que se entrelaçam e que, no final, convergem num segredo que temos de adivinhar" diz a autora.



Preferida pelas revistas de sociedade, com uma vida cinzelada a toques de glamour, escândalos e exclusivos, grande senhora do jet set madrileno, toda a gente sabe perfeitamente quem é Beatriz Calanda e quem foram os seus quatro maridos - um ator em voga, um grande intelectual de esquerda, um aristocrata e um banqueiro.
Sim, toda a gente a conhece, mas ninguém, nem sequer os maridos, e muito menos as filhas, sabe quem ela é na realidade, quais as suas origens e o que teve de fazer para se tornar um ícone capaz de arrastar uma corte de paparazzi. Para descobrir o que se esconde por trás desta fachada deslumbrante será necessário viajar até ao passado, até à sua adolescência na Madrid da Transição. E também até à juventude da sua mãe durante os anos obscuros do pós-guerra.


Pintura de Ana Munoz Reyes



"Lita insistia que a curiosidade matou o gato e que se a mãe tinha aqueles álbuns antigos vermelhos tão bem guardados por alguma razão seria, mas a verdadeira história de Beatriz Calanda não estava neles. Como é que tudo começara? Ninguém sabia. Nem sequer Beatriz., uma vez que os capítulos mais recônditos e interessantes da sua existência havia anos que tinham naufragado, como acontece com verdades incómodas, afogadas sob novas versões mais convenientes dos factos, interpretações que, de tanto serem repetidas, acabam por se tornar mais verdadeiras do que a própria realidade." 










junho 17, 2022

QUE LIVRO VOU LER?

 



Que livro vou ler?
São tantos os livros que por vezes o Leitor não sabe que livro ler.


Aceite a nossa sugestão de leitura para o seu fim de semana.
O escritor Stephen King diz que é
"um livro maravilhoso"

Francis Gleeson e Brian Stanhope são agentes da polícia de Nova Iorque e vizinhos num subúrbio da cidade. Não são amigos sequer, apenas colegas. Mas o que acontece na intimidade das suas casas - a solidão de Lena, a mulher de Francis; e a instabilidade de Anne, a mulher de Brian - vai ultrapassar as respetivas esferas familiares e marcar as vidas de todos durante décadas.
Pois embora os dois casais mantenham entre si uma relação tensa, os filhos, Kate Gleeson e Peter Stanhope, são os melhores amigos. Na verdade, amam-se desde que se conhecem. Há algo, porém, que os distingue profundamente. Enquanto Kate tem uma vida fácil e um lar acolhedor, Peter carrega o peso do mundo nos ombros, um peso que nenhuma criança deveria carregar.
E quando Kate tem treze anos e Peter catorze, as duas famílias envolvem-se num confronto devastador. Brutalmente separados, Kate e Peter não conseguem aceitar que terão de viver um sem o outro.






"Um poderoso romance sobre família, trauma e os momentos que definem uma vida. 
Os leitores vão adorar este livro tanto quanto eu"
                                                                    Meg Wolitzer






Mary Beth Keane é uma escritora americana de ascendência irlandesa. Nasceu a 3 de julho de 1977, no Bronx, Nova Iorque e frequentou a Barnard College e a Universidade da Virgínia. Recebeu a conceituada bolsa John S. Guggenheim para a escrita de ficção, bem como menções honrosas da National Book Foundation, PEN America e da Hemingway Society. Direi Sempre que Sim é o seu livro mais recente e foi um êxito junto da crítica e dos leitores, tendo entrado diretamente para a lista de livros mais vendidos do New York Times.
A adaptação para cinema e televisão está atualmente em desenvolvimento.






junho 08, 2022

EXPOSIÇÃO "VOLTAR AOS PASSOS QUE FORAM DADOS"

É preciso voltar aos passos que foram dados, 
para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. 
É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já”.
José Saramago, 
Viagem a Portugal


