março 27, 2013

27 DE MARÇO | DIA MUNDIAL DO TEATRO


"Mas a verdade verdadeira é que, na arte do teatro, 
não há nunca uma verdade única que possamos encontrar. Há muitas."
                                                                                                                    Harold Pinter


Há quanto tempo não vai ao teatro?

Aproveite que hoje, Dia Mundial do Teatro, muitas companhias teatrais de norte a sul, 
dão espetáculos de graça, como forma de comemorar o seu dia.


O Dia Mundial do Teatro foi criado em 1961, em Viena (Áustria), durante o 9º Congresso do Instituto Internacional do Teatro, organização não governamental fundada em Praga em 1948 pela UNESCO e Comunidade Internacional do Teatro. Esta data marca a inauguração das temporadas internacionais no Teatro das Nações em Paris iniciadas em 1954.
O 1º Festival de Teatro realizou-se em 1957.

Uma das mais importantes manifestações que se realizam por todo o mundo é a difusão da Mensagem Internacional, escrita tradicionalmente por uma personalidade de dimensão mundial, convidada pelo Instituto Internacional do Teatro para partilhar as suas reflexões sobre o Teatro e a Paz entre os Povos. Esta mensagem é traduzida em mais de vinte línguas e lida aos espetadores antes do espetáculo da noite nos teatros do todo o mundo.
Este ano, a honra coube ao dramaturgo italiano Dario Fo. [Veja aqui].


"Que sorte têm os atores! Cabe a eles escolher se querem participar 
numa tragédia ou numa comédia, se querem sofrer ou regozijar-se, 
rir ou derramar lágrimas; isto não acontece na vida real".
                                                                                                                                 Oscar Wilde



Sonoplastia: música de circo. Gargalhadas estridentes de troça. Entram três  palhaços - o da cena anterior e mais dois mimados por atrizes que executam uma pantomima de escárnio e mal dizer: Vertiginosa, feroz, diabólica. Escuro total. Silêncio. assim, uns segundos. Vinda do fundo da plateia, ouve-se uma voz gravada.
Voz Do Autor: Sou português, escritor e tenho quarenta e cinco anos de idade. Sim, sou aquele menino a cujo nascimento os senhores assistiram, no começo desta peça...
Ouviram os alegres votos de esperança dos meus pais, amigos e familiares. Lembram-se? Coitados, como se enganaram! (...).Assim tenho vivido, assim temos todos vivido em Portugal. Tenho quarenta e cinco anos e... estou farto, cansado, já não acredito em nada.  
                                            Bernardo Santareno in  Português, Escritor, 45 Anos de Idade.


Esta peça foi representada pela primeira vez a 5 de julho de 1974 no Teatro Maria Matos, numa encenação de Rogério Paulo, e, com as interpretações de António Montez, Rogério Paulo, Lourdes Norberto, Irene Cruz, entre outros.



Bernado Santareno, pseudónimo literário de António Martinho do Rosário, é considerado o maior dramaturgo português do século XX.
Bernardo Santareno nasceu em 1920, em Santarém.
Em 1945 mudou-se para Coimbra, onde se licenciou em medicina psiquiátrica em 1950.
Em 1957 e 1958, a bordo dos navios David Melgueiro, Senhora do Mar e do navio-hospital Gil Eanes, acompanhou as campanhas da pesca do bacalhau como médico. Esta experiência iria servir de inspiração a muitas das suas obras.
Durante a ditadura teve várias vezes problemas com o regime, tendo a sua peça "A Promessa" sido retirada de cena após a estreia, devido a pressões da Igreja Católica.
Português, Escritor, 45 anos de Idade, é uma peça autobiográfica escrita na primeira pessoa e foi o primeiro original português a estrear-se depois do 25 de Abril.
Bernardo Santareno foi distinguido por três vezes com o Prémio Imprensa.
Morreu em 1980, com 59 anos de idade.
A sua dramaturgia pode ser encontrada na Biblioteca da sua cidade.

