março 06, 2013

EU QUERO VER O MUNDO DE FORMA DIFERENTE


Landgrave ou Maria Helena Vieira da Silva

"(...) Reconhecemos o tão atento olhar. Os olhos muito abertos como os olhos que estão pintados à proa dos barcos. O olhar que busca o aparecer do mundo, o surgir do mundo, o emergir do visível e da visão. Reconhecemos a viagem, a longa navegação, a memória acumulada. A atenção da Sibila, da bússola, do sismógrafo, da antena."
Fevereiro de 1988
                                                                Sophia de Mello Breyner Andresen, in Ilhas


Maria Helena Vieira da Silva


"Conheci Maria Helena Vieira da Silva em 1962, em Lisboa. Havia algo de natural na sua celebridade. Não como as vedetas, que se afeiçoam e servem a tudo o que as ilumina; mas uma grandeza sem ilusões, que é inútil comunicar aos outros e que até se observa vulgarmente como ingratidão. Um andar em uníssono com o mundo, sem contudo estar de acordo com ele. Nenhuma extravagância, nenhuma leviandade no seu humor. Antes um fino espírito de quem não acha a terra bastante vasta para conter à distância os maldizentes daqueles que executam um trabalho sério."
                                                    
 Agustina Bessa-Luís, in Longos Dias têm Cem Anos



Maria Helena Vieira da Silva, uma das mais importantes pintoras europeias da segunda metade do século XX, nasceu em Lisboa a 13 de junho de 1908 e morreu  em Paris a 6 de março de 1992, faz hoje 21 anos.
Despertou cedo para a pintura e aos onze anos entrou na Academia de Belas-Artes em Lisboa, onde estudou desenho e pintura. Motivada também pela escultura, estudou Anatomia na Faculdade de Medicina de Lisboa.
Foi viver para Paris em 1928, onde estudou com Fernand Léger e trabalhou com Henri de Waroquie e Charles Dufresne. 
"Eu vim para Paris por razões de ordem intelectual, sem qualquer razão prática."
Foi também em Paris que conheceu o seu futuro marido, o também pintor hungaro Arpad Szenes, com quem casou em 1930. E segundo a lei portuguesa, todas as mulheres que se casassem com um estrangeiro passavam automaticamente a adotar a nacionalidade deste.


"Arpad Szenes e Vieira da Silva são a mais bela história de amor e pintura que jamais conheci"
                                                                                                                          Mário Cesariny

Arpad Szene e Vieira da Silva, Paris, 1930

Em Paris, Vieira da Silva contacta com os seus contemporâneos, Picasso, Duchamp, Braque. Expôs pela primeira vez no Salon de Paris em 1933 e em Portugal em 1935.
Com a II Guerra Mundial e a perseguição ao povo judeu, Maria Helena Vieira da Silva  e o seu marido, judeu, refugiam-se no Rio de Janeiro, onde enfrentam um exílio até 1947.
O governo português não lhe concedeu, nem a ela nem a Arpad Szenes, a nacionalidade portuguesa, o que fez com que ambos, fossem considerados apátridas refugiados em França.
No Rio de Janeiro privaram com os poetas Murilo Mendes e Cecília Meireles, com o pintor Carlos Scliar e ainda Carlos Drummond de Andrade.
Esteve patente no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, de 17/12/2012 a 17/02/2013, uma exposição intitulada  "Vieira da Silva Agora", com uma retrospetiva da sua pintura. A mostra, foi inserida no programa do Ano de Portugal no Brasil e contou com 42 mil visitantes.


A partir de 1948 o Estado francês começa a adquirir as suas pinturas  e em 1956 o casal obtém a nacionalidade francesa
É condecorada pelo Governo francês em 1960 e em 1966 é a primeira mulher a receber o Grand Prix National des Artes. 
Em 1961 vence o Prémio Internacional de Pintura na Bienal de São Paulo.
Em 1979 torna-se Cavaleira da Legião de Honra Francesa.
As retrospetivas do seu trabalho multiplicam-se pela Europa (Hanover, Bremen, Grenoble, Turim, Paris, Oslo, Basileia, entre outas) 
Em Portugal expõe em 1971 na Fundação Gulbenkian.
Em 1977, 17 anos depois do governo francês, o governo português decide condecorá-la com a Grã-Cruz da Ordem de Santiago de Espada. 


Maria Helena Vieira da Silva foi eleita membro da Royal Academy of Arts de Londres em 1988; ordenada, em 1991,  Officier de la Legion d'Honneur pelo então presidente François Mitterrand.
Além de figurar nas principais coleções nacionais, a sua obra encontra-se igualmente nos grandes museus mundiais: Centre Georges Pompidou (Paris), MoMA e Guggenheim Museum (Nona Iorque), Walker Art Center (Minneapolis), Tate Collection (Londres), Museo Thyssen-Bornemisza (Madrid), Art Institute of Chicago (Chicago), Ashmolean Museum (Oxford), Pinacoteca do Estado de São Paulo (São Paulo).

A 10 de maio de 1990, foi criada em Lisboa a Fundação Arpad Szenes-Vieira da Silva, para promover e  divulgar o estudo da obra do casal. A Fundação gere um museu destinado a expôr as obras de Vieira da Silva e do seu marido, tal como de outros artistas contemporâneos.



A pedido da sua amiga Sophia de Mello Breyner Andresen, 
e editado pela Fundação Calouste Gulbenkian, Vieira da Silva criou este cartaz para comemorar o 25 de Abril de 1974.



Vieira da Silva está presente na Biblioteca da sua cidade.  
AQUI encontra bibliografia para consulta.
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