Está patente ao público na Biblioteca Municipal a exposição "José Saramago: Voltar aos passos que foram dados", disponibilizada pela Fundação José Saramago, em parceria com o Instituto Camões e com a Direção-Geral do Livro, dos Arquivos e das Bibliotecas, no âmbito das comemorações do Centenário do Nascimento do escritor, Prémio Nobel da Literatura 1998.
A exposição é composta por um conjunto de 15 painéis, concebidos em função do trajeto pessoal e literário de José Saramago. Deve ser entendida como uma narrativa, constituída por uma seleção de textos da responsabilidade de Carlos Reis e Fernanda Costa e com desenho gráfico de André Letria. Trata-se de uma “viagem” orientada para a leitura e releitura de Saramago.
A exposição irá estar patente ao público no átrio da entrada da Biblioteca Municipal, de 12 de maio a 16 de novembro, dia em que se assinalam os 100 anos do nascimento do escritor, e é acompanhada por uma mostra bibliográfica de obras do autor.  Pode ser visitada de 2.ª a 6.ª feira, das 09h00 às 12h30 e das 13h30 às 17h00.











junho 03, 2022

JUBILEU OU FESTAS DA CIDADE?

Começaram ontem, dia 2 de junho, os festejos do Jubileu de Platina da Rainha Isabel II. Uma homenagem aos 70 anos de reinado, de compromissos públicos e visitas ao estrangeiro.
São quatro dias de celebrações, que vão desde desfiles militares a um serviço religioso, a festas de rua a um show pop do lado de fora do Palácio de Buckingham.

A Biblioteca Municipal não quer deixar de assinalar tão importante data 
e convida os seus leitores a confecionarem 
o Bolo de Chocolate preferido da Rainha



"Pode ser sábado, domingo ou segunda-feira... pode ter um encontro com o primeiro-ministro, com o Papa ou com o Dalai Lama... pode estar em Londres, em Windsor ou na Conchichina... mas uma coisa é garantida: a Rainha Isabel II vai comer uma fatia de bolo de chocolate sem farinha e com pedaços de bolacha misturados na massa. O chocolate biscuit cake é o único bolo que a Rainha faz questão de comer todos os dias, até à última migalha. Darren McGrady foi o seu chef particular durante 11 anos e garante que este "é o único bolo que lhe é servido todos os dias até acabar". Em relação aos outros bolos, a Rainha tira uma pequena fatia e deixa o resto para o seu staff comer. Mas o bolo de chocolate não - tem de ser ela a comer o bolo sozinha. E se alguém tirar uma fatia, ela vai notar. Além disso, se o bolo estiver a meio e Isabel II tiver uma viagem marcada, o bolo também viaja. Noutro comboio, claro, que os bolos não têm estatuto para viajarem ao lado da realeza - mas viaja. Cá em casa chamamos-lhe "o bolo da rainha."
Por Ele, 
In, 101 receitas que tem de fazer pelo menos uma vez na vida


Os ingredientes, que são só 6, e a explicação da confeção estão neste livro, 
que o Leitor pode requisitar na sua biblioteca




Caro Leitor, 
se não poder comparecer no Jubileu da Rainha Isabel II,
 Venha à Biblioteca, requisite o livro, 
faça o bolo e divirta-se nas
Festas da Cidade











maio 25, 2022

A MARINHA GRANDE ...

 


Marinha Grande, anos 90?


"(...) A Marinha Grande tem história, porque tem alma. A força da sua alma advém-lhe da força do trabalho, da força das suas populações que ao longo dos séculos construíram uma cidade, um concelho à sombra de uma "Catedral verde e sussurrante". Foram esses homens humildes ou importantes, ricos ou pobres, que a serrar as tábuas que foram nas caravelas à Índia, que à boca do forno moldaram obras primas, que travaram a mais dura das batalhas, a batalha do trabalho e realizaram a mais importante das revoluções, a revolução dos espíritos indomáveis, a revolução do progresso. A obra tem justamente um inegável interesse de representar, ou melhor, tentar representar a expressão completa e multiforme do concelho da Marinha Grande, em todos os seus aspetos laborais, sociais, culturais e humanos."  
                                                                                                       Víctor Hugo Beltrão, 1935-2018    
                                                                                                                                                                                            



Parque de Merendas, Portela, Marinha Grande


Amanhã é feriado municipal, dia em que os marinhenses 
" se juntavam nos lugares mais aprazíveis do Pinhal ou das praias para almoçarem e merendarem em convívio uns com os outros. Escolhiam-se principalmente a Praia Velha, a Fonte das Canas, o Samouco, as Árvores, a Ponte Nova, o Tremelgo, a Valdimeira; e os que não tinham transporte quedavam-se pelo pinhal da Guarda Nova"



A descrição de uma cidade, as suas vicissitudes ao longo do tempo, 
as suas origens e percurso 
é a nossa sugestão de leitura para o seu feriado.