"Não há papeis pequenos, só atores pequenos"
                                                                                  Milan Kundera


Parabéns a todos os profissionais e amadores 
que fazem parte do universo do Teatro.

Viva o Teatro

março 22, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA


O leitor gosta de histórias de amor?
E se forem verdadeiras, com pessoas que conhecemos?

É precisamente uma grande história de amor,
 em que as personagens são conhecidas de todos nós, a nossa sugestão de hoje.

Consegue imaginar o filósofo alemão Martin Heidegger apaixonado?

Hannah Arendt e Martin Heidegger

A nossa sugestão de leitura de fim de semana conta-nos o desenrolar de uma paixão, que obrigou Martin Heidegger a ignorar as convenções religiosas da cultura cristã, que sanciona o adultério, e as imposições do regime nazi, que não só proibiam como puniam implacavelmente as ligações afetivas entre arianos e judeus.

Interessante, não?

O leitor só tem que se deslocar à sua Biblioteca preferida e requisitar o livro:

O Último Encontro
da escritora francesa Catherine Clément
editado pelas Edições Asa.


"O coração de Hannah pôs-se a bater mais depressa. Há quanto tempo não estava sozinha com ele? Pelo menos vinte anos, ou mais? Exatamente desde...Desde 1950, sim. Vinte e cinco anos. (...)
Uma vez, apenas uma única vez, é que Martin tinha desafiado a proibição conjugal. Foi em 1950, em Friburgo, Hannah e Martin, os dois sozinhos.
Foi depois do exílio de Hannah, depois do extermínio, depois do nascimento de Israel, depois da guerra. Depois de Martin ter sido condenado pela sua ideologia nazi, depois da derrota. E, vinte e cinco anos depois, Martin e Hannah iam estar novamente sozinhos!"

Alemanha, 1975: duas mulheres já idosas encontram-se à cabeceira de um velho homem doente, depois de, durante cinquenta anos, terem lutado por um lugar no seu coração. Ele, o velho homem, é Martin Heidegger, o filósofo genial que, em determinado momento, não resistiu ao canto de sereia do nazismo. 
As mulheres são Elfride - a esposa legítima, a mãe de família, a burguesa alemã - e Hannah Arendt, a "amante", a intelectual judia, a apátrida com coração de vento. 
Como foi possível, no meio de uma tragédia que pôs a Europa a ferro e fogo e face às opções políticas do velho mestre, a história de amor - uma das mais belas histórias de amor do século XX - entre Martin e Hannah?



Catherine Clément nasceu a 10 de fevereiro de 1939 em Boulogne-Billancourt, França, no seio de uma família meio católica meio judia. Passou a sua infância com a sua avó, dado que os seu pais faleceram durante a Segunda Gerra Mundial, tal como os seus avós judeus que foram duas das muitas vítimas do campo de concentração de Auchwitz.
Entrou para a prestigiada "École Normale Supérieure" em 1959 e formou-se em filosofia. Em 1962 foi aluna do antropólogo Claude Lévi-Strauss. Mais tarde Catherine dedicou-se em exclusivo à escrita e publicou várias obras: A Senhora, Por Amor da Índia, A Valsa Inacabada, Rameira do Diabo, o Último Encontro, Jesus na Fogueira, As Novas Bacantes, A Viagem de Théo e O sangue do Mundo. Estes dois últimos fazem parte das listas dos livros mais vendidos em vários países. 
O leitor pode encontrar  todos eles na sala de leitura da sua Biblioteca.