"O grande amor que nutro pela Marinha Grande, minha terra natal, 
levou-me um dia a pensar escrever um livro onde pudesse responder às perguntas que frequentemente nos são feitas sobre como se fundou, povoou e desenvolveu esta cidade"
                                                                                                 João Rosa Azambuja, 1921-1994




A "Cidade da Marinha Grande - Subsídios para a sua História"
 torna-se um instrumento de trabalho para quem queira e precise de conhecer  e aprofundar a história do concelho da Marinha Grande"
                                                                                     Víctor Hugo Beltrão, 1935-2018



maio 20, 2022

AS VIÚVAS DE DOM RUFIA

"A rua estendia-se de gente. A fila das viúvas havia-se dissolvido no todo da multidão, assim que as gentes saíram de casa para a rua, mas logo que o cortejo arrancou voltou a unir-se, muito junta, como se fossem todos da família do morto. As viúvas de Dom Rufia iam juntas, algumas de braço dado, esquecendo a vergonhosa briga de instantes antes. Enchiam os lenços de desgosto, pensado, certamente, nos bons momentos que haviam passado com o falecido ou na paixão que ainda lhe tinham. Domitilia, Acélia, Joaquinita, Maria de Jesus, Cremilda, Mariana, Antónia do Preto e até Armindinho Costureira, vestido de viúva, cercaram a pobre tia, Maria Teresinha, e seguiam logo atrás do esquife."


Um romance irresistível e cheio de humor
cuja ação decorre no Alentejo no início de século XX e com personagens
 fascinantes e inesquecíveis 
é a nossa sugestão de leitura de fim de semana 




Conhecido por Dom Rufia desde moço, Firmino António Pote, criado sem recursos numa vila alentejana, promete a si mesmo tornar-se rico. Negando-se à dureza do trabalho do campo, divide durante anos a sua sobrevivência entre o ócio e alguns negócios frugais. Mas, já nos trinta, munido de assombrosa imaginação, bonito como poucos e gozando de uma enorme capacidade de persuasão, sobretudo entre as mulheres, lobriga várias maneiras de alcançar o seu objetivo, fingindo continuamente ser quem não é. Para isso, porém, é obrigado a viver em vários lugares ao mesmo tempo, dando a Juan de los Fenómenos, um velho chileno em busca de proezas sobre-humanas, a ilusão da ubiquidade.
Quando o corpo sem vida de Dom Rufia é encontrado no meio do campo, a recém-empossada Guarda Republicana não imagina as surpresas que o funeral reserva. O aparecimento de uma estranha carta assinada pelo tio do morto é só o princípio da desconfiança de que ali há mão criminosa.



Carlos Campaniço nasceu em Safara, no concelho de Moura em setembro de 1973.
É licenciado em Línguas e Literaturas Modernas, variante de Estudos Portugueses, pela Universidade do Algarve, onde obteve também o grau de Mestre em Culturas Árabe e Islâmica e o Mediterrâneo.
Os seus romances de época têm-se centrado nas comunidades e vivências rurais alentejanas, nas sociedades estratificadas de então e no seu imaginário coletivo.

Para além do romance que hoje sugerimos como leitura para o seu fim de semana, o leitor poderá requisitar outro romance do autor, Mal Nascer, que foi finalista do Prémio Leya em 2013 e galardoado, em 2014, com o Prémio Mais Literatura da revista Mais Alentejo.




"Até que o padre perguntou se alguém queria despedir-se dos restos mortais de Firmino. Maria Teresinha fez-lhe um pranto comovente e beijou-o demoradamente; o tio Homero deu-lhe um beijo na testa sem dizer palavra, mas muito trémulo de mãos; Cremilda, que estava próxima, deixou o braço do marido, e também o beijou, depois Acélia, depois Domilitia, depois Mariana, depois Maria de Jesus, depois Antónia do Preto, depois Joaquinita, depois Armindinho, sem coragem pública para o beijar, fez-lhe uma festa nas mãos que se cruzavam em cima do peito"










maio 11, 2022

O QUE É O ÍNDICE DE FELICIDADE?


"(...) Os papéis estavam ordenados em cinco ou seis pilhas: equações escritas à mão, gráficos, números soltos, o costume. Havia uma folha com uma tabela que ocupava toda a página. Não era uma coisa invulgar naquele quarto, mesmo nas paredes havia tabelas coladas com fita-cola. Mas, repara, o título desta tabela era: ÍNDICE DE FELICIDADE.
O que é isto?
Ele apenas respondeu: 
Estatísticas.  
Peguei na folha e voltei-a. A tabela continuava do outro lado. Era uma lista de países, 149 países, ordenados pelo Índice Médio de Felicidade. O primeiro da lista era a Costa Rica, o último o Togo. As linhas 127, 128, 129 e 130 da tabela - Bulgária, Burkina Faso, Congo e Costa do Marfim, respetivamente - tinham sido sublinhadas com marcador verde. 
O que é o Índice de Felicidade?, perguntei."




Índice Médio de Felicidade
 é um romance admirável e extremamente atual sobre um otimista, que luta até ao fim pela sua vida 
e pela felicidade daqueles que ama.


Em 2015 venceu o 
Prémio União Europeia para a Literatura
e em 2016 foi-lhe atribuído o 
Prémio Salerno Libro D'Europa
atribuído a autores com menos de 40 anos.



Em 2017 Índice Médio de Felicidade foi adaptado para cinema pelo realizador Joaquim Leitão, com argumento do próprio autor, David Machado, em parceria com Tiago Santos, fazendo parte do elenco, entre outros, os atores Marco D'Almeida, Dinarte de Freitas, Ana Marta Contente e Lia Gama.

Marco D'Almeida no papel de Daniel

Daniel tinha um plano, uma espécie de diário do futuro, escrito num caderno. Às vezes voltava atrás para corrigir pequenas coisas, mas, ainda assim, a vida parecia fácil - e a felicidade também. De repente, porém, tudo se complicou: Portugal entrou em colapso e Daniel perdeu o emprego, deixando de poder pagar a prestação da casa; a mulher, também desempregada, foi-se embora com os filhos à procura de melhores oportunidades; os seus dois melhores amigos encontram-se ausentes: um, Xavier, está trancado em casa há doze anos, obcecado com as estatísticas e profundamente deprimido com o facto de o site que criaram para as pessoas se entreajudarem se ter revelado um completo fracasso; o outro, Almodôvar, foi preso numa tentativa desesperada de remendar a vida.
Quando pensa nos seus filhos e no filho de Almodôvar, Daniel procura perceber que tipo de esperança resta às gerações que se lhe seguem. E não quer desistir. Apesar dos escombros em que se transformou a sua vida, a sua vontade de refazer tudo parece inabalável. Porque, sem futuro, o presente não faz sentido.


David Machado com o Prémio Salerno Libro D'Europa

David Machado nasceu em 1978 em Lisboa. É licenciado em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão.
Em 2005 foi o vencedor do Prémio Branquinho da Fonseca, da Fundação Calouste Gulbenkian e do jornal Expresso, com o livro infantil A Noite dos Animais Inventados. 
Os seus livros estão publicados em Itália, França, Brasil e Marrocos. Os seus contos foram publicados em antologias e revistas literárias em Itália, Alemanha, Noruega, Reino Unido, Islândia, Marrocos e Colômbia. Em 2016 David Machado integrou a delegação de autores portugueses presente na Feira do Livro de Leipzig.
Para além do romance premiado que hoje divulgamos, o Leitor pode encontrar na Biblioteca Municipal, mais dois romances disponíveis para empréstimo domiciliário:
  • Deixem Falar as Pedras
  • Debaixo da Pele