Ilustração de Deborah DeWit


Tenha um Bom Fim de Semana
e não se esqueça que amanhã é "Hora do Planeta"



março 20, 2013

21 DE MARÇO | DIA MUNDIAL DA POESIA


"Todas as coisas têm o seu mistério,
 e a poesia é o mistério de todas as coisas".
                                                                                             Federico García Lorca



Segundo um estudo da Universidade de Liverpool, publicado a 15 de janeiro deste ano, ler autores clássicos estimula a mente e ler poesia pode ser mais eficaz em tratamentos do que os chamados livro de auto ajuda.
Os especialistas em ciência, psicologia e literatura inglesa daquela universidade, descobriram que a poesia "é mais útil que os livros de auto ajuda", já que afeta o lado direito do cérebro, onde estão armazenadas as lembranças autobiográficas, ajudam a refletir sobre elas e a entendê-las sobre outra perspetiva.
"A poesia não é só uma questão de estilo. A descrição profunda de experiências acrescenta elementos emocionais e biográficos ao conhecimento cognitivo que já possuímos das nossas lembranças", explica o especialista encarregado de apresentar o estudo.


Se eu gosto de poesia?
Gosto de gente,
bichos,
plantas, lugares, chocolate,
vinho, papos amenos, amizade,
amor.
Acho que a poesia está contida nisso tudo.
                                                                                   Carlos Drummond de Andrade




E o leitor gosta de poesia?
Não sabe?
Nunca leu?
Não sabe por onde começar?



ALGUNS GOSTAM DE POESIA

Alguns - 
quer dizer nem todos.
Nem a maioria de todos, mas a minoria.
Excluindo escolas, onde se deve,
e os próprios poetas
serão talvez dois em mil.
Gostam - 
mas também se gosta de canja de massa,
gosta-se da lisonja e da cor azul,
gosta-se de um velho cachecol,
gosta-se de levar a sua avante,
gosta-se de fazer festas a um cão.
De poesia - 
mas o que é a poesia?
Algumas respostas vagas
já foram dadas,
mas eu não sei e não sei, e a isto me agarro
como a um corrimão providencial
                                                                                       Wislawa Szymborska



Visite-nos, peça-nos sugestões.


Atreva-se!!!!!
                      

março 15, 2013

LEITURA DE FIM DE SEMANA


Os cardeais no Vaticano escolherem o Papa Francisco mas, 
"A Papisa Joana" é a escolha da Biblioteca Municipal 
 para  sugestão de leitura de fim de semana.


 Da escritora norte-americana Donna Woolfolk Cross, 
A Papisa Joana
Da Editorial Presença


Muitos negaram, ao longo dos séculos, a sua existência, mas é ainda considerável a quantidade de documentos que referem a sua passagem pelo trono papal.
Criada no seio de uma família de fortes crenças religiosas, Joana aprende com a mãe o melhor do paganismo e com o pai o pior da Igreja Católica. Aprende a ler aos 6 anos e, a partir daí, o seu mundo nunca mais será o mesmo. Tudo nele a fascina. Substitui o seu irmão numa escola para rapazes de elite, fazendo-se passar por um deles e para o resto da sua vida. Acaba por entrar no mundo da Igreja Católica e alcançar uma rápida ascensão dentro da mesma, até se tornar Papa.
Personagem histórica ou lendária, Joana protagoniza a notável ascensão de uma mulher brilhante que não aceita as limitações que a sua época, profundamente misógina, lhe impõe e, armada de uma inteligência esclarecida e de uma imensa força de carácter, atinge o mais elevado grau da hierarquia religiosa católica.
Apoiado numa investigação rigorosa, este é um romance magnífico, cativante, que vai prender o leitor na complexas lutas de poder, nas conspirações e segredos políticos, nos fanatismos e intolerâncias, nas paixões, nas duplicidades e segredos, nas crises de fé e conspirações que ameaçam fazer soçobrar Joana.
A Papisa Joana foi adaptado ao cinema em 2010.


Donna Woolfolk Cross, nasceu em New York City em 1947. Donna é filha de Dorothy Woolfolk, uma pioneira da indústria americana de banda desenhada e do escritor William Woolfolk.  Licenciou-se em literatura em 1969 na Universidade da Pensilvânia. Viajou depois para Londres onde trabalhou como assistente editorial na editora WH Allen. Voltou para Nova York onde trabalhou numa agencia de publicidade. A Papisa Joana é o seu primeiro romance.


Ilustração de Lucia Stewart

BOM FIM DE SEMANA COM BOAS LEITURAS

março 13, 2013

AMANHÃ FICO TRISTE, AMANHÃ. HOJE NÃO.


"Apesar de tudo eu ainda acredito na bondade humana"
                                                                                                                                   Anne Frank


"Naquela sexta-feira, 12 de junho, Anne acorda às seis da manhã. Compreende-se: é o seu dia de aniversário, festeja treze anos! Como lhe custa esperar a hora de se levantar! Anne vive com o pai, a mãe e a irmã mais velha, Margot, num bairro novo de Amesterdão. Estamos em 1942. É a guerra. Já há dois anos que a Holanda está ocupada pelos alemães. A família Frank é judia. Os judeus são humilhados e perseguidos pelos alemães. (...) Nesse dia, Anne recebe: livros, um puzzle, um broche, bombons e outros  presentes miúdos. Os pais oferecem-lhe também um diário. Um caderno com capas duras forradas de pano aos quadrados vermelhos e brancos.  Anne está muito contente: é a sua mais bela prenda. (...) Agora, decide fazer como se o diário fosse a sua melhor amiga. Uma confidente a quem poderá dizer tudo e a quem chamará "Kitty". Na primeira página do diário, Anne escreve:
Espero poder confiar-te tudo, como nunca o pude ainda fazer com ninguém, espero que sejas para mim um grande apoio.
(Anne Frank, 12 de junho de 1942)".
                                                                                                       Anne Frank uma vida 

"Quando escrevo, sinto um alívio, a minha dor desaparece, a coragem volta... Ao escrever sei esclarecer tudo - os meus pensamentos, os meus ideais, as minhas fantasias"
                                                                                                                       Anne Frank, in Diário



"Já sabes há muito que o meu maior desejo é vir a ser jornalista e, mais tarde, escritora famosa. Serei capaz de realizar esta minha ambição? (...) Hei-de publicar um livro depois da guerra: O anexo. Se serei ou não bem sucedida, não se pode prever, mas o meu diário servir-me-á de base".
                                      Sexta-feira, 12 de maio de 1944 

A obra foi publicada em formato de diário, em 1947. O livro, que o leitor poderá requisitar na Biblioteca Municipal,  converteu-se num êxito mundial e estima-se que esteja entre os dez livros mais lidos do mundo, com tradução em 60 línguas e mais de 25 milhões de exemplares vendidos.
O Diário de Anne Frank integra a lista de 35 bens do património documental mundial de interesse universal propostos, em 2009, pela UNESCO ao programa "memória do Mundo".



Miep Gies, 1909-2010
"A Miep é o nosso burro de carga, coitada! Quase todos os dias descobre alguma hortaliça e trá-la na sua saca amarrada à bicicleta. Também é ela quem cuida, todos os sábados, da troca dos livros na biblioteca. Estamos sempre ansiosamente à espera do sábado, como criancinhas que esperam uma prenda. As pessoas que estão em liberdade e fazem uma vida normal não podem calcular o que significam os livros para gente isolada do mundo exterior. Ler, estudar e ouvir rádio... é este o nosso mundo!"
                                                                     Anne Frank , in Diário



Miep Gies nasceu em Viena, a 15 de fevereiro de 1909, tendo-se mudado posteriormente com a sua família para a Holanda, em 1922. Foi Miep Gies, que trabalhava para o pai de Anne, Otto, durante a Segunda Guerra Mundial, que reuniu os manuscritos de Anne, mantendo-os a salvo dos nazis na esperança de um dia os devolver à sua autora. 
Mas Anne acabou por morrer de febre tifóide no campo de concentração de Bergen-Belsen,  nos finais de março de 1945, com apenas 15 anos de idade. Nesse mesmo ano, Miep entregou os documentos ao pai, Otto, o único membro da família que conseguiu sobreviver aos campos de concentração alemães.
Após a publicação do Diário de Anne Frank, Miep  viajou por todo o mundo narrando as suas experiências durante o Holocausto, o que lhe valeu numerosos reconhecimentos públicos.
Faleceu a 11 de janeiro de 2010, na Holanda. 