"(...) Três minutos depois, recebi um e-mail com a tabela. Passei o dedo pelos números no ecrã até encontrar o meu. Almodôvar, havia cinco países nos quais o valor médio de satisfação com a vida era igual a 5,7: Djibouti, Egipto, Mongólia, Nigéria, Portugal e Roménia. (...) É tão pouco. Elas terão pelo menos consciência de que é pouco? Sabem que a possibilidade de serem mais felizes existe, que é real? Estão a fazer alguma coisa para que isso aconteça? Têm um Plano?" 








maio 05, 2022

TODA A GENTE COMETE ERROS. ATÉ DEUS


"Eu admirei Gorki, Mann, Machado, James Joyce como os expoentes da minha geração, mas foi com paixão que me aproximei de Isaac Babel e, dez anos mais tarde, de Hemingway".
                                                                                      Ilya Ehrenburg


Quem foi Isaac Babel, cujo seu livro "Contos de Odessa" foi mencionado pelo jornalista Carlos Vaz Marques no seu programa da SIC Notícias - Programa Cujo Nome Estamos Legalmente Impedidos de Dizer e pelo critico literário José Mário Silva na edição de 1 de maio do semanário Expresso?

Consultando o nosso catálogo bibliográfico, descobrimos uma edição de 1972, 
da Editorial Inova, com tradução de Egito Gonçalves e
 que hoje divulgamos.




Contos de Odessa
Publicados em 1931, são uma série de histórias curtas, de inspiração autobiográficas, que narram a sua infância na comunidade judaica no gueto de Moldavanka.
Babel descreve, entre outras histórias, a vida do chefe da máfia judaica Bénia Krik, um dos grandes anti-heróis da literatura russa, e o seu gangue, na época da Revolução de Outubro.


Mas quem foi Isaac Babel?


"Nasci em 1894 em Odessa, no bairro de Moldavanka; sou filho de um comerciante judeu. Até aos dezasseis anos, a pedido de meu pai, estudei hebraico, a Bíblia e o Talmude. A vida em casa era difícil: de manhã à noite obrigavam-me a estudar um sem-número de matérias. (...)
Terminada a escola desloquei-me a Kiev e em 1915 a Petersburgo. Passei mal nesta cidade, não tinha autorização de residência e escondia-me da polícia na rua Puckine, num sótão habitado por um criado de café ébrio. (...) no final de 1916, avistei-me com Gorki. Devo tudo àquele encontro e hoje pronuncio o nome dele com veneração e carinho. Publicou os meus primeiros textos em "Létopis" no número de novembro de 1916 (por causa desses textos fui processado nos termos do artigo 1001)".

A 16 de janeiro de 1940, Lavrenti Beria apresentou a Estaline uma lista de 346 nomes de opositores ao regime recomendando o seu fuzilamento. Isaac Babel constava dessa lista. Era o numero 12. Foi julgado 10 dias depois em 20 minutos. "Estou inocente" foram as suas últimas palavras. 
Na versão oficial soviética, Isaac Babel morreu num Gulag a 17 de março de 1941 e os seus escritos e arquivos foram destruídos pela NKVD.
A 23 de dezembro de 1954, durante a governação de Nikita Khruschev, Isaac Babel foi oficialmente absolvido do seu "crime".

"Uma das grandes tragédias da literatura do século XX
                                                                                                                        Peter Constantine,
                                                                                        um dos tradutores de Babel para o inglês

Odessa, Ucrânia


"- Tia Pésia - disse Bénia à velha desgrenhada que se retorcia no chão -, se necessita da minha vida, tome-a, mas toda a gente comete erros. Até Deus. Foi um erro enorme, Tia Pésia. Mas acaso não foi um erro Deus colocar os judeus na Rússia para que sofram como o inferno? Haveria algum mal em que os judeus vivessem na Suíça, rodeados de lagos de primeira qualidade, de ar de montanha e de franceses a dar com um pau? Todos cometem erros. Até Deus". 








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