"A minha história é a de uma pessoa comum numa época extraordinariamente terrível. Caberá a nós pessoas comuns de todo o mundo, impedir que se repita".
                                                                                                                                     Miep Gies




Amanhã fico triste,
Amanhã.
Hoje não.
Hoje fico alegre,
E todos os dias, 
Por mais amargos que sejam, 
Eu digo:
Amanhã fico triste, 
Hoje não
Para hoje e todos os outros dias!!


Encontrado na parede de um dormitório de crianças em Auschwitz


Tenha uma boa semana
e lembre-se, 
hoje não é dia de ficar triste

março 11, 2013

OBRAS, OBRAS E MAIS OBRAS ...

O QUE É QUE A BIBLIOTECA TEM?

TEM OBRAS. 
POR DENTRO E POR FORA.
[POR FORA, AGORA TEM MENOS.]




POR DENTRO CONTINUA A 
TER MUITAS OBRAS...
DE ARTE, COMO ESTAS



São desenhos feitos por alunos das nossas escolas e é uma pequena parte da exposição intitulada "OLHAR SOBRE A NOSSA CIDADE", que está patente ao público em vários locais da cidade. Infelizmente, as fotos que aqui apresentamos não conseguem mostrar a verdadeira qualidade dos trabalhos. 

Então, porque não vem até cá? 

Não queremos deixar de referir, que ficámos muito sensibilizados com os desenhos fantásticos da Biblioteca Municipal. Agradecemos às crianças e aos professores todo o empenho e rigor, que colocaram na elaboração desses trabalhos. Os desenhos do edifício estão perfeitos e os das estantes com livros são o máximo. 

MUITO OBRIGADO
[Esses desenhos podem ser vistos no átrio do Arquivo Municipal.] 

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MAS TEMOS MAIS OBRAS ...
ORA VEJA ...


São pinturas feitas pelos alunos da Escola de Artes do Sport Operário Marinhense, inserido no Projecto AMARTE. O tema dos trabalhos expostos foi a recriação de uma obra de arte conhecida. Poderão ser admirados ao longo do mês de março nos espaços de circulação da Biblioteca Municipal. 


Vê, mais uma razão para nos visitar.
  
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MAS AINDA TEMOS MAIS OBRAS ...



"LIVROS NO FEMININO" no átrio da entrada, até ao final do mês. É uma mostra de livros sobre a mulher, escritos por e para mulheres. Paralelamente, está exposto um conjunto de cartazes com datas históricas marcantes na situação da mulher na sociedade ao longo dos tempos. 
Na sala infanto-juvenil temos para ti uma exposição de livros de poesia e teatro.  

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E TEMOS MAIS OBRAS POR FORA ...


São "LIVROS EM MOVIMENTO" pelas escolas do 1º CEB do concelho. Na passada semana as funcionárias da Biblioteca Municipal procederam a mais uma rotação de livros  entre as diferentes escolas aderentes ao projeto. Para conhecer melhor o projeto ou se quiser saber quais os livros em circulação e a sua localização CLIQUE AQUI. 


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SÃO VÁRIAS AS RAZÕES 
PARA NOS VISITAR 

TEMOS MAIS OBRAS PARA SI






março 08, 2013

8 DE MARÇO - DIA INTERNACIONAL DA MULHER


Sexta-feira, dia da nossa habitual sugestão de leitura de fim de semana
mas também dia de se comemorar o Dia Internacional da Mulher.

E nada melhor do que pôr um homem a falar sobre as mulheres. O ano passado foi a vez do escritor Rui Zink e este ano escolhemos para si, como sugestão de leitura de fim de semana, não um livro, mas uma crónica do escritor Miguel Esteves Cardoso, retirada do seu livro "A Causa das Coisas", que o leitor poderá requisitar na Biblioteca Municipal.

Leia então o que eles pensam sobre a Mulher Portuguesa.

 Fadas

"A mulher portuguesa não é só Fada do Lar, como Bruxa do Ar, Senhora do Mar e Menina Absolutamente Impossível de Domar. É melhor que o Homem Português, não por ser mulher, mas por ser mais portuguesa. Trabalha mais, sabe mais, quer mais e pode mais. Faz tudo mais à exceção de poucas atividade de discutível contribuição nacional (beber e comer de mais, ir ao futebol, etc). Portugal (i.e., os homens portugueses) pagam-lhes este serviço, pagando-lhes menos, ou até nada.

Paula Rego, pintora
O pior defeito do homem português é achar-se melhor e mais capaz que a Mulher. A maior qualidade da Mulher Portuguesa é não ligar nada a essas crassas generalizações, sabendo perfeitamente que não é verdade. E eis a primeira grande diferença:
o Português liga muito à dicotomia Homem/Mulher; a Portuguesa não.
O Português diz "O Homem isto, enquanto a Mulher aquilo".  A Portuguesa diz "Depende".
A única distinção que faz a Mulher Portuguesa é dizer, regra geral, que gosta mais dos homens do que das mulheres. 
E, como gostos não se discutem, é essa a única generalização indiscutível.




A Mulher portuguesa é o oposto do que o Homem Português pensa. Também nesta frase se confirma a ideia de que o Homem pensa e a Mulher é, o Homem acha e a Mulher julga, o Homem racionaliza e a Mulher raciocina.
Joana Carneiro, maestrina
E mais: mesmo esta distinção básica é feita porque este artigo não foi escrito por uma mulher.
Porque é que aquilo que o Homem pensa que a Mulher é, é o oposto daquilo que a Mulher é, se cada Homem conhece de perto pelo menos uma Mulher?
Porque o Português, para mal dele, julga sempre que a Mulher "dele" é diferente de todas as outras mulheres ( um pouco como também acha, e faz gala disso, que ele é igual a todos os homens). A Mulher dele é selvagem mas as outras são mansas. A Mulher dele é fogo, ciúme, argúcia, domínio, cuidado. As outras são todas mais tépidas, parvas, galinhas, boazinhas, compreensíveis.


Mariza, fadista
Ora a Mulher Portuguesa é tudo menos "compreensiva". Ou por outra: compreende, compreende perfeitamente, mas não aceita.
Se perdoa é porque começa a menosprezar, a perder as ilusões e a paciência. 
Para ela, a reação mais violenta não é a raiva nem o ódio - é a indiferença. 
Se não se vinga não é por ser "boazinha" - é porque acha que não vale a pena.
A Mulher Portuguesa, sobretudo, atura o Homem. E o Homem, casca grossa, não compreende o vexame enorme que é ser aturado, juntamente com as crianças, o clima e os animais domésticos.
Aturar alguém é o mesmo que dizer "coitadinho, ele não passa disto...".
No fundo não é mais do que um ato de compaixão. A Mulher Portuguesa tem um bocado de pena dos Homens. E nisto, convenhamos, tem um bocado de razão.


O que safa o Homem, para além da pena, é a Mulher achar-lhe uma certa graça. A Mulher não pensa que este achar-graça é uma expressão superior da sua sensibilidade - pelo contrário, diverte-se com a ideia de ser oriundo de uma baixeza instintiva e pré-civilizacional, mas engraçada. Considera que aquilo que a leva a gostar de um Homem é uma fraqueza, um fenómeno puramente neuro-vegetativo ou para-simpático - enfim, pulsões alegres ou tristemente irresistíveis, sem qualquer valor.

Fátima Lopes, estilista
E chegamos a outra característica importante. É que a Mulher Portuguesa, se pudesse cingir-se ao domínio da sua inteligência e mais pura vontade, nunca se meteria com Homem nenhum.
Para quê? Se já sabe o que o Homem é?
Aliás, não fossem certas questões desprezíveis da Natureza, passa muito bem sem os homens.
No fundo encara-os como um fumador inveterado encara os cigarros: "Eu não devia, mas..." E, como assim é, e nada há a fazer, fuma-os alegremente com a atitude sã e filosófica do "Que se lixe".

Homens, em contrapartida, não podiam ser mais dependentes. Esta dependência, este ar desastrado e carente que nos está na cara, também vai fomentando alguma compaixão da parte das mulheres. A Mulher Portuguesa também atura o Homem porque acha que "ele sozinho, coitado; não se governava". O ditado "Quem manda na casa é ela, quem manda nela sou eu" é uma expressão da vacuidade do machismo português.

Eunice Muñoz, atriz
A Mulher governa realmente o que é preciso governar, enquanto o homem, por abstração ou inutilidade, se contenta com a aparência idiota de "mandar" nela.
Mas ninguém manda nela. Quando muito deixa que ele retenha a impressão de mandar.
Porque ele, coitado, liga muito a essas coisas. Porque ele vive atormentado pelo terror que seria os amigos verificarem que ele, na realidade, não só na rua como em casa não "manda" absolutamente nada.
"Mandar" é como "enviar" - é preciso ter algo para mandar e algo ao qual mandar. Esses algos são as mulheres que fazem.

O Homem é apenas alguém armado em carteiro. É o carteiro que está convencido que escreveu as cartas todas que diariamente entrega. A Mulher é a remetente e a destinatária que lhe alimenta essa ilusão, porque também não lhe faz diferença absolutamente nenhuma. Abre a porta de casa e diz "Muito obrigada". É quase uma questão de educação.


Sara Moreira, atleta
A imagem da "Mulher Portuguesa", que os homens portugueses fabricaram, é apenas uma imagem da mulher com a qual eles realmente seriam capazes de se sentirem superiores. Uma galinha. Que dizer de um homem que é domador de galinhas, porque os outros animais lhe metem medo?
Na realidade, a Mulher Portuguesa é uma leoa que, por força das circunstâncias, sabe imitar a voz das galinhas, porque o rugir dela mete medo ao parceiro. Quando perdem a paciência, ou se cansam, cuidado.
A Mulher Portuguesa zangada não é o "Agarrem-me senão eu mato-o" dos homens: agarra mesmo e mata mesmo.
Se a Padeira de Aljubarrota fosse padeiro, é provável que se pusesse antes a envenenar os pães e ir servi-los aos castelhanos, em vez de sair porta fora com a pá na mão".


Tenha um Bom Fim de Semana

março 06, 2013

EU QUERO VER O MUNDO DE FORMA DIFERENTE


Landgrave ou Maria Helena Vieira da Silva

"(...) Reconhecemos o tão atento olhar. Os olhos muito abertos como os olhos que estão pintados à proa dos barcos. O olhar que busca o aparecer do mundo, o surgir do mundo, o emergir do visível e da visão. Reconhecemos a viagem, a longa navegação, a memória acumulada. A atenção da Sibila, da bússola, do sismógrafo, da antena."
Fevereiro de 1988
                                                                Sophia de Mello Breyner Andresen, in Ilhas


Maria Helena Vieira da Silva


"Conheci Maria Helena Vieira da Silva em 1962, em Lisboa. Havia algo de natural na sua celebridade. Não como as vedetas, que se afeiçoam e servem a tudo o que as ilumina; mas uma grandeza sem ilusões, que é inútil comunicar aos outros e que até se observa vulgarmente como ingratidão. Um andar em uníssono com o mundo, sem contudo estar de acordo com ele. Nenhuma extravagância, nenhuma leviandade no seu humor. Antes um fino espírito de quem não acha a terra bastante vasta para conter à distância os maldizentes daqueles que executam um trabalho sério."
                                                    
 Agustina Bessa-Luís, in Longos Dias têm Cem Anos



Maria Helena Vieira da Silva, uma das mais importantes pintoras europeias da segunda metade do século XX, nasceu em Lisboa a 13 de junho de 1908 e morreu  em Paris a 6 de março de 1992, faz hoje 21 anos.
Despertou cedo para a pintura e aos onze anos entrou na Academia de Belas-Artes em Lisboa, onde estudou desenho e pintura. Motivada também pela escultura, estudou Anatomia na Faculdade de Medicina de Lisboa.
Foi viver para Paris em 1928, onde estudou com Fernand Léger e trabalhou com Henri de Waroquie e Charles Dufresne. 
"Eu vim para Paris por razões de ordem intelectual, sem qualquer razão prática."
Foi também em Paris que conheceu o seu futuro marido, o também pintor hungaro Arpad Szenes, com quem casou em 1930. E segundo a lei portuguesa, todas as mulheres que se casassem com um estrangeiro passavam automaticamente a adotar a nacionalidade deste.


"Arpad Szenes e Vieira da Silva são a mais bela história de amor e pintura que jamais conheci"
                                                                                                                          Mário Cesariny

Arpad Szene e Vieira da Silva, Paris, 1930

Em Paris, Vieira da Silva contacta com os seus contemporâneos, Picasso, Duchamp, Braque. Expôs pela primeira vez no Salon de Paris em 1933 e em Portugal em 1935.
Com a II Guerra Mundial e a perseguição ao povo judeu, Maria Helena Vieira da Silva  e o seu marido, judeu, refugiam-se no Rio de Janeiro, onde enfrentam um exílio até 1947.
O governo português não lhe concedeu, nem a ela nem a Arpad Szenes, a nacionalidade portuguesa, o que fez com que ambos, fossem considerados apátridas refugiados em França.
No Rio de Janeiro privaram com os poetas Murilo Mendes e Cecília Meireles, com o pintor Carlos Scliar e ainda Carlos Drummond de Andrade.
Esteve patente no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de 17/12/2012 a 17/02/2013, uma exposição intitulada  "Vieira da Silva Agora", com uma retrospetiva da sua pintura. A mostra, foi inserida no programa do Ano de Portugal no Brasil e contou com 42 mil visitantes.


A partir de 1948 o Estado francês começa a adquirir as suas pinturas  e em 1956 o casal obtém a nacionalidade francesa
É condecorada pelo Governo francês em 1960 e em 1966 é a primeira mulher a receber o Grand Prix National des Artes. 
Em 1961 vence o Prémio Internacional de Pintura na Bienal de São Paulo.
Em 1979 torna-se Cavaleira da Legião de Honra Francesa.
As retrospetivas do seu trabalho multiplicam-se pela Europa (Hanover, Bremen, Grenoble, Turim, Paris, Oslo, Basileia, entre outas) 
Em Portugal expõe em 1971 na Fundação Gulbenkian.
Em 1977, 17 anos depois do governo francês, o governo português decide condecorá-la com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago de Espada. 


Maria Helena Vieira da Silva foi eleita membro da Royal Academy of Arts de Londres em 1988; ordenada, em 1991,  Officier de la Legion d'Honneur pelo então presidente François Mitterrand.
Além de figurar nas principais coleções nacionais, a sua obra encontra-se igualmente nos grandes museus mundiais: Centre Georges Pompidou (Paris), MoMA e Guggenheim Museum (Nona Iorque), Walker Art Center (Minneapolis), Tate Collection (Londres), Museo Thyssen-Bornemisza (Madrid), Art Institute of Chicago (Chicago), Ashmolean Museum (Oxford), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo).

A 10 de maio de 1990, foi criada em Lisboa a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, para promover e  divulgar o estudo da obra do casal. A Fundação gere um museu destinado a expôr as obras de Vieira da Silva e do seu marido, tal como de outros artistas contemporâneos.



A pedido da sua amiga Sophia de Mello Breyner Andresen, 
e editado pela Fundação Calouste Gulbenkian, Vieira da Silva criou este cartaz para comemorar o 25 de Abril de 1974.



Vieira da Silva está presente na Biblioteca da sua cidade.  
AQUI encontra bibliografia para consulta.
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